sexta-feira, 31 de maio de 2019

ANOS 90 (2018) "Mid 90s" de "Jonah Hill"


Nova produção do estúdio A24 é frescor adolescente em época de transformações.  

Jonah Hill em sua estréia na direção traz bastante vitalidade em filme que busca em uma doce nostalgia, representar uma época onde a tecnologia não era foco para os jovens e a autodescoberta se tornava essencial no processo de vivência. "Anos 90" é um filme que traz a amigável história de Stevie (Sunny Suljit) de 13 anos próximo da maioridade na era homônima. Seguindo o fluxo da principais histórias desse gênero aonde o personagem com um espírito aventureiro vive a tentativa de absorver alguma noção do mundo à sua disposição a diferença deste filme é no "feeling" do seu diretor. Sua simples jornada reflete na lembrança de uma geração que vivenciou momentos intimistas para definir o fluxo das coisas com quase total ausência da tecnologia. Destaque para as performances sutilmente reais dos personagens, a viagem nostálgica nas cores ou na trilha sonora específica do período, que vai dos Pixies ao Wu-Tang Clan. A última década do século 20 é retratada com frescor e só representa um atual momento aonde se agrega valor ao papel da década de 90 na cultura pop graças a diversos produtos atuais que trazem a época em evidência. No âmbito popular, a Globo traz um folhetim novelesco "Verão 90" que foca na época citada no Brasil, a Marvel trouxe uma representação interessante no filme Capitã Marvel com ótimas piadas e lembranças e a Netflix trouxe "Everything Sucks" também recriando aquela época, só para citar alguns exemplos. "Anos 90" não tem essa pretensão de mostrar elementos da época e sim só provocar uma reflexão em torno de um garoto dessa época. A trama acompanha Stevie em sua pré-adolescência aonde vive com sua mãe solteira (Katherine Waterston) e com o irmão mais velho e introvertido Ian (Lucas Hedges). Ele encontra identidade em um grupo de skatistas, no início ele não sabe como se relacionar com esses novos conhecidos e começa a descobrir sozinho como se virar em relação a drogas, sexo e ao sistema das ruas. A trama não chega a ser surpreendente, uma vez que sua premissa se instala conforme o personagem alça vôos de descobertas escondido de sua família, tudo flui naturalmente. Pouco a pouco, as artimanhas da rua trazem sinais de problemas, e é apenas uma questão de tempo antes que Stevie se machuque de alguma forma no processo de endurecer-se para um novo capítulo da vida. Suljit, emoldurando uma série de expressões suaves, fornece uma atuação poderosa em todas as cenas sendo o centro de toda ação. A esperteza de Hill na direção traz argumentos na hora certa, assim como as resoluções além de um clímax que se inclina sobre toda a provação do personagem deixando um gosto de quero mais ao expectador. Essencialmente esses jovens transitam em um universo até meio fútil de festas caseiras e encontros onde jovens entediados se rebelam contra o nada. Há uma razão para os cineastas acharem essa ambientação quase um reflexo da época, graças ao sucesso do independente de Kids ( de 1995 e um marco dos anos 90) da MTV dos anos 90 e do "Grunge" surgindo com uma cena forte de protesto substituindo o "Punk", esse é um modelo atraente para explorar o caminho sinuoso até a idade adulta, é um meio para um cineasta mostrar potencial sem sobrecarregar sua ambição. SIMPLES E EFICAZ.


O Filme está em cartaz nos cinemas pela Diamond Films. 

Hype: BOM

terça-feira, 28 de maio de 2019

GODZILLA 2 - REI DOS MONSTROS (2019) de "Michael Dougherty"


Continuação direta da última versão americana de Godzilla traz pancadaria entre monstros com bons efeitos especiais e elenco cumprindo seu papel de entretenimento. 

Os estúdios Warner, seguindo os  passos de seus sucessos “Godzilla (2014)” e “Kong: Ilha da Caveira (2017)” resolveu dar andamento ao chamado "MonsterVerse" com intuito de realizar um universo compartilhado entre as duas sagas. Godzilla 2 acrescenta novos kaijus (Bestas estranhas e geralmente grandiosas muito populares nos países orientais) além de preparar o terreno para  a junção dos dois  monstros mais populares da Cultura Pop. Godzilla v.s Kong  já foi confirmado para 2020 antes mesmo da estréia desse filme. Desta vez, finalmente os americanos realizaram um filme de monstro que conversa naturalmente com o CGI sem tornar o visual banalizado, com cenas de ação convincentes, sem abusar da total escuridão nos cenários e muito menos na concepção geralmente artificial das criaturas. O filme Círculo de Fogo (2013) talvez seja o mais próximo que Hollywood apresentou de qualidade na representação dos Kaijus. Os efeitos especiais mesmo simples  são eficientes e com alguns elementos clássicos que envolvem e dão substância aos personagens de origem japonesa da saga do lagarto verde. Outro ponto positivo é a boa sacada da misteriosa empresa "Monarch" e suas pesquisas sobre os tais "monstros gigantes" na superfície terrestre, eles são chamados de "titãs" e cada um tem seu momento em tela e uma oportunidade de destaque. É muito fácil acreditar nos argumentos cuidadosamente expostos na trama. Sem patinar na história, o longa possui agilidade nas sub-tramas mas sempre focado no que realmente o público deseja acompanhar, o embate das criaturas gigantes. O arco da cientista Dra. Emma Russell (Vera Farmiga), sua filha Madison (Millie Bobby Brown) e seu ex- marido Mark (Kyle Chandler) é bem conduzido sem carregar demais no drama humano como realizado de forma massante no filme anterior. A família se separou quando seu filho foi morto durante a fúria de Godzilla em San Francisco, levando Emma a se aprofundar mais em suas descobertas dentro da Monarch e levando Mark a se afastar da família. Tudo se complica quando em uma de suas pesquisas na China em uma larva de Mothra um exército particular liderado por Jonah Alan (Charles Dance) aparece para roubar uma importante máquina da Monarch e sequestrar Emma e sua filha. Jonah e sua equipe vão para a Antártida para soltar o Ghidorah de três cabeças, e seu ressurgimento no planeta traz outros monstros desafiando a supremacia de Godzilla. O filme ainda tem os personagens de Sally Hawkins e Ken Watanabe (Dr. Ishiro Serizawa), o melhor arco de humanos no filme, que em certos momentos não levam a lugar nenhum e podem desagradar os mais críticos transformando a trama no clichê de uma família em crise em meio ao apocalipse. Esqueça os humanos e priorize a ação épica que coloca Godzilla contra vários kaijus com boa condução do quase novato diretor Michael Dougherty  que encontra um caminho interessante para explorar as telas verdes de uma maneira que dê ao filme um peso real, mesmo em diferentes cenários e partes do mundo. As lutas são emocionantes sem nunca explodir a tela com muita informação. Porém, dependendo do interesse do expectador o filme não trará qualquer frescor ficando restrito a um nicho de nerds e apreciadores do personagem. INDICADO  PARA FÃS


O Filme estréia nos Cinemas em (30/05) pela Warner.

Filme visto na Sessão de Imprensa realizada em Brasília. 

