quinta-feira, 29 de agosto de 2019

CORGI - TOP DOG (2019) "The Queen's Corgi" de "Vincent Kesteloot" e "Ben Stassen"


Animação simpática possui boas piadas e agrada principalmente o público infantil.

A animação Corgi: Top Dog é aquele longa-animado inocente que pode conquistar crianças pequenas e de repente ainda arrancar algumas risadas de algum adulto bobão, no geral é um desenho bem banal por não apresentar qualquer tipo de novidade mediante as milhares de animações de estúdios independentes que infestam os cinemas sem brilho algum. O filme é uma produção do estúdio belga nWave que já teve várias produções exibidas no Brasil como Big Pai, Big Filho e As Aventuras de Robinson Crusoé, são desenhos bobinhos que talvez só as crianças irão se empolgar devido a sua condução muito usual. Apesar de alguns momentos divertidos e algumas sátiras legais o filme possui uma história previsível e só ganha individualidade à medida que uma grande quantidade de piadas vão sendo inseridas na história mesmo que seja pouco para se destacar ou ter originalidade. Na história todos os cachorros do Palácio sonham em se tornar o Top Dog, o queridinho da Rainha, mas esse não é um posto fácil de se conquistar. Este posto atualmente é ocupado por Rex (dublado pelo ator João Guilherme), o mais fofo e bagunceiro de todos os Corgis. Mesmo sempre se metendo em confusão, ele leva uma vida cheia de regalias, com direito a muita geleia real e carinhos na barriga, o que desperta a inveja dos outros cachorros da Rainha, o filhote precisa encontrar o caminho de casa após se perder pelas ruas de Londres. O que Rex não esperava, era que essa jornada o faria conhecer um outro lado da vida. O filme conta com direção da dupla Vincent Kesteloot e Ben Stassen que dirigiram outros desenhos do mesmo estúdio e roteiro assinado pela dupla Rob Sprackling e Johnny Smith que já foram mais inspirados no desenho Gnomeu e Julieta. O protagonista Rex demora a ganhar a empatia do expectador, mas a sua personalidade inicial é totalmente compreensível levando em consideração a forma e o contexto em que o cachorro foi criado. Aos poucos, a sua jornada de autoconhecimento vai fazendo o Corgi desenvolver o seu amadurecimento, uma pena as lições serem superficiais assim como todo desenvolvimento da trama. O melhor da animação se dá por sua ambientação ao se passar na Inglaterra e dentro da residência Real, o Palácio de Buckingham. Os efeitos gráficos feitos para representar grandes nomes como a Rainha Elizabeth, o Príncipe Phillip e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, são impecáveis e discretos tornando o filme leve e divertido de assistir, principalmente pelas crianças. SEM MUITOS ATRATIVOS.



O filme estréia nos Cinemas dia 12/09 pela IMAGEM FILMES.


Hype: REGULAR - Nota: 5,0

terça-feira, 27 de agosto de 2019

(Hype) MORTO NÃO FALA (2018) de "Dennison Ramalho"


Produção brasileira aterroriza o público de forma eficiente e macabra.

