quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

O HOMEM INVISÍVEL  (2020) "The Invisible Man" de "Leigh Whannell"



Nova origem do famoso personagem conta com Elisabeth Moss em boa atuação dramática em suspense realista e intimista.

O filme é uma adaptação contemporânea do romance homônimo de H. G. Wells e é uma reinicialização da série de filmes do personagem O Homem Invisível. Tal personagem já ganhou as telas em diversas abordagens desde a decáda de 30. Essa nova roupagem faz parte de um projeto que infelizmente não foi adiante, o estúdio Universal em 2017 iniciou uma franquia intitulada Dark Universe, onde o estúdio faria novas adaptação dos seus famosos monstros com uma roupagem moderna e com várias possibilidades de adaptações, tudo desandou já no ambicioso projeto de A Múmia com Tom Cruise que não conseguiu o retorno financeiro esperado e não empolgou o público como deveria. Após poucas notícias sobre essa continuidade, surge discretamente essa adaptação do Homem Invisível que passa longe de toda pompa divulgada na época do projeto, com um baixo investimento, o filme ganha a produção da Blumhouse, especialista em filmes temáticos de suspense e terror. O cineasta Leigh Whannell responsável pelas produções Sobrenatural: A Origem (2015) e Upgrade: Atualização (2018), consegue sucesso na abordagem com um clima bastante assustador e longe do formato adotado em A Múmia, que tinha foco na aventura e também na conexão de outros personagens conhecidos da Universal. O principal diferencial dessa produção é seu aspecto simples, longe de grandes pretensões de expansão além do importante protagonismo de uma mulher, o papel do Homem Invisível é de Oliver Jackson-Cohen, visto na série A Maldição da Residência Hill (2018) e no filme O Que De Verdade Importa (2017), sua participação é singela com todo foco nos abusos sofridos por Cecilia (Elisabeth Moss), que carrega o filme nas costas ao viver um relacionamento abusivo com o cientista em uma tortura psicológica assustadora. Ele misteriosamente morre e lhe deixa uma fortuna de herança, Cecília de repente em meio a paranóia dos acontecimentos começa a ser perseguida por alguém que não é possível enxergar, esse é o ponto forte do horror abordado pelo personagem, ele pode fazer coisas que as pessoas não enxergam e ainda manipular situações que podem ser prejudiciais caso não sejam usadas para o bem. Cecilia fica cada vez mais vunerável e a obsessão doentia de seu ex-companheiro se torna uma situação bastante sinistra. O que se pode concretizar desde o início do filme é que o Homem Invisível, adrian, é um gênio do ramo ótico, que passou a vida atrás de uma tecnologia que pudesse tornar uma pessoa invisível. Ele é o vilão deste filme. Logo nos primeiros minutos da trama, acompanhamos Cecilia fugindo de uma verdadeira fortaleza onde os dois moravam. Ela não apenas enfrenta o desconhecido, num misto de fuga e confrontamento, mas ao mesmo tempo precisa desenvolver artimanhas para neutralizá-lo. Essa situação agoniante de observar uma mulher indefesa sendo agredida por um homem se reflete no debate proposto na produção que se mostra interligada ao que acontece atualmente não se perdendo apenas em apresentar o personagem, existe um propósito bastante importante sobre as consequências de seus atos e como ele usa esse poder. O filme se mostra bastante interligado, onde um personagem fantástico vive em uma realidade atual, algo que falhou bruscamente em A Múmia, não há também ligações com os demais personagens, ficando uma incógnita se esse universo vai continuar realmente. Como entretenimento, a história tem muitos pontos positivos, é bastante violenta, sem disfarces ou exageros narrativos, livre da ostentação de possibilidades que o estúdio tem em mãos. Sem muito alarde, o personagem volta as telas em filme surpreendente que aguarda o retorno do público para que a franquia se desenvolva em um começo bastante animador. TENSO.


O filme chega aos cinemas hoje 27/02 pela Universal Pictures.

Hype: BOM - Nota: 7,5

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

TBT: ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO (2008) de "Jose Mojica Marins"


 Hype TBT


Nosso TBT revisita um dos últimos trabalhos de José Mojica Marins o Zé do Caixão que nos deixou ontem aos 83 anos e se tornou um dos mestres do cinema de terror no Brasil com seu cavanhaque e unhas longas, seu cinema tinha foco na vertente trash e na criação de anti-heróis que enfrentavam o sistema, desafiando Deus e o homem, constituíndo caos, violência e niilismo. Zé do Caixão era ensaiado e constituído pelo próprio Marins com uma ofensividade delirante e de uma grosseria imaginativa e surreal. Em sua filmografia era comum encontrar cenas clássicas e assustadoras de rituais de canibalismo, satanismo e anarquismo. Sua carreira infelizmente esbarrou na ditadura e no politicamente correto, ele tentou, sem sucesso, fazer esse filme em 1965 e 1981. Encarnação do Demônio foi realizado em 2008 graças a uma junção de fãs e produtores que conseguiram os recursos necessários para tirar o personagem do limbo e também fechar uma espécie de trilogia iniciada com À Meia-Noite Levarei Sua Alma  (1963), e Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967). O filme foi selecionado para ser exibido no Festival De Veneza, em 2008, numa mostra chamada "Midnight Movies". No Brasil venceu o extinto Festival de Paulínia (SP), ganhando 7 prêmios incluindo Melhor Filme. A produção além de prestar uma homenagem ao legado do personagem consegue envelhecer bem a filmografia do diretor com uma produção caprichada e diversas referências aos seus filmes. Se mantém no espírito original do seu criador causando grande impacto e terror. Não é um filme para qualquer tipo de público porém é obrigatório para fãs de todas as vertentes do Horror. Zé do Caixão será lembrado como um cineasta ousado e que usa as normas da sociedade e a confiança das pessoas na religião e nas crenças, como meio para filosofar de maneira delirante e anárquica. Fará muita falta! Esse filme foi o último que assistimos dele! Nossos sentimentos a família!
Jose Mojica Marins (1936 - 2020) 😢

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

DOLITTLE (2020) de "Stephen Gaghan"


Robert Downey Jr. é o mais novo Doutor Dolittle em superprodução problemática.