Hype: BOM

segunda-feira, 27 de maio de 2019

ALADDIN (2019) de "Guy Ritchie"


Refilmagem em live-action do desenho clássico da Disney traça caminho praticamente igual ao desenho sem a mesma magia e encantamento. 

Guy Ritchie que dirige o filme não traz qualquer acréscimo ao "remake" onde grande parte dos atos do filme traça o mesmo caminho da animação lançada em 1992, o Aladdin de "Mena Massoud" é insosso e passa longe do carisma do personagem animado. Falar de uma adaptação que busca seguir quase que religiosamente a trama original só traz aquela leve dúvida, faz algum sentido atualizar uma obra tão admirada? Talvez para um grande estúdio como a Disney seja importante encontrar novas formas de reviver essas histórias, diferentemente de Dumbo lançado esse ano, que trouxe uma atualização interessante sobre um desenho, que mesmo clássico estava datado, esse Aladdin faz poucas concessões interessantes. As mudanças realizadas são sofríveis, como o vilão Jafar (Marwan Kenzari), com representação muito inferior e pálida se comparada ao desenho. O gênio da lâmpada (Will Smith) talvez seja o único acerto, mesmo que substituir um desenho captado magistralmente por "Robin Williams" não seja tarefa fácil ele se esforça bem. Nem tudo é tão insatisfatório, o visual de Agrabah, cidade natal dos personagens é incrível, as músicas conseguem compensar um pouco a história requentada mesmo que algumas ainda pequem pela atuação fraca do elenco. Mesmo sem qualquer química entre Massoud e Naomi Scott (Jasmine), há uma tentativa de dar a ela alguma substância além de ser apenas o objeto do afeto masculino, Ritchie e o co-roteirista John August misturam as frustrações tradicionais da personagem por estar presa atrás das paredes do palácio com uma vontade sua de governar como sultana, incluindo o empoderamento feminino na história. Certamente havia mais espaço para trazer uma perspectiva contemporânea a esse material em contra partida da representação problemática do seu ambiente no Oriente Médio e quem sabe aprofundar seus personagens. Em vez disso, o filme se resolve por contar a mesma história sem qualquer brilho passando longe do original. Na trama, Aladdin é um jovem ladrão que vive de pequenos roubos em Agrabah. Um dia, ele ajuda uma jovem a recuperar um valioso bracelete, sem saber que ela na verdade é a princesa Jasmine. Aladdin logo fica interessado nela, que diz ser a criada da princesa. Ao visitá-la em pleno palácio e descobrir sua identidade, ele é capturado por Jafar, o grão-vizir do sultanato, que deseja que ele recupere uma lâmpada mágica, onde habita um gênio capaz de conceder três desejos ao seu dono, tudo isso na ambição por poder. Fica claro que  Aladdin tenta ser extremamente fiel à história já conhecida e bastante divertida, porém o não supera o desafio de revisitar o clássico. A escolha do ágil diretor Guy Ritchie seria justificada se além proporcionar uma trama envolvente ela fosse acima de tudo mais cuidadosa com o material a ser adaptado. Talvez se o filme fosse um grande musical de Bollywood sem essa pretensão "hollywoodiana" haveria um frescor e abusaria de sequências mais carnavalescas e tudo faria mais sentido. Infelizmente usar o desenho de 1992 como esboço para o live-action é o pior problema do filme, não há identidade própria sendo uma adaptação amplamente bem produzida porém sem ser cuidadosa em detalhes importantes para torna-la marcante e não só um produto para essa nova geração. Por via das dúvidas é melhor rever o desenho original, que continua imbatível. SEM SAL.


O Filme está em cartaz nos Cinemas pela Disney.

Hype: REGULAR

sexta-feira, 24 de maio de 2019

VAMPIRE WEEKEND - "Father of The Bride" (2019)


Em trabalho ousado, grupo americano incorpora seu estilo em uma mistura de influências musicais com complexidade e talento em sinergia com variados estilos musicais e alinhado com o mundo. 

Disco apresenta uma banda madura e exige vontade do ouvinte pois cresce a cada audição mediante a uma criatividade musical repleta de frescor. A banda segue dentro de seus parâmetros na criação de músicas que podem ser ouvidas por quem aprecia diversos gêneros sem se apegar somente ao Indie rock. O Vampire Weekend ganhou atenção devido a uma variedade de "hypes" e seu som bastante particular com forte influência da música popular africana e a música ocidental clássica, descrevendo seu gênero como "Upper West Side Soweto", tocando músicas como "Cape Cod Kwassa Kwassa". Os membros da banda se conheceram enquanto frequentavam a universidade (Columbia University). Eles próprios produziram seu primeiro álbum depois de se formarem, enquanto faziam muitos trabalhos simultaneamente. O álbum de estreia, Vampire Weekend, foi lançado em 29 de janeiro de 2008. Foi sucesso nos Estados Unidos e Reino Unido e trouxe hits como “A-Punk” e “Oxford Comma”. No ano de 2011, o single "Cousins" do segundo álbum "Contra" foi incluído na trilha sonora do jogo Pro Evolution Soccer 2011, e em 2013, "Worship You" do terceiro álbum, na trilha sonora de FIFA 14. Em janeiro de 2016, o membro Rostam Batmanglij anunciou a sua saída da banda, ainda que tenha afirmado que iria continuar a colaborar com o vocalista Ezra Koenig, este por sinal formou uma família, compôs uma música para Beyoncé e produziu uma animação para Netflix, tudo no hiato de seis anos entre Modern Vampires of the City, terceiro álbum da banda (vencedor do Grammy) e o novo disco, isso parece ter reforçado a necessidade do grupo de novos temperos, que vieram com as participações especiais neste trabalho. Confira nossa avaliação faixa a faixa! "Hold You Now" abre o trabalho quase como uma introdução já ditando o ritmo do trabalho em uma bonita canção com participação de "Danielle Haim", algo raro nas composições da banda. "Harmony Hall" vem em seguida, a música já havia sido lançada mostrando uma melodia feliz e dançante mas com toques melancólicos. "Bambina" traz melodia crescente ao trabalho e bem característico dos discos anteriores da banda. "This Life" intensifica as batidas solares com uma dualidade feliz/triste com letra  simples que combina com um fim de tarde. "Big Blue" traz uma pegada interessante e tradicional do som clássico americano. "How Long" é uma balada noturna com uma crescente muito gostosa. “Unbearably White” se destaca pelo som de cordas assim como "Rich Man". Danielle Haim (vocalista e guitarrista do Haim) retorna em “Married in a Gold Rush” para dueto com uma pegada country porém tropical em sua composição. "My Mistake" é uma balada com piano e explora toda tristeza que exala no grupo neste trabalho. "Sympathy" tem uma pegada jazz porém muito bem estruturada no indie quase com uma influência meio latina e com ótimas sacadas musicais evidenciando o ponto alto da banda. “Sunflower”  traz uma parceria com Steve Lacy (The Internet) e traz uma  pegada R&B/funk que inclusive poderia ser uma música floral do The Internet. Esssa música flerta até mesmo com o tropicalismo. Em seguida temos “Flower Moon” outra parceria com Lacy com interessantes uso de vocais com auto-tune com pegada surf rock e quase havaiana. “2021” é quase uma intro com arranjos soft e samples de beats eletrônicos. Deliciosa. “We Belong Together” parece buscar inspiração na música caipira e se torna interessante pela proposta. "Stranger" é uma balada pop deliciosa e delirante. "Spring Now" traz parceria com o bombado produtor BloodPop (Justin Bieber, Madonna) e traz ao álbum um pop moderno. “Jerusalem, New York, Berlin” é aquele final melancólico mas com aquela sensação de dever cumprido e muitas sensações vividas. O trabalho é para a contemplação e se destaca pela qualidade técnica, inclusive o álbum se tornou o terceiro trabalho da banda a atingir o topo das paradas e figura entre os trabalhos de rock com maior visibilidade em 2019 e muito comparado a The  Beatles pela musicalidade. VIAJANTE!

