quinta-feira, 13 de outubro de 2022

FÉ E FÚRIA (2019) de "Marcos Pimentel"

 

            Infelizmente a intolerância sobre a religião de matriz africana ainda é absurdamente grande, muito pela falta de conhecimento e ainda maior pela aversão a outro tipo de fé. Isso muito se deve por não ter um livro histórico dividido em vários capítulos que conte como ela surgiu e se desenvolveu com o passar do tempo além de não haver o hábito de reproduzir os costumes e sua história de geração para geração rompendo barreiras mais tradicionais. Quando o assunto é Candomblé ou Umbanda a falta de informação geralmente causa espanto e situações preconceituosas, outras religiões que pregam o cristianismo tratam seus adeptos como satanistas sem ao menos saberem como são as práticas e suas vivências, a dura realidade é que não existe respeito e empatia, apenas perseguição.
 
  Conhecido por seus documentários contemplativos e marcados pelo silêncio, em FÉ E FÚRIA, o mineiro Marcos Pimentel faz um longa pautado pela urgência do tema em favelas e subúrbios do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte. Ciente de que não poderia aplicar uma linguagem que não cabia aos seus entrevistados e entrevistas – pessoas que sofrem com a intolerância –, Pimentel procurou aquilo a que chama de a linguagem mais sincera para que seus personagens se abrissem diante de sua câmera. Houve uma pesquisa com as vítimas desse tipo de intolerância divulgados pela mídia, casos que se tornaram notícia como o a da menina Kayllane, que levou uma pedrada no meio da rua por estar vestida com trajes de candomblé, tem evidência no documentário.
 
     No geral, os vários depoimentos se desencontram e nenhum leva a um senso comum. Os "cristãos" com a velha mania de satanizar a fé alheia, já os de matriz africana acusam os cristãos por limitarem seus cultos (com razão). Mas não há um denominador comum no assunto religiosidade. É revoltante, é uma guerra santa, sempre com perseguições, militarismo, é uma questão longe de haver uma paz. O filme/documentário é fraco para quem faz parte desse meio, o início já traz revolta quando começa com uma passagem bíblica e isso já faz todo o restante não valer a pena. O filme mostra que os cristãos de hoje são os inquisidores do passado e não busca aprofundar isso. Para quem não faz parte desse universo serve como laboratório para o entendimento e empatia dessa vivência e ainda assim será uma experiência um tanto confusa por buscar sempre a "razão" de um dos lados. 

( Texto com colaboração de Silas Hohenstauffen  )






 

terça-feira, 16 de agosto de 2022

Between Two Dawns (2021) de "Selman Nacar"

 


ENTRE DOIS CREPÚSCULOS... o drama turco que chegou no Mubi Brasil é bastante coeso na dor pessoal de Kadir (Mücahit Koçak), filho do dono de uma fábrica têxtil que terá sua vida afetada em virtude de um acidente de trabalho que acontece na fábrica de sua família e que vai impactar sua vida e de todos ao seu redor. A ética do rapaz que não quer que o mal aconteça a ninguém entra em ebulição na luta para conciliar a empatia por seu funcionário gravemente ferido com as pressões de sua família e seu par amoroso. O confronto moral se encontra com o drama do proletariado, o diretor turco Selman Nacar entrega uma estreia promissora que lembra boas referências como o estilo realista do diretor iraniano Asghar Farhadi ou mesmo quase transitar na trilogia do proletariado de Aki Kaurismäki. O tom sombrio e angustiante tem condução sucinta, o dilema de explorar as deficiências da burocracia trabalhista com a busca de assumir as responsabilidades se transforma em um dilema bastante real e de impacto sustentado sem qualquer apelo fácil, todas as questões são importantes e não possuem alívio na história. Em nenhum momento o filme é maçante e sua curta duração apresenta uma agilidade sem atropelar os belos momentos de contemplação. Uma cena bastante poderosa é quando Kadir tem um jantar desconfortável com seus futuros sogros e é convencido a tocar saz (uma espécie de alaúde) para eles, enquanto interiormente agoniza sobre os segredos e mentiras de sua família. O filme ganhou os holofortes no último festival de San Sebastian onde uma nova voz empolgante no cinema mundial conseguiu merecido reconhecimento. Uma reflexão calibrada, sobre o empregado e o patrão, onde o final é quase sempre o mesmo, está em sua própria luta! Imperdível!


Assista no streaming Mubi

quinta-feira, 2 de junho de 2022

JURASSIC WORLD - DOMÍNIO de "Colin Trevorrow"

                                 

A FANTASIA DO SAUDOSISMO 🦖 Há quase 3 décadas Steven Spielberg tirou os dinossauros da extinção no clássico instantâneo Jurassic Park de 1993, que deu início a trilogia dos dinos no cinema. Entretanto, o fiasco do irregular Jurassic Park 3, levou a extinção dos dinossauros em 2001. 😕 Eis que em 2015 os dinossauros foram tirados da geladeira com Jurassic World,  a aposta certeira do estúdio Universal Pictures, que rendeu mais de 1 bilhão de dólares no mundo e virou Hit. Uma nova trilogia dos dinos (re)nascia ali, trazendo uma premissa que já vimos antes, mas uma nova dupla carismática: Chris Pratt e Bryce Dallas Howard. Agora em 2022 essa trilogia chega ao fim com Jurassic World Domínio. Há algo de novo acrescentado? Na verdade não. Porém, vira uma aposta nostálgica quando o saudoso trio do primeiro filme  encontra a dupla da nova geração. E é nisso que o filme aposta: memória afetiva.🦕 Nesse aspecto o filme dá muito certo! Temos aqui todos os elementos do check-list jurássico: corporação inescrupulosa, ameaças geneticamente modificadas, perseguição, correria, aquele lendário dinossauro que cospe veneno paralisante (sim, aquele que você lembra!). Como não tem muita coisa para se contar de novo, vamos relembrar o filme antigo e dar aquela aquecida no coração dos fãs que não viam o trio original reunido desde 1993. É um longo encerramento, mais de 2h20, com cenas que homenageiam ao clássico, esse não tão novo enredo faz um divertido tributo aos dinos e ao legado deles para o cinema. Jurassic World Domínio pode divertir quem não espera muito mais que uma viagem saudosista ao mundo de Jurassic Park! DIVERTIDO! 😉 Visto por Thiago Resende, nosso colaborador! 