Baseado no clássico personagem da série de livros do britânico Hugh Lofting, já adaptado outras duas vezes no cinema, incluindo uma versão de sucesso com o astro Eddie Murphy, o veterinário que ouve os animais ganha uma nova roupagem com foco em sua nova habilidade, ser um viajante explorador. O que poderia ser uma boa idéia de entretenimento familiar desanda e sofre intensamente sem uma profundidade adequada para trabalhar esse universo. O filme teve dois adiamentos antes do lançamento e o resultado final não foi apreciado no país de origem aonde passou quase despercebido. A produção sofre em todos os aspectos, desde um roteiro sem qualquer surpresa e totalmente previsível a um Robert Downey Jr. pouco inspirador e perdido no personagem. Para piorar a situação, a personalidade dos animais que no filme de 1998 era um charme cômico, agora se reduz a diversos esteriótipos superficiais, o filme não é engraçado e muito menos divertido, não funciona como comédia e como aventura se perde em momentos constrangedores. O único ponto positivo são os competentes efeitos especiais e o elenco talentoso de dubladores na versão original. O espectador certamente ficará perdido na confusão que esse filme proporciona. Na trama, sete anos depois de ter perdido a sua esposa, o excêntrico Dr. John Dolittle (Robert Downey Jr.), famoso médico e veterinário da inglaterra, esconde-se atrás dos muros de sua mansão na companhia de animais exóticos que ele tem a habilidade extraórdinaria de se comunicar. Quando a jovem rainha Vitória fica gravemente doente ele é convencido a zarpar em uma aventura em busca de uma possível cura em uma jornada de coragem e descobertas. Nela, o Doutor é acompanhado por um aprendiz auto-intitulado (Harry Collett) e um grupo barulhento de animais amigos, incluindo um ansioso gorila (Rami Malek), um pato entusiasmado (Octavia Spencer) e uma dupla competitiva formada por um avestruz (Kumail Nanjiani) e um urso polar (John Cena), além de um papagaio (Emma Thompson), que serve como a companheira mais confiável e conselheira de Dolittle. Com um trabalho técnico impecável em sua produção, o mesmo não se aplica a narrativa e ao roteiro. Após se despedir do herói Tony Stark/Homem de Ferro em Vingadores: Ultimato (2019), Downey Jr. encara agora o desafio de superar esse fiasco de atuação, o filme ainda apresenta em seu final cenas pós créditos que podem induzir a uma possível continuação, com um resultado fraco nas bilheterias e com poucas pessoas conectadas ao filme, dificilmente isso aconteça, mesmo que em muitos aspectos o personagem tenha potencial para boas histórias. DECEPCIONANTE.


O filme chega aos cinemas nesta Quinta-Feira 20/02 pela Universal Pictures.

Hype: RUIM - Nota: 3,0

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

LUTA POR JUSTIÇA (2019) - "Just Mercy" de "Destin Cretton


Drama jurídico baseado em uma história real tem bom elenco e tema necessário sobre preconceito racial.
O cinema americano cada vez mais se abre a contar histórias empoderadas sobre a luta da comunidade negra em um país onde a segregação racial é uma ferida exposta e contundente. Na verdade é um tema bastante utilizado de diferentes formas. Nesta produção, conhecemos um emocionante e triste caso real que ganha as telas para ressaltar que o mundo em que vivemos nem sempre é justo, ou muitas vezes é contaminado pela má índole e falta de empatia das pessoas. A crítica ao sistema penal também se mostra bastante pontual ligando um sinal de alerta em um cenário que pode ser corruptível e precisa de cuidados. Os verdadeiros eventos abordados no filme ocorreram 20 anos atrás e infelizmente até os dias de hoje são recorrentes de negros que sofrem apenas por serem negros, por puro preconceito. O filme é um estudo de caso angustiante onde a cada desdobramento da história se enxerga não só o racismo que rodeia o personagem mas também como cada obstáculo foi determinante para o advogado manter o foco e se fortalecer em sua vontade de salvar um homem de seu fim no corredor da morte mesmo sendo inocente. Uma sacada interessante do filme é fazer referência com o clássico “O Sol é Para Todos”, de Robert Mulligan, citado por semelhar a história sobre uma cidade preconceituosa nos anos trinta contra um lavrador negro acusado de estupro. Os anos se passaram e infelizmente temos que acompanhar mais uma história triste de intolerância. Na trama, o advogado Bryan Stevenson (Michael B. Jordan) formado em Direito em Harvard decide deixar sua cidade natal para assistir o processo criminal de prisioneiros em Alabama. Ao lado de Eva Ansley (Brie Larson) advogada local, igualmente comprometida com os direitos dos presos, ele estabelece um modesto escritório para assumir casos de confinados no corredor da morte. Ele assume o caso de Walter McMillian (Jamie Foxx) que foi condenado a morte por assassinato apesar das evidências comprovarem sua inocência. Stevenson encontra racismo e manobras legais delicadas enquanto luta pela vida de McMillian. O longa-metragem, dirigido por Destin Daniel Cretton, experiente em filmes sentimentais como O Castelo de Vidro (2017) e A Cabana (2017), é acima de tudo sobre a busca da humanidade, ofertada por um sensível e jovem advogado interpretado de maneira sincera e bonita pelo ator Michael B. Jordan, que sente os efeitos de sua cor em uma terra praticamente sem lei, com situações constrangedoras como ser humilhado na revista em uma penitenciária de segurança máxima além de recorrentes intimidações e ameaças que o leva a lutar bravamente pela justiça. Com uma carga dramática forte nem sempre aliviada pela mão pesada do diretor, é também um filme de tribunal com as articulações de seus promotores e advogados e emocionante quando refletimos que há algo muito errado com a essência humana. TRISTE.

 O filme chega aos cinemas em 20/02 pela Warner.Bros Pictures.
Hype: BOM - Nota: 7,0

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

MARIA E JOÃO: O CONTO DAS BRUXAS (2019) - "Gretel & Hansel" de "Oz Perkins"


Terror se inspira em clássica história infantil para apresentar o lado sombrio dos acontecimentos em um pontual suspense psicológico.

