quinta-feira, 30 de abril de 2020

THE FRENCH TEACHER - UM AMOR A TRÊS (2019) de "Stefania Vasconcellos"



O drama intergeracional exibido no BIFF é frio e orgânico sem comover.

O filme ainda não foi lançado comercialmente e apresenta uma trama no estilo "soft porn", onde mesmo com uma bonita fotografia esconde um roteiro sem muito desenvolvimento. Uma mulher mais velha, a professora de francês (Marie Laurin), se vê amargurada na vida e nos relacionamentos e acaba vivendo uma tórrida paixão por um de seus alunos (Sean Patrick McGowan), bem mais novo que ela. Só para constar, esse tipo de relacionamento já não é novidade em filmes, porém a trama acrescenta a filha da professora (Anna Maiche), que tem a mesma idade do aluno e também se interessa no rapaz. O grande problema da história é justamente sugerir esse triângulo amoroso, o título nacional já automaticamente faz isso, mas não é o foco principal do filme. Na verdade nada se mostra muito específico nessa relação, muito do que se deseja retratar torna-se subjetivo ao expectador, quase que já aderindo ao senso comum de julgamento. Quando se nega algo que já está claro fica uma sensação de culpa em abordar tal relação, algo percebido principalmente pelos diálogos ou situações que surgem em tela sem a menor preparação e as vezes soltas sem nenhuma cerimônia, tudo é realizado sem deixar claro as reais intenções. Os elementos de sustenção do filme se perde em personagens pouco carismáticos ou misteriosos ao ponto de não se expressarem. O drama não é substancial ficando grande parte do tempo sem qualquer embasamento sobre as problemáticas e termina esvaziado em um romance pouco sólido. Infelizmente a trama não evolui e não estimula o expectador, oferecendo uma história pouco cativante e bastante previsível. O presente colide com o passado e questões familiares são desenterradas, porém o propósito real dessa exposição não fica claro também. No fim das contas, um filme que falta pimenta em tudo, bastante morno e indicado para quem não quer se intensificar nos fatos abordados. SONOLENTO


Filme exibido na Mostra Competitiva do  7° Festival Internacional de Cinema de Brasília - BIFF. Sem previsão de estréia no Brasil. 

Hype: RUIM - Nota: 4,0

quarta-feira, 29 de abril de 2020

HÁLITO AZUL (2019) de "Rodrigo Areias"



Documentário busca ser uma poesia sobre a preciosidade da água e da vida de pescadores de uma área ameaçada em Portugal.

Exibida no BIFF, produção conta a história de uma região localizada na Ilha de São Miguel, em Portugal, a pequena vila Ribeira Quente, que se sustenta com a pesca. O lugar fica entre o oceano e a costa de um vulcão, onde a principal atividade de subsistência dos habitantes pode estar ameaçada com sua possível erupção. O filme busca apenas mostrar o amor da comunidade aos seus pescadores e também ao mar onde passam maior parte de suas vidas dedicadas a pesca. Rodrigo Areias se desvia da ameaça que a comunidade sofre para observar reuniões de pescadores que expõem problemas relacionados ao alto mar, assim como viagens de pesca que exploram as etapas desta profissão escolhida por eles. Esses relatos cobrem boa parte do filme que por um momento também insere trechos literários de "Os Pescadores", do escritor Raúl BrandãoHálito Azul então é um documentário que também serve de poema com uma camada ficcional que une as duas vertentes. A idéia infelizmente não engrena e o tom reflexivo se torna massante em meio a história dos moradores de Ribeira Quente. O destaque são as cenas em que o espectador acompanha as belas e coloridas homenagens feitas aos pescadores de uma tradição que sobrevive através dos anos, com cenas teatrais e personagens reais da região inspirados nos contos de Brandão. Toda essa mistura narrativa, mesmo com sua beleza, faz a história se perder, sem levar a narrativa a nenhum lugar em potencial. Sua poesia visual é o grande atrativo com belas cenas no mar e no farol mesmo que falte ritmo e objetivos maiores em uma gama interessante de assuntos mal servidos ao expectador, sobra então a bela paisagem natural ameaçada por um vulcão, a vida dos pescadores ou mesmo uma homenagem a água por si só, termina sem encontrar seu verdadeiro caminho como documentário. CONTEMPLATIVO



Filme exibido na Mostra Competitiva do  7° Festival Internacional de Cinema de Brasília - BIFF. Sem previsão de estréia no Brasil.

Hype: REGULAR - Nota: 5,5


terça-feira, 28 de abril de 2020

MAPA DE SONHOS LATINO-AMERICANOS (2020) - "Mapa de Suenos Latinoamericanos" de "Martin Weber"



O documentário foi um dos destaques do BIFF ganhando menção honrosa do júri por falar de sonhos e diferenças culturais nas Américas.

A produção idealizada pelo fotógrafo argentino Martin Weber é a representação real das desigualdades sociais de países e pessoas que possuem sonhos. Ele viajou por toda a América, começou em 1992 e terminou em meados de 2013, onde fotografou várias pessoas pedindo que escrevessem um sonho com um giz em uma pequena lousa. Décadas depois, ele se perguntou se algum desses desejos havia sido cumprido e iniciou uma nova jornada na busca pelas mesmas pessoas para dar testemunho de suas vidas. Tal iniciativa rendeu além de fotos esse documentário que mostra como foi esse lindo e emocionante trabalho. Surge então o retrato filmado "Mapa de Sonhos Latino-Americanos". Nos últimos 8 anos, Martin retornou à Argentina, Peru, Nicarágua, Cuba, Brasil, Colômbia, Guatemala e México. A pobreza e a desigualdade social nesses países destruiu milhões de sonhos. Pessoas com vontades relativamente simples. Alguns querem estudar música, ter uma família, o que comer ou um medicamento importante para alguém doente. O filme resgata testemunhos da violência econômica, política, social e militar que marca o continente. Martín se aventura além dos limites convencionais do olhar e entra em situações que mostram claramente as conseqüências das migrações e a degradação da organização social. As experiências compartilhadas revelam personagens resistentes que lutam entre esperança e desespero. A cada fotografia, o espectador é convidado a unir as palavras escritas na lousa aos rostos, imaginando assim a história por trás daquele momento. Todos esses países possuem particularidades e passaram de alguma forma por um regime ditatorial, muitos deles financiados pelos Estados Unidos da América, em alguns casos durando décadas. Em uma das fotos, que retrata a história do Brasil, mostra idosos de classe média no Rio de Janeiro, presos e torturados pelos militares na década de 1960. Seus sonhos abordam justiça para quem sofreu tortura e humilhação. Um reflexo do loop que vivemos no continente, com a sensação de que governos não buscam tal evolução desse cenário, com a ditadura militar sempre voltando á tona em governos atuais. Weber substitui a tristeza por poesia em uma construção interessante e apropriada em respeito a essas pessoas. Essa jornada convida o espectador a se identificar com histórias coletivas e privadas. Se uma foto congela um momento, este filme analisa a vida em movimento, com o reflexo de caminhos bem próximos dos nossos. EMOCIONANTE


Filme exibido na Mostra Competitiva do  7° Festival Internacional de Cinema de Brasília - BIFF. Sem previsão de estréia no Brasil. 