Hype: BOM (⭐⭐⭐)
 
Em cartaz nos Cinemas! 🎬 🎬

terça-feira, 24 de maio de 2022

TUDO EM TODO O LUGAR AO MESMO TEMPO - "Everything Everywhere All At Once" de "Daniels"

LOUCURA MULTIVERSAL - O espetáculo caótico de "Everything Everywhere All At Once" ou no título nacional "Tudo, em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" entrega um dos filmes mais legais da temporada atual, reúne uma ampla gama de elementos em torno de um poderoso núcleo emocional, proporcionando pouco mais de duas horas hilárias e profundamente comoventes. O filme explora a temática do “multiverso” e o número infinito de dimensões paralelas criadas por cada decisão da vida dos personagens e as colisões aleatórias de algo quando os mundos se chocam. Daniel Kwan e Daniel Scheinert (os diretores do filme, conhecidos coletivamente como “Daniels”) brincam com conceitos como viagem no tempo, realidades separadas correndo em paralelo e diferentes versões de personagens vivendo em universos diferentes. A escolha artística dos produtores passam longe de qualquer imposição comercial disfarçada (esqueça o multiverso da Marvel) e quando a explosão dos mundos ocorrem é o verdadeiro "Multiverso da Loucura" que explode na tela. A trama diz respeito a Evelyn Wang (Michelle Yeoh, Perfeita!), dona de uma lavanderia falida, que tem uma filha lésbica que se ressente dela (Stephanie Hsu), um marido que está cansado de ser ignorado (Ke Huy Quan) e um pai doente com uma série de expectativas esmagadoras (James Hong). Então, um dia, uma versão de seu marido que não é realmente seu marido aparece para explicar que há uma perturbação no tecido do espaço-tempo ou algo assim, e que Evelyn pode ser a chave para tudo. Logo em seguida Evelyn conhece outras Evelyn de diferentes dimensões em uma corrida contra diferentes filhas, de diferentes dimensões com a ajuda de diferentes maridos e avós. Seu adversário geralmente assume a forma de Dierdre, uma funcionária do IRS interpretado por Jamie Lee Curtis. Os paralelos com milhares de outros universos desafia qualquer senso comum, são tomadas que vão do cinema convencional a intervenções enigmáticas, a produção oferece momentos de meta-comédia estranhamente divertida além de encontrar um interessante propósito para sua insanidade, embora sua frenética mudança maníaca entre diferentes universos podem ser um pouco enervante. INSANAMENTE DIVERTIDO.

Hype: IMPERDÍVEL

Breve nos Cinemas!


quarta-feira, 18 de maio de 2022

ARCADE FIRE - "We" (2022)


NÓS - O sexto álbum da banda canadense é o reflexo dos caminhos incertos de uma sociedade que ainda retrocede enquanto junta os cacos pós-pandemia, onde se restabelece, mas se rende ao conformismo de uma impiedosa nova guerra que devasta um país inteiro e por fim, da decisão de Win Butler, líder do Arcade Fire, de encerrar sua contribuição com o grupo. Os ciclos se fecham sempre e ainda que há sinais pessimistas de novos tempos, "WE" não se rende ao conformismo, foge de mensagens otimistas sem deixar de entregar doçura, um pouco de dor e reflexão. A parte inicial, resumida nas três primeiras faixas lida bastante com resultados da pandemia, solidão e isolamento, são temas centrais. A segunda metade, com as últimas quatro músicas, aborda reencontro e celebração sem se esquecer que lições devem ser colhidas de momentos difíceis para novo ciclos acontecerem. Um álbum que lembra bastante o início promissor da carreira da banda. "Age of Anxiety I" é o hino essencial desse álbum e clama ser a era da dúvida e da ansiedade, a melhor abertura possível, transita no som do início da carreira da banda e conversa com os trabalhos mais recentes. A parte II é aquela balada eletrônica que eles fazem muito bem, e clama sobre a nossa "toca do coelho", uma reflexão que conversa muito com o isolamento que vivemos recentemente e que algumas pessoas vivem internamente. "End of The Empire I-III" é uma trilogia que chega como uma flecha, que machuca ou alivia mas não esconde que é uma canção sobre despedida, perdas e necessidade de reconstrução. A parte IV fecha de maneira devastadora e carregada de simbologia para entregar algum tipo de alerta aos tempos atuais. Seria uma mensagem  muito dura se logo adiante não viesse "The Lightning I e II" como um sopro de luz em meio as trevas. Uma construção impecável. "Unconditional I e II" entregam leveza para fomentar, "confie em você mesmo e siga em frente". O cantor Peter Gabriel participa da parte II. "We" entrega o empurrão necessário para a coragem de se reinventar em tempos sombrios. Valeu a pena esperar cinco anos para esse retorno triunfal!  IMPERDÍVEL.

Hype: ÓTIMO





quinta-feira, 12 de maio de 2022

O HOMEM DO NORTE - "The Northman" de "Robert Eggers"