Baseado no conto de fadas João e Maria, popularizado pelos irmãos Wilhelm e Jacob Grimm, o filme dirigido por Oz Perkins (filho de Anthony Perkins, o Norman Bates de Psicose de 1960) muda o direcionamento da história e nos posiciona para um realismo interessante do famoso conto com algumas adaptações interessantes. Um detalhe importante é a inversão do nome dos personagens no título, a protagonista principal é Maria, interpretada por Sophia Lillis (It- A Coisa) em uma trama sobre amadurecimento e enfrentamento, seguindo apenas três personagens principais: Maria, João e a Bruxa. Há uma sensação de que Maria precisa levar João por toda parte, cuidar dele como uma mãe, é uma mudança bem estratégica, inclusive para diferenciar das milhares de abordagens de João e Maria no cinema. Como terror, o filme funciona bem na construção de tensão com alguns bons momentos. Como história, falta refinamento nas decisões que muitas vezes surgem como previsíveis. Desta vez, as migalhas guiam por um caminho muito mais sombrio. Durante um período de escassez, Maria (Sophia Lillis) e seu irmão mais novo, João (Sammy Leakey) saem de casa e partem para a floresta em busca de comida e sobrevivência. É quando encontram uma senhora (Alice Krige) cujas intenções podem não ser tão inocentes quanto parecem. Com um visual bem autêntico e cheio de simbologias, o suspense acerta em uma pegada diferenciada e semelhante a outra produção do gênero, A Bruxa, de Robert Eggers. A produção foi filmada na Irlanda, em locações que incluem um pavilhão de caça abandonado que, segundo uma crença local, era frequentado pelo Diabo. Mesmo com um visual excelente e boa atuação de Lillis, a tensão se torna meio repetitiva com o passar da história e no fim das contas se torna pouco contemplador mesmo com uma atmosfera perturbadora, fugindo de uma mera transposição da fábula para o cinema. Funciona melhor como fantasia adicionando novos elementos e ainda mantendo a história original. Como um filme de terror, pode não ser tão assustador como deveria mesmo sendo muito eficiente em gerar tensão, graças também a uma trilha sonora baseada em sintetizadores. O resultado final é positivo. INTERESSANTE.


O filme chega aos cinemas em 20/02 pela Imagem Filmes.

Hype: BOM - Nota: 7,0

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

SONIC - O FILME (2020) - "Sonic - The Movie"  de "Jeff Fowler"



Filme do ouriço azul mais famoso do mundo é uma aventura simples e divertida com uma boa introdução do personagem no cinema sem grande profundidade.

O Filme é uma comédia de aventura em live-action baseada no personagem Sonic da famosa empresa de videogames Sega. A franquia de jogos é centrada principalmente na velocidade de seu protagonista e seu primeiro jogo foi lançado em 1991, concebido após um pedido para a criação de um novo mascote da companhia. O título foi um sucesso e foi renovado para várias sequências que levaram a Sega a liderança dos consoles de videogame da era 16-bits do começo até a metade dos anos 90, algo quase surreal em um cenário atual dominado pela Sony e Microsoft. Fora dos videogames a franquia também já foi divulgada em outras mídias, incluindo desenhos animados, anime e uma série de histórias em quadrinhos. Essa é a primeira vez que o personagem ganha um live-action e as expectativas sempre foram altas, tanto que o filme ficou com bastante evidência quando o estúdio lançou o primeiro trailer e o público fez críticas bem sinceras ao visual do personagem. Em uma decisão esperta e lógica, o personagem foi refeito até chegar ao visual que vemos no filme. A mudança foi uma estratégia bastante correta e surtiu bastante efeito no resultado final. Visualmente o personagem está bastante fiel aos games em um filme colorido, cheio de cultura pop e elementos para agradar os fãs que jogavam o jogo. Outra decisão acertada do filme é escalar o ator Jim Carrey como o famoso vilão Robotnik, uma oportunidade para o ator retornar às suas lendárias raízes de filmes de comédia. O filme segue as aventuras e desventuras de Sonic enquanto ele tenta se adaptar à sua nova vida na Terra com seu novo – e humano – melhor amigo, o policial Tom (James Marsden). Sonic e Tom unem suas forças para tentar impedir o perverso Dr. Robotnik (Jim Carey) de capturar Sonic e usar seus imensos poderes para dominar o mundo. Na versão original quem dá a voz ao Sonic é o ator de comédias Ben Schwartz  que consegue fornecer variações divertidas para as vocalizações de Sonic. Mesmo com uma história que por vezes se torna simplista demais e sem surpresas, a aventura é bastante infantil e pouco ágil como deveria ser além de errar nas piadas datadas. A estréia do diretor Jeff Fowler consegue capturar a essência dos videogames mesmo sem a ajuda de um roteiro empolgante e uma aventura envolvente. O live-action gera novas e empolgantes possibilidades sobre o que Sonic pode fazer e ser no cinema e talvez seja só o ponto de partida pois quando tudo tá ficando melhor o filme termina. As crianças vão adorar e os adultos vão se perder na nostalgia do personagem. Fique até o final há duas cenas pós créditos bem legais. DIVERTIDO E BOBO.      


O filme estreia hoje nos Cinemas pela Paramount Pictures.

Hype: BOM - Nota: 7,0

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

LA ROUX - "Supervision" (2020)


Terceiro álbum de estúdio da cantora inglesa Elly Jackson, conhecida profissionalmente como La Roux é um trabalho pop bastante refinado e gostoso de ouvir.


