quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

SALTBURN (2023)

 


❤️‍🔥 O Escândalo cinematográfico Saltburn de Emerald Fennel é uma farofa requentada, divertida e traumatizante, para amar e odiar na mesma medida. ❤️‍🔥 

   Uma história lindamente perversa de privilégio e desejo. Lutando para encontrar seu lugar na Universidade de Oxford, o estudante Oliver Quick (Barry Keoghan) se vê atraído para o mundo do charmoso e aristocrático Felix Catton ( Jacob Elordi de Euphoria), que o convida para passar um verão em Saltburn, a extensa propriedade de sua excêntrica família. Entre o sentimento de paixão pelo rapaz rico e a luta para pertencer a alta sociedade, Oliver vive uma ode a desejos carnais e luta de classe. 

        Um filme repleto de talento bruto e ideias incompletas, a cineasta por trás de Bela Vingança realiza um "fake" thriller psicológico vagamente satírico. E embora seja difícil não desejar que a arte pop de Fennell tivesse um pouco mais de efervescência, propriedade e originalidade, é ainda mais difícil ficar bravo com alguém por escalar Barry Keoghan, em uma performance irresistível como um rapaz estranho no estilo Talentoso Ripley que sistematicamente se vinga de aristocratas. 

        O vínculo entre os personagens principais transita também nas cenas polêmicas, seladas por um certo homoerotismo. O fato de “Saltburn” relutar em enfatizar isso é inicialmente um dos maiores pontos fortes e ajuda a explicar todo sentimento de raiva envolto as atitudes. Há tanta ambigüidade na cena em que Oliver bebe a água que sobrou do banho de Felix, ou quando mostra Oliver transando em um cemitério e pintando o rosto com sangue menstrual, a sua sexualidade permanece indefinida, a consciência de Felix revela-se ainda mais confusa até o ato final com uma das cenas mais legais de 2023. 

    Com uma fotografia belíssima, elenco requintado ( Rosamund Pike rouba a cena quando aparece) e trilha sonora cool (Arcade Fire, Ladytron, Cold War Kids, Bloc Party, MGMT, The Killers e Tomcraft) a diretora consegue um resultado positivo, ainda que seja um filme muito fácil de odiar. 


Um dos eventos cinematográficos de 2023! 
 
⭐️⭐️⭐️ BOM 😊 


sábado, 11 de novembro de 2023

PLANETA DOS ABUTRES (2023)

 


Uma experiência incrível!

   Nesta surreal série animada de ficção científica dos criadores Joseph Bennett  e Charles Huettner, a tripulação sobrevivente de um cargueiro interestelar que se acidentou acaba ficando presa a um planeta estranho e belo, porém implacável. Essa jornada assustadora por um planeta alienígena mostra onde o menor desequilíbrio ecológico pode ter consequências drásticas além da falta de comedimento e o eterno desejo da humanidade de conquistar o desconhecido. Nesse ambiente, eles precisam sobreviver para fugir ou serem resgatados. Mas enquanto os sobreviventes enfrentam dificuldades de localizar a nave acidentada e os colegas desaparecidos, a nova casa deles se revela um mundo hostil que cresceu sem interferência humana. 

     A produção é impecável, cada detalhe desse planeta salta na tela e se mostra vivo em uma riqueza de detalhes, tudo se transforma e acontece tão rápido que você não consegue piscar os olhos, além da animação ser bem produzida e bastante original. Planeta dos Abutres” é baseado em um curta-metragem lançado em 2017 pelo Toonami. A série é uma das grandes surpresas de 2023. Encantadora do início ao fim e um presente aos fãs de ficção científica! 

👀 Disponível na HBO MAX - (12 episódios)

⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️ Excelente 

terça-feira, 29 de agosto de 2023

RETRATOS FANTASMAS (2023) de Kleber Mendonça Filho

 

  O TEMPO ALTERA OS LUGARES! 