O RITUAL VIKING DE ROBERT EGGERS! O novo thriller do aclamado diretor de “A Bruxa” e “O Farol” é um típico filme sobre vingança em tempos passados e recria meticulosamente cenários remotos de uma outra época que refletem o estado de espírito de seus personagens. O filme se apresenta principalmente no rústico e no espiritual, essa extravagância e liberdade existencial é o ponto alto do filme, a experiência é quase um ritual viking que atravessa vastos terrenos ainda que limitados a contar a mesma história de sempre, quase "programática" sobre vingança, traição, família, amor e uma dura jornada de sofrimento. O frescor maior sem dúvidas é entregar esse projeto a um diretor inventivo que expande suas capacidades mesmo dentro de padrões de uma indústria cinematográfica. Mesmo com um elenco interessante nenhuma atuação chega a ser brilhante, todo potencial e foco estão em Alexander Skarsgard e Anya Taylor-Joy, Nicole Kidman fora de tom espanta pela mesmice, Ethan Hawke se esforça no pouco tempo de tela, Willem Dafoe e Björk fazem breve participação. Um ponto bastante positivo é o trabalho minucioso de toda produção que torna tudo em cena muito autêntico e com uma estética verdadeiramente Viking. O príncipe Amleth (inicialmente visto como um menino de 10 anos interpretado por Oscar Novak), nasceu em um mundo onde Valhalla é um lugar real e vive um processo de crescimento como guerreiro. Ele escapa vivo de uma emboscada no reino que vivia e após 20 anos, crescerá para vasculhar a terra em busca de vingança. A história é até um caminho bastante seguro e o mérito de "O Homem do Norte" ainda ser algo atrativo vai todo vai para Eggers que faz essa jornada ser difícil para o expectador e busca labirintos ou caminhos alternativos para torná-la transgressora, fugindo de inúmeras outras produções do gênero. Diluir um diretor criativo em um "blockbuster" é uma ambição arriscada porém notável, qualquer coisa um pouco menos óbvia é motivo de empolgação. O filme é um ótimo entretenimento ainda que sem as camadas intelectuais necessárias para ir além.

O filme estreia hoje (12/05) nos cinemas!

Hype: ÓTIMO


quinta-feira, 5 de maio de 2022

DOUTOR ESTRANHO E O MULTIVERSO DA LOUCURA (2022) - "Doctor Strange in The Multiverse of Sadness" de "Sam Raimi"



O EVIL DEAD DA MARVEL! Nada como entregar um herói nas mãos de quem é especialista em filmes "fora da caixinha" para organizar (ou bagunçar) um universo que caminhava no automático e sem surpresas. Os últimos filmes Shang Chi e Eternos (medianos) foram só o início dessa metamorfose, que agora encontra um caminho bem mais interessante. O diretor Sam Raimi busca suas raízes em A Morte do Demônio (Evil Dead), filme de 1981 para construir o primeiro filme de "terror" da Marvel, são efeitos especiais malucos e aterrorizantes que pulam na tela somados a criações tão horripilantes quanto a do clássico citado. Acredite, Bruce Campbell, nosso eterno Ash está no filme! Os sustos são reais e a coragem de se desprender das amarras impostas do padrão "Disney" e "Marvel" tornam Multiverso da Loucura em um dos filmes mais inventivos e insanos do estúdio. A geração acostumada ao "padrão" certamente vai questionar os rumos do filme e as escolhas totalmente em linha curva oferecidas pelo diretor. Olha que o preparo todo foi feito na série What If e em Wandavision e o resultado é espetacular. Esquecendo as falhas básicas principalmente em tentar conectar suas histórias, hoje em dia isso mais atrapalha do ajuda, o restante é muito satisfatório até pra quem cansou da "prisão" de acompanhar o universo Marvel. Se pérolas como Pantera Negra e Guardiões da Galáxias um dia encantou por romper padrões, sem dúvidas Multiverso da Loucura abre caminho para novas criações que saiam desse círculo vicioso de filmes de heróis e tragam algo diferente. Uma menção honrosa a Wanda (Feiticeira Escarlate) ganhando protagonismo e entregando tudo. Se a empolgação do público com o último Homem Aranha trabalhando o multiverso foi grande, esse filme faz algo ainda maior, abre janelas, literalmente, para o estúdio finalmente expandir os heróis e deixar para trás quem já cumpriu seu papel. Doutor Estranho segue como uma salvação, um personagem fundamental para enriquecer esse universo e fugir da mesmice. 

(DICAS: Assista em 3D e na maior TELA possível). Assista a Morte do Demônio (Evil Dead

O filme possui cenas PÓS-CRÉDITOS

Estreia nos cinemas HOJE

Hype: IMPERDÍVEL 


quarta-feira, 27 de abril de 2022

PRIMAVERA SOUND SÃO PAULO 2022 (Line up)


Os organizadores do festival espanhol Primavera Sound anunciaram nesta quarta-feira, 27, a lista completa com todas as atrações que irão se apresentar na edição brasileira. O Primavera Sound de São Paulo acontecerá entre 31 de outubro até o dia 6 de novembro, e promete ocupar várias partes da cidade ao longo da semana - focando sua programação no Distrito Anhembi nos dias principais.



segunda-feira, 25 de abril de 2022

X de "Ti West"


LASCIVO E SANGRENTO 😈 O texano slasher X de Ti West, um prolífico diretor de televisão que retorna ao cinema, explora o charme dos anos 70 através de uma abordagem autêntica e sem pressa nenhuma de ver o circo pegar fogo. X evoca slashers dos anos 70 e anos 80, de sangue encharcando a tela, exalando sexualidade e com artimanhas técnicas intimistas que se resumem a escolhas de como usar equipamentos mais antigos, a experiência de imersão é tão satisfatória que em muitos momentos é como se o filme tivesse sido lançado na época do clássico Massacre da Serra Elétrica, tamanho talento dos realizadores. Acompanhamos Wayne (Martin Henderson) que deixa seu clube de strip em Houston em 1979, "Bayou Burlesque" para apostar em Maxine (Mia Goth) uma garota que sonha com o estrelato, na estrela Bobby-Lynne (Brittany Snow) e no seu parceiro de trabalho Jackson (Scott Mescudi, também conhecido como Kid Cudi). A equipe de Wayne vai para o meio do nada para filmar um filme adulto chamado "As Filhas do Fazendeiro" no galpão do seu proprietário Howard (Stephen Ure) que mora com sua esposa (chocantemente também interpretada pela atriz Mia Goth), atrás de linhas de território conservador onde os "televangelistas" se enfurecem com o flagelo do sexo pecaminoso e com as drogas. Obviamente a viagem se transforma em um palco de terror para os personagens e isso acontece de forma brutal. A beleza por trás de X na visão de West é meticulosamente rica em arte, graças também ao ótimo diretor de fotografia Eliot Rockett, fluente em narrativa visual e implementando tomadas minimalistas e aéreas com uma visão panorâmica que interrompe a serenidade com perigos envolventes e simétricos. O que poderia se tornar bastante cafona ou datado se reverte em um dos filmes mais charmosos e horripilantes da temporada, uma vez que os horrores de X se acendem, recompensa seu público paciente com um slasher com todas as emoções e arrepios prometidos. Mais um joia do estúdio A24 que infelizmente não tem distribuição própria no Brasil e na maioria das vezes seus filmes demoram meses para seu lançamento. 💀

