terça-feira, 30 de abril de 2019

O ANJO (2018) "El Ángel"de "Luís Ortega"


Filme argentino impressiona pela boa representação estética de época e ritmo de Thriller mesmo sendo uma história com pesares dramáticos. 

O ator Lorenzo Ferro que encarna Carlos (O Anjo) é o destaque do filme com bastante firmeza e elegância. O filme faz um interessante estudo de seu caráter amoral e sua inocência perturbadora. O retrato realista e sombrio de Buenos Aires, por volta de 1971, onde um garoto de 19 anos sem direcionamento entra em uma onda de crimes e assassinatos, a história ganha um contorno cinematográfico bastante eficaz. O filme possui produção de Pedro Almodóvar e representa o frescor que vive atualmente o cinema argentino com cada vez mais apuração técnica e quase sempre com produções interessantes. A história se passa nos anos 70 e possui muitos outros elementos interessantes em uma biografia ambiciosa sobre um dos casos mais famosos do país latino, a saga do criminoso Carlos Robledo Puch que está preso há 45 anos, o período mais longo de detenção já registrado na história da Argentina. Durante a adolescência, ele confessou ter cometido onze assassinatos, executado mais de quarenta roubos e uma série de sequestros. Alguns de seus atos criminosos configuravam-se como uma forma de impressionar Ramón ( interpretado no filme por Chino Darín), um amigo íntimo. Quando sua identidade foi revelada para o público, ele ganhou o apelido de "Anjo da Morte", “El Angél Negro” ou “El Angél de la Muerte, graças aos seus cachos e rosto angelical, tornando-se uma celebridade instantânea no país. Um jovem bonito, loiro, com cabelos ondulados que começou sua vida criminosa entrando em casas vazias para pegar coisas que chamavam a sua atenção e se tornou um dos maiores criminosos da Argentina, o segundo maior assassino em série do país. O filme de Luís Ortega que assina o roteiro com Sergio Olguín e Rodolfo Palacios, traz um filme que usa de um argumento de certa forma previsível onde o expectador acompanha essa jornada do personagem ao crime e até seus traços de "humanidade", a juventude do personagem traz bons momentos a trama, como quando o "Anjo da Morte" vasculha uma casa que acabará de invadir e se diverte dançando ao som de “El Extraño del Pelo Largo”, da banda "La Joven Guardia". O diretor consegue expor seu objetivo de transformar um sociopata em um ser angelical e em muitos momentos se concentra em fluir a história mesmo com uma metragem de quase 2 horas. O único problema é o exercício banal e vazio de acompanhar um delinquente sem ir a fundo na reflexão dos atos e tratar tudo como um espetáculo. O valor do filme está em expor o que estimulou ou motivou a popular história marginal de Carlos, sua entrada no mundo do crime e permanência até seu complicado e triste final mesmo muitas vezes não sendo tão agregadora como biografia e sim como ficção. VIDA BANDIDA.


O filme é distribuido pela Pagu Pictures.

Hype: BOM - Nota: 7,5



segunda-feira, 29 de abril de 2019

AMIZADE DOLORIDA "Bonding" - "Temporada 1" (2019)


Novo seriado da Netflix tenta surpreender com tema irreverente e termina sendo uma distração curta sem deixar tempo para ser memorável. 

Mexer com tabus que envolvem sexo nem sempre podem ser encarados facilmente pelo público ainda mais nessa atual corrente de moralismo enfrentada pelo mundo, porém, esse nem é o principal problema do seriado, sua duração segue o exemplo de "Special" produção recente da plataforma de streaming com episódios curtos com menos de 20 minutos e caba sendo o seu principal problema. A abordagem acaba por ser rasa, sem diversidade, cheia de esteriótipos e sem muito tempo de convívio entre os personagens com uma trama apressada. Na história, dois amigos que se reencontram anos depois do colegial, Pete (Brendan Scannell) um rapaz gay um tanto introvertido e Tiff (Zoe Levin), sua amiga que agora trabalha como Dominatrix. Tiff realiza as fantasias de dominação de pessoas que ficam excitadas através da humilhação, degradação, vulnerabilidade excessiva e outros. A prática também recebe outras denominações como "Sadomasoquismo", "SM", "Bondage" "BD" ou a junção dos dois “BDSM”. Pete vai se abrindo para as várias interpretações destas dinâmicas de Dominatrix, aceitando o cargo de “assistente” de Tiff devido a dificuldade financeira e gradualmente tomando um papel mais ativo durante os serviços. A série tenta abordar também o reflexo  que o trabalho tem em suas vidas particulares, principalmente com Tiff, que também é uma estudante de psiquiatria, exibindo suas reflexões sobre o processo terapêutico que estas práticas podem proporcionar aos clientes. O tema polêmico é a parte fundamental da experiência mesmo tudo acontecendo sem uma preparação ao expectador. Tudo é levado ao grosso modo ao lado apelativo, claramente querendo chamar a atenção pela representação deste universo “desconfortável” com piadas quase escatológicas sobre Golden Shower, Ejaculação, Fio terra e outros assuntos talvez transgressores ao público. Essa quebra é realizada em formato de piada. Essa abordagem pode de certa forma incomodar toda comunidade que realiza seus desejos sexuais com certa privacidade e o assunto é bastante particular pois a prática ainda é vista como um tabu mas que também ganhou evidência e popularidade com o livro e filme da trilogia Cinquenta Tons de Cinza. Mesmo com ressalvas é uma série muitas vezes  engraçada, inteligente e crua suficiente para contornar possíveis problemas estruturais, pode evoluir em novas temporadas. INDICADO PARA PESSOAS DE MENTE ABERTA.


São 07 episódios, disponíveis na Netflix

Hype: REGULAR





sexta-feira, 26 de abril de 2019

THE CRANBERRIES - "In The End" (2019)


Banda lança "In the End", o oitavo álbum de estúdio do grupo com gravações póstumas da vocalista Dolores O'Riordan. 