Hype: ÓTIMO - Nota: 8,0

segunda-feira, 27 de abril de 2020

ENCANTADO, O BRASIL EM DESENCANTO (2019) de "Felipe Galvon"


O vencedor do 7° Brasília International Film Festival - BIFF na categoria Júri Popular é um documentário que reflete um ponto de vista sobre o atual Brasil.

Encantado, o Brasil em Desencanto foi produzido na França, co-produzido pelo canal francês Public Sénat e por LaClairière Ouest, ele segue uma onda de diversos documentários que são recortes dos acontecimentos políticos recentes do Brasil, são produções aclamadas, como o O Processo (2018) e Democracia em Vertigem (2019) ou produções mais independentes como Excelentíssimos (2018) e O Mês que não Terminou (2019). O expectador acompanha o ponto de vista do diretor do filme, Felipe Galvon, que explora uma camada mais específica, o da primeira geração popular a estudar no exterior, fato proporcionado pelas políticas públicas do Brasil em ascensão da década passada. O cineasta faz questão de sinalizar que o filme é fruto do olhar particular de quem observa o Brasil a distância e se assusta com o cenário atual. Ele utiliza como referencial, o bairro onde morou no país, Encantado, que foi transfigurado para as Olimpíadas de 2016 e em seguida marcado pelo abandono, remontando a história recente do Brasil. O filme reconta o início dos anos 2000, quando os governos de Lula e Dilma Rousseff permitiram significativos progressos sociais e econômicos no país, passando em seguida ao progressivo declínio destes avanços, marcados pelo surgimento dos protestos de Junho de 2013 e pelo Impeachment de Dilma Rousseff em 2016. Em paralelo à narração de Felipe, o filme é entrecortado por entrevistas dos habitantes do bairro Encantado, que apresentam seu desencanto com a democracia e com a política, além dos testemunhos das jovens gerações formadas nas últimas décadas que observam os novos rumos tomados por seu país. O Encantado, situado na zona norte do Rio de Janeiro, surge como uma maneira poética e pessoal pelo diretor de direcionar seu ponto de vista sobre tudo que aconteceu e acontece no Brasil. A produção consegue mostrar a desorientação daqueles que cresceram na euforia massiva com a eleição presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva e depois viram a derrocada do político e do partido dele até a atualidade polarizada, onde a direita encontrou um caminho para chegar ao poder. Há no filme também depoimentos de políticos como Ciro Gomes, Jandira Feghali e Guilherme Boulos, além de filósofos, professores e analistas sociais de várias frentes. Eles contribuem para o diagnóstico do diretor sobre o desencantamento com o Brasil de hoje, suas convicções e seu posicionamento ideológico. É um campo aberto para que cada expectador tire suas conclusões amparado na melancolia de nossa realidade mesmo que muita coisa seja deixada de lado. É mais uma importante reflexão para a construção de um futuro melhor ciente dos erros cometidos, enxergar o que mudou para pior e mensurar que essa guerra política prejudica nosso futuro. A ANGÚSTIA DA POLÍTICA DO PRESENTE.


Filme exibido na Mostra Competitiva do  7° Festival Internacional de Cinema de Brasília - BIFF. Sem previsão de estréia no Brasil.

Hype: BOM - Nota: 7,5


domingo, 26 de abril de 2020

ME LEVE PARA UM LUGAR LEGAL (2019) - "Take me Somewhere Nice" de "Ena Sendijarevic"


Roadie Movie europeu tem essência indie e elementos frios.

O filme participou de diversos festivais pelo mundo dentre eles o Festival de Roterdã 2019, onde foi premiado com a Menção Especial, o Festival de Sarajevo 2019, premiado como Melhor Filme e Mostra de São Paulo 2019 na seleção oficial (Novos Diretores). Selecionado para a Mostra Competitiva no Festival Internacional de Cinema de Brasília - BIFF 2020, o interessante trabalho de estréia da diretora Ena Sendijarevic trabalha com planos fixos e composições descoladas para uma história de auto-conhecimento de uma jovem. Ela adota uma abordagem criativa de uma experiência de solidão para simplificar sua personagem central e mesmo abrindo mão de longos diálogos e de expor sentimentos, consegue transpor identidade própria ao filme. O retrato do deslocamento de região realizada pela personagem denota diferenças culturais. Existe um equilíbrio de poder na Europa Ocidental-Oriental, entre os privilegiados de um lado e os deixados para trás do outro, divididos muitas vezes entre os amargos e os oportunistas, aqueles que gostariam de se juntar ao Ocidente e aqueles que ativamente vira as costas para ele. Essa tensão é facilmente indentificada quando percebemos a jornada de Alma, que se torna imprudente ao se aventurar na Bósnia tentando forjar uma conexão significativa com seu pai, saindo de sua zona de conforto na Holanda. A narrativa não impõe muitos avanços deixando todo propósito da personagem como reflexo da adolescência, onde pouco se mede as consequências dos atos e os sentimentos nem sempre são esclarecidos. A produção é bastante atrativa, desde a fotografia deliciosa até sua trilha sonora bastante contagiante, destaque para uma cena onde ao som de Sonic Youth os personagens vivem seu momento de rebeldia. Na trama, Alma (Sara Luna Zoric) deixa a casa da mãe na Holanda e viaja para a Bósnia, sua terra natal, para visitar o pai que nunca conheceu. Mas, desde o início, nada ocorre como planejado. Seu primo Emir (Ernad Prnjavorac) lhe recepciona de forma fria e zomba de sua vida fácil no Ocidente. Ao mesmo tempo, rola uma química sexual com Denis (Lazar Dragojevic), melhor amigo de Emir. À medida que os obstáculos aumentam, Alma segue determinada a achar o pai. Ela só precisará conhecer a si mesma antes. A história movimentada de Alma, mesmo quando se aventura em temas mais sombrios ainda parece esperançoso e energético, fugindo de clichês e em vários momentos demostrando frescor invertendo expectativas. Mas, no geral, é um filme elegante que nos mantém a uma distância segura, em um estado de inquietação constante. A conexão da personagem com sua verdadeira identidade é sincera e ao mesmo tempo pessoal, colorida e sensorial, uma construção simples porém bastante promissora onde, nem toda história de vida precisa caminhar em uma linha reta. ESTÉTICO E VASTO.


Filme exibido na Mostra Competitiva do  7° Festival Internacional de Cinema de Brasília - BIFF. Sem previsão de estréia no Brasil. 


Hype: ÓTIMO - Nota: 8,0




sábado, 25 de abril de 2020

LIBERTÉ (2019) de "Albert Serra"


O deleite dos libertinos em uma obra prima da perversão e do prazer sem limites. 

