quarta-feira, 8 de abril de 2020

JONAS (2018) de "Christophe Charrier"


O drama francês produzido para televisão, Jonas chega ao Brasil pela Netflix em um filme sobre a busca de si mesmo em meio as culpas.

Muito mais que mostrar um futuro melancólico de um gay perdido em sua própria vida, a delicada produção Jonas mapeia o que seria uma adolescência construída e escorada na falta de um suporte a um jovem gay, seja no círculo familiar, amigos ou na escola. O passado do personagem que se passa nos anos 90, uma época fechada porém lúcida em que os Gays tinham variados rótulos, como de pessoas alternativas, rebeldes ou mesmo que seria zombado por um hetero curioso, tudo isso com referências legais sobre esse período como jogar Game Boy, ver filmes do ícone alternativo Gregg Araki ou mesmo fazer coisas escondidas. Quando a história se passa no presente é a pura representação da falta de laços afetivos e a facilidade de encontros casuais. Quem geralmente questiona os LGBTS por possuírem problemas psicológicos se esquecem que a criação heteronormativa da família geralmente não sabe como lidar com uma pessoa assim em seu círculo, muito pelo preconceito ou as vezes até pela falta de convivência com a diversidade. Atualmente tudo já evoluiu um pouco, é interessante observar isso no filme, como é importante pais modernos estarem mais conectados com a realidade dos filhos. Em muitas vezes, a falta de um conforto nessa principal fase da vida, onde surgem as descobertas e o amadurecimento, podem gerar traumas e ser reflexo de uma vida adulta confusa e perdida. Abordar isso poderia ser cansativo dependendo do caminho, a escolha do diretor novato Christophe Charrier é por um drama simples que ele controla de maneira eficaz com tons misteriosos, que faz sua curta duração passar com leveza e suas sutilezas serem claras e expostas, são dois lados bem explorados, onde o presente e o passado se confundem na realidade do personagem principal. Na trama, Jonas (Félix Maritaud) está sofrendo preso aos fantasmas de seu passado. Mas as reminiscências desse passado que o assombram vêm à tona cada vez mais e gradualmente atraem o rosto de uma criança solitária de quinze anos, com as características do jovem ator Nicolas Bauwens, cercado por pais amorosos mas confuso de suas convicções e descobrindo sua sexualidade. Seu passado e presente se misturam em um drama sobre feridas que ficam expostas para a vida toda. O filme foi premiado no Festival de la Ficção de la Rochelle em 2018  (Melhor Filme de TV, Melhor Diretor e Melhor Música) despertando o interesse da Netflix na distribuição internacional. Uma boa sacada da plataforma de streaming, é uma produção refinada e simples. Destaque para o elenco e a bela música original de Alex Beaupain. Mesmo que novamente a história caia no clichê de filme gay com história triste, quando Jonas vive uma paixão adolescente com o rebelde e livre Nathan, encarnado por Tommy-Lee Baik , reforça quem ele é, mesmo que as consequências de sua culpa resulte em um futuro desolador, aliviado por um final agridoce. DRAMA GAY.


O filme está disponível na Netflix.

Hype: ÓTIMO - Nota: 8,0

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