quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

DESCULPE TE INCOMODAR (2018) "Sorry To Bother You" de "Boots Riley"


 O filme é mais uma indicação do CLUBE HYPE.

          Desculpe te Incomodar é aquele tipo de filme alternativo que nem sempre consegue espaço no Brasil, o filme não foi lançado nos cinemas em seu ano de lançamento e chegou bem depois e sem muito alarde direto para o streaming do Telecine. O filme é a estreia na direção do músico Boots Riley que se mostra promissor, ambicioso e original em todo conceito de sua obra.  Leia nossas impressões.

        "Talvez esse filme se junte as obras de Spike Lee e Jordan Peele como uma nova vertente não só na forma de se contar uma história original como no processo de inclusão de personagens negros como protagonistas sem o retrato de estereótipos. Em uma época cada vez mais confusa em reflexo a crescente onda de conservadores que ressaltam seus preconceitos contra negros, é admirável como o diretor possui sensibilidade para conduzir tanto o humor quanto as necessidades de inclusão dos personagens. Com uma mistura interessante de comédia e maluquices surreais, sem gênero definido, estamos diante de um filme que certamente é o mais diferente da safra atual e recheado de interessantes "analogias" a política, ao capitalismo e como os negros sempre se sentirão inferiorizados pela soberba do branco. O argumento de "vitimismo" incorporado sempre que um negro tenta algum privilégio na história é uma corrente invisível e que a sociedade insiste em manter. Com um bom ritmo, Desculpe Te Incomodar consegue hipnotizar o espectador a cada cena, seja pelo bonito visual, pela trilha sonora estilosa ou pelas viagens mentais de seu protagonista. Um filme explosivo, surreal e com necessário frescor. (Meu Hype)


       O filme do diretor Boots Riley, entra no confronto direto dos personagens com um mundo frenético de sucesso a qualquer custo. O filme faz boas referências ao mundo atual da ganância, sucesso rápido e profissões. Deixa claro e forte a crítica ao mundo do telemarketing e coaching, sem 
poupá-los da fantasia chegando muitas vezes a ser literal. Sendo assim, Desculpe te incomodar, é um filme alternativo com visão ampla do problema atual desse mundo competitivo e desleal. Os pontos de comédia logo entram numa análise profunda do que fazemos com nossas vidas pra se dedicar tanto enriquecendo desconhecidos, enquanto sobrevivemos. O Cavalo de Tróia te impede de rir, mas não impede a conquista do filme de alcançar o ponto da vitória com o "presente de grego". (Paulo Lana)


      "Desculpe Te Incomodar" já tem um título que faz jus à ironia e pitadas de deboches, presentes durante toda a história do personagem Cassius Green, interpretado pelo ator Lakeith Stanfield. A narrativa que centraliza na contratação e carreira de Cassius em uma empresa de telemarketing, questiona questões sociais e raciais em um contexto econômico neoliberal globalizado,  onde comportamentos clichês da burguesia branca norte-americana, são expostos sem modéstia. Me marcou muito a frase "siga o script" para toda e qualquer expressão do personagem central que chega a adaptar a própria voz para conseguir executar vendas e passar a credibilidade de um homem branco ao telefone, em suas negociações. A personagem que faz um caminho antagônico na história, que também é namorada de Cassius, é uma artista plástica e performer que em todas as cenas esteve em uma posição filosófica, como se a personagem, interpretada pela atriz Tessa Thompson, cumprisse seu papel social na mesma frequência e obsessão dos empregados da macabra empresa Regal View. É uma trama carregada de dramaticidade e símbolos mitológicos. Um Trabalho muito bem tratado pelo diretor Boots Riley. (Andy Souza)


         Desculpe te incomodar é uma clara crítica ao capitalismo, onde o que importa é lucro e nada mais. Cassius, o principal personagem consegue um emprego como operador de telemarketing, fica claro que ele não é o melhor funcionário e sim uma engrenagem do sistema, forçado apenas a ler o script com sorriso na voz para dar lucro da empresa. Conforme a empresa vê o potencial ele ganha uma promoção onde coloca a prova o seu caráter ou a vontade de sobreviver, onde o que fala mais alto é a vontade de viver e ganhar melhor, mesmo que isso signifique vender trabalho escravo. No fim ele acaba sentindo na pele o peso onde o que importa é a mão de obra, o lucro e o capitalismo = escravidão de carteira assinada. (Dionatan Medeiros)
 



O filme está disponível no streaming do TELECINE.


terça-feira, 19 de janeiro de 2021

SYNCHRONIC (2020) - "Justin Benson" & "Aaron Moorhead"


 "Synchronic tem estilo lombrante e inovador ao misturar suspense e sci-fi com originalidade e boas idéias"