O Festival BIFF apresentou no Brasil o filme que dividiu o público e a crítica na Mostra Um Certo Olhar (Un Certain Regard) do Festival de Cannes de 2019. Ainda inédita no Brasil, a produção do interessante diretor Albert Serra (A Morte de Luís XIV) é uma obra peculiar e um exercício de paciência para expectadores tradicionais. O filme, com mais de duas horas, se passa por inteiro em uma floresta de eucaliptos, aonde acontece dirversos encontros noturnos e clandestinos para práticas sexuais libertinas e declarações de seus incessantes desejos. Sado-masoquismo, práticas bissexuais e outros feitiches numa busca incessante pelo prazer. O ano é 1774. Os aristocratas de Louche expulsos da corte francesa por seu comportamento debochado procuram o apoio de seu colega alemão, o duque de Walchen. O objetivo deles é alistá-lo em seu movimento filosófico: libertinagem. Eles se esquivam da guilhotina lutando contra o tédio, espreitando na vegetação rasteira e embarcando em um ataque competitivo de ascensão fetichista recusando qualquer moral e autoridade. O fascínio do diretor Albert Serra por esse período distorcido e decadente da história européia continua firme. Este filme em particular evoluiu de uma peça que Serra encenou em 2018 em Berlim, que tratava do lado sombrio e do desejo humano. É um filme escuro, tanto espiritual quanto visualmente, o cenário noturno da floresta é fracamente iluminado dando a sensação de voyeurismo dos personagens em querer entender o que se passa ali. Temos dicas das atividades ao ar livre nos choramingos e gritos abafados que cortam o som das cigarras. Serra acaba por mostrar os libertinos em ação, em várias cenas gráficas. A escolha do título, combinada com o tom do filme, é intrigante. Serra joga várias sugestões de reflexão sobre liberdade, instinto e impulso. Esse mergulho faz com que o estilo de filme seja único e consistente no que pretende, indo além da necessidade de um cinema cerebral, que exige esforço para ser entendido. O consentimento para embarcar na obra já é dado no início quando o duque de Wand (Baptiste Pinteaux), relembra lascivamente a execução esquartejante de algum criminoso infeliz antes de cair a noite e começar o livre encontro de pessoas sedentas por prazer. Em alguns momentos o filme cria um universo sensorial, contemplando a paisagem e a coragem de quem consegue se aproximar e se permitir ao êxtase. É um filme mais adequado a quem busca produções mais experimentais ou filmes como "Saló, ou os 120 dias de Sodoma" (1975) de Pasolini. E quanto mais o diretor atrasa o momento de gratificação, fazendo pleno uso de toda a duração do filme, dando a impressão de que está acontecendo em tempo real, mais ele força os espectadores a ficarem atentos e serem atraído pelas expectativas desses libertinos. A INSANIDADE DO PRAZER.


Filme exibido na Mostra Grandes Pré-estréias do  7° Festival Internacional de Cinema de Brasília - BIFF. Sem previsão de estréia no Brasil. 

Hype: ÓTIMO - Nota: 8,0





sexta-feira, 24 de abril de 2020

FENDAS (2019) de "Carlos Segundo"



Filme potiguar imersivo revela poesia cinematográfica sobre o isolamento de si mesmo em um prol maior.

A produção exibida no BIFF vem trilhando uma interessante carreira em festivais, tendo estreado mundialmente no Festival FID Marseille (França) em 2019, sendo exibido também na República Tcheca e Estados Unidos. Participou também de vários festivais nacionais como Mostra Internacional de São Paulo (SP), Panorama Internacional Coisa de Cinema (BA) e Mostra de Cinema de Gostoso (RN) onde levou Menção Honrosa. O filme acompanha um recorte da vida de Catarina, uma pesquisadora do campo da física quântica que trabalha com espaços sonoros na imagem. O mergulho em sua pesquisa é, ao mesmo tempo, um mergulho em sua vida. Por imersão nas imagens que ela distorce, Catarina descobre um novo espectro de som, que aparentemente abre acesso para outra linha temporal. O tom instrospectivo das dúvidas de seu trabalho, do sentido de sua pesquisa e a até de sua vida pessoal, ressalta também a questão social, ela efetua uma pesquisa pouco acessível e sem qualquer forma de supervisão ou cobrança. Fendas é um filme que orbita no território científico e humano e surge em um momento singular em que a cultura e a educação sofrem ataques declarados por parte do poder público e do governo brasileiro. O filme não deixa de ser também uma resposta a esse movimento crescente mostrando a solidão de quem estuda e pesquisa em prol de um bem maior a toda sociedade. A história não apresenta conflitos explícitos e muito menos define seu caminho, são cenas onde Catarina vive sua rotina e na maior parte do tempo observa imagens sonoras, mergulhando em um vazio e faz dele um laboratório para sua pesquisa. A obra conta a história de Catarina (Roberta Rangel), uma pesquisadora do campo da física quântica que mora em Natal e estuda os espaços sonoros na imagem. Sua vida e pequisa se misturam e convergem seu passado, presente e futuro. O filme percorre diversos cenários reais da capital do RN, como ruas da cidade, as dunas, o Forte dos Reis Magos, o Parque da Cidade, todos ambientes sob o olhar poético de seu diretor Carlos Segundo em um desvaneio bonito e sereno. Fendas é uma produção entre Brasil e França que estimula o expectador a imaginar o exterior por dentro de si mesmo, muitas vezes focado em uma monotonia controlada e uma reflexão dos fenômenos físicos. Não deixa de ser um filme diferente ao mostrar seu potencial na falta de uma estrutura padrão. SOBRE PROFUNDIDADES


Filme exibido na Mostra Competitiva do  7° Festival Internacional de Cinema de Brasília - BIFF. Sem previsão de estréia no Brasil. Distribuição Elite Filmes.

Hype: BOM - Nota: 7,0






quinta-feira, 23 de abril de 2020

CANO SERRADO (2018) de "Erik de Castro"


Filme se espelha em um viés conservador e reacionário em Western contemporâneo.

A produção ainda inédita nos cinemas brasileiros foi exibida na Mostra de SP e Festival do Rio em 2018 e depois esquecida. O filme ganhou exibição no BIFF na Mostra Spotlight Brasilia. Esse é o segundo trabalho na direção de Erik de Castro que já havia se aventurado no gênero de ação em Federal (2010) com relativo sucesso. Cano Serrado tem uma proposta até interessante, com boa produção e efeitos especiais mas se perde sem um roteiro consistente e na mão pesada do diretor. O bom elenco é esvaziado em atuações bizarras e personagens repletos de clichês e esteriótipos. Combinaria se fosse na década de 90, hoje em dia não cola mais. O roteiro constrói um faroeste contemporâneo, com diferentes tipos masculinos medindo forças até o esperado duelo final em que os grupos opostos se encontram no acerto de contas. A representação exagerada do típico filme de ação "brutamontes" beira o caricato, seja pelas soluções fáceis ou reviravoltas sem muito preparo. O "Plot Twist" do filme, que seria a virada da história para o seu clímax, é a única boa cartada do filme. São temas controversos, como a violação de direitos humanos e a justiça com as próprias mãos abordados de forma rasa com uma estética que busca o entretenimento de maneira visceral e banal. Sem charme algum, Cano Serrado expõe um tipo de história onde não existe diversidade e a masculinidade tóxica se reflete nas piadas machistas, mulheres como coadjuvantes e péssimos argumentos para justificar tortura, violência e sadismo por armas. O thriller policial é o puro reflexo de uma fórmula datada no cinema de ação e também perigosa dando vazão a um discurso violento sem o aprofundamento necessário. A narrativa acompanha a vingança do Sargento Sebastião (Rubens Caribé) aos homens que assassinaram seu irmão, um homem baleado no início do filme. Em seguida conhecemos Luca (Jonathan Haagensen) e Manuel (Paulo Miklos), dois policiais da cidade grande que partem para o interior rumo a um fim de semana de retiro junto ao pessoal de uma igreja. No caminho, são atacados em uma emboscada. Com o desaparecimento dos dois, seus colegas da capital partem atrás do paradeiro deles. É quando o delegado Marcos (Fernando Eiras) e seus auxiliares, como a perita Sílvia (Sílvia Lourenço) e o agente Rico (Milhem Cortaz), entram em cena para tentar solucionar o ocorrido. Surge o embate da polícia do interior com a polícia da capital. Acompanhamos um roteiro sofrível sobre vingança, onde as polícias se confrontam em meio a uma trama simplória com violência desmedida, corrupção e elementos facistas. Com ecos de filme de ação dos anos 1980, o diretor usa de várias referências se concentrando em anti-hérois em uma alegoria a hierarquias da lei e os bastidores do universo policial. Deve agradar quem gosta de ação e violência, nesse quesito ele decola. THRILLER POLICIAL DO CERRADO.


