segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

ERA UMA VEZ UM SONHO (2020) "Hillbilly Elegy" de "Ron Howard"


 O filme é mais uma indicação do CLUBE DO HYPE. Vem ler nossas impressões.

     O streaming Netflix continua seu projeto de expansão se tornando um estúdio que produz tanto séries quanto filmes, sejam pequenos ou grandiosos com o envolvimento de cineastas de Hollywood. Desta vez quem surge com um filme original da plataforma é Ron Howard, famoso diretor de filmes como Apollo 13 e Uma Mente Brilhante, vencedor do Oscar em 2001. Ele adapta o livro de memórias controversas de JD Vance em um filme biográfico, baseado em memórias de uma família em crise que se tornou um best-seller bipartidário por razões óbvias: deu aos conservadores a cobertura moral de que alguns deles precisavam para apoiar Trump e ofereceu aos liberais a sensação que Obama fez um bom trabalho em mudar uma cultura "branca" bastante desgastada, fadada ao fracasso e sem diversidade. O livro tocava nas falhas de ambos os lados para pintar um quadro das pessoas esquecidas no meio do país, um auto-retrato de Randian, um pobre garoto de Ohio com sangue dos Apalaches que se ergueu por suas botas, desafiou a gravidade do desamparo aprendido nas pessoas ao seu redor e realizou o sonho americano de ir para a advocacia de Yale. No entanto, a autobiografia de Vance parece um relato torturado da culpa do sobrevivente e de alguém desesperado para justificar seu sucesso e mostrar sua transição de caipira do interior para alguém bem sucedido. A leitura da adaptação apolítica de Ron Howard para a Netflix tenta limpar ao máximo a história de Vance e fazer dela um bom exemplo para todos, infelizmente isso não funciona. A bipolarização americana se assemelha a que vivemos aqui no Brasil, fica claro o quanto o filme se perde em culpa e se esquece de justificar seus próprios julgamentos. A falta de posicionamento do discurso torto da direita americana já se mostra uma forma de se isentar mostrando a falta de coragem do filme em enfrentar a diversidade. 


     Na trama, Owen Asztalos interpreta o jovem JD como um observador boquiaberto que basicamente passou toda a sua vida bisbilhotando sua própria família, sua história começa em 1997, quando seu clã fotogênico se muda e o garoto começa a perceber que suas circunstâncias são produto da esperança de que seus avós perderam em algum lugar ao longo da vida. A mãe de JD, Bev, é uma enfermeira viciada em drogas, ela faz tudo em toda a extensão que se pode para cuidar dos filhos, seja defendendo ou dando uma surra quando sua instabilidade está abalada. JD naturalmente se aproxima de sua mãe, embora a culpe pelo o que ela se tornou. Amy Adams atua bastante como essa tempestuosa mãe, mas sua personagem é utilizada apenas como ferramenta de fracasso sem ir ao fundo em sua dor. Glenn Close usa uma peruca e maquiagem para fazer uma vovó que tentar fortificar seus laços conturbados e sua falta de esperança nas lembranças do garoto. Falta nuances no roteiro que dê brilho a personagem mesmo com um esforço interessante da atriz, ainda longe de seus maiores papéis. Tudo parece muito ensaiado para comover, até a narração desnecessária do protagonista e as passagens de tempo são cansativas, é um tipo de filme que não gera controvérsia, pois não tem coragem para isso e parece inflamar pessoas que estão em cima do muro no auge de uma divisão entre o vermelho e o azul. Alguns se sentirão vistos, outros se sentirão dispensados ​​de olhar mais de perto e a maioria não sentirá nada pois o personagem principal não chega a ser incrível para uma biografia, sua luta nessa história e a nossa luta aqui fora diariamente contra uma bolha de senso comum. (MEU HYPE)


     É um filme que gostei, apesar de achar que todo o contexto é tratado de uma forma bem superficial. A grande "estrela" do filme é Amy Adams que faz uma viciada e acaba depositando as responsabilidades no filho, mas ainda assim, não chega a ser a grande protagonista, o filme nem tem um grande protagonista, o que me leva a pensar que, talvez, seja algo proposital para duas grandes atrizes. Glenn Close está muito bem caracterizada, mas a sua personagem cheia de culpa não se destaca tanto quanto deveria, afinal é Glenn Close. Analisando num todo, o filme mostra as relações de uma família conturbada, questionando esses laços e também, até onde ou até quando manter esse cordão umbilical. Mostra a meu ver que, não é preciso ser o resultado de um meio ao qual se vive ou viveu, e mesmo não tendo grandes oportunidades e vindo de uma família bem desestruturada, há uma maneira de mudar isso e ser toda a diferença, mas não se submetendo sempre a um amor que as vezes, chega a ser tóxico. Enfim, o filme apesar das críticas pesadas que li, vale a pena sim. (SILAS HOHENSTAUFFEN)

O que se esperar de um filme autobiográfico? (J.D.Vance) - 
A importância da família é tão intransigente que nem Amy Adams ou Glenn Close conseguem levar o filme adiante. O tratamento é equivocado e nos leva a refletir sobre um momento delicado após as conturbadas eleições americanas, onde o drama da família e o cotidiano em que se enquadram nos dá uma amostra de como vivem essas pessoas nos Estados Unidos, que sempre estão criando um herói, nem que para isso seja necessário deixar sua infância de lado. Talvez o filme em sua abordagem pesada e a trajetória fraca só consegue nos levar pra essa análise do caos dessas famílias e como tudo tá sem estrutura pra ser normal, sendo assim o ponto do filme se perde com o desejo autobiográfico de superação e isso é negativo, afinal a família Vance não tem culpa dos acontecimentos atuais que vão nos levando a analisar isso com certa antipatia.  Não recomendo. (PAULO LANA)

Era uma vez um sonho conta a história de superação de J D, criança criada por uma mãe viciada em drogas e uma avó maravilhosa que fez tudo ao seu alcance para ajudar na sua criação. Ao meu vê o melhor do filme é a relação dele com a sua vó, o filme não tem alto nem baixo vai sempre no mesmo tom e como uma boa história de superação o final já é previsível, o personagem consegue se formar, casar e no final sua mãe consegue ficar limpa das drogas e fim. (DIONATAN FREITAS)


O Filme está disponível no streaming NETFLIX.

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