     Os diretores Justin Benson e Aaron Moorhead Primavera, 2014 - O Culto, 2017 ) misturam cenários alucinantes com um tom sombrio e neo-noir para criar este thriller elegante, original e impecavelmente trabalhado, ainda que sempre instigando o espectador a querer mais do universo retratado. O filme estreou em 2019 em Toronto e teve uma breve exibição nos cinemas americanos em outubro de 2020, ainda inédito em outros mercados. O filme funciona devido aos dois personagens principais que se entregam a uma viagem no tempo em meio a rotina de trabalho. O filme equilibra um tratamento sério dos personagens com uma abordagem lúdica de gêneros populares do Sci-fi, Synchronic (Sincrônico) é tanto suspense quanto uma boa ficção científica subversiva. É uma história complexa e humanística sobre a facilidade com que podemos perder o controle da realidade.


     Na trama, os paramédicos de Nova Orleans, Steve (Anthony Mackie, Capitão América) e Dennis (Jamie Dornan, Cinquenta Tons de Cinza) tropeçam em um enredo bizarro envolvendo uma série de mortes relacionadas a uma droga, o que parece uma overdose típica, vira uma trama que os levará por um caminho inesperado. 
O denominador comum dessa série de mortes horríveis está relacionada a um narcótico sintético conhecido como sincrônico, que tem alguns efeitos colaterais extremos. Quando a filha adolescente de Dennis (Ally Ioannides) usa a droga e desaparece, Steve tenta descobrir a verdade por trás do sincrônico e, inadvertidamente, parte em uma jornada para encontrar a garota e descobrir sobre o misterioso alucinógeno, mergulhando em uma série de consequências.


     A história é bem simples e não tenta ser maior do que realmente é, se torna mais um acerto dos diretores que conseguem com um baixo orçamento movimentar a trama de maneira efetiva e efeitos especiais interessantes. O personagem Steve se torna ponto focal quando decide comprar todos os "Synchronic" da cidade para proteger os outros e tentar descobrir como funciona a pílula de viagem no tempo. O filme engrena naturalmente com o personagem narrando como a pílula funciona com diferentes formas de ingestão, afetando diferentes escalas de viagem no tempo, até que ele finalmente vive a tensão de descobrir sua essência e a obsessão de tentar ajudar a encontrar a filha desaparecida de seu parceiro. O filme possui  quase todos elementos instigantes que tornaram Primavera e O Culto em filmes com bastante fãs e fazem de Justin Benson e Aaron Moorhead, dois promissores diretores que fazem um bom trabalho sem necessidade de um grande estúdio e orçamento. INSTIGANTE PASSATEMPO.


O filme não tem distribuição e nem previsão de estreia no Brasil. Disponível na internet.

Hype: BOM - (Nota: 7,5

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

"UMA SOMBRA NA NUVEM" - "Shadow in The Cloud (2020) - "Roseanne Liang"




"Praticamente levando o filme nas costas, Chloe Grace Moretz embarca em produção que não foge de seu objetivo de Filme B e diverte sem maiores compromissos"

     Talvez seja difícil falar desse filme sem citar um episódio meio maluco, é uma história com viés feminista escrito por um roteirista acusado de abusar sexualmente de 8 mulheres, Max Landis foi afastado do projeto e o roteiro foi reescrito pela diretora Roseanne Liang. Mesmo assim a obra passa muito tempo ofendendo a protagonista por ser uma mulher em um ambiente que quase sempre é a representação do machismo estrutural, chega a incomodar um pouco e mostra o quanto é necessário se desapegar de qualquer análise mais profunda sobre Shadow in the Cloud, lançado nos EUA diretamente em VOD. O filme é uma bagunça assumida, divertida e absurda, chega a lembrar filmes de ação como Transformers e Velozes e Furiosos, onde é necessário se desligar da realidade para viver a experiência oferecida cheia de atrativos. 


      Um dos destaques vai para a atriz Chloe Grace Moretz que consegue segurar a onda tanto na parte dramática quanto nas cenas de ação. Ela sempre é uma graça atuando mesmo em um papel que exige dela o protagonismo, a personagem é realizada de maneira natural por ela. O filme é um exercício de tensão bem executado e claustrofóbico, praticamente todo filme se passa dentro de um avião e nem isso atrapalha o seu desenvolvimento, a duração do longa é curta e agradável e em resumo, seria bem mais interessante se fosse um episódio de alguma série antológica como Além da Imaginação, por exemplo, como longa metragem sofre da falta de recurso e de uma história mais elaborada e menos prática ainda que nada disso atrapalhe a experiência bem executada da trama.