Essa frase carrega a história em primeira pessoa do docu-ensaio de Kleber Mendonça Filho, um recorte bastante individual e sentimental de memórias suas que se cruzam com os caminhos traçados pela cultura cinematográfica tradicional do Recife e do Brasil. A história age como um ponto de ligação para muitas coisas além do mundo cinematográfico, é um estudo quase urbanista, de luta política que deixou suas marcas. Os Retratos Fantasmas são lugares que só existem agora na memória, ou foram alterados pelo tempo e possuem simbologia pessoal interligada como uma raiz que toda cidade tem para existir de fato. Seu recorte de arquivos e imagens de época é um paradoxo a transformação de uma metrópole urbana bastante massacrada com o tempo, transbordando um romantismo e valorizando a sua vivência e história. O diretor mostra seu talento como documentarista transportando o expectador a cidade de Recife, te faz ser parte do lugar e das histórias, seja em detalhes que transitam em suas obras cinematográficas ou mesmo em como o cinema tentou resistir aos obstáculos mais diversos, do fechamento das salas de cinema, a desvalorização do cinema de rua. Um contraste que não deixa de exemplificar também os  novos costumes de consumo. Em uma interessante sequência ele praticamente mapeia a tendência mercadológica atual, onde o cinema deixa de ser o prioritário do espaço urbano, se escondendo ao redor de lojas, onde o cinema sozinho não consegue mais ter força para se manter, é necessário um agregado. Isso nem é claramente dito mas fica óbvio na exibição quando ele mostra um cinema sendo invadido por lojas. Praticamente o caminho do cinema dentro de shopping. O filme nos mostra que até mesmo seus letreiros faziam parte da paisagem natural da cidade, da história de momentos vividos ao ser visto fotos de pessoas comuns com o títulos dos filmes exibidos na época. A força maior e emocionante do filme é sentir toda verdade bucólica de alguém que realmente respira e se preocupa com cinema como uma arte que constrói caráter.

Uma obra prima que deve ser descoberta por quem ama cinema. 🎞 

ÓTIMO ⭐️⭐️⭐️⭐️ 

Em cartaz nos cinemas!





quarta-feira, 31 de maio de 2023

O ÚLTIMO ÔNIBUS (2021) - "The Last Bus" de "Gillies MacKinnon"


     Uma jornada de gentileza e ternura, é como podemos simplificar o "road movie" inglês que mostra o diário de viagem de Tom Haper (Timothy Spall) que passou 90 anos num círculo de 1400km de distância e decide mesmo com uma saúde delicada percorrer o trajeto feito por ele e seu amor Mary (Phyllis Logan), de forma inversa para concluir sua história de vida. Ainda que não seja algo extraordinário por olhares mais modernos, a delicadeza de como esse choque cultural é exposto ao personagem encontrar uma sociedade corrompida e tóxica de todas as formas possíveis, faz Tom Haper mesmo dentro de sua bolha conectar-se com um mundo moderno que ele nunca experimentou e ainda dar uma lição de humanidade que só pessoas com bagagem podem proporcionar.


  O personagem carrega sua vida em uma pequena maleta e sem ajuda das tecnologias disponíveis, utilizando lembranças e um mapa. O diretor Gillies MacKinnon realiza uma obra simples que entende as limitações de não enxergar a gentileza ou a melhor idade com uma profundidade de valor, de história e de aprendizado. Afinal, cada qual vive uma batalha sua e particular que pode ou não ser expansiva e nem por isso deve ser desvalorizada. O filme nos mostra a vida que passa num piscar de olhos, no respeito mútuo, nas perdas e nas vitórias também. Em como as vezes um simples ato de pegar um ônibus coletivo e fazer diferença na vida de outra pessoa também é importante, seja na proteção de valores, seja em um conselho sobre guerra ou mesmo num simples conforto de um abraço em um momento de choro.

     Para cumprir com uma promessa feita à sua mulher, antes de ela morrer, Tom deixa sua casa de 50 anos em um vilarejo no norte da Escócia e atravessa o país rumo ao sul, ao lugar onde nasceu, próximo à fronteira com a Inglaterra. As paisagens são belas e junto as camadas emocionais dessa jornada deixa tudo bem confortável ao expectador. O longa foi filmado em Glasgow e os seus arredores e boa parte da trama se passa no Glasgow Vintage Vehicle Trust, um museu dedicado a meios de transportes escoceses. O exterior foi usado para a construção de diversos pontos de ônibus, enquanto o interior serviu de estúdio para a arquitetura de cenários. Spall, de 66 anos, que interpreta Tom, de 90, com uma maquiagem que o envelhece, consegue um tom equilibrado e minimalista no drama do personagem. Um filme triste, mas determinante para quem ama de verdade alguém até o limite e nao há obstáculos pra isso. Imperdível.


O drama com toques agridoces estreia nesta quinta-feira, 1º de junho, nos cinemas do Brasil. Consulte a programação. A distribuição é da Pandora Filmes.








quarta-feira, 17 de maio de 2023

O CONVENTO - "Consecration" de "Christopher Smith"

 

            

        A volta do diretor Christopher Smith após pequenas pérolas do gênero como Triângulo do Medo consegue novamente abrir questionamentos sobre como enxergamos o cinema de terror atualmente, algo que se tornou particular em suas obras. A busca incessante ao entretenimento de horror pode anular o mesmo e dificultar a experiência quando ela pode ser uma contemplação de arte. O Convento apresenta algo bem interessante nesse sentido, não que seja uma obra-prima ou não tenha falhas, não é sobre isso, e sim em como o terror também pode ser enxergado com beleza mesmo entregando dor, medo e sangue em sua própria essência.