🏅 Hype: ÓTIMO 👌

SEM PREVISÃO DE ESTREIA NO BRASIL

quarta-feira, 20 de abril de 2022

BONECA RUSSA (Segunda Temporada) de "Amy Poehler e "Natasha Lyonne"


A SEGUNDA AVENTURA DE NADIA - Um loop temporal consecutivo, uma personagem excêntrica e fora da caixinha além de uma trilha sonora cool e piadas certeiras, tais elementos fizeram de Boneca Russa (Russian Doll) um sucesso improvável no catálogo da Netflix e obviamente acaba de ganhar continuidade com uma nova fórmula e preservando os elementos que funcionaram bem aliado a novas regras. A experiência de ambas as temporadas um e dois de Boneca Russa não poderia ser a mesma sem a estrela da série e co-criadora Natasha Lyonne. A maneira como Nadia reagiu à morte repetidas vezes era divertida o suficiente por si só. A segunda temporada é sobre ela lutando para entender sua existência. Ao embarcar no trem 6, ela se assusta ao encontrar as portas abertas em 1982 no East Village, onde tem a chance de conhecer sua mãe (Chloë Sevigny). Alan (Charlie Barnett), que passou por uma experiência semelhante de loop temporal na primeira temporada, também é transportado para sua própria história a cada viagem de metrô. A diferença crucial aqui é que, toda vez que eles voltam ao trem, eles podem voltar para casa e fazer a escolha de voltar ao trem novamente. Visitar o passado não seria interessante o suficiente por si só, e então, naturalmente, esses personagens são compelidos a agir para tentar influenciar eventos que antecederam seus próprios nascimentos. Assistir a esse processo se torna fascinante, especialmente porque a compreensão de como esse poder inexplicável funciona é baseada principalmente nos filmes que eles viram. Há amplo espaço para a loucura e o drama sincero, que são bem equilibrados, assim como a sensação de fatalidade que é gradualmente introduzida à medida que o sarcasmo incessante de Nadia se mostra insuficiente para enfrentar todas as situações e torná-lo vividamente interessante e envolvente com as pessoas certas no centro da história. É um passeio deliciosamente selvagem cujo os obstáculos dramáticos valem tanto quanto seus segmentos mais suaves. FORA DA CAIXINHA 🗯

👉 Temporada 2 (Season 2)

📺 Disponível na Netflix 

👀 São 7 episódios de 30 min.

quinta-feira, 14 de abril de 2022

MEDIDA PROVISÓRIA (2022) de "LAZÁRO RAMOS"

 


ORDEM EXECUTIVA, FUTURO SOMBRIO - Às vezes, nuances e subtextos são os métodos mais fortes para atingir um público, permitindo que eles descubram organicamente o significado por trás de temas e atributos específicos de um filme. Outras vezes, usar uma marreta proverbial para golpear o espectador sobre a cúpula é a melhor maneira de passar sua mensagem, e é exatamente isso que Lázaro Ramos faz em seu primeiro filme solo como diretor. Medida Provisória é situado em um futuro não muito distante, o filme centra-se em uma série de eventos antes e depois que o governo brasileiro passa por uma série de mudanças radicais nas quais o governo reverte seus padrões de igualdade mais progressistas e tenta empurrar cidadãos “melanizados” para a África, numa espécie de "limpeza". Esse “incentivo” obviamente incomoda os brasileiros de cor e, embora alguns sigam o plano, a maioria protesta contra esse programa opressivo e abertamente racista. Muito rapidamente, no entanto, depois que apenas um pequeno número de pessoas concorda em sair voluntariamente, o governo, sem surpresa, promulga uma lei que força qualquer indivíduo de pele mais escura a deixar o país. Isso transforma o Brasil em uma zona de guerra distópica da noite para o dia, explodindo as cidades e favelas em turbulência e violência. O filme que contém algumas boas ideias, performances sólidas e alguns bons momentos, esbarra na natureza desarticulada do roteiro e faz com que a experiência no geral não seja tão provocadora como deveria, ainda que seja um bom filme. Alfred Enoch, Taís Araújo e Seu Jorge são algumas peças importantes do elenco. A maior parte do tempo de execução é gasto com Antônio e André presos em seu apartamento e Capitu tentando manter a si mesma e as pessoas que ela está escondendo com calma e sensatez. Isso faz com que o ritmo perca uma quantidade significativa de intensidade, levando muito mais a algumas revelações de enredo do que à narrativa no geral. O elenco complementar ainda conta com Emicida, Adriana Esteves, Renata Sorrah, Mariana Xavier e Rincon Sapiência em participações especiais. No geral, os temas abertos do racismo sistêmico, produz um nível superficial fascinante, ainda que um pouco demais para parecer que está realmente tentando dizer algo profundo. Uma sátira sombria de um evento ficcional devastador que deixa claro os caminhos perigosos do Brasil e do mundo em não refletir a história de opressão do seu povo, o coletivo e a diversidade. LUTA ETERNA POR IGUALDADE!


Em cartaz nos Cinemas!