O La Roux após seis anos do último trabalho lança álbum de inéditas . O duo de eletropop e synthpop britânico chamou bastante atenção no fim da década passada com os hits "Bulletproof" e "I'm Not Your Toy", na época foi considerado uma revelação do pop britânico. Em 2014, quando lançaram o segundo álbum "Trouble In Paradise" o grupo já não era mais um duo. Ben Langmaid tinha abandonado o projeto e nos últimos anos a cantora Elly Jackson, sozinha sob o nome La Roux, seguiu com o grupo. Ela teve diversos problemas de saúde nesse caminho solo que ocasionaram no hiato de novidades, em um determinado momento sua  voz simplesmente sumiu e aos poucos ela teve que retomar tudo do zero. Uma das soluções encontradas foi compor em um estúdio montado em anexo a cozinha de seu apartamento em Londres, inclusive este novo trabalho é lançado pela seu prório selo, o Supercolour. O albúm Supervision é um trabalho de superação da cantora que muda várias caracteríticas do som, ela usa menos o synth oitentista e se concentra nos grooves de guitarra, sua voz continua muito afinada. É uma mudança madura porém distante das pistas de dança, marca registrada do grupo, destaque para as melodias bem produzidas. Em "21st Century", que abre o trabalho, observa uma pegada vintage. "Do You Feel" é uma balada leve e simplista. "Automatic Driver" foi o segundo single do trabalho e mesmo sem aquele  gás habitual do grupo é uma canção deliciosa a sua maneira. "International Woman of Leisure"foi o primeiro single lançado e segundo Elly, é um "hino sobre parar de aguentar certas merdas". Também é uma música em resposta ao estilo de vida privilegiado dos homens. É uma das melhores do trabalho. Mesmo apertando o freio no ritmo, "Everything I Live For" surge auto astral. "Otherside" é tão crua que muitas vezes não se revela. "He Rides" traz quase uma pegada no blues. O álbum se encerra com "Gullible Fool", uma balada digna de um final apoteótico com melodia crescente e batidas interessantes. Esse álbum abre caminho para uma nova jornada do grupo, abrindo mão de um registro pop eletrônico enérgico para algo mais adulto. Com uma profundidade interessante e bastante cru, por opção própria da cantora, Supervision surge como uma opção mais relaxante e sem muitas pretensões, uma pena. POP INOFENSIVO.


O álbum possui 8 músicas disponíveis nas principais plataformas de streaming pela Supercoulor Records.


Hype: BOM - Nota: 7,5



terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

A DESPEDIDA (2019) - "The Farewell" de "Lulu Wang"


O grande vencedor do Spirit Awards de melhor filme é uma produção simples e repleta de sentimentos e conflitos geracionais de uma família chinesa.

O filme foi o grande destaque entre os premiados do Film Independent Spirit Awards 2020, a premiação que elege os melhores filmes independentes, geralmente, produções esnobadas pelo Oscar ou até mesmo inéditas em muitos países. O filme também foi eleito um dos dez melhores filmes independentes de 2019 pelo National Board of Review. Produzido pelo estúdio A24 (sem distribuição oficial no Brasil) é um drama baseado em um episódio real ocorrido na família da diretora e roteirista Lulu Wang, "The Farewell" diz logo em seu crédito de abertura que é "Baseado em uma mentira real", concentrando-se nas emoções flutuantes da garota Billi enquanto ela luta para esconder suas emoções. Ela é uma escritora desempregada de Nova York que recebe uma notícia de seus pais, que sua amada avó, "Nai Nai ”(Zhao Shuzhen) tem um câncer terminal. Seguindo a tradição chinesa, os parentes de Billi concordam em manter a velhinha no escuro sobre sua condição e, em vez disso, planejam uma última chance de vê-la organizando um casamento em uma reunião familiar incomum. Sem questionar de fato o certo ou errado dessa decisão, conhecemos como cada um age na escolha da familia, é nesse momento que a atriz e rapper de 31 anos, Awkwafina, brilha em seu papel contido e emocionante de frustrações interculturais. Ela vive uma chinesa-americana que luta contra o tradicionalismo de sua família e seu impacto em seu futuro, ela é um mecanismo para a visão introspectiva do filme. A atuação rendeu a atriz o prêmio de Melhor Atriz em Comédia no Globo de Ouro de 2020 pelo filme, sua atuação tem bastante profundidade e se afasta de outros papéis de sua carreira. O grande mérito da produção é se afastar do novelão, passando por momentos serenos e observacionais a explosões inesperadas de humor. Grande parte do filme gira em cenas movimentadas de parentes amontoados nas mesas de jantar, conversando sobre suas opiniões da vida e de décadas de lembranças, enquanto Billi, absorve tudo. O impacto cumulativo e a falta de transparência mais ampla afetou sua vida adulta e sua avó carinhosa é uma fonte de alívio cômico reorientando sua perspectiva sobre seus dilemas. Construido sobre um potencial de confronto com o clímax do tal casamento, A Despedida ameaça se transformar em sentimentalismo mas surpreendentemente evita os caminhos óbvios para uma construção organizada. Sua câmera procura ambientes abertos e soluções diferenciadas para situações geralmente carregadas de tristeza. O filme desponta como um drama maduro mesmo com a simples mensagem que a vida é para ser vivida e não sofrida. DRAMA LEVE E COMPLEXO.


O filme não tem previsão de estréia no Brasil.

Hype: ÓTIMO - Nota: 8,0

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

ESPECIAL: OSCAR 2020 - Vencedores e Críticas


A 92° edição do Oscar tenta reverter as críticas  negativas sobre a falta de diversidade e polarização de indicados, no geral, o destaque foi Parasita sendo o primeiro filme internacional a vencer a categoria principal. 


Veja os principais vencedores e o link da nossa crítica.


Parasita - 4 prêmios: Filme, Filme Internacional, Diretor (Bong Joon Ho) e Roteiro - Crítica realizada em agosto de 2019 como Hype: (https://bit.ly/2vlTmgK)



1917 - 3 prêmios técnicos: Melhor Mixagem de Som, Melhores Efeitos Especiais e Melhor Fotografia - Crítica: (https://bit.ly/2w7c1gX)


Coringa - 2 prêmios: Melhor Ator (Joaquin Phoenix) e Melhor Trilha Sonora Original - Crítica: (https://bit.ly/37eYAZ8)


Era uma vez em Hollywood - 2 prêmios: Melhor Ator Coadjuvante: Brad Pitt e Melhor Design de Produção - Crítica: (https://bit.ly/31HXgNp)


Ford Vs. Ferrari - 2 Prêmios categorias técnicas: Melhor Edição de Som e Melhor Montagem - Crítica: (https://bit.ly/2SfoEz9)


JoJo Rabbit - 1 prêmio - Melhor Roteiro Adaptado - Crítica: (https://bit.ly/2UEVX08)



