quinta-feira, 16 de maio de 2019

KARDEC (2019) de "Wagner de Assis"


Hype: REGULAR

Filme que pincela a história por trás do nome Kardec tem tom favorável a vida do educador francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, que passou à história como Allan Kardec e deve agradar principalmente aos seguidores de sua doutrina em filme bem produzido porém burocrático. Existe toda uma preocupação didática que não é aprofundada e em muitos momentos se perde a frases de efeito e situações engessadas para mostrar como sua pesquisa ganhou o mundo. Entre as investigações iniciais dos fenômenos até a construção de uma doutrina espírita, os fatos transcorrem muito rapidamente e passam a sensação de assistir ao resumo de uma história muito maior. A experiência certamente será melhor de quem já está iniciado ao tema ou já conhece Kardec. Dirigido por Wagner de Assis que já percorreu o espiritismo em "Nosso Lar" (2010), baseado em livro de Chico Xavier, o assunto tem um viés com tratamento doutrinário ao enredo. Não chega a ser imparcial e deixa bem claro que é um filme panfletário e isso não chega a ser um problema, porém, na falta de uma narrativa atraente percorre um caminho direcionado aos seguidores do espiritismo. Sua história vai direto a quem tem contato ou pelo menos está de cabeça aberta para uma aproximação ao assunto. A produção é primorosa e com bastante qualidade além de uma fotografia que se destaca. A representação de Paris do século passado é louvável e tem um tratamento de superprodução que em nada se perde a qualquer filme dos grandes estúdios. O elenco traz atuações convincentes de Leonardo Medeiros e Sandra Corveloni, que interpretam Kardec e sua mulher, Amélie-Gabrielle Boudet. Mesmo com a boa química em tela eles ficam presos em um roteiro que os impede de brilhar. Sua história vem de um roteiro baseado no livro de Marcel Souto Maior que mostra conclusões que sustentam a proposta de normatizar o contato com os mortos usando o professor como meio para tal fim. O arco de acontecimentos é bastante extenso e é resumido em como Allan Kardec teve contato com às mesas espíritas que proliferam na Paris do século 19, até sua aceitação de que tal contato é possível e o desenvolvimento de um método científico para comprová-lo, mesmo sendo cético no início. O filme se estende à publicação de "O Livro dos Espíritos", sua condição de best-seller e às perseguições da igreja e da comunidade científica. Existe um resumo desses acontecimentos e tudo se expõe rapidamente em um ritmo narrativo previsível e pouco envolvente. É uma produção brasileira com bastante qualidade técnica e que tem seu público cativo mas ainda não chega a ser um filme acessível ao grande público e também a brilhar pelos méritos cinematográficos em sua totalidade sendo uma breve passagem como biografia de uma personalidade controversa em alguns aspectos em um filme que tenta normatizar sua vida. O mais favorável da produção, sem dúvidas, é mostrar uma pessoa popular em seu meio que sofreu e venceu uma perseguição religiosa danosa, e, mesmo em defesa de um credo não deixa de ser um importante meio a defesa de um estado laico e até mesmo de uma educação menos tendenciosa a uma religião específica. Toda essa luta de Kardec e também outras questões urgentes abordadas como a liberdade de expressão sempre são bem vindas em uma produção com visibilidade e já valem o ingresso. INTERESSANTE!


O filme entra em cartaz nos cinemas hoje 16/05 pela SONY PICTURES e CONSPIRAÇÃO FILMES!

Filme visto na CABINE DE IMPRENSA realizada em Brasília! 


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