terça-feira, 24 de maio de 2022

TUDO EM TODO O LUGAR AO MESMO TEMPO - "Everything Everywhere All At Once" de "Daniels"

LOUCURA MULTIVERSAL - O espetáculo caótico de "Everything Everywhere All At Once" ou no título nacional "Tudo, em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" entrega um dos filmes mais legais da temporada atual, reúne uma ampla gama de elementos em torno de um poderoso núcleo emocional, proporcionando pouco mais de duas horas hilárias e profundamente comoventes. O filme explora a temática do “multiverso” e o número infinito de dimensões paralelas criadas por cada decisão da vida dos personagens e as colisões aleatórias de algo quando os mundos se chocam. Daniel Kwan e Daniel Scheinert (os diretores do filme, conhecidos coletivamente como “Daniels”) brincam com conceitos como viagem no tempo, realidades separadas correndo em paralelo e diferentes versões de personagens vivendo em universos diferentes. A escolha artística dos produtores passam longe de qualquer imposição comercial disfarçada (esqueça o multiverso da Marvel) e quando a explosão dos mundos ocorrem é o verdadeiro "Multiverso da Loucura" que explode na tela. A trama diz respeito a Evelyn Wang (Michelle Yeoh, Perfeita!), dona de uma lavanderia falida, que tem uma filha lésbica que se ressente dela (Stephanie Hsu), um marido que está cansado de ser ignorado (Ke Huy Quan) e um pai doente com uma série de expectativas esmagadoras (James Hong). Então, um dia, uma versão de seu marido que não é realmente seu marido aparece para explicar que há uma perturbação no tecido do espaço-tempo ou algo assim, e que Evelyn pode ser a chave para tudo. Logo em seguida Evelyn conhece outras Evelyn de diferentes dimensões em uma corrida contra diferentes filhas, de diferentes dimensões com a ajuda de diferentes maridos e avós. Seu adversário geralmente assume a forma de Dierdre, uma funcionária do IRS interpretado por Jamie Lee Curtis. Os paralelos com milhares de outros universos desafia qualquer senso comum, são tomadas que vão do cinema convencional a intervenções enigmáticas, a produção oferece momentos de meta-comédia estranhamente divertida além de encontrar um interessante propósito para sua insanidade, embora sua frenética mudança maníaca entre diferentes universos podem ser um pouco enervante. INSANAMENTE DIVERTIDO.

Hype: IMPERDÍVEL

Breve nos Cinemas!


quarta-feira, 18 de maio de 2022

ARCADE FIRE - "We" (2022)


NÓS - O sexto álbum da banda canadense é o reflexo dos caminhos incertos de uma sociedade que ainda retrocede enquanto junta os cacos pós-pandemia, onde se restabelece, mas se rende ao conformismo de uma impiedosa nova guerra que devasta um país inteiro e por fim, da decisão de Win Butler, líder do Arcade Fire, de encerrar sua contribuição com o grupo. Os ciclos se fecham sempre e ainda que há sinais pessimistas de novos tempos, "WE" não se rende ao conformismo, foge de mensagens otimistas sem deixar de entregar doçura, um pouco de dor e reflexão. A parte inicial, resumida nas três primeiras faixas lida bastante com resultados da pandemia, solidão e isolamento, são temas centrais. A segunda metade, com as últimas quatro músicas, aborda reencontro e celebração sem se esquecer que lições devem ser colhidas de momentos difíceis para novo ciclos acontecerem. Um álbum que lembra bastante o início promissor da carreira da banda. "Age of Anxiety I" é o hino essencial desse álbum e clama ser a era da dúvida e da ansiedade, a melhor abertura possível, transita no som do início da carreira da banda e conversa com os trabalhos mais recentes. A parte II é aquela balada eletrônica que eles fazem muito bem, e clama sobre a nossa "toca do coelho", uma reflexão que conversa muito com o isolamento que vivemos recentemente e que algumas pessoas vivem internamente. "End of The Empire I-III" é uma trilogia que chega como uma flecha, que machuca ou alivia mas não esconde que é uma canção sobre despedida, perdas e necessidade de reconstrução. A parte IV fecha de maneira devastadora e carregada de simbologia para entregar algum tipo de alerta aos tempos atuais. Seria uma mensagem  muito dura se logo adiante não viesse "The Lightning I e II" como um sopro de luz em meio as trevas. Uma construção impecável. "Unconditional I e II" entregam leveza para fomentar, "confie em você mesmo e siga em frente". O cantor Peter Gabriel participa da parte II. "We" entrega o empurrão necessário para a coragem de se reinventar em tempos sombrios. Valeu a pena esperar cinco anos para esse retorno triunfal!  IMPERDÍVEL.