Filme exibido na Mostra Spotlight Brasilia do  7° Festival Internacional de Cinema de Brasília - BIFF. Sem previsão de estréia no Brasil. Distribuição pela H2OFilms e Globo Filmes.

Hype: REGULAR - Nota: 5,0

BLUE GIRL (2020) de "Keivan Majidi"



Documentário mostra a inocência de um grupo de crianças do Curdistão que exergam no futebol a esperança de dias melhores.

Metade dos títulos da seleção desse ano do Brasilia Internacional Festival é de documentários, entre eles “Blue Girl”, do novato Keivan Majidi, que conta a história de um grupo de crianças que procura por um lugar plano nas montanhas para jogar futebol. O esporte é a unica distração dessas crianças em um vilarejo onde todos os moradores são apaixonados por futebol. A princípio parece um filme simples sobre infância e a vida de pessoas humildades mas fala sobre uma questão interessante, a busca pela ocupação do seu lugar no mundo. A produção se infiltra no mundo dessas crianças e quem conta a história é uma das crianças, a garota é responsável pela descrição do local, apresenta adultos e crianças relacionando-os com a grande paixão do lugar pelo futebol. O termo Blue Girl curiosamente faz lembrar ao famoso caso onde uma garota iraniana que amava futebol, Sahar Khodayari, corria o risco de passar seis meses na prisão por desafiar a regra que proíbe a entrada de mulheres nos estádios de futebol do Irã. Diante de um tribunal religioso, ela decidiu atear fogo no próprio corpo e morreu. Esse caso chocou o mundo em 2019 e se tornou um símbolo do apoio contra a opressão das mulheres que gostam de futebol. Esse fato não é citado mas é a grande inspiração do filme, fica claro a intenção de mostrar o quanto esses países erram em privar as mulheres do gosto pelo esporte, nesses países islâmicos elas ainda vivem uma escravidão conservadora e misógina sem previsão de fim. É uma questão cultural da região, infelizmente. Falta essa pimenta no documentário, a Blue Girl retratada aqui, uma gorotinha que ama futebol, joga escondido dos adultos e acompanha os meninos jogarem, não desafia o expectador, é só um retrato que permanece frio mesmo com os horrores sofridos por Sahar Khodayari. O filme busca ser leve, um caminho entendiante em meio a um assunto tão voraz. O direcionamento de ser um filme família em meio a um importante fato deixa o filme avulso e sem pulso. Ainda sim é fácil se envolver com a história daquele lugar distante e com crianças em busca de um sonho. Visualizar a rotina de um lugar e o apego pelo futebol entre as pessoas da vila mostra a dimensão de um evento mundial como a Copa do Mundo. Cenas como a cerimônia de previsão antes da Copa do Mundo da Rússia começar, os muitos diálogos sobre os jogos, as seleções de outros países defendidas de forma sagrada por seus torcedores formam um cenário curioso para a realidade local. O futebol tem seu papel, em especial à união e ao trabalho de equipe. Os adultos são mostrados como pessoas passivas diante a energia e a vontade das crianças de brincar e buscar um sentido. A jornada dessa Blue Girl do filme é de coadjuvante, de manter o padrão estabelecido e voltado principalmente no objetivo dos garotos em encontrar o campo de futebol ideal nas montanhas. Qual sentido realizar um documentário com o desconforto que esse nome tem, onde o foco é mostrar os meninos conseguindo fazer o seu campo de futebol ideal e não questionar porquê as meninas estão ajudando se os meninos não as deixam jogar. Embora cheio de boas intenções, o documentário não muda em nada essa visão machista e atrasada, fazendo questão de se manter em um lugar seguro em não aprofundar temas importante e tenta mostrar beleza na opressão. Um filme cheio de potencial esvaziado na falta de coragem. RETRATO VAZIO.


Filme exibido na Mostra Competitiva do  7° Festival Internacional de Cinema de Brasília - BIFF. Sem previsão de estréia no Brasil. Distribuição pela Elite Filmes

Hype: REGULAR - Nota: 5,0

quarta-feira, 22 de abril de 2020

ANNA KARINA PARA VOCÊ LEMBRAR (2017) - "Anna Karina, Souviens-Toi" de "Dennis Berry"



Documentário é uma carta de amor cinematográfica de Dennis Berry para sua esposa Anna Karina em um dos seus últimos registros.

Documentário sobre a ''musa da Nouvelle Vague'' abre o Brasília International Film Festival em sua primeira exibição no Brasil. A lendária, ganhou dois anos antes de sua morte esse lindo filme realizado por seu marido na época. Francesa, de origem dinamarquesa, a atriz de rosto pálido e grandes olhos azuis começou a carreira como modelo, até que conheceu Jean-Luc Godard (com quem casaria anos mais tarde), passando a atuar em filmes, até se tornar uma das atrizes-símbolo da Nouvelle Vague. Em 1967, Serge Gainsbourg a homenageou com seu único filme musical, “Anna”. A atriz morreu vítima de câncer em 2019 e está intimamente relacionada ao renascimento do cinema francês na década de 1960. O documentário é simples porém impecável, onde apresenta a própria Anna Karina, 2 anos antes de seu falecimento, dando depoimentos em uma sala de cinema e vendo cenas de seus filmes e peças de teatro. A narração é do próprio diretor Dennis Berry. Interessante que grande parte do filme se concentra especialmente em suas memórias de Jean-Luc Godard, ex- marido, memórias essas emocionantes. Dennis Berry com muita maturidade não deixa de focar essa fase tão brilhante da atriz, é um filme de quem é apaixonado, que não demonstra ciúme ao tratar desse romance e nem do possível flerte da moça com Serge Gainsbourg durante as filmagens do musical Anna (1967), de Pierre Koralnic. Aliás, as cenas desse raríssimo filme é um dos pontos altos do documentário. O filme não apenas retrata o ícone da Nova Onda Francesa ao longo das décadas, mas também é uma carta de amor para quem o diretor deste documentário compartilhava sua vida há mais de 30 anos.  Sua gratidão é visível em seu olhar emocionado em ver trechos de sua infância numa Copenhague sob a ocupação nazista, sua adolescência sozinha, seu olhar cada vez mais intenso para as artes que admirava, tendo como referência Judy Garland, Charles Chaplin, Anna Magnani, que ela viu em “Roma Cidade Aberta”, de Rossellini e a paixão por Louis Armstrong e Count Basie. Decidida a seguir seus sonhos, partiu sozinha para Paris, onde realizou trabalhos como modelo até conhecer Godard que seria o inicio de seu estrelato. O filme mesmo curto faz cruzar a história de Anna até com acontecimentos históricos como a Segunda Guerra Mundial. Anna foi uma estrela considerada até hoje como uma das mais humildes mesmo trabalhando com diversos gênios do cinema como Rivette (A Religiosa), Visconti (O Estrangeiro), Zurlini (Mulheres no Front), Cukor (Justine), Fassbinder (Roleta Chinesa) e Schlöndorff (O Tirano da Aldeia). O resumo de sua vida cinematográfica ainda têm tempo para mostrar imagens preciosas de bastidores de filmes de Godard, da encenação teatral francesa de Depois do Ensaio, de Bergman, e de uma de suas duas experiências na direção, Vivre Ensemble, de 1972. Com trechos de filmes muito bem escolhidos e com uma qualidade surpreendente, graças aos acervos da TV Francesa e do INA (Instituto Nacional de Arquivos), Dennis e Anna realizam um documentário que é uma obra prima para a Cultura Pop, com linda fotografia e obrigatório para fãs da nouvelle vague, além de apresentar muito bem a essa nova geração sua maior musa. LUMINOSA TRAJETÓRIA.