FAVORITA DO ÁLBUM: "Sympathy"



São 18 músicas disponíveis nas principais plataformas digitais pela SONY MUSIC!

Hype: ÓTIMO

quinta-feira, 23 de maio de 2019

TERRA À DERIVA (2019) "Liu Lang Di Qiu" "The Wandering Earth" de "Frant Gwo"


Blockbuster chinês cheio de marketing tem boa produção mas deixa a desejar na enxurrada de clichês apocalípticos e subtramas desinteressantes. 

A mistura de ação e ficção científica apresentada no filme ficou mundialmente famosa ao bater de frente na bilheteria com Capitã Marvel e Os Vingadores na China e ainda assim ser amplamente lucrativo, Terra á Deriva conta com uma estrutura  que corresponde ao padrão da ficção científica e do cinema-catástrofe norte-americano, focando-se num grupo de cientistas salvando o planeta de uma ameaça à humanidade de um futuro amaldiçoado no qual o sol se tornou instável e a única esperança de sobrevivência da humanidade é nos lançar em direção a um sistema solar que está a 4.2 anos-luz de distância. A trama é complicada e cheia de buracos com personagens descartáveis, o espetáculo visual é o melhor incentivo para acompanhar a produção que atualmente é o segundo filme de maior bilheteria na história da China e mundialmente está entre os 3 filmes de maior bilheteria mundial atingindo quase 700 milhões de arrecadação. São números impressionantes para uma produção fora do eixo hollywoodiano. No Brasil o filme passou longe dos cinemas e chegou abandonado na Netflix sem alarde. Na trama, no ano de 2500, a Terra passa por um difícil período de sobrevivência enquanto o sol fica cada vez mais perto de seu desaparecimento completo. Para tentar salvar a raça humana, um destemido grupo de jovens enfrenta o desafio de reestabelecer a ordem e embarca em uma viagem para fora do nosso sistema solar. Muitas pessoas defendem a obra pela sua qualidade técnica perante aos blockbusters americanos por outro lado, é uma pena que esta configuração seja prejudicada por um roteiro bagunçado e condução surpreendentemente fraca. Logo no inicio sua aparência segue a tradição dos épicos da China e os efeitos especiais são usados ​​com certa moderação com um  design de produção inteligente. Mas tudo isso muda quando a ação começa e o filme  se transforma em uma apressada overdose de efeitos especiais sem muita organização. Prateleiras de gelo caindo, satélites em disparada e quantidades infinitas de destroços cósmicos esticam a visão do diretor muito além do que deveria se igualando aos mestres do espetáculo digital de Hollywood, Roland Emmerich e Michael Bay. O diretor Frant Gwo usa as duas horas de filme para contornar a quantidade de informações e reviravoltas de maneira superficial nas descobertas científicas e nos riscos de cada missão. Nem a montagem e o roteiro se entendem e pulam freneticamente de uma decisão à outra. Não há arcos claros, nem momentos de drama humano com personagens sem carisma tornando a trama  fria além de mentalmente desgastante. O resultado é uma obra sem alma e caótica que infelizmente chama a atenção pelo visual e não pelo conteúdo. CANSATIVO.


O filme está disponível no Netflix.

Hype: REGULAR

quarta-feira, 22 de maio de 2019

BRIGHTBURN - FILHO DAS TREVAS (2019) de "David Yarovesky"


Filme busca no mito dos super-heróis (particularmente em Superman) trazer uma história no mínimo curiosa de origem de um ser de outro mundo que definitivamente não vem em busca da paz. 

O teor sangrento e perturbador da história é um choque desagradável que age como um antídoto para o dilúvio de filmes de super-heróis, a maioria bastante determinados a fazer o bem. Não espere uma produção pretensiosa e sim uma homenagem aos Filmes B de antigamente misturado a uma temática de filme de terror. Imagine se aquele bebê alienígena vindo de outro planeta e adotado por uma família em uma fazenda fosse do mal? Essa premissa que move Brightburn: Filho das Trevas. Cabe ao expectador entrar no fluxo do que é apresentado sem o compromisso ou ambição de uma superprodução. Na trama, quando uma criança alienígena cai no terreno de um casal da parte rural dos Estados Unidos, eles decidem criar o menino como seu filho. Porém, ao começar a descobrir seus poderes, ao invés de se tornar um herói para a humanidade, ele passa a aterrorizar a pequena cidade onde vive, se tornando uma força obscura na Terra. Não é um filme surpreendente, é uma produção pequena, quase independente que pode ganhar pontos dependendo do interesse do público  em produções alternativas, similares a Cloverfield, Poder sem Limites entre outros, que buscam uma outra linha conceitual para fugir do tradicional. O diretor David Yarovesky (A Colmeia)  conta com ajuda do cineasta James Gunn (responsável pela franquia dos Guardiões da Galáxia), que produz o longa de terror aonde trabalhou com seu irmão, Brian Gunn, e seu primo, Mark Gunn, que desenvolveram o roteiro. No elenco Elizabeth Banks e David Denman são os pais do garoto  Brandon Breyer interpretado por Jackson A. Dunn. Grande parte do filme está focado no garoto e sua família enquanto fica bem claro que há algo muito especial sobre ele e está a poucos momentos de ser desencadeado. O filme constrói tensão cedo, cada segundo é tingido de medo. O enredo real, espremido em um tempo de execução de 91 minutos é apressado, detalha pouco e instiga muito, não passa muito tempo fingindo ser o que não é além de alguns acenos visuais simples mais eficazes assim como um "gore" bem executado. Talvez o principal problema da história é a falta de esforço para construir o mistério e desenvolver os personagens e suas consequências. As soluções são fáceis e as reviravoltas pouco refinadas e de certa forma impetuosas com o casal. Grande parte do que se propõe é convincente e mais próximo do terror. No geral, o personagem de Brandon exerce sua vilania com algumas audaciosas mortes, destaque para a cena do acidente de carro, uma das sequências mais inventiva e sangrenta do filme que conta com um orçamento minúsculo para o padrão de Hollywood de US$ 6 milhões de dólares. Grande parte do bom envolvimento com o personagem também se deve a um desempenho habilidoso do relativamente novato Dunn (ironicamente visto pela última vez como um Scott Lang de 12 anos em Vingadores - Ultimato). Enquanto o filme não permite tanto tempo para trabalhar o personagem, Dunn tem a capacidade de elevar Brandon de supervilão a algo mais, fazendo-nos acreditar que ainda pode haver alguma humanidade por trás de sua máscara caseira tipica de um "serial killer" a lá Jason. É um filme que evita o lugar comum brincando com os clichês, inclusive há uma cena pós crédito muito bem sacada  com a música "Bad Guy" de Billie Eilish. Assista sem compromisso. HERÓI???