Adoráveis Mulheres - 1 prêmio - Melhor Figurino - Crítica: (https://bit.ly/37d70QS)


História de Casamento - 1 prêmio - Melhor Atriz Coadjuvante para Laura Dern - Crítica: (https://bit.ly/37hHN7I)


Toy Story 4 - 1 Prêmio - Melhor Animação - Crítica: (https://bit.ly/2Sz3GKh)



O Escândalo - 1 Prêmio - Melhor Cabelo e Maquiagem - Crítica: (https://bit.ly/2vYhTc6)



Rocketman - 1 Prêmio - Melhor Canção Original - (I’m Gonna) Love Me Again de Elton John - Crítica: (https://bit.ly/2uA5Tgz)


Judy - 1 Prêmio - Melhor Atriz - Renée Zellweger - Crítica: (https://bit.ly/3bqNgfP)



Indústria Americana - 1 Prêmio - Melhor Documentário - Crítica: (https://bit.ly/31Ed43E)


Até ano que vem! 


sábado, 8 de fevereiro de 2020

FORD VS FERRARI (2019) de "James Mangold"



Drama de automobilismo com Matt Damon e Christian Bale é um relato bonito que emociona quem gosta de corridas ao apresentar a rivalidade entre as montadoras de carros mais famosas do mundo.

O filme é um drama esportivo naquela velha construção habitual do cinema Hollywoodiano de exaltação de pessoas comuns que se tornam personagens de uma história extraordinária de superação. A produção tem aparência bonita em retratação interessante da época abordada e cenas de ação corretas mas não muito empolgantes, sobre dois garotos do mundo admirador do automobilismo. Baseado em uma história verídica e repleta de momentos emocionais bem concentrados ao mundo de personagens masculinos, que trabalham em fábricas e possuem uma dedicação ao esporte e amor por carros. James Mangold dirige em piloto automático o filme a partir de um roteiro original do dramaturgo Jez Butterworth, John-Henry Butterworth e Jason Keller. Matt Damon traz seu familiar personagem "gente-boa" com descontraído charme infantil para o papel de Caroll Shelby, o piloto que virou designer de corrida que foi contratado pela Ford no final dos anos 60 para montar um carro e uma equipe que derrotariam a Ferrari, de origem italiana e pompa de referência em qualidade e beleza. Christian Bale interpreta Ken Miles, o britânico difícil, impulsivo, mal-humorado, mas brilhante, contratado por Shelby como seu piloto principal, o rebelde que bate de frente as imposições da Ford, que querem um jogador de equipe que obedeça as regras. Tracy Letts interpreta Henry Ford Jr com gosto e Josh Lucas interpreta Leo Beebe, seu assistente. Jon Bernthal faz o que pode com o papel subimaginado de Lee Iacocca, o executivo da Ford cuja ideia evidentemente era o primeiro lugar para a montadora assim como entrar no mundo glamouroso e caro do automobilismo. A pessoa com o papel mais ingrato é Caitriona Balfe, que interpreta a adorada esposa de Miles, Mollie. Ela não tem muito o que fazer, e este é um filme de homens. É um filme que assim como O Irlandês de Scorcese, mostra o abismo entre homens e mulheres nos séculos passados, é constrangedor que uma produção nos tempos atuais ainda se permita a exaltar a masculinidade tóxica e mulheres apenas como um adereço a grandes "homens". O desempenho de Bale é o oposto da representação descontraída de Damon. É uma exibição de ator: uma coleção ridícula de maneirismos espetaculares, esquisitos, sotaques e uma linguagem corporal matuta. O filme ganha vida rapidamente nos solavancos e acidentes que ocorrem quando motoristas ferozmente competitivos se chocam, e percebemos que, ao contrário de muitos outros esportes, o automobilismo é potencialmente perigoso e foi especialmente o caso nos anos 60. Todo esse risco em busca da glória a empresa uma de motores ou serão apenas emoções de velocidade egoístas? São questionamentos necessários mas que certamente não afeta a base de fãs de corridas e muito menos quem ainda perde horas da vida assistindo um corrida de Fórmula 1 na tv. Como filme é uma produção correta, meio monótona, antiquadra e cheia de vícios tóxicos da sociedade sem mostrar consequências. CORRA, FORD, CORRA!


O filme está disponível em Vídeo On Demand e plataformas digitais para alugar ou comprar.

Hype: BOM - Nota: 7,0

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

O GRITO (2020) - "The Grudge" de "Nicolas Pesce"


Reboot da versão americana do terror japonês repete a mesma história com pouca criatividade e erros em sua condução.

Em 2002, o remake americano do japonês Ringu, O Chamado, chegou aos cinemas e se tornou um grande sucesso para o gênero. O filme inspirou uma enorme onda de remakes americanos de filmes de terror asiáticos, que inclui O Grito, mais conhecido no país de origem como Ju-on, criado por Takashi Shimizu, o filme foi um grande sucesso gerando várias continuações. Sua adaptação americana foi lançada em 2004 e gerou 3 filmes. A saga baseia-se numa maldição folclórica japonesa, a qual se diz que quando uma pessoa morre num momento de extremo  ódio, uma maldição nasce, tomando a forma das vítimas e habitando o local da morte, assombrando e matando qualquer um que entre em contato com ela. Os eventos desse novo filme buscam se conectar com a história original servindo tanto como uma reinicialização como uma sequência direta. A produção segue uma direção que se perde constamente, principalmente pela falta de novidade. O elenco não consegue entregar um bom trabalho e isso transparece nas soluções fáceis, encontradas em um roteiro tecnicamente pobre que usa e abusa dos clichês do gênero, são personagens superficiais em uma trama fria que anda em círculos e não chega a lugar nenhum. Outro ponto negativo é o erro de tom, principalmente em se apegar em sub-tramas dramáticas que não são importantes para a conclusão do filme, além da banalidade que se tornam os atos sobrenaturais que surgem em tela o tempo todo faltando um toque de originalidade e requinte. Na trama, em uma residência repleta de mistérios, nasce uma maldição poderosa após determinada pessoa morrer. Voraz, a entidade maligna evocada faz vítimas e uma policial local investiga o caso correndo sério risco de ser atingida pela maldição. O diretor Nicolas Pesce até consegue criar imagens desagradáveis de pesadelo, o cineasta trabalha com um elenco forte mas quando evoca algumas imagens assustadoras, esse rancor não consegue se justificar e quase nada funciona no filme, o bom ritmo da trama se contrapõe na necessidade de sustos facéis em um filme em guerra consigo mesmo. Toda vez que o filme começa a acumular medo suficiente se lança a diálogos desajeitados ou adiciona cenas que não tem absolutamente nenhum propósito. Chega a ser dificil se conectar ao filme com mais eficácia e em sua totalidade deixa muito a desejar. "FRACO".