O cinema brasileiro tem se mostrado um celeiro de produções com uma variedade cada vez mais estimulante de filmes sobrenaturais. Este surpreendente terror urbano surge por meio do "dom" de seu personagem principal, ele trabalha em um necrotério e pode falar com pessoas mortas. São corpos mortos que abrem os olhos e falam diretamente com ele. Uma situação que é muito bem usada no filme, se torna realmente assustador e tudo piora quando ele resolve usar um dos segredos dos mortos em um esquema de vingança. O roteiro tem uma pegada interessante em misturar o real com o sobrenatural com um equilíbrio genuinamente assustador, aonde corpos falantes possuem um efeito CGI inquietante, no começo rola uma certa estranheza mas depois ele persiste em diferentes personagens e vozes diferentes. O filme em nenhum momento entra em zona de conforto e possui detalhes inteligentes e assustadores, como cenários e ataques sobrenaturais aterrorizantes e também possuem ares dramáticos especialmente quando um espírito vingativo aterroriza Stênio e sua família. Sua situação se torna uma corrida contra o tempo para tentar desfazer  os problemas causados pela maldição e não dá ao expectador um momento para recuperar o fôlego. A longa duração do filme em nenhum momento incomoda mesmo em momentos mais arrastados. Na trama um Plantonista de um necrotério, Stênio (Daniel de Oliveira) possui um dom paranormal de se comunicar com os mortos. Trabalhando a noite, ele já está acostumado a ouvir relatos do além. Porém, quando essas conversas revelam segredos sobre sua própria vida, o homem ativa uma maldição perigosa para si e todos a sua volta. O filme foi exibido em vários festivais de Fantasia e Terror pelo mundo e sempre com bons comentários, sua exibição no Festival do RIO de 2018 também chamou a atenção dos expectadores, uma pena demorar tanto para ser lançado em seu país de origem. O diretor Dennison Ramalho em seu filme de estréia tem um bom desempenho. Anteriormente ele participou de ABC da Morte 2,  no J para o segmento de  Jesus, além de ter feito alguns curtas-metragens. O interessante personagem principal rende uma boa história de terror onde você nunca sabe ao certo para onde o rumo da trama vai e transita com aparições sinistras, assassinatos, gore, amputações e fantasmas. Se esse for o seu tipo de terror predileto se prepare para uma experiência horripilante.TENSO.


O filme tem previsão de estréia nos cinemas em 10 de Outubro de 2019 pela PAGU PICTURES.

Hype: BOM - Nota: 7,5

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

YESTERDAY (2019) de "Danny Boyle"




"Uma comédia rock’n’roll sobre música, sonhos, amor e Beatles." 


O experiente diretor Danny Boyle tem o talento de transformar histórias simples em um entretenimento de alto nível como no clássico cult Trainspotting - Sem Limites ou no vencedor do Oscar Quem Quer Ser Um Milionário?, desta vez ficou uma sensação de uma ideia interessante pouco desenvolvida e resumida a uma comédia romântica sem sal com pano de fundo uma seleção de músicas clássicas da banda The Beatles. Após sofrer um acidente, um cantor-compositor (Himesh Patel) acorda numa estranha realidade, onde ele é a única pessoa que se lembra dos Beatles. Como viver em uma realidade onde as pessoas não conhecem o maior grupo musical já existente? Mesmo quem não pertence a geração conhece de alguma forma a representatividade de suas músicas e toda cultura envolto ao grupo britânico. O filme usa essa metáfora para mostrar também como as pessoas lidam com a música atualmente, principalmente mostrando como as distrações da modernidade atrapalham a experiência de meditar em uma canção, outro ponto focal são as piadas sobre a indústria musical, tal representação acontece com a participação especial do astro pop Ed Sheeran, as épocas são diferentes, as pessoas e a forma de consumir música mudaram mais um fenômeno musical não anula o outro e isso é incorporado na história de forma natural e com boas sacadas. O ator estreante no cinema Himesh Patel transfere emoção nas músicas e seu desempenho é satisfatório. O elenco ainda conta com  Lily James (Cinderela) como o par romântico do personagem além de outras participações como o da comediante Kate McKinnon (Caça Fantasmas) como empresária do cantor quando ele decide levar adiante a carreira musical, sua participação cômica é agradável. Para os fãs da banda é um deleite escutar as músicas e as referências, para o expectador que busca algo a mais infelizmente a trama romântica é pouco atrativa. O filme conta a história de Jack Malik (Himseh Patel), um músico fã de Beatles que já não acredita que um dia poderá conseguir fama com sua carreira. Depois de sofrer um estranho acidente de ônibus durante um misterioso "blackout" global, Jack acorda e percebe que é o único que se lembra do legado da banda – o que será um problema já que agora ele canta sucessos dos Beatles que jamais foram ouvidos. Ao interpretar canções do maior grupo musical da história, ele torna-se famoso, mas conforme ganha mais notoriedade ele corre o risco de perder a única pessoa que sempre acreditou nele. O ganhador do Oscar Danny Boyle se junta  ao roteirista Richard Curtis, em uma parceria inédita e que infelizmente não rende um filme de romance memorável como outros títulos do produtor como “Quatro Casamentos e um Funeral”, “Um Lugar Chamado Nothing Hill” e “Questão de Tempo”, pelo currículo dele se torna decepcionante todo direcionamento do casal principal com uma trama boba e mesmo o filme realizando um bom paralelo com o fenômeno musical dos The Beatles e com enorme potencial, termina como uma leve e boa distração e nada mais. PREVISÍVEL