O filme estréia nos Cinemas nesta Quinta Feira (23/05) pela Sony Pictures.

Filme visto na Cabine de Imprensa realizada em Brasília.

Hype: BOM

terça-feira, 21 de maio de 2019

TOLKIEN (2019) de "Dome Karukoski"


Cinebiografia sonolenta retrata os anos iniciais da vida de um dos maiores escritores da literatura fantástica, J.R.R. Tolkien e sua obra que até hoje possui um valor inigualável na Cultura Pop. 

Este modesto e honesto drama de época oferece sua própria versão romântica dos acontecimentos em sua vida esbarrando na questão de seu papel como fonte de um dos maiores fenômenos do entretenimento recente, a adaptação de O Senhor dos Anéis. Tolkien, discretamente tenta trabalhar tonalidades e problemas pessoais do escritor aliado a sua criatividade de lidar com os seus dramas pessoais. Esse tumultuado desenrolar envolve um romance e uma guerra criando uma resiliência no rapaz em transformar o seu imaginário em algo admirável. Esse retrato calmo da vida acadêmica do famoso escritor é o reflexo desde pequeno filme biográfico juntando fatos com o roteiro de Stephen Beresford e David Gleeson dedicando mais atenção ao fascínio dele por línguas antigas e fictícias do que a seu romance proibido com Edith Mary. Bratt (Lily Collins). O principal problema da história é o marasmo e a falta de interesse em focar em seu lado esotérico e de certa forma "Nerd" que inspirou sua adorada obra. Esse retrato do artista quando jovem, como um estudante talentoso, que se vê olhando para uma arma em uma guerra e prefere não lutar, é o embate mais interessante de um filme que foge completamente de seu papel de interlocutor de sua obra, deixa muito a desejar como biografia do grande escritor e talvez desperte fascínio nos fãs mais pacientes. A trama explora os anos de formação do autor interpretado por Nicholas Hoult ao encontrar amizade, amor e inspiração artística entre um grupo de colegas excluídos da escola. Isso o leva para a eclosão da Primeira Guerra Mundial, que ameaça acabar com essa “irmandade” criada entre eles. Todas essas experiências inspirariam Tolkien a escrever seus famosos romances da Terra-Média. Dirigido pelo cineasta finlandês Dome Karukoski, em seu primeiro grande filme, ele constrói uma bela história de superação, sobretudo para quem sobreviveu à Primeira Guerra Mundial, mas está muito aquém do que uma cinebiografia de Tolkien poderia alcançar diante sua popularidade. É um filme pequeno, com uma trajetória um tanto quanto discreta de seu legado, que deslanchou entre 2001 e 2003 com os filmes de O Senhor dos Anéis dirigidos por Peter Jackson e se estabeleceu no cinema, mantendo até hoje o recorde de Oscars numa saga (17 ao todo, sendo 11 apenas em O Retorno do Rei). A adaptação de O Hobbit por Jackson, lançada entre 2012 e 2014, não conquistou o mesmo reconhecimento de crítica. Em 2017, a Amazon anunciou a produção de uma série para sua plataforma de streaming, o Amazon Prime Video, baseada no universo de Tolkien. Ainda não há confirmação a respeito da data de lançamento, mas sabe-se que a série abordará um período pouco explorado da mitologia, situada antes dos eventos narrados em "O Senhor dos Anéis". O poder de J.R.R. Tolkien na literatura, cinema e em breve na TV com essa produção milionária da Amazon só representa a força do seu legado que neste filme se resume na composição do autor como protagonista sem oferecer qualquer vestígio de sua genialidade e processo criativo, culminando em uma boa história e uma frustante condução nada ambiciosa. DISCRETO E SEM BRILHO.


O filme tem estréia nos cinemas na próxima Quinta-Feira (23/05) pela Fox Filmes.

Filme visto da Cabine de Imprensa realizada em Brasília.

Hype: REGULAR

segunda-feira, 20 de maio de 2019

GAME OF THRONES - TEMPORADA 8 - FINAL


O último episódio coloca um ponto final na maior produção televisiva já realizada, considerando-se vários recordes de audiência, orçamento gigantesco e diversos prêmios recebidos em várias temporadas da série. 

O fenômeno foi expressivo em todos aspectos. A produção criada por David Benioff e D. B. Weiss, baseada nos romances de As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin, conquistou uma legião de fãs intensamente apaixonados  pela trama, ora com violência explícita, nudez e temas pesados e ora seguindo quase um tom novelesco com intrigas e diversas reviravoltas. Por ser uma adaptação, o maior desafio de seus produtores foi dar continuidade a um trabalho não finalizado por seu criador nos livros e tentar fechar as tramas e continuar com a admiração de fãs bem exigentes, até pela qualidade apresentada desde sua primeira temporada. O seriado virou um fenômeno seja pelo selo de qualidade HBO ou mesmo pela sagacidade de uma história com um mitologia bastante peculiar e complexa. Isso, nenhuma outra produção realizada na TV tira de Game of Thrones, porém, a série perde pela própria ganância e falta de cuidado de seus realizadores. A decepção com as temporadas que não foram adaptadas dos livros é algo tangível pelo nível de expectativa gerada e anos de produção. Não que a série tenha perdido sua qualidade no âmbito geral mas errou justamente no momento decisivo e perdeu sua identidade perante ao seu próprio público. O principal ponto de desvio vai para as ações dos personagens sendo incoerentes com sua trajetória. Grande parcela da culpa vai a autores e roteiristas que ficaram milionários no processo e abandonaram suas criatividades e mutilaram a série em suas duas últimas temporadas com preguiça e desprezo de trabalhar os arcos além de seguir "fanfics" gerando incredibilidade no material fornecido. Não há dúvidas que o fato do criador George R. R. Martin não ter se esforçado em finalizar os livros também tem sua parcela de culpa, assim como a HBO em apressar o processo e continuar com seu produto de maior sucesso. Fora isso existem outras questões que tiraram a excelência da série justamente em sua última temporada. A temporada começa com o Episódio "Winterfell"  aonde Jon e Daenerys chegam a Winterfell com forças Imaculadas e Dothraki, mas os nortistas não sabem o que fazer com os recém-chegados. Enquanto isso, Cersei descobre o que aconteceu no Muro, Theon planeja salvar sua irmã, e Arya se reencontra com vários rostos antigos. Talvez esse seja o episódio mais fiel a trajetória da série aonde tudo começa de certa forma a se encaminhar para um final. "A Knight of the Seven Kingdoms" tenta trabalhar o que vem a frente e sofre de uma direção perdida e sem foco. "The Long Night" é uma preparação a grande batalha de toda a série, que foi trabalhada incessantemente durante temporadas e começa a receber um tratamento superficial até chegar talvez no episódio mais controverso de toda série, "The Last of the Starks", é a pior  batalha da série e sinceramente fica uma questão, por qual motivo não criar algo épico no momento mais crucial da série? A escuridão das cenas na principal batalha  e o desenrolar de tudo destoa de tudo que a série tinha apresentado. No episódio 5 "The Bells" era chegada a hora do principal embate da série e tudo foi encaminhado friamente sem qualquer surpresa ou comoção digna de Game of Thrones, o que foi apresentado não é eficaz e muito menos memorável. Por fim, chegamos ao último episódio, convenhamos que o final "The Iron Throne" foi o fechamento de uma direção já determinada e errante nessa condução final e mesmo com momentos inesquecíveis (mais pela admiração dos personagens do que pela história em si) o que assusta são as soluções fáceis, algo quase incomum no seriado, foi um fechamento melancólico, burocrático e decepcionante em quase todos os aspectos. Infelizmente não foi o final que esperávamos de GOT como carinhosamente os fãs se retratavam e não sabemos exatamente o grau de satisfação de cada fã porém a nossa sensação é que ficou faltando algo, os personagens ganharam seus desfechos mas nada que fosse no nível épico da série. No fim das contas, o seriado que mudou paradigmas na TV deixará saudades (em sua totalidade, 8 temporadas e 73 episódios) mesmo com um final questionável que dividiu opiniões. O FIM QUE NINGUÉM QUERIA.


