segunda-feira, 27 de abril de 2020

ENCANTADO, O BRASIL EM DESENCANTO (2019) de "Felipe Galvon"


O vencedor do 7° Brasília International Film Festival - BIFF na categoria Júri Popular é um documentário que reflete um ponto de vista sobre o atual Brasil.

Encantado, o Brasil em Desencanto foi produzido na França, co-produzido pelo canal francês Public Sénat e por LaClairière Ouest, ele segue uma onda de diversos documentários que são recortes dos acontecimentos políticos recentes do Brasil, são produções aclamadas, como o O Processo (2018) e Democracia em Vertigem (2019) ou produções mais independentes como Excelentíssimos (2018) e O Mês que não Terminou (2019). O expectador acompanha o ponto de vista do diretor do filme, Felipe Galvon, que explora uma camada mais específica, o da primeira geração popular a estudar no exterior, fato proporcionado pelas políticas públicas do Brasil em ascensão da década passada. O cineasta faz questão de sinalizar que o filme é fruto do olhar particular de quem observa o Brasil a distância e se assusta com o cenário atual. Ele utiliza como referencial, o bairro onde morou no país, Encantado, que foi transfigurado para as Olimpíadas de 2016 e em seguida marcado pelo abandono, remontando a história recente do Brasil. O filme reconta o início dos anos 2000, quando os governos de Lula e Dilma Rousseff permitiram significativos progressos sociais e econômicos no país, passando em seguida ao progressivo declínio destes avanços, marcados pelo surgimento dos protestos de Junho de 2013 e pelo Impeachment de Dilma Rousseff em 2016. Em paralelo à narração de Felipe, o filme é entrecortado por entrevistas dos habitantes do bairro Encantado, que apresentam seu desencanto com a democracia e com a política, além dos testemunhos das jovens gerações formadas nas últimas décadas que observam os novos rumos tomados por seu país. O Encantado, situado na zona norte do Rio de Janeiro, surge como uma maneira poética e pessoal pelo diretor de direcionar seu ponto de vista sobre tudo que aconteceu e acontece no Brasil. A produção consegue mostrar a desorientação daqueles que cresceram na euforia massiva com a eleição presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva e depois viram a derrocada do político e do partido dele até a atualidade polarizada, onde a direita encontrou um caminho para chegar ao poder. Há no filme também depoimentos de políticos como Ciro Gomes, Jandira Feghali e Guilherme Boulos, além de filósofos, professores e analistas sociais de várias frentes. Eles contribuem para o diagnóstico do diretor sobre o desencantamento com o Brasil de hoje, suas convicções e seu posicionamento ideológico. É um campo aberto para que cada expectador tire suas conclusões amparado na melancolia de nossa realidade mesmo que muita coisa seja deixada de lado. É mais uma importante reflexão para a construção de um futuro melhor ciente dos erros cometidos, enxergar o que mudou para pior e mensurar que essa guerra política prejudica nosso futuro. A ANGÚSTIA DA POLÍTICA DO PRESENTE.


Filme exibido na Mostra Competitiva do  7° Festival Internacional de Cinema de Brasília - BIFF. Sem previsão de estréia no Brasil.

Hype: BOM - Nota: 7,5


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