O Trabalho foi realizado durante uma turnê em 2017 com os vocais gravados de Dolores, o baixista Mike Hogan  e o baterista Fergal Lawler completaram álbum em homenagem à cantora. O resultado é bastante fiel a musicalidade dos trabalhos anteriores e surpreendentemente tem uma pegada solar e pop afastando o que poderia ser um trabalho depressivo diante ao fim trágico da banda após o falecimento da sua vocalista, que  se afogou no banho em um hotel de Londres em janeiro de 2018 devido a uma embriaguez. O grupo irlandês de rock que alcançou a fama no início da década de 1990 com sucessos como "Zombie" e "Linger", foi formada em Limerick em 1989 com outro vocalista. O'Riordan substituiu o cantor um ano depois e o grupo se transformou na banda de rock mais bem-sucedida da Irlanda depois do U2, vendendo mais de 40 milhões de álbuns. Seu tom de voz marcante sempre foi marca registrada da banda. Esse trabalho e mais uma chance que temos de viver boas músicas com ela. Conheça nossas impressões faixa á faixa do álbum. "All Over Now" a primeira música do trabalho, lançada antes do álbum, ressalta a época de ouro da banda com um hit irresistível. "Lost" consegue ressaltar a falta que a voz da cantora fará no mundo da música, mesmo com uma melodia leve a cantora chama a atenção pelo belo vocal com uma boa virada no fim da canção. "Wake me When It's Over" traz boa melodia e refrão forte regado por uma condução melódica da vocalista. "A Place I Know" tem a leveza característica das baladas da banda com letra e som simples e melodioso. "Catch Me If You Can" segue o fluxo de calmaria com melodia agradável. O álbum segue com a movimentada e otimista "Got it" seguida de "Illusion" uma balada com cara de fim de tarde e sintetizando a segunda metade do álbum mais cru. "Crazy Heart" possui todo sentimentalismo de uma canção romântica com a vibe Cramberris. Já "Summer Song" tenta resgatar o tom solar antes do final. O tom já fica mais melancólico em "The Pressure" e culmina com o encerramento em “In the End” fechando o álbum como uma reflexão acompanhada de lágrimas. Coincidentemente o álbum possui muitas letras que falam sobre coisas que terminam, ciclos, porém a cantora se referia a uma nova fase em sua vida que infelizmente foi interrompida pela tragédia de sua morte. A decisão de aproveitar o trabalho realizado resulta em um álbum muito integrado ao material da banda. Com a produção de Stephen Street, responsável pela produção dos dois primeiros álbuns, "In The End" transita muito próximo aos primeiros trabalhos da banda agradando aos fãs da banda e garantindo uma despedida à altura do que o The Cranberries realizou durante seus anos de carreira e representa a uma geração. DEFINITIVO

MÚSICA FAVORITA DO ÁLBUM: "All Over Now"




São 11 músicas disponíveis nas principais plataformas digitais pela BMG.

Hype: ÓTIMO

quinta-feira, 25 de abril de 2019

VINGADORES - ULTIMATO (2019) "Avengers - EndGame" de "Anthony Russo & Joe Russo"



Hype: ÓTIMO

"Texto Sem Spoilers"