OITAVA TEMPORADA com 6 episódios disponíveis no HBO GO! 

Hype: BOM

sexta-feira, 17 de maio de 2019

O SOL TAMBÉM É UMA ESTRELA (2019) - "The Sun Is Also a Star" de "Ry Russo-Young"


A adaptação de uma das obras mais vendidas do “The New York Times” nos últimos anos, o drama adolescente traz uma temática romântica e uma mensagem de superação e aceitação das diferenças mediante a uma problemática real de imigração. 


O drama é a nova aposta para o público jovem que esse ano além das milhares de produções da Netflix ainda teve nos cinemas as produções "A Cinco Passos de Você" e "AFTER", quem gosta de histórias escancaradamente românticas é o filme certo para indicar. Quem espera algo mais não se surpreenderá com nada apresentado. A produção tem seu lado positivo  saindo um pouco do clichê dos romances juvenis recentes tentando aliar o sentimento dos dois protagonistas com temas sérios e atuais como a imigração e as diferenças étnicas, que estão no centro do debate atual. Natasha Kingsley (Yara Shahidi) e Daniel Bae (Charles Melton), personagens principais são vagamente baseados na autora do livro que deu origem ao filme e seu marido. O livro é baseado na história de vida dos dois. No filme a história se torna bastante frágil, com elementos interessantes ao mesmo tempo que flui de forma monótona, é quase uma versão teen de “Antes do Amanhecer”, sucesso cult de Ethan Hawke e Julie Delpy, só que sem as reflexões e com um direcionamento mais focado ao final feliz. A história gira em torno do romance entre o jovem coreano Daniel Bae e uma garota jamaicana chamada Natasha Kingsley. Ele é um jovem romântico, enquanto ela é o oposto: totalmente pragmática e racional, nem no amor a garota acredita. Os dois vivem na agitada Nova York e se encontram por acaso, quando Daniel salva Natasha de um atropelamento. Enquanto ele se prepara para uma prova na faculdade de Medicina, ela encara o fato de que sua família será deportada dos Estados Unidos. Atraídos um pelo outro, eles passam o dia juntos num jogo de gato e rato: ele quer entrar no jogo, ela sabe que não há futuro para os dois – mas, no fundo, espera que algo aconteça. A direção efetiva de Ry Russo-Young tenta fluir uma química natural entre os jovens atores, no entanto, mesmo com boas sacadas não chega a encantar. Shahidi, um bom destaque da série "Black-ish" não consegue fluir bem na personagem e transparece em cena uma rigidez  até meio massante. Melton; a estrela de "Riverdale", não consegue arrancar suspiros das meninas em suas cenas, porém o maior problema do filme é não investir no humor como alivio, sendo em grande parte, um romance sem sal e totalmente pragmático e realista quanto aos objetivos. No fim das contas, o expectador vai preferir fugir dessa problemática ao se iludir com um final feliz em tempos sombrios. O AMOR E OS OBSTÁCULOS.


O filme é distribuido pela WARNER BROS.

Hype: REGULAR - Nota: 5,5

Filme visto na CABINE DE IMPRENSA realizada em Brasília.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

KARDEC (2019) de "Wagner de Assis"


Hype: REGULAR

Filme que pincela a história por trás do nome Kardec tem tom favorável a vida do educador francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, que passou à história como Allan Kardec e deve agradar principalmente aos seguidores de sua doutrina em filme bem produzido porém burocrático. Existe toda uma preocupação didática que não é aprofundada e em muitos momentos se perde a frases de efeito e situações engessadas para mostrar como sua pesquisa ganhou o mundo. Entre as investigações iniciais dos fenômenos até a construção de uma doutrina espírita, os fatos transcorrem muito rapidamente e passam a sensação de assistir ao resumo de uma história muito maior. A experiência certamente será melhor de quem já está iniciado ao tema ou já conhece Kardec. Dirigido por Wagner de Assis que já percorreu o espiritismo em "Nosso Lar" (2010), baseado em livro de Chico Xavier, o assunto tem um viés com tratamento doutrinário ao enredo. Não chega a ser imparcial e deixa bem claro que é um filme panfletário e isso não chega a ser um problema, porém, na falta de uma narrativa atraente percorre um caminho direcionado aos seguidores do espiritismo. Sua história vai direto a quem tem contato ou pelo menos está de cabeça aberta para uma aproximação ao assunto. A produção é primorosa e com bastante qualidade além de uma fotografia que se destaca. A representação de Paris do século passado é louvável e tem um tratamento de superprodução que em nada se perde a qualquer filme dos grandes estúdios. O elenco traz atuações convincentes de Leonardo Medeiros e Sandra Corveloni, que interpretam Kardec e sua mulher, Amélie-Gabrielle Boudet. Mesmo com a boa química em tela eles ficam presos em um roteiro que os impede de brilhar. Sua história vem de um roteiro baseado no livro de Marcel Souto Maior que mostra conclusões que sustentam a proposta de normatizar o contato com os mortos usando o professor como meio para tal fim. O arco de acontecimentos é bastante extenso e é resumido em como Allan Kardec teve contato com às mesas espíritas que proliferam na Paris do século 19, até sua aceitação de que tal contato é possível e o desenvolvimento de um método científico para comprová-lo, mesmo sendo cético no início. O filme se estende à publicação de "O Livro dos Espíritos", sua condição de best-seller e às perseguições da igreja e da comunidade científica. Existe um resumo desses acontecimentos e tudo se expõe rapidamente em um ritmo narrativo previsível e pouco envolvente. É uma produção brasileira com bastante qualidade técnica e que tem seu público cativo mas ainda não chega a ser um filme acessível ao grande público e também a brilhar pelos méritos cinematográficos em sua totalidade sendo uma breve passagem como biografia de uma personalidade controversa em alguns aspectos em um filme que tenta normatizar sua vida. O mais favorável da produção, sem dúvidas, é mostrar uma pessoa popular em seu meio que sofreu e venceu uma perseguição religiosa danosa, e, mesmo em defesa de um credo não deixa de ser um importante meio a defesa de um estado laico e até mesmo de uma educação menos tendenciosa a uma religião específica. Toda essa luta de Kardec e também outras questões urgentes abordadas como a liberdade de expressão sempre são bem vindas em uma produção com visibilidade e já valem o ingresso. INTERESSANTE!