Hype: BOM

quarta-feira, 13 de abril de 2022

ANITTA - VERSIONS OF ME (2022)

 

AS MÚLTIPLAS VERSÕES DE ANITTA 💃 Em momento de auge em sua carreira, a cantora brasileira foca no mercado global e apresenta álbum com coragem de transitar nas batidas do funk, na vibração do reggaeton, nos riffs eletrônicos, no rap e até na bossa nova, esse multiverso de quem é a Anitta mostra uma artista que entrega para o mundo e não só para o Brasil. A cantora canta com desenvoltura em três línguas diferentes e se aprofunda em detalhes que fazem bastante diferença quando se analisa a produção musical junto com Ryan Tedder, o produtor executivo escolhido pela cantora para conseguir rebuscar seu trabalho musical, no geral ela consegue êxito não só musicalmente, como consegue uma estética sempre atraente em seus vídeos assim como seu posicionamento sobre temas atuais e marketing sempre bem conduzido de suas conquistas. O próximo feito da cantora será nesta próxima sexta-feira, dia 15 onde se apresenta no festival mais importante do mundo, o Coachella 2022 nos EUA. Anitta esbanja sensualidade, poder feminino e tem uma versatilidade invejável. O trunfo de Versions Of Me é seu apelo popular que dialoga com públicos variados. Algumas canções já haviam sido lançados e não são novidades, Girl from Rio usa sample de "Garota de Ipanema" de Tom Jobin para mostrar ao mundo outra versão da garota que pode ser de Ipanema ou até mesmo de Honório Gurgel, subúrbio do Rio de Janeiro onde residia a cantora antes da fama. Me Gusta mescla o rap com batidas de funk e contagia com colaboração de Cardi B, a inofensiva Faking Love parceria com Saweetie aos poucos cativa. O hit global Envolver mostra seu poder sensual além da divertida Boys Don't Cry. Das canções mais novas destaque para a maluca Gata, feat. com Chencho Corleone, a dançante I'd Rather Have Sex, a "good vibes" Ur Baby com Khalid e o funk  Que Rabão feat. com Mr. Catra e Papatinho. Maria Elegante com feat. de Afro B também cresce com as audições. Em tempos tão pesados, onde artistas do pop focam bastante na melancolia, Anitta envolve com todas as versões de quem ela pode ser e entrega bastante. DIVERTE! 🕺💃

🎧 OUÇA: "I"d Rather Have Sex" e "Versions of Me"
 
🏅
Hype: MUITO BOM



quinta-feira, 7 de abril de 2022

SONIC 2 - O FILME (2022) de "Jeff Fowler"


DIVERSÃO GARANTIDA 💍 Sonic, live-action lançado em 2020, foi uma das últimas grandes estreias nos cinemas, no período pré-pandemia, em março daquele ano, antes que as salas fossem fechadas por meses. Saudosistas do divertido jogo do porco espinho azul  sabiam que mais aventuras e personagens clássicos poderiam ser explorados em novas continuações, caso o primeiro filme obtivesse sucesso. E foi o que aconteceu: Sonic 2 estreia nessa quinta-feira, 07/04. O Meu Hype conferiu e afirma: a diversão leve e despretensiosa continua presente! O maligno Dr. Robotnik (um cartunesco Jim Carrey, agora aposentado da carreira 😔) está num planeta distante, planejando sua vingança após ser derrotado por Sonic no primeiro filme. Para esse plano ele recebe ajuda de Knuckles: uma espécie de Sonic turbinado, vermelho e com grandes punhos (já conhecida pelos gamers). Essa improvável dupla dirige-se à terra atrás de Sonic. Por sua vez o solitário porco espinho Sonic, está reflexivo em casa, após seus "pais" humanos viajarem. Eis que junto dessa ameaça, surge também a simpática raposinha de duas caudas: Tails, antigo aliado de Sonic no game clássico. É nesse momento que o jogo, digo o filme, se desenvolve em um agradável ritmo, com boas piadas do universo pop: as referências vão desde personagens da Marvel aos atores da infinita franquia Velozes e Furiosos (ponto positivo pra Paramount, que não teme citar obras de outros estúdios). Sem desperdiçar potencial, conta ainda com pequenos easter-eggs que homenageiam a dinâmica de jogo no mega drive. Se você gostou do filme original, pegue a pipoca e divirta-se. (Thiago Resende)


🎬 NOS CINEMAS! 🍿🍿🍿🍿

quinta-feira, 31 de março de 2022

MORBIUS (2022) de "Daniel Espinosa"


O VAMPIRO VIVO, O FILME MORTO 🦇Originalmente um vilão do Homem Aranha da Marvel, Morbius segue os passos de Venom e ganha seu próprio filme de origem. O Dr. Michael Morbius de Leto é considerado um gênio desde a infância, quando salvou seu amigo Lucien de uma máquina de transfusão de sangue com defeito, consertando-a com uma pequena mola. Isso claramente o marcou como o tipo de gênio. Ironicamente, talvez, Michael e Milo sofram de uma rara condição sanguínea na qual faltam pedaços de seu DNA. De alguma forma, ele busca uma cura no DNA no morcego vampiro. O filme não se preocupa em levar sua ciência a sério, mas pelo menos também não espera que você o faça. Ambos os garotos deveriam ter recebido dicas antienvelhecimento de seu mentor Nicholas (Jared Harris), que não parece diferente quando o filme corta para 25 anos depois, só pra citar alguns dos erros grotescos do filme. Os dois seguem para travar uma batalha de interesses sobre a cura de suas enfermidades, sendo esse o foco principal da produção. Um dos grandes problemas de Morbius é justamente seu enredo não fornecer antecedentes suficientes para o personagem principal como acontece com Venom. Tudo é novo para o público e praticamente todas as escolhas são equivocadas. O resultado é um filme de origem carregado de soluções fáceis que até quem "ama" Venom vai se questionar da preguiça de realizar algo mais consistente. Morbius tenta transitar como um anti-herói e falha drasticamente por não se encontrar, é raro ver Jared Leto tão perdido, raso e sem substância como no filme. Os efeitos especiais erram no uso bizarro de uma poluição atmosférica em torno do vampiro. Quando Morbius enfrenta seu colega vampiro no clímax, parece uma luta entre dois vazamentos de gás de tamanho humano. Os coadjuvantes são superficiais e esqueciveis, nem há necessidade de citá-los. Talvez precisássemos deste filme para nos lembrar como realmente é um desperdício super-heróis no espaço do cinema, algumas vezes. A bomba do ano, com certeza! Detalhe para a cena final CANASTRONA! FUJA!