Conclusão do ciclo MCU (Marvel Cinematic Universe, franquia do universo compartilhado centrado em filmes de super-heróis da Marvel Studios de personagens que aparecem nas HQ"s publicadas pela Marvel Comics) tem final sólido mesmo esbarrando em certa monotonia de 3 horas de duração e excesso de "Fan Service" (definição utilizada referindo-se a elementos supérfluos à história principal, mas incluídos para divertir, entreter ou atrair a audiência), não que isso seja um problema para o fã mais empolgado, isso é realizado da melhor forma possível. Dificilmente esse fã de quadrinhos ou da saga de filmes vai se decepcionar com as conclusões dos personagens e até mesmo questionar a habilidade da Disney em amarrar tudo que acontece desde o início de tudo lá em 2008. Tal proeza se faz graças a essa construção do universo compartilhado que foi dentro desses 11 anos trilhando um caminho com muitos acertos com a certeza de que um dia teria um fim. Nada como um momento chave, cuidadosamente arquitetado para concluir a era dos heróis e contra sua maior ameaça, o terrível Thanos. Mesmo virando quase um final de novela devido ao fechamento de núcleos, "Ultimato" aproveita essa consolidação dos heróis em um filme evento que realiza diversos "Crossovers" em sua própria história em uma bonita homenagem a seu legado para a "Cultura Pop" transformando tudo que vivenciamos nesses anos em algo que certamente ficará marcado de alguma forma em suas vidas. É preciso reconhecer que a Marvel utilizou sua principal fonte, os quadrinhos para dar vida aos seus heróis em outra mídia com um grau de dificuldade imenso mas de forma digna e palentável. Esse filão dos heróis nos cinemas ganha sua maior referência e talvez uma conclusão definitiva para que surja novos ciclos, provavelmente menores (amarrar 21 filmes de um universo sem dúvidas foi algo trabalhoso pela equipe de produção). Os próximos passos só o futuro dirá mediante a essa nova construção. Mesmo com o sentimento de nostalgia é um alívio que tudo chegue a um fim, e que fim. A vibração e a comoção do público na batalha final vai lembrar uma época de sagas eternizadas como "Harry Potter" e "Senhor dos Anéis". Na trama, após Thanos eliminar metade das criaturas vivas, os Vingadores precisam lidar com a dor da perda de amigos e seus entes queridos. Com Tony Stark (Robert Downey Jr.) vagando perdido no espaço sem água nem comida, Steve Rogers (Chris Evans) e Natasha Romanov (Scarlett Johansson) precisam liderar a resistência contra o titã louco. Como consertar esse lapso que virou após Guerra Infinita? A resposta chega logo no início do filme dando uma esperança aos heróis. O filme gira em torno principalmente de Homem de Ferro e do Capitão América porém outros heróis possuem também um papel essencial como o Homem Formiga e a Capitã Marvel, recém apresentada ao universo. Produzido por Kevin Feige e dirigido pelos Irmãos Russo, temos também um elenco excepcional e bastante estelar como a muito tempo não se via em uma produção cinematográfica, é uma lista enorme só para citar os principais: Brie Larson (Carol Danvers/Capitã Marvel), Scarlett Johansson (Natasha Romanoff/Viúva Negra), Josh Brolin (Thanos), Karen Gillan (Nebulosa), Chris Hemsworth (Thor), Chris Evans (Steve Rogers/Capitão América), Evangeline Lilly (Hope van Dyne/Vespa), Sebastian Stan (Bucky Barnes/Soldado Invernal), Michelle Pfeiffer (Janet Van Dyne), Dave Bautista (Drax), Chadwick Boseman (T’Challa/Pantera Negra), Robert Downey Jr. (Tony Stark/Homem de Ferro), Jeremy Renner (Clint Barton/Gavião Arqueiro), Paul Rudd (Scott Lang/Homem-Formiga), Jon Favreau (Happy Hogan), Mark Ruffalo (Bruce Banner/Hulk), Gwyneth Paltrow (Pepper Potts), Ty Simpkins (Harley Keener), Don Cheadle (James Rhodes/Máquina de Combate), Vin Diesel (Teen Groot), Elizabeth Olsen (Wanda Maximoff/Feiticeira Escarlate), Paul Bettany (Visão), Benedict Cumberbatch (Stephen Strange/Dr. Estranho), Samuel L. Jackson (Nick Fury), Maria Hill (Colbie Smulders), Anthony Mackie (Sam Wilson/Falcão), Tom Holland (Peter Parker/Homem-Aranha), Tom Hiddleston (Loki), Chris Pratt (Peter Quill/Starlord), Zoe Saldana (Gamora), Pom Klementieff (Mantis), Sean Gunn/Bradley Cooper (Rocket Raccoon), Tessa Thompson (Valquíria), Danai Gurira (Okoye), Letitia Wright (Shuri), Michael Douglas (Hank Pym), Emma Fuhrmann (Cassie Lang), Tilda Swinton (The Ancient One) e Winston Duke (M’Baku). Imagina as cifras envolvidas na produção. A conclusão épica que todos aguardavam é milimetricamente construída graças também ao carisma desse incrível elenco, porém, realizando uma comparação com Vingadores "Guerra Infinita", o filme anterior da saga dos heróis funciona melhor que Ultimato e os personagens são melhor trabalhados. A necessidade de chegar ao fim se cria soluções questionáveis porém necessárias para amarrar as histórias e criar uma renovação. Não deixa de ser uma decisão corajosa. O enredo busca um meio de revisitar toda a história dos heróis, isso pode soar em alguns momentos cansativos mas também interessantes, passando por momentos importantes de outros filmes com  uma outra perspectiva, isso não chega a confundir o espectador e sempre acompanhado de inúmeras piadas bem divertidas para aliviar a tensão e os momentos tristes. Quem gosta das lutas e dos efeitos visuais vai se satisfazer com boas cenas de ação com destaque a toda orquestração visual e a quantidade de elementos da batalha final, sem dúvidas, impressionante e regada de bastante emoção, guiando seus personagens centrais rumo ao fim. Há momentos decisivos e tristes e também finais felizes com a clara percepção que nada ficará igual independente de um possível retorno. Apesar de “Vingadores: Ultimato” ser vendido como o desfecho de todo o arco, já existe herói com retorno garantido, em julho, chega aos cinemas “Homem-Aranha: Longe de Casa” e possíveis projetos em pré produção das sequências de “Pantera Negra”, “Guardiões da Galáxia” e “Doutor Estranho”. Outros personagens como Viúva Negra e Shang-Chi estão na fila para ganhar filmes solo. Fora isso precisamos lembrar que vem aí o streaming da Disney e possivelmente uma infinidade de séries de personagens. O universo Marvel nunca emplacou defitivamente na TV e tem uma chance grande de iniciar um novo ciclo até sua reconstrução no cinema. Três séries em live-action foram confirmadas oficialmente até o momento são Falcão & Soldado Invernal, Loki e WandaVision. Além da possível série do Gavião Arqueiro com a Kate Bishop. Todas as séries do Marvel Studios no Disney+ terão o retorno dos atores que consagraram os personagens no cinema, incluindo Tom Hiddlestone, Sebastian Stan, Anthony Mackie, Paul Bettany e Elizabeth Olsen. Resumindo, o fim não tem fim quando se envolve um grande estúdio e uma franquia de sucesso com milhares de histórias disponíveis e se você está disposto a continuar explorando cada detalhe de tudo a Disney certamente vai continuar esse legado. Vingadores Ultimato é sim definitivo em muitos aspectos além de ser um marco na cultura Pop, Geek e Nerd. Mas prepare-se são 3 horas de jornada, como se já fosse a versão estendida, faltou uma edição mais enxuta. HISTÓRICO.


 Em cartaz nos cinemas pela Disney!

#Cinema2019 #Avengers #EndGame

quarta-feira, 24 de abril de 2019

O TERNO - "Atrás/Além" (2019)


Retorno da banda traz um novo cardápio de canções delicadas e bem executadas indo ao encontro de uma musicalidade cheia de qualidades.