O filme estréia nos cinemas em 13/02 pela Sony Pictures.

Hype: RUIM  - Nota: 3,0

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

INDÚSTRIA AMERICANA (2019) - "American Factory" de "Steven Bognar" e "Julia Reichert"


Documentário vencedor do prêmio de direção em Sundance e indicado ao Oscar, é  um intenso exercício de percepção do capitalismo e das diferenças culturais. 

O filme já estava pronto quando a Netflix e a Higher Ground (produtora do ex-presidente americano Barack Obama e da ex-primeira-dama Michelle Obama) adquiriram a produção no Festival de Sundance de 2019 para sua distribuição mundial. O documentário tenta ir além dos noticiários sobre economia e globalização, mostrando o dia a dia de uma empresa chinesa que se estabelece nos Estados Unidos ocupando o lugar de uma fábrica americana da GM e põe operários chineses e americanos para trabalharem juntos. O olhar racional das câmeras transita em uma edição nervosa e interessante transmitindo uma sensação de tensão nesse fluxo por ambos os lados. A ilustração muitas vezes caracteriza que as questões econômicas e políticas também são questões culturais. Entra em choque o modelo Ocidental contra o modelo Oriental e o desafio de unificar padrões diferentes de produção. Em um primeiro momento, a comunidade americana acolhe de braços abertos a presença da Fuyao e a promessa de oportunidades econômicas para a região. Os executivos da empresa projetam uma imagem de unidade, procurando integrar os empregados em suas práticas metódicas. O processo desanda rapidamente quando a empresa tenta descumprir muitos procedimentos de segurança e proteção dos trabalhadores. A expectativa é que a fábrica de Dayton atinja os mesmos níveis de produção de vidro que as fábricas da Fuyao na China. As dificuldades surgem, principalmente, quando os ideais sobre o trabalho e a linha de produção da empresa oriental não funcionam com os funcionários americanos, ainda em maioria na fábrica. O filme busca entender essas diferenças sem julgamentos ao realizar uma análise sobre os metódos de trabalho. Os operários chineses são motivados por um senso coletivo de missão, algo que é intensificado pelos executivos chineses, vistos no filme usando apelos nacionalistas para mobiliza-los e semear o antagonismo entre eles e os americanos. Já os operários americanos são tratados como preguiçosos por buscar direitos e bater de frente com os executivos da empresa. Uma das principais queixas é uma série de acidentes sofridos no trabalho devido a falhas nos procedimentos de segurança. Eles começam a se organizar para participar do sindicato United Auto Workers em busca de qualidade de vida no trabalho e melhores benefícios. Boa parte do filme é uma saga tensa e às vezes frustrante de tentar um equilibrio nesse conflito e também a bussca por humanizar todos os envolvidos, desde um simples operário imigrante como o alto escalão da empresa. No meio do caminho ainda surgem outras questões interessantes como as máquinas substituindo a mão de obra humana. Com uma direção precisa e uma reflexão sobre as diferenças de pensamentos, o filme é um documentário que pode também servir de alerta sobre o abuso dos grandes empresários na busca cega por lucro.. "CAPITALISMO SELVAGEM".


O filme está disponível no catálogo da Netflix.

Hype: BOM  - Nota: 7,5

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

AVES DE RAPINA - ARLEQUINA E SUA EMANCIPAÇÃO FANTABULOSA (2020) - "Birds of Prey" de "Cathy Yan"


Novo filme da DC após o estrondoso sucesso de Coringa tem foco em uma gangue de garotas liderada por Arlequina em um filme pipoca irresistível e insano na medida certa.

O ano finalmente começou para os filmes de "heróis", o aguardado "pseudo" spin-off do repugnante Esquadrão Suicida chega aos cinemas. Ainda bem que o ponto em que as duas obras se conectam é limitado à personagem de Margot Robbie, Arlequina, uma vez que o Coringa de Jared Leto não está no filme e a história não segue o ritmo bagunçado de um videoclipe de hip hop como no tumultuado filme de 2016. Como aconteceu no ótimo Shazam (2019), também da DC, o filme cria seu próprio caminho com uma bonita estética modernista e cenas de ação criativas com estilo próprio em um filme maluco que incorpora todas as insanidades de sua personagem principal. As garotas mandam muito bem nas cenas de luta e cada cena propõe um diferencial charmoso em seu enquadramento com destaque a luta final onde Arlequina usa seus famosos patins. O ritmo do filme é bom e explode cultura pop o tempo inteiro, são diversas referências sem ser cansativo. Mesmo com um roteiro problemático que serve mais como desculpa para o protagonismo da personagem principal de Margot Robbie, a história passa longe de ser banal e tem personalidade vibrante.  Diferente da maioria dos personagens, a Arlequina não nasceu nas páginas dos quadrinhos, mas sim na clássica série animada do Batman, lançada em 1992. A personagem que começa como a psiquiatra Harley Quinn, no Asilo Arkham, foi criada por Bruce Timm e Paul Dini para ser o interesse amoroso do vilão Coringa, ela se tornou tão popular entre os fãs que logo foi levada para os quadrinhos também. Além de fazer parte do Esquadrão Suicida, a Arlequina também já fez parte das Gotham City Sirens, Sociedade Secreta dos Supervilões e até mesmo da Liga da Justiça. O longa ainda possui outros personagens importantes do universo de Batman, mas pouco conhecidos do grande público. Caçadora (Mary Elizabeth Winstead), após perder seus pais é treinada para se tornar uma assassina. Canário Negro (Jurnee Smollett-Bell) que no filme é uma cantora e trabalha para o vilão. Renee Montoya (Rosie Perez) outro personagem que surgiu na série animada do Batman mas também ganhou uma versão na série Gotham e na trilogia do Batman dirigida por Christopher Nolan. Cassandra Cain (Ella Jay Basco), uma personagem pouco conhecida do grande público mas de extrema importância para os quadrinhos, no filme ela tem um papel central na trama. Máscara Negra (Ewan McGregor), o vilão,  é um amigo de infância de Bruce Wayne que após se ver obrigado a vender a empresa da família para ele se torna um magnata do crime. É a primeira vez que o vilão irá aparecer no cinema, mas ele já apareceu na série Gotham, nos jogos da franquia Arkham e em algumas animações. No filme é interessante como o personagem se esconde na periferia de Gotham com  Victor Zsasz (Chris Messina), um importante vilão dentro do universo do Batman, ele é um serial killer e um dos personagens mais violentos e sádico da DC, e talvez por isso essa também seja a primeira vez que ele será apresentado no cinema. Mesmo com tantos personagens, Aves de Rapina consegue dar protagonismo aos mesmos sem extrapolar na cafonice de apresentações e narração em off. O filme é totalmente despreocupado com o universo compartilhado da DC e seus personagens se destacam em ótimas cenas de ação e humor. Margot Robbie consegue sugurar as pontas de um filme quase solo com bastante talento, a vilã ganha um filme de herói sem perder a essência e sempre deixando claro o quanto sua personagem é complexa no universo de Batman. O filme é modesto em termos de construção, com poucas surpresas, visualmente é bastante urbano, Gotham ganha um representação bem interessante e até sombria na trama, dentro de um contexto geral, é um bom filme, uma explosão nervosa de violência, cores e diversão sádica. DELIRANTE.


