sábado, 13 de abril de 2019

Girl (2018) de "Lukas Dhont"


Drama original da Netflix traz intensa história de uma transgênero que chamou a atenção no festival de Cannes em 2018. 

Ser empático com uma pessoa trans é uma das missões desse filme, independente da diferença de pensamento existe um caminho muito além de uma causa, existe uma vida e uma luta a ser respeitada. No filme temos uma jornada mais complicada que a aceitação, a encantadora personagem de Lara já possui uma certa estabilidade mesmo sofrendo os preconceitos habituais da sociedade. A vivência já é feminina com feições e hábitos. Tem a aceitação do pai em sua identidade feminina, tem tratamento com médicos e psicólogos e possui como hobby o balé. O conflito da personagem é estar em um corpo que não é o seu e essa carga física e emocional absurda para uma adolescente de 15 anos se confrontam com os dilemas típicos da puberdade, agravados por intensas dúvidas de identidade e satisfação. O expectador recebe logo no início do filme o alerta sobre o tema, tal recurso utilizado também na polêmica série "13 Reasons Why", não são cenas fáceis de ver, a dor da personagem assim como suas feridas e atitudes podem não ser confortáveis porém expressam com sensibilidade o drama de uma trama. O filme é a estréia na direção de Lukas Dhont, cineasta belga que com uma bravura incrível compartilha uma narrativa que vai além da luta pela auto-aceitação e que pode despertar no expectador o mesmo sentimento da personagem de humilhação ao ser reduzido ao seu corpo e a crueldade de ser deturpado como algo que você não é. Na trama Lara (Victor Polster) é uma jovem menina de quinze anos, seu maior sonho é tornar-se uma bailarina profissional e, com a ajuda do pai (Arieh Worthalter), ela busca uma nova escola de dança para desenvolver sua técnica. No entanto, a menina encontra dificuldades para adaptar-se aos movimentos executados nas aulas por conta de sua estrutura óssea e muscular, já que Lara nasceu no corpo de um menino. O filme belga é bastante original seja esteticamente ou pela beleza exposta na dor, o diretor aposta em um cinema realista e psicológico. O enquadramento na personagem muito bem interpretada por Victor Polster (mesmo sendo um ator cisgênero - gênero do nascimento) ele vive uma mulher transexual em uma abordagem sincera, deixando as suas expressões e sua angústia cada vez mais intensa até o ato final que é de cortar o coração. Sua humanidade perante aos acontecimentos fica evidente, superando os conflitos de aceitação e mostrando sua essência pura perante aos "normais". Não é uma história fácil porém muito bem executada, como um grito preso que ecoa na vida de milhares de pessoas transexuais. A DURA LUTA DE UMA VIDA. 



O filme foi exibido no 71º Festival Internacional de Cannes, em 2018 e está disponível na Netflix.

Hype: ÓTIMO - Nota: 8,5


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