Em cartaz nos Cinemas!

quarta-feira, 2 de março de 2022

BATMAN - "The Batman" (2022) de "Matt Reeves"


A ESCURIDÃO DA VINGANÇA 🦇 Um retorno a Gotham City melancólico, metódico, hiper realista, noir, sombrio, corajoso e emocionante. O vislumbre da cultura pop mundial por Batman se transforma em um choque poderoso de acertos na nova produção, onde Bruce Wayne é Robert Pattinson, mas por causa dos hematomas pesados ​escurecendo seu rosto pálido é como se ele estivesse usando uma máscara por baixo da máscara. Espancamentos sangrentos são esperados para um vigilante que vasculha as profundezas de Gotham à noite, mas esses ferimentos em particular podem muito bem ter sido infligidos de dentro. Esse Bruce Wayne não parece um playboy ou um bilionário, muito menos um herói, com seus cachos desleixados e ar de degradação da manhã seguinte, ele é mais como um viciado prestes a cair, ou um jovem astro do rock rebelde. O diretor, Matt Reeves, que escreveu o roteiro denso do filme com Peter Craig, reproduz essas associações sombrias do personagem com um trecho de Kurt Cobain cantando “Something in the Way”, um hit de angústia acústica em meio a escuridão. Charada (Paul Dano), logo nos coloca em um labirinto de corrupção financeira e política onde o filme se transforma em um delicioso thriller de investigação. Estamos em uma Gotham City dura e chuvosa sem a excentricidade gótica de Tim Burton ou o excesso de neon de Joel Schumacher. Vale a pena notar que The Batman não tem ação constante e são quase três horas de duração, embora tenha coragem de fugir da flutuabilidade pop em favor do realismo psicológico, o filme avança com uma seriedade que alguns podem confundir como pompa e pretensão. O elenco de alto nível ainda conta com Zoë Kravitz como Mulher Gato, o interessante Pinguim de Colin Farrel e o muito necessário James Gordon de Jeffrey Wright. Todas as peças se encaixam, o Batman de 2022 parece estar à beira de criticar o seu herói principal e os compromissos do seu próprio e inestimável privilégio, os amantes do cinema pipoca que lutem pois aqui está uma obra cinematográfica bonita e cheia de gatilhos inteligentes! 🦇🦇

👀 NOS CINEMAS - Breve HBO MAX

🏅 Hype: ÓTIMO

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

EUPHORIA - Segunda Temporada (Season 2)


EUFÓRICO 💥 Intencionalmente provocante, os novos episódios do seriado de sucesso da HBO/A24 conseguem mobilizar uma nova geração com elementos saborosos ainda que não seja para todos os gostos. Por mais que sejamos rápidos em celebrar atores experientes que impressionam infalivelmente em todos os papéis, às vezes deixamos de reconhecer adequadamente o novo grupo de talentos que se junta à indústria, especialmente aqueles que estão tão maduros em potencial. A atuação de Zendaya na segunda temporada de Euphoria organiza esse descuido. A ex-estrela da Disney não apenas surpreende, mas seu desempenho é uma confirmação sólida de que o futuro da indústria está em boas mãos. Podemos também apenas parar por um segundo e simplesmente apreciar as proezas de Zendaya como Rue Bennett, uma adolescente viciada em drogas tentando entender a dor da perda e da vida enquanto, ao mesmo tempo, está confiante em sua sexualidade. Tudo ganha contorno como um batismo de fogo no mundo da adolescência. Em meio a essa jornada de Rue, vários personagens estão às voltas com inúmeras lutas também, relacionamentos flácidos, desejos proibidos, lutas mentais e falta de confiança para simplesmente tentar sobreviver a uma situação ruim. Entre os destaques da temporada, difícil não enaltecer os inúmeros atos musicais que a produção proporciona, afinal, qual série seria capaz de viralizar um hino atemporal de Sinead O'Connor em um dos momentos mais emocionantes da TV em 2022 ou simplesmente resgatar para nova geração Bonnie Tyler e também exaltar o talento de Labrinth. Dentre os episódios todos possuem destaques além do maior ato dessa temporada, o episódio (05) "Stand Still Like The Hummingbird", digno de prêmio. Euphoria prega as nuances da vida adolescente com uma irreverência subjugada por regras ou normas sociais, é livre porém consciente e provocativa. Ela suprime suas emoções e atraí de forma viciante. 

                                                                    👀 8 Episódios no HBO MAX 

 🏅 Hype: ÓTIMO

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

K-FLAY - "Inside Voices e Outside Voices" (2022)


FAZENDO AS PAZES COM AS VOZES EM SUA CABEÇA - Para Kristine Flaherty, que se apresenta sob o apelido de K.Flay, seu ano de 2021 foi focado em lançar dois EPs. que agora nesse ano juntos formam o delicioso álbum: "Inside Voices e Outside Voices". Sua intenção era transformar o trabalho de um em "lado A" e o de outro em "lado B" e formarem um disco. O trabalho é uma mistura bastante energética de indie e hip-hop alternativo, com Inside Voices representando o lado mais impulsivo e Outside Voices incorporando o lado mais consciente. Com músicas lançadas em cenários diferentes, algumas antes das restrições leves do coronavírus e outras durante o pico da pandemia, é interessante como a artista os abrangem sem perder o "timing", a frustração de estar preso em um sistema capitalista, a estranha experiência de estar o tempo todo online, a dor de ser identificado erroneamente  dentre outros temas muito atuais dessa geração. Os atalhos por vezes simplistas alternados com um sabor residual de déjà vu pop transformam "Inside Voices" em uma experiência agradável. Já "Outside Voices" é um exercício de não repressão e lida com uma infinidade de emoções humanas, centralizadas nas próprias experiências de K.Flay. Dessa forma é um trabalho que explora bem a vertente do pop divertido com o pop reflexivo em faixas que  mostram o quanto a artista tem muito potencial em explodir.