Tim Bernardes que lidera o grupo não só assina todas as faixas, como canta, toca e é o responsável pelos arranjos, direção e produção musical. Ele ressalta toda experiência adquirida em sua carreira solo e também em diversas e interessantes parcerias com outros artistas, como Tiê, Paulo Miklos, Jards Macalé e Baco Exu do Blues. A banda ainda é formada por Gabriel Basile (Bateria) e Guilherme d’Almeida (Baixo) e tem uma musicalidade autoral nascida no “indie rock”, o grupo paulista formado em 2009 ressaltou vitalidade em um som desapegado de gêneros e rótulos musicais. Eles se tornaram uma das referências da música independente brasileira até a pausa para projetos individuais. “Atrás/Além”, o quarto álbum do trio, chega após quase três anos de pausa e ressalta uma nova fase com uma maturidade sonora repleta de belos e sofisticados arranjos que vão do Pop ao Rock, do Samba a MPB, com muita propriedade. O Terno sempre foi uma banda de contrastes, da agitação maluca a calmaria, da beleza das composições e das letras despojadas. O álbum chega repleto de contrastes e sonoridade apurada, com destaque aos arranjos orquestrais, referências tropicalistas sem se prender a um estilo só. Impressões faixa a faixa: "Tudo que eu fiz" já começa muito o bem o trabalho com uma melodia agradável e uma letra serena e madura sobre envelhecer. "Pegando Leve" é uma balada sobre desilusão amorosa com tom otimista que nunca se rende a melancolia e lembra a sonoridade antiga da banda. "Eu vou" já abandona os graves e encarna uma melodia que exalta a voz perfeita de Tim Bernardes. "Atrás/Além" ressalta o tom silencioso porém com uma pegada interessante que flerta com a MPB e sua virada é sensacional protocolando o amadurecimento da banda. "Nada/Tudo" é quase um complemento da música anterior com uma mistura interessante de sons relaxantes. "Pra sempre será" segue o fluxo da calmaria com afetividade em ótima letra. "Volta e Meia" tem colaboração de "Devendra Banhart' e "Shintaro Sakamoto" e dá uma reviravolta na temática do álbum acrescentando latinidade. "Bielzinho/Bielzinho" traz batuque e brasilidade ao trabalho com um acréscimo interessante de samba no som em uma homenagem ao baixista da banda. "O Bilhete" é uma canção de amor introspectiva porém equilibrada. "Profundo/Superficial" dá continuidade a melancolia com uma das canções mais tristes e profundas do álbum. "Passado/Futuro" é o início do fim do trabalho em uma música repleta de viradas e com uma gostosa melodia e letra reflexiva com direito a um "punch" no final entregando toda alma do grupo misturado a essência da musicalidade passada da banda com o som de agora."E no Final" é um lindo poema sobre o fim. No geral um trabalho delicioso de uma banda que deixou de ser promessa e atingiu a maturidade de forma brilhante. CALMARIA AOS OUVIDOS.




São 12 músicas inéditas disponíveis nas principais plataformas digitais de Música! 

Hype: ÓTIMO


terça-feira, 23 de abril de 2019

O SILÊNCIO (2019) "The Silence" de "John R. Leonetti"


Hype: RUIM

Novo filme original da Netflix é uma mistura da adaptação Bird Box (2018), fenômeno de público no streaming com o longa de sucesso nos cinemas, Um Lugar Silencioso (2018). "The Silence" se baseia em outro livro aclamado escrito por Tim Lebbon lançado em 2015 e possui todos elementos já utilizados  nesses dois filmes com algumas poucas diferenças, principalmente na narrativa. A trama não esconde o surgimento das criaturas e como elas dominaram o mundo, as chamadas “vespas” se libertaram de uma caverna aonde ficaram milhares de anos após uma escavação. Elas não chegam a ser assustadoras mas são letais contra os humanos e aparecem na trama sem qualquer mistério, atraídas principalmente pelo barulho. Em pouco tempo as cidades são tomadas pela infestação e só cabe as pessoas tentarem se proteger dessa ameça. Junto com a infestação das criaturas surgem também o desespero das pessoas pela sobrevivência com o surgimento de um estranho culto sobrenatural para aumentar o obstáculo dos personagens principais. Esse argumento pode até despertar o interesse do expectador menos exigente, porém, o que fica evidente é um leve desgaste de situações pós-apocalípticas expostas no filme até pelo excesso de abordagens, principalmente da Netflix, parece que toda semana tem um novo exemplar do gênero. Não é um filme que surpreende, infelizmente. Na trama o mundo é atacado por terríveis criaturas assassinas atraídas pelo som. Ally Andrews (Kiernan Shipka), uma jovem de 16 anos que perdeu a audição alguns anos antes, parte em busca de refúgio ao lado de sua família. Na jornada, eles se deparam com um culto sinistro cujos membros estão determinados a explorar os sentidos aguçados de Ally. Em um cenário apocalíptico a família de Ally busca a sobrevivência em um planeta devastado. O filme tem direção de John R. Leonetti (Annabelle) e o elenco conta com Stanley Tucci, Kiernan Shipka, Miranda Otto, John Corbett, Kate Trotter e Kyle Breitkopf. "O Silêncio", título nacional, não funciona como filme de terror e todos elementos que poderiam render uma boa abordagem perdem o impacto se tornando  previsível, um expectador mais atento não será captado pela história que ainda possui um gancho desnecessário para uma continuação. MAIS DO MESMO.


O Filme está disponível na Netflix.

segunda-feira, 22 de abril de 2019

A MALDIÇÃO DA CHORONA (2019) "The Curse of La Llorona" de "Michael Chaves"