O filme entra em cartaz nos Cinemas nesta Quinta-Feira (06/02) com sessões de pré-estréia hoje (05/02) pela Warner.Bros.

O Meu Hype assistiu ao filme em sua Sessão de Imprensa!

Hype: ÓTIMO  - Nota: 8,0

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

LINK PERDIDO (2019) - "Missing Link" de "Chris Butler"


Filme animado vencedor do Globo de Ouro e indicado ao Oscar 2020 de Melhor Animação e é mais uma produção criativa do estúdio Laika que mesmo sem o brilho hábitual do estúdio vale muito ser visto.

Não é de hoje que a Laika Entertainment, LLC. chama a atenção no ramo das animações, o estúdio norte-americano de animação stop-motion especializado em longas-metragens e outros conteúdos é mais conhecido por seus longas-metragens conceituais como os sucessos: Coraline e o Mundo Secreto (2009), ParaNorman (2012) e Kubo e as Cordas Mágicas (2016), que ganhou o Oscar de Melhor Animação para o estúdio. A mais recente produção Link Perdido segue a mesma linha usando recursos modernos da tecnologia Stop-motion, os movimentos são bem realizados e nem se percebe o quão trabalhoso é o uso da técnica. A trama se passa no ano de 1886 com um visual de época esteticamente atraente, com cores que fogem do habitual e uma fotografia que foge do comum. Inclusive tem uma linda cena que mostra a Estátua da Liberdade atracando no porto de Nova Iorque. Apesar da beleza visual a história não chega a ser seu ponto forte mesmo que seja bastante pontual na mensagem que busca passar, a animação tem bastante elementos para quem gosta do genêro que busca agradar tanto as crianças como os adultos. Infelizmente o desenho foi um fiasco de bilheteria, custou mais de 100 milhões e não arrecadou nem metade disso, um dos principais motivos foi o descaso da Disney em distribuir o desenho recebendo pouca divulgação em seu lançamento. Mesmo assim é uma produção encantadora, tanto que venceu outros medalhões da animação no Globo de Ouro e agora ganha novamente destaque concorrendo ao Oscar de animação. Na trama, cansado de viver uma vida solitária no noroeste do Pacífico, o Sr. Link recruta o destemido explorador Sir Lionel Frost para guiá-lo em uma jornada para encontrar seus parentes perdidos há muito tempo no lendário vale de Shangri-La. Junto com a aventureira Adelina Fortnight, o trio se depara com diversos perigos enquanto viajam para os confins do mundo.Entre os dubladores da versão original estão Hugh Jackman, Emma Thompson, Zoe Saldana, Zach Galifianakis e Timothy Olyphant. Mesmo se perdendo em um tema bastante explorado pelos estúdios, recentemente outros dois desenhos abordaram a lenda do pé grande, Pé Pequeno (2018) e Abominável (2019), o toque de originalidade e a nova perspectiva é o principal frescor de Link Perdido se destacando pela abordagem madura de seus carismáticos personagens em uma aventura divertida. BEM REALIZADO.


O desenho foi exibido rapidamente nos cinemas e em breve estará disponível em Video On Demand e Plataformas digitais.
Hype: BOM - Nota: 7,0

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

HONEYLAND (2019) de "Tamara Kotevska" e "Ljubomir Stefanov."


Filme-documentário macedônio indicado ao Oscar 2020 mostra o poder de uma história, é uma bonita lição de vida de uma das personalidades mais fascinantes do cinema em 2019.