Escute: TGIF e Nothing Can Kill Us

Hype: BOM

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Uncharted - Fora do Mapa (2022) de "Ruben Fleischer"

                                     

NOVA BUSCA AO TESOURO PERDIDO 💎😒 Se Uncharted não fosse uma franquia tão famosa e respeitada nos games, dificilmente encontraria espaço para expectadores que já se divertiram com Indiana Jones, Goonies, A Lenda do Tesouro Perdido e outras histórias similares. O filme é uma diversão inofensiva e boba que chega aos cinemas essa semana com a difícil missão de não ser comparada com tais títulos citados. É o típico filme que você já assiste com aquela sensação de "Déjà vu". A busca pela sua personalidade própria transforma "Uncharted - Fora do Mapa" em um projeto ambicioso, baseado em uma franquia de sucesso nos games com uma clara tentativa de romper sua bolha e flertar com franquias de sucesso do cinema Hollywoodiano. Esse cálculo sempre é bastante complicado quando envolve um produto tão consolidado em seu formato de origem, as altas expectativas dos fãs se transformam em uma bomba relógio prestes a explodir. Não faltou boas intenções, com um elenco promissor (porém sem química nenhuma 😑), extraindo o melhor de seu material (sem muito filtro 🤪), a aventura pode ser decepcionante para quem espera algo fora da caixinha mas entrega um entretenimento leve e divertido, tudo flui como aquele típico filme clichê sobre um explorador em busca de um tesouro perdido rodeado de adversários traiçoeiros com a mesma missão. Uncharted em sua versão cinematográfica atrairá principalmente os fãs dos astros Tom Holland e Mark Wahlberg porque seu apelo como filme de ação é bastante problemático. O nível de verdade some já quando começa e Holland salta de forma irrealista de caixa em caixa no ar, se desvia de um carro Alfa Romeo vermelho que de repente começa a sair de um avião diretamente em sua direção, alguém então agarra sua mão para salvá-lo e percebemos já no início do filme que tudo que será apresentado depois disso será uma mistura sem medida de Velozes e Furiosos e qualquer filme de aventura sobre tesouro perdido. 

 Obs: Assista na sala de cinema com a melhor imagem e o melhor som possível, a experiência sem dúvidas ganha bastante emoção! 😉 

👀 Exclusivamente nos Cinemas! (Streaming: HBO MAX) -🏅 Hype: REGULAR




sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

MØ - Motordrome (2022)

                                             

POP MULTIFACETADO 👅 Karen Marie Ørsted ou não economiza elementos atraentes da música pop em seu terceiro álbum. Sintetizadores orquestrais, batidas exuberantes e quando necessário ampliação do seu alcance auditivo, evocando uma mistura de arrogância e bem-estar. Motordrome entrega uma mensagem fortalecedora em tempos que artistas sombrios ganham mais adeptos. consegue leveza em sua paleta emocional. "Sinta meu pulso / perigoso / me beije debaixo dos dentes de leão / você é minha única paixão verdadeira", ela proclama em Youth Is Lost movendo-se entre contenção volátil e a catarse sensual. Hits providenciais como "Kidness", "Live to Survive" e "New Moon" se desenvolvem como baladas que flertam com o eletropop melancólico. Mesmo quando a cantora entrega a melancolia textual como em  “Goosebumps” ou na sexy "Hip Bones" ecoa sua voz de protagonista sem deixar a frequência baixar. Brad Pitt é uma ode à paixão de infância de e ao relacionamento do ator com Juliette Lewis. A música contém o refrão: 'Se nunca conseguirmos, estou bem com isso'. Você tem a sensação de que – realmente – ela está longe de estar bem com isso." Estas são canções para noites escuras em grandes metrópoles, dançando através do desgosto de algoritmos de senso comum sem nunca deixar o drink no copo.  

 🎧 Escute: New Moon e Live to Survive 

 🏅 Hype: BOM


sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

TITANE (2021) de "Julia Ducournau"

 


VISCERAL OU DOENTIO? 🚘 Em Titane, a cineasta Julia Ducournau (Raw) apresenta a glória visceral, evitando a representação de poucas funções corporais, enquanto explora a identidade de gênero e a necessidade esmagadora de afeto em um mundo onde fazer a escolha errada sobre qualquer um deles pode ser fatal. Gratuito e com imagens perturbadoras, mas também projetado para distorcer as normas tradicionais, de tal forma que o filme se torne uma experiência para o público, somos desafiados a desviar o olhar e buscar o entendimento da interessante narrativa. Nossa heroína é Alexia (Agathe Roussel), quando criança ela incitou seu pai em um acidente automobilístico que a deixou com uma placa de titânio em sua cabeça. Já adulta ela mostra a cicatriz, enrolada como o lobo pré-frontal de seu cérebro sem por menores, ela se tornou uma serial killer. Enquanto sua família é confortavelmente de classe média alta, ela se rebela realizando danças exóticas com carros clássicos americanos na frente de uma multidão adoradora que não consegue entender as profundezas de sua psique danificada. Em meio a tudo isso, Alexia demonstra um tédio francês adequado, ficando irritada em vez de ansiosa quando seu último assassinato se torna complicado. Sua afeição se limita aos carros, desde o veículo em que foi ferida, até um Cadillac que a seduz depois de um assassinato. Isso muda quando seus crimes ameaçam alcançá-la, e ela foge, apenas para se ver adotada por Vincent (Vincent Lindon), um chefe dos bombeiros envelhecido que está convencido de que ela é o filho sequestrado dele 10 anos antes. Para um filme que arma a nudez impunemente, esta é uma obra distintamente não erótica. O corpo de Alexia, tão potente em conquistar os outros no início, rapidamente se transforma em seu inimigo. Ducournau não nos poupa de nada, Titane apresenta o carnal como um exercício intelectual, vicioso e incessante em externalizar a violência cultural sobre as normas de gênero em uma sátira estilizada que o deixará devidamente desconcertado e surpreendido. 
 