       Shadow In The Cloud pode ser considerado um suspense de mostro e sua estrutura é parecida com o sucesso alternativo Cloverfield (2008), sua estrutura de Filme B assumida cai muito bem para esconder suas falhas, sua fotografia é charmosa e sem maiores desafios, a trilha sonora é bastante atrativa e inspirada nos anos 80 além de efeitos especiais práticos e legais. No geral e tão divertido quanto um filme pode ser. A sua força é justamente em se desprender de ser maior do que realmente é, principalmente no domínio de manter a atenção em menores espaços, funciona em não perder seu poder de instigar, assista sem expectativas, tome isso como uma ficção absurda que você terá momentos divertidos com um final insano como recompensa. BOM PASSATEMPO.


O filme está disponível no streaming do TelecineCom esse link você tem 30 dias grátis, vem: http://teleci.ne/MeuHype

Hype: BOM  - (Nota: 7,0

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

NOMADLAND (2020) - "Chloé Zhao"


 "Frances McDormand mostra seu poder de atuação em um filme comovente"

       O filme foi um dos mais elogiados de 2020 e com bastante mérito para isso, é uma construção poderosa e um drama profundo com uma reflexão sobre a comunidade nômade americana em um Road Movie centrado em uma personagem itinerante bem construída pela carismática Frances McDormand (Três Anúncios para um Crime, 2017) que cruza o meio-oeste em uma casa móvel, pegando trabalhos sazonais em resorts e armazéns antes de seguir para o próximo passo, sem rumo definido. Há um material tão rico em Nomadland que poderia ser também, um documentário investigativo sobre a relação entre o individualismo rude e os confortos de se viver em comunidade, bem como uma crítica das condições sociais e econômicas que levam as pessoas a pegar a estrada e se isolar do mundo sem visibilidade pelo governo. 


        O filme pega carona no fantástico olhar apresentado no documentário Honeyland (2019). A curiosidade jornalística da diretora Chloé Zhao e sua facilidade para filmar locações com lindas paisagens são pontos positivos e genuínos neste contexto de uma constante viagem, sua direção não chega a ser espetacular, é discreta e ao mesmo tempo afetiva e eficiente. A figura importante da personagem Fern, viúva de anos 60 e de certa forma naturalmente nômade, ressalta em primeiro plano como McDormand pode ser considerada a melhor atriz americana de sua época - e potencialmente a caminho de um terceiro Oscar por seu excelente trabalho. Ela se move propositalmente sobre um joelho machucado através dos lindos quadros de Zhao, Fern é uma máquina de movimento perpétuo cuja combinação de simpatia e estranheza heterodoxa registra como real e vivida seu desejo de seguir sozinha, evidenciando uma forte vontade de lutar contra uma obscura logística de dia-a-dia em viver em uma van. 


        Por melhor que McDormand seja, ela também é muito icônica para desaparecer no papel, e embora sua capacidade de reconhecimento não mantenha Nomadland amarrado para um expectador mais desligado ao cinema de drama, o filme atinge  marcas importantes como um drama realista e absorvente, chega a ser difícil reconciliar totalmente sua presença com a de outras pessoas, sendo assim, é um filme de um personagem só. Chloé Zhao e Frances McDormand se unem para uma aventura sincera pelo oeste americano em um conto repleto de vida e empatia inspirando uma jornada de amor ao espírito pioneiro e à autêntica experiência de liberdade. ADORÁVEL.


Hype: ÓTIMO - (Nota: 8,5

O filme estreia nos cinemas do Brasil em Fevereiro de 2021.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

ERA UMA VEZ UM SONHO (2020) "Hillbilly Elegy" de "Ron Howard"


 O filme é mais uma indicação do CLUBE DO HYPE. Vem ler nossas impressões.

     O streaming Netflix continua seu projeto de expansão se tornando um estúdio que produz tanto séries quanto filmes, sejam pequenos ou grandiosos com o envolvimento de cineastas de Hollywood. Desta vez quem surge com um filme original da plataforma é Ron Howard, famoso diretor de filmes como Apollo 13 e Uma Mente Brilhante, vencedor do Oscar em 2001. Ele adapta o livro de memórias controversas de JD Vance em um filme biográfico, baseado em memórias de uma família em crise que se tornou um best-seller bipartidário por razões óbvias: deu aos conservadores a cobertura moral de que alguns deles precisavam para apoiar Trump e ofereceu aos liberais a sensação que Obama fez um bom trabalho em mudar uma cultura "branca" bastante desgastada, fadada ao fracasso e sem diversidade. O livro tocava nas falhas de ambos os lados para pintar um quadro das pessoas esquecidas no meio do país, um auto-retrato de Randian, um pobre garoto de Ohio com sangue dos Apalaches que se ergueu por suas botas, desafiou a gravidade do desamparo aprendido nas pessoas ao seu redor e realizou o sonho americano de ir para a advocacia de Yale. No entanto, a autobiografia de Vance parece um relato torturado da culpa do sobrevivente e de alguém desesperado para justificar seu sucesso e mostrar sua transição de caipira do interior para alguém bem sucedido. A leitura da adaptação apolítica de Ron Howard para a Netflix tenta limpar ao máximo a história de Vance e fazer dela um bom exemplo para todos, infelizmente isso não funciona. A bipolarização americana se assemelha a que vivemos aqui no Brasil, fica claro o quanto o filme se perde em culpa e se esquece de justificar seus próprios julgamentos. A falta de posicionamento do discurso torto da direita americana já se mostra uma forma de se isentar mostrando a falta de coragem do filme em enfrentar a diversidade. 