O filme estréia nos Cinemas em 29 de Agosto pela Universal Pictures.

Hype: BOM - Nota: 6,0

terça-feira, 20 de agosto de 2019

BRINQUEDO ASSASSINO (2019) "Child's Play" de "Lars Klevberg"



Remake esperto tem bons elementos para trazer o personagem a modernidade.

Já são mais de 30 anos desde que o personagem Chucky surgiu nos cinemas no fim da década de 80 em um terror simples e eficiente que catapultou o personagem para a lista de grandes personagens do terror moderno. O personagem ganhou novas características na década de 90 sendo incorporado em filmes caricatos e voltados ao humor. O personagem voltou recentemente em filmes mais sérios porém sem serem exibidos no cinema, deu tão certo a proposta que resolveram arriscar um remake do personagem. Este novo filme segue a linha "Reboot", com um novo começo ao personagem assim como referências a saga original, como foi realizado com Michael Myers no último Halloween (2018), por exemplo. Diferente daquele boneco macabro de 1988 que ganha vida por meio de uma Bruxaria realizada por um bandido prestes a morrer, Chucky (agora com a voz de Mark Hammil) é mais do que um boneco, é uma inteligência artificial criada pela empresa Kaslan, que possui todo um aparato tecnológico, preza pela integração de seus serviços. Ele tem o nome comercial de Buddi, antes de ser batizado pelos respectivos donos e vai além das funções básicas de um boneco, além de um "companheiro para toda a família" ele executa ações básicas no ambiente familiar, como apagar e acender luzes, ligar e desligar a televisão e até acionar o aplicativo de carros da empresa, em uma clara alusão ao Uber. Essa mudança na origem dá maiores possibilidade ao boneco que mesmo com as limitações de fábrica pode causar um imenso terror se algo der errado. A sacada funciona muito bem e o visual do boneco que nas divulgações aparentava ser tosca e muito inferior ao antigo combinou com a proposta e tem seu charme diabólico. O garoto Andy também de certa forma colabora, mesmo inocentemente na formação maldosa do boneco que peca por querer agradar seu mais novo amigo. No fim das contas, o filme cumpre bem seu papel mesmo que nos tempos atuais seja complicado o Brinquedo Assassino novamente virar o pavor das crianças que temiam o boneco nos anos 90. Resta ao personagem uma nova realidade e isso é feito de maneira digna. Na trama Andy (Gabriel Bateman) e sua mãe se mudam para uma nova cidade em busca de um recomeço. Preocupada com o desinteresse do filho em fazer novos amigos, Karen (Aubrey Plaza) decide dar a ele de presente de aniversário um boneco tecnológico que, além de ser o companheiro ideal para crianças e propor diversas atividades lúdicas, executa funções da casa sob comandos de voz. Os problemas começam a surgir quando o boneco Chucky se torna extremamente possessivo em relação a Andy e está disposto a fazer qualquer coisa para afastar o garoto das pessoas que o amam. O Brinquedo Assassino contemporâneo tem alguns pontos efetivos em se inspirar em Goonies quando Andy e seus novos amigos (Beatrice Kitsos e Ty Consiglio) se unem para derrubar o esquema maníaco do boneco. A fotografia caprichosa lembra a estética dos anos 80 do primeiro filme porém o roteiro se perde em uma trama pouco atrativa e previsível. Os filmes antigos são mais assustadores e se divertiram mais com as possibilidades criativas que a tecnologia do século 21 oferecia. Ao renegar a franquia do criador Don Mancini e tentar fazer algo maior e mais ousado o filme recai em ingredientes que vimos antes e vimos um pouco melhor. O novo Chucky termina pálido mesmo com momentos divertidos e um gore mais explícito porém sem muitos sustos ficando no meio termo. A maior força do filme é o equilíbrio entre humor mordaz e o medo psicológico, mesmo quando todo potencial tecnológico do boneco é dispensado para se tornar um Slasher de sempre. CHUCKY MODERNO