Hype: REGULAR

Filme de terror não consegue sair do "protocolo" e preocupa fãs da antologia de sucesso Invocação do Mal, cheio de suspense, o fantasma da mulher chorona, baseado em uma lenda popular do folclore da América Latina mas pouco conhecida no Brasil, consegue ser efetivo nos sustos porém seu desenvolvimento e soluções fáceis são constrangedores em uma franquia que cada vez mais escorrega em seus derivados. Não chega a ser surpresa que o universo expandido do filme de terror dos investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren ganhe derivados, tudo em prol de bilheteria. A boneca Annabelle chega neste ano ao terceiro longa metragem, a personagem da Freira demoníaca também ganhou seu filme próprio. Agora chega a vez da lenda urbana mexicana "La Llorona". São filmes que cada vez mais vão se desprendendo da essência de sua origem e não só por isso, não são suficientemente amarrados a algo que dê qualidade as histórias. Annabelle ainda conseguiu um sopro devido ao segundo filme muito bem construído, aos demais fica a sensação de mais do mesmo. A Mulher Chorona é uma aparição assustadora, presa em um terrível destino selado pelas próprias mãos. Em vida, ela afogou os seus filhos em uma raiva egoísta, se jogando no rio logo em seguida, e depois ela chorou de dor. É uma história de terror simples e tenebrosa que no filme não surpreende, não leva a lugar nenhum, apenas a satisfação de quem deseja levar sustos "artificiais" montados por um som agoniante. O terror "popular" virou isso, deixa a capacidade de se gerar o medo para atacar o expectador com truques sem a menor criatividade. Na trama, uma assistente social "Anne" (Linda Cardellini) investiga uma mãe "Patrícia" (Patricia Velasquez) denunciada por maus tratos aos seus filhos, ao chegar na casa dela para verificar se depara os filhos dela trancados em um armário com a justificativa da mãe ser uma proteção de "La Llorona". Quando Patricia é presa e os jovens são levados para o hospital, a terrível "Chorona" se volta para os filhos da própria Anne e eles são envolvidos em uma trama sobrenatural. A única salvação pode ser um padre desiludido e o misticismo que ele pratica para manter o mal afastado, nas margens onde a fé e o medo entram em colisão. O mistério é envolvido de forma tão óbvia que o final dessa história não surpreende ninguém e a sensação que fica é de falta de objetivo ao filme. A direção fica a cargo de Michael Chaves, que também dirigirá "Invocação do Mal 3" e com leve produção de James Wan. Essa nova produção do "Conjuringverse" como é apelidado a antologia de "Invocação do Mal" repete os erros do recente 'A Freira', é um filme que tenta apagar sua história fraca e direção imprecisa com "Jumpscares", sustos que vão fazer você pular da cadeira, nesse quesito ele serve bem ao seu propósito de entreter sem grandes ambições porém já fica uma desconfiança para Annabelle 3 que chega aos cinemas em Julho. SOMENTE SUSTOS




O filme está em cartaz nos Cinemas pela "Warner Bros". 

#TheCurseOfLaLlorona #Cinema2019 #Terror #Suspense #MeuHype #EmCartaz


domingo, 21 de abril de 2019

SPECIAL - Temporada 1 (2019)


Special conquista o expectador com a história de Ryan, rapaz gay que possui Paralisia Cerebral e sua jornada em busca da felicidade. 

Com oito episódios de 15 minutos cada, é possível conferir a produção em uma rápida maratona. O misto de comédia e drama é agradável e o principal destaque sem dúvidas é seu protagonista interpretado por Ryan O’Connel, que também é o roteirista e produtor da série lançada pela plataforma de streaming. Em tempos aonde a tecnologia e os aplicativos de relacionamentos tenta nos dar a sensação de que tudo é mais fácil, a vivência das relações interpessoais vira um desafio considerável, esse é o foco da bem humorada série que sem dúvida trata de assuntos delicados com uma abordagem cuidadosa da mesma maneira que já foi realizado em outro bom seriado também da Netflix, Atypical (que conta o drama de um jovem autista que deseja arranjar uma namorada). O personagem principal de Special deseja coisas que em grande parte não depende somente dele e esse é o principal conflito da trama, como ele vai lidar em suas decisões, com a insegurança, o julgamento, o medo de situações que podem ser consideradas normais como a tensão de um primeiro encontro (mesmo após conversas pelo celular), primeira transa, morar só, fazer amigos entre outros temas, que na vida de uma pessoa com paralisia cerebral é diferente e são esses aspectos que Special consegue trazer á tona de forma honesta sem vitimismo e sem fantasiar. Em resumo a trama traz Ryan Hayes (vivido por Ryan O’Connel) que sofre com uma paralisia que retardou o movimento de uma de suas pernas e dificulta um pouco seu mundo pós-jovem. Cansado e com uma autoestima surpreendentemente alta, ele decide aceitar um estágio não remunerado em uma agência de textos online para dar voz a sua vida pouco agitada. Nesse meio tempo sua preocupação é conseguir viver sua sexualidade: ele tenta marcar seus primeiros encontros com a ajuda de aplicativos de relacionamento gay. Sua vida começa a entrar nos eixos com a aparição de Kim (Panum Patel), sua colega na agência que o incentiva a sair de casa e conhecer pessoas, e quando decide morar sozinho - mesmo que seja completamente dependente de sua mãe, Karen (Jessica Hetch). Graças ao bom coração e simplicidade de Ryan ao lidar com suas questões, cada reflexão em cada episódio nos aproxima cada vez mais da história mostrando dois paralelos bem complicados quanto a sua adaptação ao mundo gay e quanto a sua personalidade própria em levar adiante seus sonhos independente da Paralisia e o preconceito sofrido diariamente. A sensibilidade das vivências do personagem tornam o seriado uma agradável surpresa, a história é inspirado um relato pessoal do seu criador ganhando contornos ainda mais surpreendentes e deixando a trama ainda mais próxima da realidade. A VIDA PODE SER ESPECIAL, SÓ DEPENDE DE VOCÊ


São 8 episódios disponíveis na Netflix


Hype: ÓTIMO

sábado, 20 de abril de 2019

O MAU EXEMPLO DE CAMERON POST (2018) - "The Miseducation of Cameron Post" de "Desiree Akhavan"


Após grande atraso, chega aos cinemas mais um filme que aborda a polêmica “Cura Gay” geralmente utilizada por igrejas para tratar jovens que se relacionam afetivamente com o mesmo sexo. 