O filme entra em cartaz nos cinemas hoje 16/05 pela SONY PICTURES e CONSPIRAÇÃO FILMES!

Filme visto na CABINE DE IMPRENSA realizada em Brasília! 


quarta-feira, 15 de maio de 2019

HELLBOY (2019) de "Neil Marshall"


Novo filme do herói naufraga na incapacidade de explorar a mitologia do personagem em filme exaustivo e sobrecarregado de reviravoltas que não consegue nem se igualar a adaptação realizada por Guillermo del Toro de anos atrás. 

Mesmo com o aval do criador do personagem o resultado é totalmente desorganizado, seja como história ou como adaptação do material utilizado dos quadrinhos, usando diversos arcos sem ir a lugar nenhum. O filme tem classificação etária de 16 anos devido a extrema violência, esse é único ponto positivo do filme, seu tom demoníaco e ultra violento é o único acerto junto com sua insanidade como espírito que rege a história. Resumindo, o longa metragem agradará somente quem busca revisitar o personagem pois a  nova versão não injeta vida nova e não empolga. O demoníaco anti-herói foi criado nos quadrinhos em 1993 e vem sendo publicado pela editora Dark Horse sob a tutela do seu criador Mike Mignola voltando as telas sem qualquer cuidado gerando um dos filmes de heróis mais bizarros dos últimos tempos. Na trama, Hellboy (David Harbour) ao chegar à Terra ainda criança, após ser invocado por um feiticeiro contratado pelo governo nazista, foi criado como um filho por Trevor Bruttenholm (Ian McShane), um professor que estava no local no momento em que emergiu do inferno. Já adulto, Hellboy se torna um aliado dos humanos na batalha contra monstros de todo tipo. Quando a poderosa feiticeira Nimue (Milla Jovovich), também conhecida como a Rainha Sangrenta, insinua seu retorno, ele logo é convocado para enfrentá-la. A produção vai para o seu desenvolvimento com inserções de flashes quebrando o ritmo da ação e levando o personagem a correr de uma situação para outra, com interações estranhas. Quem ainda traz um frescor em sua participação é o porco gigante Gruagach (Stephen Graham), lembrando de leve as incríveis criaturas criadas por Del Toro. Gruagach está reunindo os membros de Nimue e ela está ávida para persuadir Hellboy a trazer o caos ao mundo. Fora isso, ainda temos um ato final que tenta ser grandioso mas que por conta de um orçamento baixo perde feio para toda produção de arte simplista dos filmes anteriores. Aqui o diretor Neil Marshall conduz tudo com muita pressa misturando uma fotografia efetiva com uma maquiagem estranha, David Harbour se esforça como Hellboy mas suas piadas destoam das situações de humor sombrio característico do personagem. À vilã de Milla Jovovich tem atuação constrangedora e nada se destaca em um arco previsível e que pode ainda ser bastante julgado pela sua alma "gore" fora de contexto, com muito sangue e corpos decepados com um aspecto de fantasia adulta e de violência gratuita, em muitas vezes de bastante mal gosto. No fim das contas este "reboot" se esforça para equilibrar a lenda arturiana, o drama de pai e filho, a trama sem muito sentido com sustos grosseiros e sequências de ação bem difíceis com truques digitais excessivos e complicados, misturados ainda a uma trilha sonora hard-rock barulhenta. Falta sentido e organização nisso tudo, nada funciona, assista por sua conta e risco. BAGUNÇADO.


O Filme estréia nos Cinemas nesta Quinta (16/05) pela IMAGEM FILMES.

Filme visto na CABINE DE IMPRENSA realizada em Brasília.

Hype: RUIM

terça-feira, 14 de maio de 2019

JOHN WICK 3 - PARABELLUM (2019) de "Chad Stahelski"


Hype: ÓTIMO

Terceiro capítulo da saga estrelada por Keanu Reeves não decepciona com cenas de ação alucinantes e lutas incríveis, o expectador tem pouco tempo para respirar e traz ação ainda mais impressionante que seus antecessores. O filme só decepciona quem espera que a trama saia do lugar. A franquia começou com o sucesso inesperado de "De Volta ao Jogo" de  (2014), sem se prender a necessidade de ser um blockbuster, o filme apresenta o personagem  John Wick ao público com insanos combates para vingar a morte de seu cachorro. "Um Novo Dia para Matar" (2017) aprofunda a relação de John Wick com uma organização secreta de assassinos, ele termina por quebrar as regras, expulso e perseguido. "Parabellum" começa exatamente aonde o último filme terminou, com o personagem enfrentando desafios cada vez maiores para continuar vivo. Reeves, que atualmente não consegue emplacar um grande sucesso atuando em filmes independentes ruins, pelo menos se entrega ao personagem sendo a alma de John Wick. Ele tem um equilíbrio interessante nos momentos de ação e também nos dramáticos. O ator, aos 54 anos, tem a ajuda de uma equipe de coreógrafos e dublês, mas é parte essencial da trama o vínculo que ele cria com o público. Na trama, após assassinar o chefe da máfia Santino D'Antonio (Riccardo Scamarcio) no Hotel Continental, John Wick (Keanu Reeves) passa a ser perseguido pelos membros da Alta Cúpula sob a recompensa de U$14 milhões. Agora, ele precisa unir forças com antigos parceiros que o ajudaram no passado enquanto luta por sua sobrevivência. No momento em que fica difícil de entender por que o ex-matador luta tanto pela sobrevivência, ele mostra que seu único objetivo é poder continuar lembrando da mulher, vítima de uma doença terminal. A explicação dá um pouco mais de coração a um filme que poderia ser só lutas e tiroteios, John Wick não declarou guerra contra o mundo por causa apenas de um cachorrinho. A cada cena o vislumbre da estética das lutas é a grande sacada. A ação vai desde cavalos usados quase como armas na mão do protagonista, uma luta sensacional em motos e também a participação de cachorros em uma fuga alucinada, Parabellum brilha nas maneiras mais inacreditáveis em que apresenta seus confrontos. Grande parte do processo evolutivo da franquia vai na adição de bons coadjuvantes, dois mestres das artes marciais como adversários aumenta ainda mais a dificuldade  do personagem. Mark Dacascos (Pacto dos Lobos e milhares de filmes B de ação) tem boa participação além de Yayan Ruhian (Operação Invasão) que protagoniza uma das cenas mais atordoantes. Não para por aí, temos Ian McShane (Deuses Americanos), Lawrence Fishburne (Matrix), Halle Berry (A Última Ceia) e Anjelica Houston (A Familia Addams). Essas participações acontecem sem muitas explicações e cumprem o papel de apenas serem um complemento na jornada de Wick ao longo do filme e ajudam a expandir a história do assassino e são bastante interessantes. Parabellum dificilmente  será o fim do personagem de Wick e a sensação é essa quando acaba o filme, que a história não avançou suficientemente para ser decretado como final e isso não é de forma alguma negativo se o estúdio souber conduzir a franquia. São mais de duas horas alucinantes em uma saga que agrada muito bem seu público alvo e cresce como blockbuster com capacidade de angariar mais fãs. IMPERDÍVEL.


