quarta-feira, 31 de maio de 2023

O ÚLTIMO ÔNIBUS (2021) - "The Last Bus" de "Gillies MacKinnon"


     Uma jornada de gentileza e ternura, é como podemos simplificar o "road movie" inglês que mostra o diário de viagem de Tom Haper (Timothy Spall) que passou 90 anos num círculo de 1400km de distância e decide mesmo com uma saúde delicada percorrer o trajeto feito por ele e seu amor Mary (Phyllis Logan), de forma inversa para concluir sua história de vida. Ainda que não seja algo extraordinário por olhares mais modernos, a delicadeza de como esse choque cultural é exposto ao personagem encontrar uma sociedade corrompida e tóxica de todas as formas possíveis, faz Tom Haper mesmo dentro de sua bolha conectar-se com um mundo moderno que ele nunca experimentou e ainda dar uma lição de humanidade que só pessoas com bagagem podem proporcionar.


  O personagem carrega sua vida em uma pequena maleta e sem ajuda das tecnologias disponíveis, utilizando lembranças e um mapa. O diretor Gillies MacKinnon realiza uma obra simples que entende as limitações de não enxergar a gentileza ou a melhor idade com uma profundidade de valor, de história e de aprendizado. Afinal, cada qual vive uma batalha sua e particular que pode ou não ser expansiva e nem por isso deve ser desvalorizada. O filme nos mostra a vida que passa num piscar de olhos, no respeito mútuo, nas perdas e nas vitórias também. Em como as vezes um simples ato de pegar um ônibus coletivo e fazer diferença na vida de outra pessoa também é importante, seja na proteção de valores, seja em um conselho sobre guerra ou mesmo num simples conforto de um abraço em um momento de choro.

     Para cumprir com uma promessa feita à sua mulher, antes de ela morrer, Tom deixa sua casa de 50 anos em um vilarejo no norte da Escócia e atravessa o país rumo ao sul, ao lugar onde nasceu, próximo à fronteira com a Inglaterra. As paisagens são belas e junto as camadas emocionais dessa jornada deixa tudo bem confortável ao expectador. O longa foi filmado em Glasgow e os seus arredores e boa parte da trama se passa no Glasgow Vintage Vehicle Trust, um museu dedicado a meios de transportes escoceses. O exterior foi usado para a construção de diversos pontos de ônibus, enquanto o interior serviu de estúdio para a arquitetura de cenários. Spall, de 66 anos, que interpreta Tom, de 90, com uma maquiagem que o envelhece, consegue um tom equilibrado e minimalista no drama do personagem. Um filme triste, mas determinante para quem ama de verdade alguém até o limite e nao há obstáculos pra isso. Imperdível.


O drama com toques agridoces estreia nesta quinta-feira, 1º de junho, nos cinemas do Brasil. Consulte a programação. A distribuição é da Pandora Filmes.








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