O documentário acontece na vila rural de Bekirlijia, cerca de 55 km a sudeste da capital do norte da Macedônia, Skopje. Os dois co-diretores descobriram enquanto pesquisavam em um documentário ambiental uma apicultora quase solitária e decidiram registrar sua vida ao se apaixonarem por seu modo de vida. A equipe passou três anos no local para os registros. O filme ganhou o prêmio Sundance World Cinema Grand Jury de 2019 para documentário e dois prêmios especiais do júri por fotografia e impacto por mudança. É o primeiro filme indicado ao Oscar de Melhor Documentário e Melhor Filme Estrangeiro simultaneamente. Tudo acontece graças a Hatidze, uma personagem real e dona de uma doçura fenomenal ao tratar cuidadosamente das abelhas, respeitando religiosamente o meio natural e o ecossistema em que vive. Além de tratar da abelhas ela também cuida da sua mãe, já bastante idosa e cheia de limitações, sem conseguir sair da cama. Elas vivem em uma pequena casa sem água corrente ou eletricidade, em uma aldeia abandonada. Em visitas episódicas a Skopje, a maior cidade da região, constituem os raros momentos em que ela vê mais gente e pode vender o mel cultivado, comprando algo para a sobrevivência e consumo. A calmaria de Hatidze termina com a chegada de novos vizinhos. Desacostumada com o barulho externo e vivendo para cuidar de sua mãe, ela acompanha com um olhar desavisado uma família turca entrando em seu mundo particular. Eles também se tornam apicultores em sua região e não seguem as mesmas regras naturais que a sua, o equilíbrio do ecossistema das abelhas é ameaçado e Hatidze precisa se esforçar para persuadí-los a seguir os pilares elementares para a sobrevivência das mesmas. Mas o inepto Hussein, instigado por um comerciante, favorece o lucro sobre a sustentabilidade e retribui a bondade com destruição impensada. E é justamente por sentirmos tão facilmente a bondade e simplicidade da personagem que o constraste de Honeyland é tão duro. Apesar de se tratar de um documentário, os diretores delineiam o filme a ponto de fazer com que os fatos que rodeiam Hatidze transformem essa história em algo poético que muitas vezes nos esquecemos que se trata de um documentário. A presença dos diretores é discreta e não percebida. Com uma fotografia impressionante, Honeyland nada mais é que uma história sobre como o ser humano é capaz de viver de forma honesta e feliz com o que tem em mãos, enquanto também fala sobre como somos capazes de desmoronar nossos valores em prol do capitalismo. Este é um estudo sobre a ganância e uma reflexão sobre valores mas também uma poesia silenciosa sobre retribuição. Há vários momentos de sensibilidade ilustrando como a humanidade se perdeu na modernidade e a esperança de um mundo melhor surge ao conhecer Hatidze. Um registro inesquecível. "UMA METADE PARA MIM, OUTRA PARA VOCÊS".


O filme não tem previsão de estréia no Brasil!

Hype: EXCELENTE - Nota: 9,0

domingo, 2 de fevereiro de 2020

PERDI MEU CORPO (2019) - "J'ai perdu mon corps" de "Jérémy Clapin"



Animação francesa premiada no Festival de Cannes e indicada ao Oscar é uma produção independente com beleza, poesia e originalidade. 

O diretor Jérémy Clapin passou quase oito anos trabalhando no filme, sua estréia no cinema, em 2019 ao ser exibido no Festival de Cannes, foi aclamado e premiado, sendo a primeira vez que uma animação de longa metragem ganhou a prestigiada seleção paralela de Cannes, o Grande Prêmio da Semana da Crítica. Sua carreira de sucesso ainda ganhou destaque em outros diversos festivais chamando a atenção da Netflix, que comprou os direitos para sua distribuição mundial contribuindo para que mais pessoas tivessem o acesso a essa surpresa de 2019. Recentemente a produção foi lembrada pelo júri do Oscar 2020 com uma indicação na Categoria Melhor Animação, aumentando ainda mais seu prestígio. Na trama, uma mão decepada escapa de um laboratório e inicia uma jornada angustiante de volta ao seu corpo, pertencente ao jovem Naoufel. O menino que aspirava ser pianista e astronauta, perdeu os dois pais em um acidente de carro e foi forçado a viver com seu tio emocionalmente distante e seu primo bruto. Deprimido e sem esperança o garoto vive uma jornada de resiliência. É uma história forte e com uma incrível mensagem sobre mudar as coisas, fazer algo incomum e se afastar da linha reta quando tudo não está legal. Segundo Jérémy Clapin, seu objetivo é que os espectadores esqueçam que estão assistindo a um filme de animação, tornando o filme estruturado como um quebra-cabeça. A idéia não é contar a história de um homem que perde uma mão, mas de uma mão que perde um corpo. Dessa forma se segue um modelo de filme muito clássico - a história de dois personagens criados um para o outro, mas separados pelo destino. Eles começam juntos, se separam pelo destino e precisam se encontrar novamente. A jornada é emocionante principalmente pela boa sacada da mão expressar emoções sem o benefício de um rosto em suas aventuras extremas e perigosas. O recurso da animação e os traços não são fenomenais porém o conjunto da obra é algo agridoce, sentimental e aterrorizante. Embora Naoufel tenha as duas mãos quando o encontramos pela primeira vez, não é muito difícil adivinhar o rumo dos acontecimentos, já que a primeira imagem do filme é do seu rosto manchado de sangue. As histórias gêmeas não se entrelaçam, a jornada da mão é uma aventura a partir do seu início silencioso, quase de um filme de terror, em que a mão sai de uma geladeira cheia de pedaços de corpos humanos incluindo vários globos oculares. A história de Naoufel tem sua doçura, beleza e tristeza, porém sem frescor. Quando o filme é focado na mão, é incrível. Todas as mesmas coisas que fazem a animação humana parecer um pouco desanimadora são muito melhores para a mão, um "personagem" inerentemente grotesco, mesmo nos momentos em que não estão deliberadamente cortejando imagens de filmes de terror. Ainda que possam sugerir a personagem clássica de A Família Addams, mãozinha, são abordagens e caminhos bem diferentes. A "atuação" inteligente que a mão faz ao observar o mundo à sua volta traz uma abordagem visual que também significa que o filme pode apresentar alguns ângulos surpreendentes e astutos que fazem qualquer local parecer incrivelmente grande e detalhado, ou terrivelmente esmagador. É um ótimo uso da animação, dando-nos uma perspectiva arrojada que cobre praticamente todas as emoções disponíveis. Dessa forma ocorre o equilíbrio, na jornada da mão temos uma aventura empolgante e na jornada de Naoufel uma emoção a flor da pele. Talvez até mais do que qualquer aspecto de sua técnica visual, o filme se beneficia da trilha sonora do compositor Dan Levy focada em sintetizadores. Perdi Meu Corpo tem o ajuste perfeito de suas qualidades, criando um clima sonhador e com toques de horror em um belo espetáculo animado. FORA DA CAIXINHA!


O Longa Animado está disponível na Netflix!

Hype: ÓTIMO - Nota: 8,5