O filme estréia nos cinemas nesta Quinta (16/05) pela PARIS FILMES.

Filme visto na Cabine de Imprensa realizada em Brasília.

segunda-feira, 13 de maio de 2019

BOOGARINS - "Sombrou Dúvida" (2019)


A celebrada banda goiana de rock psicodélico lança seu quarto álbum gravado nos E.U.A e desponta como uma das bandas mais interessantes da cena de rock independente brasileira. 

Sem se incomodar com o relativo sucesso, o grupo apresenta trabalho investindo em tudo que deu certo nos álbuns anteriores e implementando o lado "pop" do grupo aliado as misturas que são um misto de sons. A banda surgiu há 6 anos atrás com o primeiro disco, “As Plantas que Curam”, criado em Goiânia, o quarteto formado por Dinho (vocalista), de Benke Ferraz (guitarrista e teclista), de Raphael Vaz Costa (baixista) e de Ynaiã Benthroldo (baterista) é muito celebrado nos últimos anos pelo frescor das canções e musicalidade, principalmente no exterior. Só em festivais já cravou seus nomes no South By Southwest, Coachella, Primavera Sound e Rock in Rio Lisboa. O nome do trabalho “Sombrou Dúvida” é um jogo de palavras, uma contração de “Sombra ou Dúvida”, o primeiro single do álbum já lançado anteriormente. A banda se firma com letras que flertam com o obscuro ao mesmo tempo que lançam estímulos ao ouvintes. O diferencial da banda sempre foi a brincadeira de não seguir padrões e cada som ser uma surpresa vibrante. Leia o que achamos de cada faixa. "As Chances" o álbum começa na atmosfera lúdica da banda com uma canção que cresce a cada instante e acompanhado de efeitos. "Sombra ou Dúvida", a faixa que dá nome ao disco é mais pop, inclusive na voz de Dinho, com menos efeitos em relação a outras faixas. "Invenção" traz a musicalidade e o maneirismo presente na banda, misturando faixas e realizando uma brincadeira divertida entre músicas com um baixo interessante. "Dislexia ou Transe" tem toda pegada transcendental e psicodélica que virou marca registrada da banda. "A Tradição" surge como um freio na viagem com uma energia calma. "Nós" é uma balada obscura e atraente. “Tardança”, única não composta pelo vocalista/guitarrista Dinho, foi feita pelo baixista Raphael Vaz, que colocou seu balanço swuingado."Desandar" traz uma certa melancolia regada ao ritmo composto por guitarras sombrias. "Te quero longe" traz um ar bucólico sem perder a energia. "Passeio" fecha o álbum protocolando que mesmo em sintonia com seu som o trabalho finaliza com mais perguntas que respostas. A irreverência que caracterizou o "hype" da carreira do grupo se desponta principalmente pela curiosidade de rotas e muitas vezes rodeado de mistérios, as músicas ganham pontos a cada audição em uma nova vertente e esse trabalho tenta se concretizar e criar algum tipo de vínculo ao ouvinte porém não é um trabalho acessível e requer um tempo dedicado de audição. O ideal é se entregar ao imaginário musical da banda e alinhar expectativas com uma viagem transcendental de melodias.VIAJANTE

MÚSICA FAVORITA DO ÁLBUM: "Sombra ou Dúvida"



São 10 músicas disponíveis nas principais plataformas digitais pela LAB 344!

Hype: BOM




quinta-feira, 9 de maio de 2019

TIAGO IORC - "Reconstrução" (2019)


Tiago Iorc lança de surpresa seu novo álbum, transitando em caminho que já domina com  maturidade e equilibrando as temáticas favoritas do músico em canções, ora românticas/solar e ora melancólicas/escuras. 

O cantor consegue se posicionar na MPB atual com efetividade. Junto com as músicas foi apresentado também uma experiência visual com 13 clipes das canções, como se fossem curtas-metragens, que juntos, formam um filme, uma estratégia que começa a ganhar cada vez mais força e estimulada após o sucesso de Lemonade da cantora Beyoncé. Tiago Iorc assina a realização do filme com Rafael Trindade. Os videos contam a história de um casal, composto pelo próprio cantor e pela modelo maranhense Michele Alves. Apesar de ser um álbum conceitual, as novas canções revisitam os assuntos e estilos que Tiago Iorc já utilizou em seus outros trabalhos como Umbilical (2011) e Zezki (2013), com ênfase em temas românticos, agora embalados por arranjos menos óbvios e letras mais reflexivas, uma repaginada necessária e nada massante ao ouvinte. Após a ausência dos holofotes desde seu último trabalho Troco Likes de 2015, trabalho esse que gerou hits como "Coisa Linda" e "Amei Te Ver", houve uma superexposição do cantor na mídia, ele então decidiu no início de 2018 realizar uma pausa na carreira causando surpresa aos fãs. Da mesma forma que sumiu ele voltou sendo um dos assuntos mais comentados na internet na última semana, assim como suas músicas atingindo rapidamente as paradas de sucesso. Para se ter uma ideia da força do cantor, todas as 13 músicas do álbum entraram no TOP 50 do Spotify Brasil, sendo o primeiro artista brasileiro a conseguir tal feito. O fato do sucesso perseguir o cantor não diminui seu esforço em apresentar algo novo. Leia o que achamos faixa a faixa. "Descontrução" abre o trabalho com uma balada profunda sobre dependência digital, triste e bem centrada em sua bela letra. Homenagem a Chico Buarque? parece que sim. "Hoje Lembrei do Teu Amor" traz uma energia vibrante em uma música solar."Deitada nessa Cama" é uma balada romântica dentro da variável já realizada pelo cantor. "Fuzuê" traz uma batida chiclete e clichê com víeis radiofônico com rimas espertas."Faz" brinca com a sonoridade tentando diversificar o repertório com uma canção divertida. "Tangerina" tem uma atmosfera interessante e um frescor que o cantor poderia ter explorado mais nesse trabalho. "Laços" tem uma pegada noturna  e tenta afastar o tom depressivo da letra. "Nessa Paz eu Vou" é agradável e tem uma pegada de voz e violão novamente exaltando na letra os prazeres da vida presencial e menos digital. "Tua Caramassa" mostra que o cantor consegue na alegria ou na tristeza apresentar um bom arranjo. "Me Tira para Dançar" flerta com samba e traz modernidade ao som. "A Vida nunca Cansa" traz a melancolia ressaltando a voz do cantor quase flertando com o folk. "Bilhete" vem como sua mensagem recomeço ou de reconstrução aliado a paciência e a resiliência. Escrita em parceria com o músico gaúcho Duca Leindecker. "Sei" encerra o álbum com uma atmosfera misteriosa e pouco confortador. O álbum impressiona pela produção, arranjos e interessantes abordagens. O trabalho funciona perfeitamente em seu paralelo com os videos. Tiago Iorc se renova com densidade mas sem perder a habilidade com o violão como instrumento central. No fim das contas, ele lança um álbum gostoso de ouvir que agrada aos fãs, revisita seu trabalho e traz um frescor de criatividade ao seu repertório." EFICIENTE.