O filme foi exibido no  7° Festival Internacional de Cinema de Brasília - BIFF

Distribuição: Elite Filmes.

Hype: ÓTIMO - Nota: 8,5

terça-feira, 21 de abril de 2020

TBT Especial: A Concepção (2006) de "José Eduardo Belmonte"



Hoje antecipamos nosso TBT para homenagear a aniversariante do dia, Brasília, com um filme da cidade que adoramos. 

Lá em meados de 2006 um filme brasiliense chamou bastante atenção, não só pela carreira em festivais alternativos mas pela temática bastante forte em tempos de um liberalismo estranho. A Concepção foi um dos primeiros filmes do diretor José Eduardo Belmonte, formado em cinema na Universidade de Brasília (UnB) e que mais a frente estaria dirigindo superproduções do cinema nacional como Alemão (2014) e Carcereiros (2019). O elenco do filme, na época composto de artistas novatos e alternativos  seriam mais tarde estrelas nacionais, como: Juliano Cazarré, Milhem Cortaz, Matheus Nachtergale, Rosanne Mulholland e Murilo GrossiNa trama, Alex, Lino e Liz são filhos de diplomatas que vivem juntos em Brasília em um apartamento vazio e levam uma vida entediada e alheia ao mundo. Eles conhecem uma pessoa sem nome e sem passado, que se chama X e que propõe viver um dia sem qualquer impedimento. Ele propõe um movimento chamado Concepcionismo, que consiste na morte ao ego e em seguir o caminho do excesso, que é encampado pelo trio de amigos. O mais espantoso no filme é um desprendimento total de qualquer pudor em uma história anarquista, bem filmada, bastante sexy, libertário e ainda com uma trilha sonora espetacular realizada por Zé Pedro Gollo. A analogia de uma cidade que não possui identidade também é sobre padrões. Na época do filme era comum jovens alternativos da cidade se identificarem com as críticas sociais do modelo criado no filme, o Concepcionismo. O filme na época de lançamento não foi devidamente compreendido, muitas vezes encarado como uma produção feita para chocar por causa das cenas de nudez, sexo, drogas e desbunde desenfreado. Provavelmente foi criticado por pessoas que não embarcaram na viagem sensorial de Belmonte ou muito menos entende o modernismo das pessoas que vivem em Brasília, uma cidade política com uma mentalidade bastante vanguardista, no meio do cerrado brasileiro e longe das grandes metrópoles. A cidade é uma metrópole quase provinciana, planejada e diferenciada. Organizada e ao mesmo tempo sem qualquer logística de cidade. Isso precisa ser dito, a cidade é como um personagem do filme. Entre os destaques da produção ainda tem o ótimo trabalho técnico, principalmente para um filme de baixo orçamento e gravado na coragem dos seus idealizadores. A filosofia barata do filme é divertida e ressalta principalmente o desequilíbrio mental e social. O movimento anarquista criado no filme também deve ser encarado como um universo paralelo, não mostra objetivo ou sucesso em seus pífios ideais, apenas ressalta uma sociedade contemporânea que precisa de um direcionamento, perdida em brevidades e sem produzir nada. No geral, é uma produção atemporal e que ainda funciona nos tempos atuais. Uma boa dica para quem não gosta de padrões. SUBVERSIVO.


O filme foi lançado em DVD pela Califórnia Filmes.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

TROLLS 2 (2020) - "Trolls World Tour" de "Walt Dohrn" e "David P. Smith"


Sequência do longa metragem de 2016 tem o dobro de cores e músicas em uma valiosa lição de diversidade.

A animação de sucesso da DreamWorks/Universal apresenta em sua sequência o mesmo carisma e positivismo do primeiro filme. O estúdio optou em pular a estreia nos cinemas americanos devido ao Isolamento social causado pelo Covid-19 e partir direto para o lançamento em mídia digital. A produção se tornou um grande sucesso onde a Universal Pictures afirma que a continuação se tornou seu maior lançamento digital até o momento, batendo em dez vezes as vendas de Jurassic World: Reino Ameaçado (2018), que segurava o título para o estúdio. No Brasil, o desenho permanece com previsão de estréia nos cinemas perto do dia das crianças, em Outubro. Em Trolls 2, Poppy terá que reunir o grupo de trolls para salvar o mundo de uma nova ameaça. Em sua aventura, a líder da equipe descobre novos ritmos de música além do pop. Se no primeiro filme a musicalidade já era um destaque, agora ficou ainda maior com a inclusão de novos ritmos. Na versão original acompanhamos performaces de Justin Timberlake, Anna Kendrick, Kelly Clarkson, Mary J. Blige, Anderson .Paak, J Balvin e Kenan Thompson, que dublam os personagens. Seu maior apelo ainda são os divertidos e extravagantes números musicais com colagens criativas, glitter e cores gritantes,  a história de Trolls é bem simples porém cheia de mensagens positivas. Na trama, a rainha Poppy (Anna Kendrick) e Branch (Justin Timberlake) descobrem que são apenas uma das seis tribos Trolls espalhadas por seis países diferentes dedicados a seis tipos diferentes de música: Funk, Country, Techno, Clássica, Pop e Rock. Um membro da realeza do hard rock, Queen Barb (Rachel Bloom) e seu pai, King Thrash (Ozzy Osbourne) querem destruir todos os outros tipos de música para deixar o rock reinar supremo. Com o destino do mundo em jogo, Poppy e Branch, juntamente com seus amigos, partem para visitar todas as outras terras para unificar os Trolls em harmonia contra Barb, que está tentando superar todos eles. A saga de Trolls ganha seu segundo longa metragem e consegue ir muito bem mesmo que falte um apoio narrativo mais elaborado, ainda que o desenho seja idealizado nessa condição de diversão e felicidade, é uma animação envolvente e atrativa, porém momentânea. Com tudo que está acontecendo agora no mundo nunca será desperdício uma história que mostra a união das pessoas mesmo com suas diferenças, é o filme perfeito para se contagiar de algo alegre e energético. A colorida e carismática produção não vai além de bons momentos de diversão. CONTAGIANTE


O filme iria estrear nos cinemas em Abril e foi adiado pela pandemia do Covid-19. Ganhou nova data de estreia para 8 de outubro deste ano, próximo ao Dia das Crianças.