          Os filmes sobre freiras e seitas religiosas são realizados constantemente e já são um subgênero à parte com poucas produções que realmente trazem representação artística. O grande ponto alto deste longa está na entrega de Jena Malone que realmente apresenta uma atuação convincente até mesmo quando nem o próprio roteiro ajuda. Suas alucinações são poéticas e assustadoras na mesma medida, ela vive Grace, uma oftalmologista britânica que viaja para um convento à beira-mar na Escócia, após receber a notícia de que seu irmão, um padre, morreu lá sob circunstâncias misteriosas. Não foge do que o público desse tipo de filme espera mas também a atreve a desafia-lo. 

Em última instância, quando as peças se encaixam e a ameaça é finalmente revelada, o diretor vira o jogo ao próprio espectador, no que realmente ele acredita e espera de uma história de terror. Obviamente os fãs do gênero vão lembrar de um grande clássico bem semelhante, Os Demônios (1971) de Ken Russel, tão interessante como esse O Convento, que ainda tem tempo de trazer uma linda fotografia (mesmo com baixo orçamento e efeitos especiais simples) e a quebra de expectativas de maneira crua trabalhando mais o cinema em si que a indústria que ele pertence.

🌟🌟🌟 BOM






quinta-feira, 4 de maio de 2023

GUARDIÕES DAS GALÁXIAS - Vol.03 - "Guardians of the Galaxy Vol.03" de "James Gunn"


        Não tem sido fácil acompanhar filmes de heróis, o que antigamente era um evento cinematográfico divertido e surpreendente se tornou quase um martírio, principalmente pela repetição de temas e o pouco caso na produção dos efeitos especiais e roteiro. Se faltava um filme para recuperar a "auto-estima" da  Marvel Studios e de quem gosta desse gênero de filme ele chegou com Guardiões das Galáxias Vol. 03, uma despedida emocionante do grupo de heróis. 

      O ponto alto do filme é justamente não haver necessidade de ter acompanhado os filmes anteriores do MCU, o espectador se desprende da obrigação de ver tudo sobre todas as fases e curte a experiência da obra por si só. O mérito principal é do diretor James Gunn que consegue entregar um equilíbrio nos arcos onde cada personagem tem seu protagonismo com um grau de precisão cômica muito alinhado ao misto de sentimentos. Na real, ninguém quer o fim do grupo só que isso é inevitável.

      Em Vários aspectos da equipe e de cada membro individual sobreviveram à evolução da equipe, mas outras características fazem os atuais guardiões parecerem um grupo completamente diferente do que eram antes de seu salto de popularidade. Essa maturidade é perceptível durante cada ato da história. 

        O alto evolucionário, que dá a Rocket Raccoon e seus amigos animais suas habilidades, é um processo muito doloroso tanto fisicamente e psicologicamente e esse norte dado a história cresce a cada detalhe do experimento surgindo o vilão da ocasião. No geral, tudo está em seu lugar e da melhor forma possível, o aspecto de Sci-Fi vintage, as lutas divertidas, a trilha sonora impecável além do elenco afiadíssimo como sempre. Um filme que emociona e diverte na mesma medida. Imperdível!

⚠️ Leve um lenço, momentos emocionantes não faltam. Assista na maior tela possível e em 3D! São duas cenas pós créditos não saia antes do final. 

⭐️⭐️⭐️⭐️ Muito Bom  




sexta-feira, 28 de abril de 2023

Cavaleiros do Zodíaco- Saint Seiya - O Começo - 2023 - "Knights of the Zodiac" de "Tomasz Baginsky"

 