MÚSICA FAVORITA: "Tangerina"



São 13 músicas inéditas disponíveis nas principais plataformas digitais pela Universal Music

A experiência visual pode ser vista no You Tube com os 13 videos das músicas.

Hype: ÓTIMO

quarta-feira, 8 de maio de 2019

TUNGA - O ESQUECIMENTO DAS PAIXÕES (2018) de "Miguel de Almeida"


Hype: REGULAR

Cinebiografia do primeiro artista contemporâneo do mundo e o primeiro brasileiro a expor no Museu do Louvre, em Paris ganha as telas de cinema com relatos sobre sua vida e obra. Para quem gosta de Documentário é uma boa opção. Considerado um dos artistas contemporâneos mais importantes no Brasil, Antônio José de Barros Carvalho e Mello Mourão, seu nome verdadeiro, transitou entre a escultura, a performance, o cinema e o desenho. Aos 22 anos, em 1974, fez sua primeira mostra individual, no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. Tunga morreu em 2016, em decorrência das complicações de um câncer de garganta. Hoje, sua obra ocupa duas galerias permanentes no museu Inhotim, em Brumadinho (MG) e integra o acervo do museu Guggenheim nas unidades de Nova York e Veneza. O documentário mostra a trajetória do escultor, desenhista e artista performático que ficou mundialmente conhecido como Tunga, ele nasceu em Pernambuco e estudou arquitetura, urbanismo, literatura, filosofia, psicanálise, teatro, cinema e ciências exatas e biológicas para realizar seus trabalhos. Desenhista, escultor e artista performático, ele é considerado um dos criadores brasileiros mais representativos da arte contemporânea e o filme aborda os fragmentos de suas performances, instalações e obras. O diretor Miguel de Almeida constrói sua visão da vida e da obra do artista e relatos de Gerardo Mello Mourão, pai de Tunga, trazendo material diversificado de um dos maiores artistas plásticos contemporâneos. O filme é quase como um questionamento não só do trabalho de Tunga como também da própria arte com imagens e esculturas complexas e impactantes, grande parte com à narração da cantora Marina Lima e embalado pelo rock and roll psicodélico e tropicalista dos anos 1960 e 1970. Os questionamentos servem  como forma de conflito ao trabalho do artista que rompeu as fronteiras da arte contemporânea e fez sua extensa obra de esculturas, performances e experimentações rodar o mundo inteiro. O Esquecimento das Paixões não chega a ser um trabalho definitivo até pelas imagens a depoimentos estarem bem compactos. Esta não-ficção termina como uma breve visão da inquietação do próprio artista sem tomar partido e deixando ao expectador tirar suas próprias conclusões de suas obras. A quem se permitir, o documentário não chega a ser um registro para apreciação, tanto que é um pouco apressado e os depoimentos podem acrescentar pouco em um vasto campo de obras. A obra conta com os depoimentos de Miguel Rio Branco, Paulo Sergio Duarte, Cildo Meireles, Bernardo Paz, Murilo Salles, Fernando Sant’Anna, Arthur Omar, Cosmo Tomé da Silva, Leonardo Gomes Guimarães e Zé Mario Pereira. Tunga, o esquecimento das paixões traz um mergulho no reconhecimento do artista contemporâneo e termina como uma leve revisitação a sua memória e cada vez mostrando que o regional pode sim ser universal. ARTE!


O Documentário chega nos cinemas em circuito limitado nesta Quinta-Feira 09/05 pela CUP!

terça-feira, 7 de maio de 2019

POKÉMON - DETETIVE PIKACHU (2019) "Detective Pikachu"" de "Rob Letterman"


Hype: BOM

Live Action de Pokémon acerta em quase tudo e proporciona momentos divertidos no cinema e também de muita fofura explicita das criaturinhas que são uma sensação mundial. O desafio de expandir um universo tão peculiar e envolto de fãs exigentes configuram em um cenário complicado ao diretor Rob Letterman que encontrou saídas interessantes e ainda conseguiu criar uma nova perspectiva desta vez em carne e osso. Caso seja um sucesso nas bilheterias as possibilidades são muito boas. Pokémon se tornou sucesso mundial desde o lançamento da série televisiva em 1997. A marca gerou jogos de videogame, filmes, brinquedos e uma infinidade de coisas. Seu personagem principal, Pikachu é reconhecido e amado mundialmente. Há três anos, pokémon mostrou sua força com o game Pokémon GO diretamente no celular e que levou os fãs à loucura e nas ruas em busca dos bichinhos. O potencial da franquia é enorme tendo em vista que outros produtos japoneses também conseguiram chacoalhar a cultura pop mundial mas nem sempre em variadas plataformas de entretenimento. Desta vez Pokémon retorna com um longa-metragem intitulado "Detetive Pikachu", inspirado em um jogo e produzido pela Warner Bros que detém os direitos da marca juntamente com a The Pokémon Company. A produção estréia como uma opção certeira para crianças e fãs de Pikachu e cia. A trama gira em torno de Tim (Justice Smith), um jovem que une forças a Pikachu (com captação de movimento e dublagem do ator Ryan Reynolds) para desvendar o misterioso desaparecimento do pai dele. Ele vive em Ryme City, cidade em que pokémons e humanos convivem normalmente. Inspirado pelos sonhos malucos do bilionário filantropo Howard Clifford (Bill Nighy), Ryme City há muito tempo acabou com as batalhas Pokémon, optando por deixar os bichinhos livres (como selvagens) ou se for do seu desejo emparelhar-se a um humano acolhedor. Dentro dessa pespectiva Tim busca resposta e tenta desvendar junto com Pikachu acontecimentos estranhos na cidade assim como o ocorrido com seu pai. No geral, mesmo desorganizado em seu roteiro em partes confuso para leigos do assunto, as criaturas são adoráveis ​​e os efeitos são bem realizados, a ação em 'live action' funciona mesmo que dentro da utopia fofa que abriga o seu mundo. O elenco humano não surpreende muito nas interpretações e o tom bem humorado do filme se baseia na auto-referência do conhecimento prévio dos pokémons, isso faz com que essas piadas sejam únicas com seu público alvo. Ryme City não é apenas a versão ideal de um mundo cheio de Pokémons como também é a melhor versão possível para “Detective Pikachu”. Mesmo o filme se perdendo em detalhes e na construção de sua história juntamente com um tumultuado e apressado final o resultado é animador. DIVERTIDO.



O Filme estréia nos cinemas nesta QUINTA - FEIRA (09/05) pela WARNER BROS.

Filme visto na Cabine de Imprensa realizada em Brasília!