     Na trama, Owen Asztalos interpreta o jovem JD como um observador boquiaberto que basicamente passou toda a sua vida bisbilhotando sua própria família, sua história começa em 1997, quando seu clã fotogênico se muda e o garoto começa a perceber que suas circunstâncias são produto da esperança de que seus avós perderam em algum lugar ao longo da vida. A mãe de JD, Bev, é uma enfermeira viciada em drogas, ela faz tudo em toda a extensão que se pode para cuidar dos filhos, seja defendendo ou dando uma surra quando sua instabilidade está abalada. JD naturalmente se aproxima de sua mãe, embora a culpe pelo o que ela se tornou. Amy Adams atua bastante como essa tempestuosa mãe, mas sua personagem é utilizada apenas como ferramenta de fracasso sem ir ao fundo em sua dor. Glenn Close usa uma peruca e maquiagem para fazer uma vovó que tentar fortificar seus laços conturbados e sua falta de esperança nas lembranças do garoto. Falta nuances no roteiro que dê brilho a personagem mesmo com um esforço interessante da atriz, ainda longe de seus maiores papéis. Tudo parece muito ensaiado para comover, até a narração desnecessária do protagonista e as passagens de tempo são cansativas, é um tipo de filme que não gera controvérsia, pois não tem coragem para isso e parece inflamar pessoas que estão em cima do muro no auge de uma divisão entre o vermelho e o azul. Alguns se sentirão vistos, outros se sentirão dispensados ​​de olhar mais de perto e a maioria não sentirá nada pois o personagem principal não chega a ser incrível para uma biografia, sua luta nessa história e a nossa luta aqui fora diariamente contra uma bolha de senso comum. (MEU HYPE)


     É um filme que gostei, apesar de achar que todo o contexto é tratado de uma forma bem superficial. A grande "estrela" do filme é Amy Adams que faz uma viciada e acaba depositando as responsabilidades no filho, mas ainda assim, não chega a ser a grande protagonista, o filme nem tem um grande protagonista, o que me leva a pensar que, talvez, seja algo proposital para duas grandes atrizes. Glenn Close está muito bem caracterizada, mas a sua personagem cheia de culpa não se destaca tanto quanto deveria, afinal é Glenn Close. Analisando num todo, o filme mostra as relações de uma família conturbada, questionando esses laços e também, até onde ou até quando manter esse cordão umbilical. Mostra a meu ver que, não é preciso ser o resultado de um meio ao qual se vive ou viveu, e mesmo não tendo grandes oportunidades e vindo de uma família bem desestruturada, há uma maneira de mudar isso e ser toda a diferença, mas não se submetendo sempre a um amor que as vezes, chega a ser tóxico. Enfim, o filme apesar das críticas pesadas que li, vale a pena sim. (SILAS HOHENSTAUFFEN)

O que se esperar de um filme autobiográfico? (J.D.Vance) - 
A importância da família é tão intransigente que nem Amy Adams ou Glenn Close conseguem levar o filme adiante. O tratamento é equivocado e nos leva a refletir sobre um momento delicado após as conturbadas eleições americanas, onde o drama da família e o cotidiano em que se enquadram nos dá uma amostra de como vivem essas pessoas nos Estados Unidos, que sempre estão criando um herói, nem que para isso seja necessário deixar sua infância de lado. Talvez o filme em sua abordagem pesada e a trajetória fraca só consegue nos levar pra essa análise do caos dessas famílias e como tudo tá sem estrutura pra ser normal, sendo assim o ponto do filme se perde com o desejo autobiográfico de superação e isso é negativo, afinal a família Vance não tem culpa dos acontecimentos atuais que vão nos levando a analisar isso com certa antipatia.  Não recomendo. (PAULO LANA)

Era uma vez um sonho conta a história de superação de J D, criança criada por uma mãe viciada em drogas e uma avó maravilhosa que fez tudo ao seu alcance para ajudar na sua criação. Ao meu vê o melhor do filme é a relação dele com a sua vó, o filme não tem alto nem baixo vai sempre no mesmo tom e como uma boa história de superação o final já é previsível, o personagem consegue se formar, casar e no final sua mãe consegue ficar limpa das drogas e fim. (DIONATAN FREITAS)


O Filme está disponível no streaming NETFLIX.