O filme é uma história sensível de amadurecimento mesmo que de certa forma trate o assunto de forma genérica sem se posicionar contra as instituições religiosas que utilizam tal método que não possuí qualquer comprovação científica ou médica. O certo dessa prática é o preconceito, o fato do filme entrar em cartaz nos cinemas já é importante mesmo que seja em circuito limitado. Um exemplo polêmico foi  da Universal Pictures que não lançou  nos cinemas Boy Erased, que aborda esse tema também, diferente da Fox Film que deu um tratamento melhor com a comédia romântica Gay, Com Amor Simon, que proporcionam a oportunidade de debater o assunto e trabalhar essa temática com um público maior afastando essa mente fechada que pensa no LGBT como minoria. A história de "O Mau Exemplo de Cameron Post" se passa na década de 90 e acompanha a jovem Cameron Post (Chloe Grace Moretz) que possui um romance lésbico com Coley (Quinn Shephard), sua colega de estudos bíblicos. Esse conflito de liberdade e fé faz com que Cameron, após ser flagrada com a parceira seja internada num acampamento de conversão pela família religiosa. O filme é uma adaptação do livro homônimo de Emily M. Danforth focado na experiência desse retiro coordenado por um reverendo "ex-gay" (interpretado por John Gallagher Jr.) e uma terapeuta responsável por sua "cura". Já tem um bom tempo que esse assunto já foi esclarecido, homossexualidade não é classificada como doença e o preconceito e a distorção religiosa sobre o tema que é o principal problema. O melhor do filme é encarar que cada pessoa tem suas particularidades, Cameron não tem certezas sobre sua orientação sexual ou seu cristianismo, o que permite que a mesma seja envolvida pela experiência de forma intensa, vulnerável onde todas as influências, afinal, precisa de definições para se encaixar. Esse sentimento de incertezas da jovem gera um filme maduro e que trata o expectador com inteligência mesmo que ele não seja LGBT. Porém o fato de não se posicionar ativamente contra esse ato faz com que o expectador acabe cúmplice de pessoas que acham ter as respostas sobre a homossexualidade, tratada pelos personagens apenas como pecado. O filme se isenta do assunto e isso incomoda um pouco. Mesmo sem elementos marcantes talvez a história seja interessante para que haja um debate sobre isso. Essa fase da vida é repleta de descobertas e também ressalta as diferenças, o certo é que todos nós precisamos escolher um caminho e que isso ocorra de forma natural sem opressão. MELHOR CURAR O PRECONCEITO!


O filme é distribuido pela Pandora Filmes.

Hype: BOM - Nota: 7,0


sexta-feira, 19 de abril de 2019

O EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS (1964) "Il Vangelo secondo Matteo" de Pier Paolo Pasolini




Aproveitando a Sexta-feira Santa e a Páscoa revisitamos um dos filmes religiosos mais aclamados e bonitos já realizados sobre a Paixão de Cristo. 

Filmado em 1964, em preto e branco e com mais de 2 horas de duração, o filme não traz nada de novo no que já conhecemos da história de Jesus Cristo mas permite usar do expressionismo, simplicidade e honestidade uma visão marcante da história bíblica. O realismo como tudo é retratado leva o famoso diretor italiano e ateu, Pier Paolo Pasolini a alternar da  revolta radical a edificação religiosa. Na época ele dedicou o filme ao Papa João XXIII e gravou a produção em Israel como o seu projeto mais incomum para o poeta da classe baixa dos subúrbios de Roma. O Evangelho Segundo São Mateus surgiu cerca de 10 anos antes de um dos seus filmes mais polêmicos de todos os tempos, Saló ou os 120 dias de Sodoma. Suas ideias contraditórias, marxistas e místicas fizeram do prolífico escritor e poeta ser um diretor mundialmente respeitado e idolatrado mostrando um cineasta único sem medo de deixar sua marca. O longa é um dos poucos filmes bíblicos que o Vaticano deu seu selo de aprovação, em grande parte porque é bastante bonito, poético e fica muito próximo do texto do livro em que se baseia, com a maior parte do diálogo tirado diretamente da Bíblia. No entanto, Pasolini concentra-se no lado político de Jesus, com Cristo se deparando com uma figura muito intensa, unilateral e sem humor, cujas idéias são surpreendentemente marxistas. Interpretado por Enrique Irazoqui, Jesus não é retratado como um cara simpático. Na verdade, você tem que se perguntar se Pasolini escolheu Irazoqui baseado no fato de que ele se parece um pouco com Che Guevera e pode realmente conseguir a intensa e ideológica mentalidade de um revolucionário. Foi este lado revolucionário de Jesus que Pasolini se interessou e ele certamente traz isso para fora, sem esquecer as partes místicas e estranhas do conto ou os momentos que são muito humanos ou na verdade fantasiosas. Intensamente poético e com uma variação interessante que vai da música clássica e também permite ao expectador sua própria assimilação de pensamentos ou vivência do ocorrido dando espaço para interpretar, pensar e cogitar. O observador religioso provavelmente o achará transcendente, enquanto os ateus terão espaço para considerar as questões levantadas pela história de Cristo, e certamente dará a alguém uma pausa para pensar sobre que figura política Jesus era, o que muitas vezes é negligenciado. Afinal, enquanto a igreja tende a dizer que ele morreu por nossos pecados, ele pode ter sido morto por causa de sua política. Independente da sua crença, é uma visão bastante intensa, poética e bela da história de Cristo. OBRA PRIMA!


O filme foi lançado em mídia física no Brasil em DVD e Blu-ray. Filme visto diretamente da nossa coleção particular em Blu-ray! A restauração realizada no filme e lançado no Brasil pela Versátil está excelente ressaltando ainda mais sua ótima fotografia e ainda possuí extras imperdíveis sobre o diretor italiano. 

"Vós ouvireis com os ouvidos, mas não entendereis. Verei com os olhos mas não compreendereis. Pois o coração deste povo se tornou insensível. Endureceram as orelhas e fecharam os olhos... para não ver com os olhos e para não ouvir com as orelhas." (Jesus).