Hype: ÓTIMO





quinta-feira, 12 de maio de 2022

O HOMEM DO NORTE - "The Northman" de "Robert Eggers"


O RITUAL VIKING DE ROBERT EGGERS! O novo thriller do aclamado diretor de “A Bruxa” e “O Farol” é um típico filme sobre vingança em tempos passados e recria meticulosamente cenários remotos de uma outra época que refletem o estado de espírito de seus personagens. O filme se apresenta principalmente no rústico e no espiritual, essa extravagância e liberdade existencial é o ponto alto do filme, a experiência é quase um ritual viking que atravessa vastos terrenos ainda que limitados a contar a mesma história de sempre, quase "programática" sobre vingança, traição, família, amor e uma dura jornada de sofrimento. O frescor maior sem dúvidas é entregar esse projeto a um diretor inventivo que expande suas capacidades mesmo dentro de padrões de uma indústria cinematográfica. Mesmo com um elenco interessante nenhuma atuação chega a ser brilhante, todo potencial e foco estão em Alexander Skarsgard e Anya Taylor-Joy, Nicole Kidman fora de tom espanta pela mesmice, Ethan Hawke se esforça no pouco tempo de tela, Willem Dafoe e Björk fazem breve participação. Um ponto bastante positivo é o trabalho minucioso de toda produção que torna tudo em cena muito autêntico e com uma estética verdadeiramente Viking. O príncipe Amleth (inicialmente visto como um menino de 10 anos interpretado por Oscar Novak), nasceu em um mundo onde Valhalla é um lugar real e vive um processo de crescimento como guerreiro. Ele escapa vivo de uma emboscada no reino que vivia e após 20 anos, crescerá para vasculhar a terra em busca de vingança. A história é até um caminho bastante seguro e o mérito de "O Homem do Norte" ainda ser algo atrativo vai todo vai para Eggers que faz essa jornada ser difícil para o expectador e busca labirintos ou caminhos alternativos para torná-la transgressora, fugindo de inúmeras outras produções do gênero. Diluir um diretor criativo em um "blockbuster" é uma ambição arriscada porém notável, qualquer coisa um pouco menos óbvia é motivo de empolgação. O filme é um ótimo entretenimento ainda que sem as camadas intelectuais necessárias para ir além.

O filme estreia hoje (12/05) nos cinemas!

Hype: ÓTIMO


quinta-feira, 5 de maio de 2022

DOUTOR ESTRANHO E O MULTIVERSO DA LOUCURA (2022) - "Doctor Strange in The Multiverse of Sadness" de "Sam Raimi"



O EVIL DEAD DA MARVEL! Nada como entregar um herói nas mãos de quem é especialista em filmes "fora da caixinha" para organizar (ou bagunçar) um universo que caminhava no automático e sem surpresas. Os últimos filmes Shang Chi e Eternos (medianos) foram só o início dessa metamorfose, que agora encontra um caminho bem mais interessante. O diretor Sam Raimi busca suas raízes em A Morte do Demônio (Evil Dead), filme de 1981 para construir o primeiro filme de "terror" da Marvel, são efeitos especiais malucos e aterrorizantes que pulam na tela somados a criações tão horripilantes quanto a do clássico citado. Acredite, Bruce Campbell, nosso eterno Ash está no filme! Os sustos são reais e a coragem de se desprender das amarras impostas do padrão "Disney" e "Marvel" tornam Multiverso da Loucura em um dos filmes mais inventivos e insanos do estúdio. A geração acostumada ao "padrão" certamente vai questionar os rumos do filme e as escolhas totalmente em linha curva oferecidas pelo diretor. Olha que o preparo todo foi feito na série What If e em Wandavision e o resultado é espetacular. Esquecendo as falhas básicas principalmente em tentar conectar suas histórias, hoje em dia isso mais atrapalha do ajuda, o restante é muito satisfatório até pra quem cansou da "prisão" de acompanhar o universo Marvel. Se pérolas como Pantera Negra e Guardiões da Galáxias um dia encantou por romper padrões, sem dúvidas Multiverso da Loucura abre caminho para novas criações que saiam desse círculo vicioso de filmes de heróis e tragam algo diferente. Uma menção honrosa a Wanda (Feiticeira Escarlate) ganhando protagonismo e entregando tudo. Se a empolgação do público com o último Homem Aranha trabalhando o multiverso foi grande, esse filme faz algo ainda maior, abre janelas, literalmente, para o estúdio finalmente expandir os heróis e deixar para trás quem já cumpriu seu papel. Doutor Estranho segue como uma salvação, um personagem fundamental para enriquecer esse universo e fugir da mesmice. 

(DICAS: Assista em 3D e na maior TELA possível). Assista a Morte do Demônio (Evil Dead

O filme possui cenas PÓS-CRÉDITOS

Estreia nos cinemas HOJE

Hype: IMPERDÍVEL