terça-feira, 30 de abril de 2019

O ANJO (2018) "El Ángel"de "Luís Ortega"


Filme argentino impressiona pela boa representação estética de época e ritmo de Thriller mesmo sendo uma história com pesares dramáticos. 

O ator Lorenzo Ferro que encarna Carlos (O Anjo) é o destaque do filme com bastante firmeza e elegância. O filme faz um interessante estudo de seu caráter amoral e sua inocência perturbadora. O retrato realista e sombrio de Buenos Aires, por volta de 1971, onde um garoto de 19 anos sem direcionamento entra em uma onda de crimes e assassinatos, a história ganha um contorno cinematográfico bastante eficaz. O filme possui produção de Pedro Almodóvar e representa o frescor que vive atualmente o cinema argentino com cada vez mais apuração técnica e quase sempre com produções interessantes. A história se passa nos anos 70 e possui muitos outros elementos interessantes em uma biografia ambiciosa sobre um dos casos mais famosos do país latino, a saga do criminoso Carlos Robledo Puch que está preso há 45 anos, o período mais longo de detenção já registrado na história da Argentina. Durante a adolescência, ele confessou ter cometido onze assassinatos, executado mais de quarenta roubos e uma série de sequestros. Alguns de seus atos criminosos configuravam-se como uma forma de impressionar Ramón ( interpretado no filme por Chino Darín), um amigo íntimo. Quando sua identidade foi revelada para o público, ele ganhou o apelido de "Anjo da Morte", “El Angél Negro” ou “El Angél de la Muerte, graças aos seus cachos e rosto angelical, tornando-se uma celebridade instantânea no país. Um jovem bonito, loiro, com cabelos ondulados que começou sua vida criminosa entrando em casas vazias para pegar coisas que chamavam a sua atenção e se tornou um dos maiores criminosos da Argentina, o segundo maior assassino em série do país. O filme de Luís Ortega que assina o roteiro com Sergio Olguín e Rodolfo Palacios, traz um filme que usa de um argumento de certa forma previsível onde o expectador acompanha essa jornada do personagem ao crime e até seus traços de "humanidade", a juventude do personagem traz bons momentos a trama, como quando o "Anjo da Morte" vasculha uma casa que acabará de invadir e se diverte dançando ao som de “El Extraño del Pelo Largo”, da banda "La Joven Guardia". O diretor consegue expor seu objetivo de transformar um sociopata em um ser angelical e em muitos momentos se concentra em fluir a história mesmo com uma metragem de quase 2 horas. O único problema é o exercício banal e vazio de acompanhar um delinquente sem ir a fundo na reflexão dos atos e tratar tudo como um espetáculo. O valor do filme está em expor o que estimulou ou motivou a popular história marginal de Carlos, sua entrada no mundo do crime e permanência até seu complicado e triste final mesmo muitas vezes não sendo tão agregadora como biografia e sim como ficção. VIDA BANDIDA.


O filme é distribuido pela Pagu Pictures.

Hype: BOM - Nota: 7,5



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