quinta-feira, 18 de abril de 2019

HOMECOMING (2019) Um filme de Beyoncé



Hype: ÓTIMO

Show histórico da cantora Beyoncé no Festival Coachella de 2018 rende um filme musical original da Netflix documentando o espetáculo definitivo de um dos maiores fenômenos POP e cultural do planeta em apresentação marcante. Com mais de duas horas de duração o filme mescla momentos da apresentação, narração homenageando a cultura e a força negra e os meses de preparação até o derradeiro momento da apresentação. Beyoncé batizou a produção de Homecoming devido a estrutura do espetáculo, quase como uma espécie de baile estudantil. Com mais de 20 anos de carreira, com início do icônico no grupo Destiny’s Child, a cantora foi a primeira mulher negra a ser "headliner" (Atração Principal) do evento que acontece anualmente na Califórnia, Estados unidos. Na produção ela participou ativamente escrevendo, dirigindo e ainda como produtora executiva dando um passo além na sua carreira. O documentário alterna a apresentação do show com a cantora comentando a dificuldade de retomar aos ensaios e a rotina após a gravidez dos gêmeos. É interessante acompanhar o seu dia dia já que ela e seu marido sempre foram muito discretos quanto sua vida pessoal. Há momentos dramáticos e também felizes nessa jornada. Conhecemos os dez meses antes da apresentação onde a cantora teve que dar assistência seus filhos, os gêmeos Sir e Rumi e a dificuldade de preparar a apresentação e ensaiar as coreografias do emblemático show que foi aclamado e acompanhado em todo mundo. A estrutura do palco foi formada por uma banda feminina, um corpo de bailarinos além de uma “Big Band” formada apenas por integrantes negros em homenagem a uma tradição comum em universidades americanas. Foi formado uma espécie de pirâmide no meio do palco e o visual ficou incrível. Em sua performance ainda houve participações especiais com seu marido e rapper Jay Z, sua irmã e cantora Solange e as ex-integrantes do seu grupo de origem Destiny’s Child, Michelle Williams e Kelly Rowland. Junto com o filme foi lançado o álbum “Homecoming: The Live Album” com 40 faixas com sucessos da carreira e também músicas do seu último trabalho Lemonade. Há também uma música cantada a capella por sua filha Blue Ivy. Mesmo para quem não acompanha a carreira de Beyoncé esse show transmite ao expectador uma artista completa no que faz, seja na representatividade como no meio musical. Como entretenimento esse show ganha relevância igualando a apresentações épicas de outros artistas pela grandiosidade de cada ato, o conceito bem elaborado e com uma direção de arte impecável. FASCINANTE!.




O filme está disponível na Netflix.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

CÓPIAS - DE VOLTA A VIDA (2018) "Replicas" de "Jeffrey Nachmanoff"




Hype: RUIM

"O pior filme do ano chegou, o constrangedor suspense de clonagem de Keanu Reeves é de um mal gosto terrível além de ser extremamente bagunçado, com roteiro banal, atuações medíocres e com condução previsível, chega a ser um desafio permanecer assistindo. Existem histórias que por mais absurdas que sejam possuem algo importante, coração ou a sinceridade. O thriller Cópias é tão descuidado em sua lógica que lembra inclusive produções que usaram o "fantástico" como argumento e angariou fãs como o clássico A Noiva de Re-Animator, mesmo com trama absurda, o Filme B de terror era honesto no que propõe, diferente de Cópias que se leva a sério e os personagens são plásticos, frios e sem qualquer sinergia a história contada. O filme é uma colagem de idéias estranhas e clichês do gênero onde sua premissa não tem sinergia com o confuso roteiro, sem consciência da história que reproduz e o quão desqualificada se torna. O constrangimento é visível no rosto de todo o elenco e Keanu Reeves traz uma das piores performance de sua carreira. Na trama, William Foster (Keanu Reeves) é o principal neurocientista na instalação de pesquisa Bionyne de Porto Rico, onde ele está inventando uma maneira de baixar um cérebro humano em um corpo de robô sintético. Há razões para otimismo quando o assistente de William interpretado por Thomas Middleditch traz um novo sujeito para teste, tudo fica descontrolado depois do corpo do andróide rejeitar violentamente a consciência do homem morto. A problemática surge quando William sofre um acidente de carro para durante uma tempestade repentina, matando sua esposa (Alice Eve) e seus três filhos. Ele usa seu experimento científico para salvar sua família. Não espere nenhuma lógica, “Replicas” ou "Cópias" no título nacional não se enquadra nem como Filme B, é um universo particular onde as coisas mais absurdas a serem pensadas são colocadas em prática. O roteiro usa soluções fáceis para resolver tudo, inclusive a morte. As reviravoltas desesperadas são de uma falta de sutileza tão grande que pela sinopse imagina-se que William vai enviar sua família para um grupo de corpos de robôs como parte de uma tentativa desesperada de usar sua tragédia em um experimento, mas no mundo de Cópias o que o personagem faz com a ajuda de seu fiel e frágil assistente é clonar clandestinamente os membros de sua família a partir do zero, injetando-lhes as lembranças e experiências que tiveram na noite do acidente. Daí em diante a história segue um rumo nada definido de Thriller e Suspense com um argumento boçal. Qualquer narrativa coerente desmorona quando a família de William retorna dos mortos, o filme transita por gêneros conflitantes nunca atingindo o mínimo para se tornar assistível. A narrativa mistura suspense psicológico, espionagem corporativa e sci-fi. Quando tudo começa a fluir desesperadamente muda o tom com simples objetivo de desviar a atenção do expectador de suas idéias malucas até o clímax final conseguir superar o nível bizarro de loucura desse roteirista. Fica até difícil explicar e entender como um filme desse ganhou aval de finalização e a direção de Jeffrey Nachmanoff, experiente na TV não obtém sucesso na direção. O filme certamente estará perto do clássico pior filme de todos os tempos "The Room" como uma obra com todos os erros possíveis para proporcionar a pior experiência da sua vida como expectador. Podiam ter evitado esse mico. O resultado é um filme sem pé nem cabeça. Assista por sua conta e risco. FUJA!" 


O filme estréia nos cinemas nesta Quinta-feira dia 17/04  pela Paris Filmes!