O Filme estréia Quinta-feira 22/08 nos Cinemas pela Imagem Filmes.

Filme Visto na Sessão de Imprensa realizada em Brasília!

Hype: BOM - Nota: 7,0

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

BACURAU (2019) de "Kleber Mendonça Filho" e "Juliano Dornelles".



Fascinante, atual e brutal. Cinema de resistência!


Realizar cinema no Brasil é sim resistência, em um país aonde é necessário várias parcerias e patrocinadores para se gerar um filme, aonde o atual governo é contra a liberdade de expressão artística e ainda temos uma população desinformada que acha o cinema feito aqui  ruim pelo simples preconceito da produção local. Bacurau vem de uma parceria franco-brasileira e dentro desse cenário bastante tenso, aonde produções independentes serão praticamente extintas sem nenhuma lei de incentivo, a produção mostra que existe um cinema atrativo que vem na mistura de estilos e de gêneros, passa pelo Drama, Faroeste, Terror Gore, Fantasia e Ficção Científica. Com uma trajetória relativamente brilhante fora do Brasil, incluindo a premiação do Júri (Jury Prize) no renomado Festival de Cannes na França esse ano, também venceu recentemente o Festival de Lima no Peru além de participações em outros festivais, isso com uma história corajosa e estranha que celebra a criação, a família, a casa, a terra seja em diversidade ou comunidade. Esses princípios estão cada vez mais ameaçados, seja no Brasil ou no mundo, aliado a sede do imperialismo, da política do ódio e da violência disfarçada de diversão, seus realizadores protestaram contra o governo brasileiro em Cannes. Um dos motivos de Bacurau sofrer duras críticas de movimentos de direita no país mesmo sem as pessoas terem visto o filme, promovendo ameaças até de boicote. Mesmo assim, o filme chega ao Brasil, com uma explosão de sentimentos e sensações em um cinema cheio de camadas e de caminhos para uma reflexão. Na trama, pouco após a morte de dona Carmelita, aos 94 anos, os moradores de um pequeno povoado localizado no sertão brasileiro, chamado Bacurau, descobrem que a comunidade não consta mais em qualquer mapa. Aos poucos, percebem algo estranho na região: enquanto drones passeiam pelos céus, estrangeiros chegam à cidade pela primeira vez. Quando carros se tornam vítimas de tiros e cadáveres começam a aparecer, Teresa (Bárbara Colen), Domingas (Sônia Braga), Acácio (Thomas Aquino), Plínio (Wilson Rabelo), Lunga (Silvero Pereira) e outros habitantes chegam à conclusão de que estão sendo atacados. Falta identificar o inimigo e criar coletivamente um meio de defesa. Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles fazem do filme um western "moderno" e ácido representado pelos moradores da cidade pernambucana e sua diversidade de estilos em um grupo que luta contra os forasteiros que desejam prejudicá-los. As referências são refrescantes, o filme independente de suas inspirações tem originalidade própria, Kleber tem uma firme consistência adquirida em seus filmes anteriores com a presente celebração dos laços, vista em Aquarius (2016) ou comunais como em O Som ao Redor (2012). O filme grita e se comunica com o público, seja pelo retrato do nordeste quente, pobre e simples ou do estudo da civilização social seja ela regional, contaminada por políticas públicas defasadas e o desdém das metrópoles pelas comunidades rurais ou até mundial, com o desprezo que os estrangeiros tem pelos "latinos", que incluem obviamente o Brasil. (Os estrangeiros são retratados de maneira caricata e repleta de esteriótipos quase que rebatendo como os brasileiros são retratados pelo cinema americano na maioria das vezes!). O mundo muitas vezes engole princípios básicos de sociedade e o mais desafiador é visto nos tipos esquecidos que lutam para sobreviver em um país que se move rapidamente para longe deles, vistos como uma inconveniência, moeda de troca e só lembrados na época das eleições por políticos interesseiros. Os personagens possuem linhas onde não há definição de bom ou mal, a sexualidade explode em várias cenas de nudez além de tudo acontecer sem nenhum tipo de hipocrisia, a realidade é exposta e entregue em sua mistura, em tela temos crianças, idosos, transexuais, prostitutas, gays, negros, brancos em uma explosão de diversidade difícil de se ver em qualquer produção. A história se passa no futuro e ele não é deslumbrante como imaginamos e inspira a selvageria, o ritmo lento inicial da produção prepara o terreno desde o começo, conhecendo o ambiente em que se pisa, sendo essencial em qualquer história de vínculo, entender o perigo mesmo quando eles zoam o espectador com brincadeiras envolvendo Bruxaria, OVNIs e a praticidade da comunicação via internet. O embate final traz surpresas sanguinolentas. Este pode não ser o filme que você espera do diretor de dramas de arte voltados para a vida moderna e urbana do Brasil, mas se encaixa como uma variação dos temas controversos que precisamos debater, tem pegada independente em toda sua proposta, lembra produções de suspense dos anos 90. Um filme necessário e conflitante com a zona de conforto do espectador, vá preparado para uma experiência pertubadora e com a mente aberta para viver momentos de frenesi cinematográfico. TENSO E CAPRICHOSO