Hype: BOM - Nota: 7,5

sexta-feira, 17 de abril de 2020

THE STROKES - "The New Abnormal" (2020)


O sexto álbum de estúdio da banda americana se mostra atrativo se afastando da fase ruim  sem o rock que a consagrou.

Sem a pressão de antigamente e tentando se reencontrar em meio a crise que afetou seus integrantes, o The Strokes consegue oferecer um repertório interessante ainda longe de empolgar por completo nesse álbum, que é quase um EP. Esse é o trabalho mais inspirado da banda após um início de carreira promissor, lá em meados de 2000, onde "Last Nite" se tornou a música de rock que levantou o gênero depois de um bom tempo no marasmo. O que se sabe então é que a banda foge justamente do estilo que a consagrou. O primeiro álbum "Is This It” (2001) é sem dúvidas o trabalho mais marcante da banda seguido justamente dos trabalhos seguintes, “Room of Fire” (2003) e “First Impressions of Earth” (2006). Nessa década de 2000 a banda reinou tranquilamente como um dos principais nomes do rock contemporâneo. Infelizmente o The Strokes entrou em crise, brigas nos bastidores, carreiras solo sem apelo e uma década seguinte de álbuns tediosos e sem qualquer inspiração.“Angles” (2011) ainda tem bons momentos mas “Comedown Machine” (2013) e o EP “Future Present Past” (2016) são bem ruins. Fez a banda cair no esquecimento assim como fizeram seus integrantes entrarem em colapso entre eles. Esse retorno demontra um certo interesse da banda em voltar com nova força, tanto que eles já estão escalados em diversos festivais assim que a crise do Covid-19 passar e são músicas que podem ter uma pegada legal para um show. A vibe oitentista que invade os trabalhos lançados esse ano por vários artistas também passa por aqui, como uma colagem um pouco melhor aproveitada que em “Comedown Machine”. O recomeço nem sempre é confortador até pelo caminho escolhido por eles e "The New Abnormal" vale a pena pela intenção de se restabelecer. Nossas impressões Faixa a Faixa. "The Adults Are Talking" abre o álbum com uma vibe dançante, a base de “Stepping Out” de Joe Jackson, combina bem e mesmo sem sustentar a pegada é um bom começo. "Selfless" destrói a pegada inicial do álbum em uma balada morna e comum com destaque ao vocal seguro de Julian Casablancas, a música é só dele. "Brooklyn Bridge To Chorus" se inspira no Strokes feito para as pistas com uma leve inspiração no rock britânico e com um melodia deliciosa até seu final climático. "Bad Decisions" se perde em tudo que a banda já trouxe em outros trabalhos, tem todos elementos sonoros que a banda adora sendo uma boa pedida no trabalho. Tem cara de single fácil."Eternal Summer" é quase um hino pela pureza sonora com uma construção impecável e com uma guitarra surpreendente além de uma simplificação dos instrumentos que mistrura Franz Ferdinand com o melhor do indie rock atual. É a melhor do trabalho. "At The Door" acerta na melancolia e consegue ir um pouco além das baladas da banda mesmo sem energia e preguiçosa, agrada pelas guitarras e o final quase eletrônico porém é uma faixa muito extena em uma zona segura da banda. "Why Are Sundays so Depressing" busca impor ritmo em uma sequência que não ajuda o álbum a ter um sustento. Menos mal que em uma canção sobre depressão a banda demonstre leveza mesmo que a mistura de elementos não funcione plenamente aqui. Esquecível. "Not The Same Anymore" é o tipo de música "fim de festa". Vocal estranho e uma sensação que falta a energia. Pouco inspirada e abrindo alas para o fim do trabalho. "Ode To the Mets" é um final de álbum triste mas confortador, afinal, entre altos e baixos não seria nesse momento que tudo iria engrenar. Uma pena "The New Abnormal" não ser inspirador como deveria, chegou próximo e pelo menos afastou a fase complicada de trabalhos estranhos e falta de identidade. O Rock"n Roll sente falta daquela pegada nervosa da melhor fase dos Strokes que eles insistem em ignorar, uma escolha própria deles, esse retorno pode ser um novo começo para pretensões maiores e com mais confiança. FALTOU UM POUCO DE GÁS.



O Álbum possui 9 músicas e está disponível nas principais plataformas de músicas pela RCA Records.

Hype: BOM - Nota: 7,0






quinta-feira, 16 de abril de 2020

Hype TBT - O OPOSTO DO SEXO (1997) - "The Opposite of Sex" de "Don Ross"



Nosso Hype TBT de hoje relembra uma deliciosa e inteligente comédia dos anos 90. 

O Oposto do Sexo, "The Opposite of Sex" no original, não é uma produção muito conhecida, inclusive é até meio difícil acha-lá disponível em algum streaming para ver. O filme chamou bastante atenção pelo elenco bastante qualificado e com personagens repletos de nuances interessantes, além de uma carga emocional até fora do comum para sua época de lançamento, lá em meados de 1997, onde muitas comédias adolescentes faziam sucesso na época abordando o vazio de uma geração que começava a se acostumar com a futilidade. O filme é a estréia do diretor Don Ross, que não se tornou muito popular, anos mais tarde em 2005 faria outra interessante comédia, Finais Felizes. O filme apresenta a personagem de Dedee (Christina Ricci), uma meio vilã atrapalhada que surpreende na frieza de suas atitudes e questiona uma geração abobada dos anos 90, se realmente vale a pena ser certinha. Lembrando que os anos 90 foi quase uma década de ressaca de toda rebeldia vivida nas décadas passadas com algumas poucas produções com uma atitude reversa. No filme Dedee se entrega aos seus desejos e esquece de todos riscos ao destruir a vida do irmão desconhecido Bill Truitt (Martin Donovan), um professor que tenta esquecer a morte de seu perceiro Tom, ao lado do garotão Matt (Ivan Sergei). A garota de 16 anos mente pedindo abrigo ao irmão até então desconhecido, dizendo ter fugido de sua família desajustada. Bill fica com pena e deixa ela ficar. A partir de então, Dedee transforma sua vida num inferno e desencadeia uma série de fatos bizarros. Toda a confusão é assistida de perto pela insuportável Lucia (Lisa Kudrow), irmã do falecido Tom e "mãe-adotiva" de Bill, que fica dando conselhos na orelha do professor enquanto ele tenta resolver sua vida. Dedee toma atitudes tão absurdas que o diretor precisa se revirar em colocar tudo no lugar. Com um roteiro apurado e bastante promissor para época, o filme sempre foi lembrado pelo poder do elenco e o roteiro bastante esperto, inclusive, o filme trata questões que na época eram tratadas com um certo tabu, como abuso sexual, gravidez na adolescência e a homossexualidade, assuntos tratados com uma maturidade impressionante no filme. Mesmo meio datada em alguns aspectos, como a tecnologia utilizada na época e a imagem filmada em SD, a comédia incrivelmente permanece fresca e deliciosa de assistir pela originalidade e talento de seu diretor em conduzir uma história maluca e muito a frente de seu tempo. Tem um tipo de humor cínico e politicamente incorreto que tira sarro do quão ridículo os personagens são em expor o seu pior. A crueldade exageradamente divertida só ressalta Christina Ricci. Uma dica certeira para quem procura conhecer produções antigas e alternativas em uma comédia bastante original e atemporal. CHARMOSA.