Filme visto na Cabine de Imprensa realizada em Brasília!

segunda-feira, 15 de abril de 2019

GUAVA ISLAND (2019) de "Hiro Murai"



Hype: ÓTIMO

Com o simples objetivo de entretenimento, o projeto visual e musical de Donald Glover (que usa o nome artístico Childish Gambino no meio musical) tem estilo, inteligência e ritmo. O média metragem estrelado também pela cantora Rihanna foi lançado neste final de semana, durante o festival de música Coachella, na Califórnia e já está disponível no Brasil pelo Amazon Prime. Filmado em Cuba, o projeto é um thriller que oscila entre gêneros durante seus 54 minutos de duração. O filme é um musical quando Deni canta "Summertime Magic" e dança em torno de Kofi (Rihanna); é uma sátira política quando Deni dança "This is America", no cais e no melodrama, quando evoca "Can I take a Break" no concerto noturno. Além do enredo preciso na mensagem e dos poucos personagens, "Guava Island" é uma parábola do impacto do capitalismo na arte e na liberdade de um artista. Glover eleva todo o discurso como um momento cultural com canções de Gambino e divulga uma mensagem política através da ilha fictícia de "Guava". O escritor Stephen Glover, Irmão do cantor, revelou inspiração no filme brasileiro "Cidade de Deus" e também no musical "Purple Rain" de Prince. O filme encontra o ponto de equilíbrio como entretenimento e levanta uma questão séria sobre a liberdade das pessoas. A trama conta a história de um músico em ascensão Deni (Glover), que mora na ilha Guava e juntamente com sua namorada Kofi (Rihanna) e mais toda a população da ilha, eles trabalham em um dos ramos empresariais de Red Cargo (Nonso Anozie), atual chefe de uma tradicional família que controla os negócios no pequeno país. Mesmo de certa forma preso pelas obrigações o cantor leva alegria e esperança a população oprimida através da música. Deni trabalha para a estação de rádio na ilha fictícia com o sonho em realizar um festival de música e proporcionar um dia de folga e diversão aos trabalhadores que sofrem trabalhando sem nenhum descanso. Ele acaba sendo alvo da ganância do dono da empresa aonde todos na ilha trabalham e o clímax da história é descobrir como ele enfrentará esse desafio. O certo é que o curta metragem usa boa referências em sua dinâmica e a química dos personagens contagia mesmo com pouco tempo de tela. O diretor Hiro Murai, que trabalhou com Childish Gambino no clipe "This Is America" e na série "Atlanta", é o diretor dos 55 minutos de filme. O elenco ainda conta com Letitia Wright (Pantera Negra) e tem roteiro de Stephen Glover, irmão de Donald. Anunciado anteriormente como "um filme infantil de Gambino", "Guava Island" é tem essa inocência mas trata de um assunto interessante que vai sobre o poder da arte, música e liberdade. O ritmo da vida na ilha é controlado pelo magnata Red que não acredita em um dia de folga criando o embate com Deni e sua luta contra um sistema opressor. Cada canto da ilha caribenha é marcado com as letras "Red see You" e quando Deni promete aos ouvintes um concerto que dura a noite toda no próximo sábado, todos na ilha estão em um burburinho, exceto o único homem rico!. Red deixa claro as conseqüências de um concerto que dura a noite toda e não é a favor que aconteça, pois drena a energia de sua equipe no dia seguinte. As pessoas ficarão fracas demais para trabalhar em um domingo, Red não acredita em feriados. Deni confronta o homem rico convocando todos a esse show enquanto Kofi espera o momento certo para lhe contar uma novidade, ela é o amor de sua vida e sua musa. Ele canta todas as músicas para ela ou, todas as músicas que ele canta são sobre ela! "Guava Island" apresenta alguns dos números vibrantes de Childish Gambino como 'Summertime Magic', 'Feels Like Summer', 'This Is America' e 'Saturday'. A história simples dá lugar a um musical cheio de atitude e que demonstra a força do artista em seu trabalho, atual e cheio de atitude."BONS MOMENTOS EM GUAVA ISLAND".




Disponível no Amazon Prime Video.


sábado, 13 de abril de 2019

Girl (2018) de "Lukas Dhont"


Drama original da Netflix traz intensa história de uma transgênero que chamou a atenção no festival de Cannes em 2018. 

Ser empático com uma pessoa trans é uma das missões desse filme, independente da diferença de pensamento existe um caminho muito além de uma causa, existe uma vida e uma luta a ser respeitada. No filme temos uma jornada mais complicada que a aceitação, a encantadora personagem de Lara já possui uma certa estabilidade mesmo sofrendo os preconceitos habituais da sociedade. A vivência já é feminina com feições e hábitos. Tem a aceitação do pai em sua identidade feminina, tem tratamento com médicos e psicólogos e possui como hobby o balé. O conflito da personagem é estar em um corpo que não é o seu e essa carga física e emocional absurda para uma adolescente de 15 anos se confrontam com os dilemas típicos da puberdade, agravados por intensas dúvidas de identidade e satisfação. O expectador recebe logo no início do filme o alerta sobre o tema, tal recurso utilizado também na polêmica série "13 Reasons Why", não são cenas fáceis de ver, a dor da personagem assim como suas feridas e atitudes podem não ser confortáveis porém expressam com sensibilidade o drama de uma trama. O filme é a estréia na direção de Lukas Dhont, cineasta belga que com uma bravura incrível compartilha uma narrativa que vai além da luta pela auto-aceitação e que pode despertar no expectador o mesmo sentimento da personagem de humilhação ao ser reduzido ao seu corpo e a crueldade de ser deturpado como algo que você não é. Na trama Lara (Victor Polster) é uma jovem menina de quinze anos, seu maior sonho é tornar-se uma bailarina profissional e, com a ajuda do pai (Arieh Worthalter), ela busca uma nova escola de dança para desenvolver sua técnica. No entanto, a menina encontra dificuldades para adaptar-se aos movimentos executados nas aulas por conta de sua estrutura óssea e muscular, já que Lara nasceu no corpo de um menino. O filme belga é bastante original seja esteticamente ou pela beleza exposta na dor, o diretor aposta em um cinema realista e psicológico. O enquadramento na personagem muito bem interpretada por Victor Polster (mesmo sendo um ator cisgênero - gênero do nascimento) ele vive uma mulher transexual em uma abordagem sincera, deixando as suas expressões e sua angústia cada vez mais intensa até o ato final que é de cortar o coração. Sua humanidade perante aos acontecimentos fica evidente, superando os conflitos de aceitação e mostrando sua essência pura perante aos "normais". Não é uma história fácil porém muito bem executada, como um grito preso que ecoa na vida de milhares de pessoas transexuais. A DURA LUTA DE UMA VIDA. 



O filme foi exibido no 71º Festival Internacional de Cannes, em 2018 e está disponível na Netflix.

Hype: ÓTIMO - Nota: 8,5