🏆 Vencedor da Palma de Ouro no último Festival de Cannes 👏
 
👀 Disponível no Mubi  - 🏅 Hype: ÓTIMO



quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

BELLE (2021) de "Mamoru Hosoda"

 


FÁBULA PÓS MODERNA SOBRE CURA - Belle é um filme nipo-francês realizado e escrito por Mamoru Hosoda (indicado ao Oscar de melhor animação por "Mirai", em 2019) e produzido pelo Studio Chizu, com base no conto de fadas francês "La Belle et la Bête" da autora Jeanne-Marie Leprince de Beaumont. A animação é um mergulho em uma realidade virtual vibrante chamada "U" e como Suzu vive os reflexos de uma vida apática no mundo real e em "U" consegue se realizar como Belle, uma cantora conhecida e adorada por milhões de usuários da plataforma. A emocionante narrativa entra em paralelo com à história de "A Bela e a Fera" em uma releitura para o universo de anime. Belle representa bem o típico clichê do jovem geralmente retratado na cultura pop japonesa ou coreana, cheio de sentimentalismo, desajustado, cercada por pressões, traumas e uma família incomunicável ou não presente. O que poderia ser banal se torna seu grande trunfo, é nesse universo virtual que se desenrola o verdadeiro conto de fadas, onde diversas questões se confrontam, amor e ódio, desejo e agressividade, vida e morte, essas forças que habitam no ser humano e estão presentes no cotidiano e nem sempre ultrapassam a barreira entre o real e o virtual. Essa bipolaridade é o centro dos conflitos psíquicos e sociais que vivemos atualmente, os jovens se escondem e se ocupam em redes sociais fúteis onde conseguem enorme visibilidade e viram "celebridades" e se esquecem de viver o real. Mamoru Hosoda entende o mundo caótico da internet e infiltra a narrativa com um verdadeiro turbilhão de telas, lives, sites de notícias e balões de comentários. Nesse mundo de simulacros, as histórias reais são engolidas pelo excesso de informação, em que a violência e o entretenimento recebem os mesmos patrocinadores. Esse dualismo se torna uma grande reflexão e faz-se presente questionamentos sobre as forças da vida e como a realidade virtual pode se tornar aparato para confundir, desunir e separar. Belle é mais que um deleite visual, é sobre a vida moderna.
 
👀 CINEMA - 🏅 Hype: ÓTIMO 👌 




quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

AURORA - The Gods We Can Touch (2022)

 


OS DEUSES QUE PODEMOS TOCAR - O enigma pop norueguês de Aurora retorna em seu terceiro álbum "The Gods We Can Touch" onde 15 canções usam mitos clássicos para ilustrar os problemas modernos sobre o mundo. A artista recentemente declarou à publicação Gay Times que o single Cure For Me lançado em julho de 2021, foi escrito após ela refletir sobre os horrores das terapias de conversão, onde profissionais prometem “curar” a homossexualidade. “Eu estava na Austrália e prestes a ir para o Brasil, onde tenho muitos fãs gays. Sentei-me em algum lugar pensando no mundo e no amor. Ela disse ainda que o Brasil passa por um “difícil clima político”, acrescentando que o presidente do Brasil é o “pior humano do mundo”. O single sombrio e melancólico 'Cure For Me' serve como o cerne do álbum - não apenas soltando uma bomba de libertação em seu refrão viciante, mas também servindo de inspiração para a temática da divindade grega. Um fato curioso sobre o álbum é que em cada uma das músicas faz referência a deuses diferentes da mitologia grega, o que cria o fio condutor da obra - caminhando e dialogando com essas narrativas. Por exemplo, em “On Exist For Love” é Afrodite, “Heathens” está ligado à Perséfone, “This Could Be A Dream” com Morfeu e “A Dangerous Thing” sobre Peitho. Essas músicas monumentais são totalmente fascinantes do início ao fim, com momentos sinceros e de profunda construção. Aurora transmite mensagens positivas através da arte contemporânea ousada e sonoramente irresistível. The Gods We Can Touch  é uma produção provocativa que explora as faces dos nossos sentimentos, como a vergonha, o desejo e a mortalidade presente em nossas vidas que paralelamente estão em diálogo com esses personagens da mitologia grega. Energias vibrantes e catárticas se exibem de forma maximalista neste terceiro álbum de estúdio, provando mais uma vez que Aurora assim como outras estrelas da música pop atual possuem força em sua voz embalada por sensações contundentes com algo realmente importante a dizer a essa geração. 
 
🎧 Escute: CURE FOR ME e GIVING IN TO THE LOVE.
 
👌 Hype: ÓTIMO 
 

 


terça-feira, 25 de janeiro de 2022

SPENCER (2021) de "Pablo Larraín"

 


O TERROR DA REALEZA - Quem espera uma biografia tradicional sobre a Princesa Diana em Spencer se depara com uma fábula que é quase um filme de terror, sobre uma princesa que vive uma tragédia pessoal e intima longe do rótulo Princesa do Povo (como o ex-primeiro-ministro Tony Blair a batizou). Sua dor é ouvida de perto com a respiração pesada, olhar vazio e a solidão da redoma dos muros do palácio real, que na verdade encurralam o seu verdadeiro eu: Spencer. O diretor, Pablo Larraín recria o seguinte cenário: ano de 1991 durante as festividades natalinas. A família real reúne-se na propriedade de Sandringam, em Norfolk. E passam-se aqueles que seriam os últimos dias do casamento de Diana e Charles. Esta é a hipotética história de uma mulher acorrentada por convenções e formalismos, adormecida em nostalgia e apressada numa busca incessante pelo autoconhecimento. Na abertura do filme, uma perdiz fica ingenuamente no meio da estrada antes de ser prontamente esmagada por um caminhão. Pronto, tal metáfora já implica em afastar Spencer de uma biografia tola. A atriz Kristen Stewart (Maravilhosa no papel!) vive uma princesa em crise; sofrendo de um distúrbio alimentar, perseguida pela mídia e com assustadoras alucinações. Embora o filme mostre a família real ela aparece como uma presença incidental. Diana está muitas vezes sozinha. Seu marido, Charles, Príncipe de Gales (Jack Farthing), oferece fiapos periódicos de atenção e desânimo com ela. Seus filhos não entendem suas angústias. Sua única confidente é Maggie (Sally Hawkins) que pouco sustenta sua inquietude. O simbolismo bombástico do filme dispensa o decoro, as intenções problemáticas de Larraín vêm à tona, dispensando de representar respeitosamente a realeza. As ocasionais explosões de exuberância e transgressões tolas do filme estão de acordo com a desobediência de Diana. Um presente de Natal comprado em um posto de gasolina ou um passeio solitário à meia-noite são subversivos suficientes para quebrar qualquer glamour de uma vida de princesa e mostrar que a arte pode ser encontrada sob qualquer lente ou olhar. Uma OBRA PRIMA! 👏👏
 
👀 CINEMA - 🏅 Hype: ÓTIMO 👌