Disponível  no Looke e na Internet para Download!


quarta-feira, 15 de abril de 2020

VIVEIRO (2019) - "Vivarium" de "Lorcan Finnegan"



Um filme minimalista e sofucante que convida o espectador a pensar.

A produção independente teve sua estréia mundial no Festival de Cinema de Cannes em 2019. Logo em seguida ganhou distribuição em alguns países pela Saban Films. No Brasil permanece inédito e sem distribuição. Não é um filme fácil, é quase um quebra cabeça que não subestima a capacidade interpretativa do espectador, muito se faz acontecer quase como um delírio onde temos poucas respostas até fazer algum sentido. Observa-se na obra uma certa crítica social que permeia a suposta ideia de um estilo de vida perfeito e limpo. O condomínio Yonder apresenta casas idênticas que confronta a idéia de originalidade e também de individualidade das pessoas. Isso pode representar um senso comum, como também um ambiente artificial. Surge então teorias do que seria a proposta do filme e se estaria ligado a uma intervenção alienígena. São conclusões que só assistindo que você pode chegar. A produção não tem pressa e confronta a estrutura tradicional de filmes mais populares em uma repetição de cenários e de atos por um longo período. Talvez esse seja o principal ponto fraco, com o tempo perde-se o fator novidade e fica sensação incômoda como se você estivesse preso dentro do condomínio junto com os personagens. O ritmo lento e a discreta trilha sonora promovem um plano sequência de contemplação, algo já adiantado no início do filme quando presenciamos crianças usando sua imaginação para voar como pássaros. Interessante a analogia feita no início do filme quase assoprando o sentido da vida proposto na história. É quase uma dica do diretor que esse recurso será explorado em um filme que apresenta um único cenário, com apenas três personagens e os mesmos elementos em cena em um ambiente fechado. Claustrofóbico. Tudo muito angustiante e ao mesmo tempo instigante, o grande mistério é como tudo isso termina, essa é a maior graça dessa viagem delirante de seu realizador. Na trama, enquanto procuram pela casa ideal para que possam morar juntos, um casal, interpretados por Jesse EisenbergImogen Poots, se vê preso em um complicado labirinto feito de moradas idênticas entre si. Quando eles percebem que o local não é nada do que imaginavam buscam uma saída. O condomínio se chama Yonder, um lugar silencioso e vazio que se estende ao infinito, o seu horizonte é quase como uma pintura com uma aparência artificial. Logo, um bebê é entregue ao casal para que ele seja cuidado e se torne talvez, uma luz do que pode ser a missão deles nesse lugar. A interessante obra de mistério e suspense se mostra um drama coeso onde o preço psicológico do casal e a falta de um propósito em suas vidas se deteriora com o tempo junto com o bem-estar físico e sua saúde mental. A metáfora desse isolamento social abordado no filme é algo que inclusive confronta o que estamos vivendo atualmente com o Covid-19. Será que estamos aproveitando essa crise para se desapegar de padrões pré-estabelecidos? O segundo longa metragem do promissor diretor Lorcan Finnegan, que venceu quatro importantes categorias do Brooklyn Horror Film Festival com seu primeiro filme Sem Nome (2016), cria um labirinto social de propósitos em nossa mente. O mais importante do filme é sua reflexão no sentido de nossa própria vida. PROPOSTA DESAFIADORA.


O Filme está disponível no TELECINE

Hype: BOM - Nota: 7,5

terça-feira, 14 de abril de 2020

CASAMENTO SANGRENTO (2019) - "Ready or Not" de "Matt Bettinelli" e "Tyler Gillett"



Um dos filmes mais insanos de 2019 finalmente chega ao Brasil. Uma comédia de terror sagaz e candidata a cult.

Sem passar pelos cinemas brasileiros por um descaso sem sentido da Fox- Disney, essa pérola do Terror Gore chega ao Telecine. Inteligente de uma maneira perversa e divertido de uma maneira subversiva, a produção não esconde o que propõe no famoso filme de caça, onde uma bela e indefesa garota precisa se salvar de uma família pertubada e matadora. A maior graça dessa brincadeira sanguinolenta são suas doses nervosas de emoção e sadismo. Mesmo com intensões arriscadas de abafar o humor e de pincelar superficialmente o drama, o terror efetivo explode em toda proposta apresentada, há uma ansiedade de ir direto ao que propõe em uma mistura nervosa de Uma Noite de Crime (2013) com Corra! (2017) e uma leve pincelada que zomba da sociedade de classes em um um slasher contemporâneo brutal e inconsequente. Na trama, Grace (Samara Weaving) se casa com o fabuloso e rico Alex (Mark O'Brien) na propriedade de sua família e aprende, na noite de núpcias, que ela precisa seguir uma tradição de família em um jogo mortal. A família de seu noivo acredita em uma maldição milenar e ela está presa a essa condição perversa. O jogo escolhido em uma cerimônia familiar é o esconde-esconde, o jogo leva a várias mortes macabras no início mas à medida que a perseguição se intensifica Grace não desiste facilmente de lutar para sobreviver. Um ponto de partida pífio mas surpreendente, com piadas e acrobacias desajeitadas em uma inacreditável e insana condução dos diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett guiando o elenco que é capaz de convencer o expectador da veracidade da bizarra brincadeira, zombando de qualquer tradição que seja imposta pela sociedade. Os diretores do filme, inclusive, receberam a missão de em breve filmar o remake de Pânico (1996) devido ao sucesso de Casamento Sangrento. O elenco traz a finesse de Andie MacDowell e Henry Czerny como pais de Alex, Adam Brody como irmão  e Nicky Guadagni, perfeita como tia do inferno e se divertindo em grandes clichês. Samara Weaving faz uma performance de estrela. Uma das cenas iniciais de Grace se preparando para a cerimônia tem mais coração e inteligência do que qualquer outra cena no cinema hollywoodiano em 2019. O desenvolvimento ainda tem sacadas mirabolantes e visualmente fantásticas como a cena do carro e à vertiginosa conclusão contornando implicações de punição. Um filme único que brinca violentamente com os códigos morais que mantêm as famílias unidas e como o dinheiro e o diabo podem ser coisas bem perigosas. SURPREENDENTE E DIVERTIDO.


O filme estará disponível nesta Quinta-Feira 16/04 no Telecine.