Essa hora chegou, live action americano do clássico anime dos Cavaleiros do Zodíaco, sucesso da década de 90 no Brasil e uma das galinhas de ouro da toei animation. O resultado é um dos filmes mais toscos desde Dragon Ball Evolution (2009), uma aberração bastante constrangedora. Seria correto dizer que tudo é errado nessa adaptação dos Cavaleiros do Zodíaco, a concepção de um estúdio de cinema americano se apropriar de uma saga oriental tão querida e complexa já indica o caminho que esse filme poderia ter, e tem, o fundo do poço. Elenco ruim, efeitos especiais improvisados, fotografia horrorosa e acaba sendo um elogio dizer que tudo é de muito mal gosto e genérico. Toda mitologia de Cavaleiros do Zodíaco é resumido a um tutorial de tik tok e frases de efeito, é deprimente imaginar essa concepção até mesmo se fosse como piloto de um seriado ou um filme feito diretamente para streaming. As lutas são tão preguiçosas que o tédio reina até mesmo quando o #cosmos aparece. Os vínculos sentimentais dessa jornada são tão rasos e clichês que seriamente, ainda é difícil acreditar na coragem dessa entrega. Os personagens e seus interesses são tão banais que não convencem nem uma criança pequena que tudo isso é realmente possível. No mais, um filme que não honra a história, o carinho dos fãs, a nostalgia e tudo que essa saga e personagens possuem, isso nem é romantismo, existem releituras dignas mas essa ficará no limbo certamente. Quanto mais falar do filme mais erros vai encontrar. 🤣 Uma piada. 

⚠️ Risada tensa em cada aparição de uma nave no filme! Faltou orçamento certamente! 

💣 BOMBA



segunda-feira, 24 de abril de 2023

Beau Tem Medo (2023) - "Beau is Afraid" de "Ari Aster"


O visionário diretor Ari Aster (Hereditário e Midsommar), retorna as telas de cinema em mais um filme controverso que divide opiniões e isso sinceramente pouco importa. A experiência cinematográfica é bastante pessoal e esse filme mostra o talento do diretor em entregar algo único ao expectador, o drama familiar do personagem é lento e com momentos tão estranhos que se tornam cômicos em sua primeira metade, gradualmente o filme se transforma em um terror psicológico aterrorizante sobre ansiedade e comportamentos abusivos. A jornada de um homem gentil e atormentado pela sua ansiedade tentando enfrentar seus medos mais obscuros é recheado de arte e brilho graças a atuação acima da média de Joaquin Phoenix. O surrealismo rege uma jornada épica e Kafkaesca alucinante logo em seu primeiro ato, sem dúvidas o ponto alto do filme. O segundo ato na casa de pessoas que acolhem o personagem após um grave acidente ganha em suspense e aumenta o arco de personagens. O terceiro ato na floresta mesmo sendo o mais fraco não deixa de ser interessante com cenários de teatro de aparência intencionalmente artificial que lembram os filmes mais experimentais de Lars Von Trier até a maquiagem misteriosa, além dos flashbacks com trabalho de efeitos digitais colocados em personagens envelhecidos e rejuvenescidos. Uma pena que Ari Aster não sabe parar sua mente criativa e cansa um pouco. É um filme complexo e indicado para quem gosta justamente de obras mais abertas com reflexões que beiram o sobrenatural e com performances amplas e caricaturais, personagens improváveis como dos atores Nathan Lane e Richard Kind são acertos. Embora fugindo do padrão com um enredo nada enxuto, visualmente o filme é impecável justificando o alto investimento do estúdio A24 acostumado a entregar filmes independentes. A visão de mundo de Beau, um homem extremamente ansioso e problemático é uma história difícil e perturbadora de se acompanhar, faz filmes como Forrest Gump e Peixe Grande serem brincadeira de criança. 


⚠️ Filmes do diretor podem causar gatilhos, não assista se estiver em momento sensível! 


🖤🖤🖤 BOM



terça-feira, 18 de abril de 2023

A Morte do Demônio - A Ascensão (2023) - Evil Dead Rise

 

Nesta semana chega aos cinemas brasileiros mais um filme da franquia Evil Dead, no Brasil, A Morte do Demônio. Com o subtítulo "Rise" ou "A Ascensão" essa leitura apresenta pela primeira vez como cenário o ambiente urbano. Ainda que seja insano imaginar a quantidade de loucuras que podem acontecer com os demônios sangrentos saidos do livro dos mortos na cidade grande, o cenário é praticamente o mesmo durante toda produção, um prédio quase abandonado e escuro onde mora a família que passa pela tortura sobrenatural dessa vez. O pano de fundo em uma cidade pouco acrescenta e a climática inclusive lembra o clássico italiano Demons de Lamberto Bava, obviamente com mais técnica e recursos. Tudo se encaixa bem e agrada quem já acompanha a franquia gore de terror. Espere muito sangue, mutilações e possessões malucas. O drama familiar é bobo e só serve de desculpa para a catástrofe. Funciona sem precisar dos filmes anteriores e não se priva em entregar algo bastante tenso, arquitetado e até pesado como entretenimento pipoca. Se Terrifier fez o público de "cinema de shopping" ter coragem de enfrentar o Gore, Evil Dead continua entregando um "arroz com feijão" saboroso até mesmo com um grande estúdio produzindo. 

⚠️ Trauma da vez: Ralador 

🖤🖤🖤 BOM