Hype: ÓTIMO - Nota: 8,0

segunda-feira, 13 de abril de 2020

POSSESSÃO - O ÚLTIMO ESTÁGIO (2019) - "The Assent" de "Pearry Reginald Teo"


Terror independente sobre possessão tem bons elementos que são desperdiçados transitando em lugar comum.

O filme tinha previsão de lançamento nos cinemas do Brasil no fim de março pela PlayArte e teve sua estréia adiada por conta da pandemia do Covid-19. Esse sub-gênero do terror com possessão demoníaca já vem durante muitos anos apresentando produções pouco inspiradas e que não acrescentam nenhuma novidade ao tema. Nessa produção, a possessão vem aliada de transtornos psiquiátricos (Equizofrenia) e também de uma mensagem estranha de anti-ciência não aprofundada. O personagem de Joel é forçado a descobrir se a causa do comportamento do filho é devido a uma doença psicológica ou uma possessão demoníaca, enquanto ele não tem certeza se as visões que ocorrem com ele são reais ou produto de sua imaginação. Esse tema sempre é fonte de clichês, dentre o principal uma criança possuída, só no ano passado (2019) foram dois filme com esse tema, Maligno e Eli.  Com produção barata e elenco desconhecido, o filme passou despercebido nos EUA e provavelmente nem chegue mais aos cinemas brasileiros. O filme demora um pouco a mostrar seu caminho, começa bem, com uma construção de tensão com boa sustentação, destaque para os truques de câmera para levar o espectador ao sobrenatural. Sua fotografia é interessante e se mostra um filme sensorial e efetivo visualmente. Infelizmente o maior pecado do filme é se perder na direção de um filme básico de exorcismo. Sem qualquer novidade e roteiro pobre apela para um "plot twist" de terreno fértil porém sem sustento algum. Decepciona quem espera um algo a mais. Na trama, após uma série de eventos sobrenaturais perturbadores em sua casa, Joel (Robert Kazinsky), um jovem pai solteiro, chega a suspeitar que seu filho possa estar possuído. Logo, Joel recebe o padre Lambert (Peter Jackson), um controverso exorcista local cujo último paciente morreu durante um ritual. À medida que situações assustadoras ocorrem, o padre informa a Joel que caso ele não realize um exorcismo, o diabo logo assumirá o controle total de seu filho atingindo o último estágio de uma possessão. Ao explorar as fases da possessão demoníaca o filme tenta se difereciar das demais produções de terror atuais, consegue fornecer uma identidade própria, principalmente com as criaturas que surgem na história, mas logo se perdem sem um aprofundamento. Sem ser conclusivo com seus personagens e idéias, demonstra fraqueza em não contar uma história que seja envolvente o suficiente para ser marcante, pega um bom desenvolvimento e o troca por situações que, embora visualmente pertubadoras, não tenham relevância para o conjunto da obra. Merece uma chance se você for um fã desse tipo de filme. FALTOU TRATO.


O filme está sem previsão de lançamento no Brasil!

Hype: REGULAR - Nota: 5,5 

sábado, 11 de abril de 2020

TAME IMPALA - THE SLOW RUSH (2020)



Transitando entre sons, a banda se afasta do rock em produção impecável e viajante.

A banda de Kevin Parker que passou seus dois primeiros álbuns explorando o rock psicodélico com bastante solidez, incorporou uma transição interessante aos sintetizadores dos anos 80 em seu álbum mais famoso, Currents (2015), o trabalho foi um êxito e mudou o patamar da banda. Parker aproveitou o sucesso para se aperfeiçoar em produção e a tendências de mercado, neste quarto álbum transita em tudo que a banda já apresentou, transformando o som em algo acessível, quase pop. Essa ponte do rock psicodélico ao pop não é uma migração fácil, tanto que o trabalho não soa comercial mesmo com muito capricho, ainda é um som imaginativo que pode se tornar atemporal pela bela construção musical mas longe de ser atrativo como deveria. Na verdade The Slow Rush peca somente na falta de explosão sonora, falta a pegada rock para ir além da leveza bem construída de belas e bem produzidas canções. O lado positivo ainda são os sintetizadores que trasitam no trabalho e fazem da segunda metade do álbum muito atrativo. Acompanhe nossas impressões Faixa a Faixa."One More Year" é o começo que sintetiza o álbum, tem uma pegada que movimenta mas mantém firme o som leve. Mostra como Kevin não abre mão da complexidade de suas composições, brincando com ecos em uma chuva de synths e entregando uma típica música que seria esperada de alguém do meio eletrônico."Instante Destiny" é uma brisante balada quase fim de noite. Não combina com o início de um trabalho por manter o controle demais da situação, com melodia sonolenta mais ainda sim agradável. Não pilha, só relaxa. Parece sobra do álbum anterior pelo seu ar genérico."Borderline" foi o primeiro single lançado do álbum, com um pouco mais de energia que as faixas anteriores tem um refrão grudento e se parece muito com o que a banda já fazia anteriormente. Não chega a ser empolgante mas cumpre seu papel de animar um pouco uma vibe que não cresceu ainda no álbum. Demonstra as fragilidades de The Slow Rush. Muito calcado na repetição de sintetizadores monótonos dos anos 80. "Posthumous Forgiveness" é uma balada relaxante quase fim de tarde que se torna bonita pela sua transformação musical que cresce nas batidas e nas guitarras suaves até se tornar outra música mais carregada de refrão e ainda dentro de um conceito bem comum da banda de fazer uma música dentro da música. Tem cara de mistério mas sem a energia necessária para empolgar. "Breathe Deeper" muda a essência do álbum e transforma completamente a vibe "The Slow Rush" em uma virada sensacional que funciona bem com todos elementos sonoros agradáveis da banda. Uma das melhores do álbum e com uma melodia noturna e viciante que se transforma em algo surreal no final. "Tomorrow"s Dust" se entrega ao brisante Indie rock da banda em sua melhor estrutura musical, com cordas e uma produção menos orgânica cheia de elementos que a deixam bela de se apreciar. O final brisante também é legal."On Track"parece sobra do álbum anterior, sendo atmosférica na medida certa sem empolgar. "Lost In Yesterday" evoca levemente o maior sucesso da banda,"The Less I Know The Better" com um delicioso baixo e também é uma evolução do líder do grupo como produtor, é um dos melhores momentos do álbum."Is It True" traz influências oitentista de volta ao som da banda. É a única com essa batida e surpreende pela condução de um groove delicioso e dançante."It Might Be Time" surge sendo uma mistura interessante dos sintetizadores com as batidas que muito também trasintam em sons de base de teclado até se tornar hipnotizante em toda sua construção de melodia. Um som que eles poderiam ter apostado mais no álbum. Catártico."Glimmer" é uma pequena canção agitada para anunciar o fim do álbum."One More Hour" termina o álbum com uma pegada de rock progressivo que brinca com o soft rock oitentista em uma canção muito bem conduzida e um lindo vocal. Termina o álbum em altíssimo nível. Não há dúvida que mesmo em um trabalho abaixo do que todos esperavam, ainda sim se mostra um álbum único e gostoso para ter sensações lombrantes, leves e misteriosas. CONTIDO MAS LEGAL.



O álbum possui 12 músicas, disponíveis nas principais plataformas de streaming pela Island Records.

Hype: ÓTIMO - Nota: 8,0