O Filme estréia nos Cinemas na Quinta-Feira 29/08 pela Vitrine Filmes.

Filme visto na Pré-estréia nacional exclusiva realizada esse final de semana.

Hype: ÓTIMO - Nota: 8,5

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

ERA UMA VEZ EM... HOLLYWOOD (2019) - "Once Upon a Time... in Hollywood" de "Quentin Tarantino"


O nono longa-metragem de Tarantino mostra um diretor maduro e talentoso que se apega a sua obra sem cortar os excessos e termina ofuscado pelos seus astros. 

O diretor cultuado Quentin Tarantino construiu uma carreira sólida na indústria cinematográfica referenciando seus filmes que ao longo do tempo cairam em gosto popular mesmo com toda pompa cult do diretor e sua divertida e muitas vezes explícita violência. Suas produções possuem geralmente personagens cativantes e também toda condução precisa seja na fotografia, trilha sonora e roteiro. O início de sua carreira tem como característica o fato dele ser sucinto mesmo com muito a dizer e mostrar. De uns filmes para cá, Tarantino resolveu deixar de lado sua veia mais exótica e explícita para embarcar em tramas mais elaboradas, arrastadas e com um detalhismo como o deste “Era uma vez em Hollywood”. que é quase uma meditação de como ele visualiza a indústria cinematográfica que ele faz parte, só que em outra época, fim da década de 60, o filme poderia ser definido como uma declaração de amor se não fosse realizado por uma das mentes mais ativas e controversas do cinema atual. Em vez disso, o filme é uma mistura que vai do período pré-Manson a era do hippie somado as extravagâncias da indústria de Hollywood. Sem dúvidas ele cortou o barato de quem esperava o Tarantino de sempre, é o filme diferentão da sua filmografia, envolvendo o espectador em um espetáculo enorme (2h40min) de auto referência ao cinema dos anos 60, mais precisamente o Western (Faroeste), além de uma singela e bonita homenagem a Sharon Tate, atriz Hollywoodiana que teve um final trágico em meio aos deslumbres da época. (É interessante pesquisar esse ocorrido real para enriquecer o entendimento das sacadas do diretor, só "googlar": Sharon Tate e Charles Manson). Como de praxe em seus filmes ele dá espaço para seus personagens tomarem forma de maneira cativante por meio de duas estrelas do cinema atual, Leonardo DiCaprio e Brad Pitt dominam as cenas com uma presença marcante e roubam o filme de Tarantino, que se perde no excesso, seria como ver o filme em versão estendida com muitos trechos que mereciam uma edição caprichada e menos desleixada para que seu método metódico de fazer cinema realmente funcionasse. O deleite de acompanhar os deslumbres do cinema americano ganha cenas que já são imperdíveis, como a participação de Bruce Lee na trama, a metalinguagem frenética de cinema e a espetacular atuação de Di Caprio em sua melancolia de fim de era, tudo isso mesmo que Tarantino não busque ser o que habitualmente estamos acostumados. Na trama, Los Angeles, 1969. Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) é um ator de TV que, juntamente com seu dublê Cliff Booth (Brad Pitt), está decidido a fazer o nome em Hollywood. Para tanto, ele conhece muitas pessoas influentes na indústria cinematográfica, o que os acaba levando aos assassinatos realizados por Charles Manson na época, entre eles o da atriz Sharon Tate (Margot Robbie), que na época estava grávida do diretor Roman Polanski (Rafal Zawierucha). Explicar as narrativas estraga a experiência. A longa duração do filme segue a risca suas últimas produções aonde o realizador trabalha a história e personagens até sua conclusão apressada. Neste filme ele deixa tudo para o final encaixando perfeitamente todas as circunstâncias, ele entrega o que o público espera de um diretor que deseja se afastar de uma linha reta com um final deslumbrante. O principal problema do filme é não ir a lugar algum e só cultivar prazeres nos pequenos momentos, seja nostálgicos ou com pseudo referências em uma janela para o passado. É uma aula de cinema, com design de produção impecável, muitos "easter eggs" porém como entretenimento peca na falta de objetividade dando ao filme a sensação de não ter sido a melhor obra do cineasta mesmo ele arrasando com um orçamento milionário de 80 milhões, muito bem gasto porém ofuscado por Di Caprio e Pitt que conseguem atuações inspiradas e dignas de Oscar. Termina como uma fantasia sem remorso, do tipo que Tarantino tem livre inspiração para mostrar que o cinema pode desfazer injustiças históricas e nunca exaltar a ação dos vilões, os heróis do cinema americano precisam dar esperança a uma realidade não tão otimista. "Era uma vez em Hollywood" é uma obra prima irrelevante e um deleite para quem aprecia um filme feito por quem ama o cinema dos detalhes e dos bastidores. NOSTALGIA CULT.


O filme está em cartaz nos cinemas pela Sony Pictures.

Hype: BOM - Nota: 7,5




quinta-feira, 15 de agosto de 2019

THE HANDMAID"S TALE - Terceira Temporada (2019)


Temporada demarca território em seus horrores e se consolida na esperança de uma revolução. 

A Terceira Temporada de The Handmaid's Tale chegou ao fim se mantendo como uma das tramas mais interessantes para se ver na TV atualmente mesmo com uma certa preguiça em sua continuidade, andando em círculos em alguns momentos e com uma história complexa e cheia de nuances (não é de se admirar se o público em geral odiar essa temporada) afinal, a contemplação da história vai além de um simples roteiro, são sentimentos e sensações somados a experiências de vida de cada um, quase como ler um livro e imaginar seus atos e incorpora-los á realidade. O seriado é a adaptação de O Conto da Aia, best-seller de Margaret Atwood e mistura sentimentos sobre um futuro distante (distópico) e ao mesmo tempo próximo da nossa sociedade, a evolução é tragicamente tratada com o retrocesso do ser-humano e seu sentimento dilacerado de empatia resumido ao egoísmo e o fundamentalismo religioso extremo. Refletindo assim, esse caminho pelo qual percorremos atualmente em nossa sociedade se choca muitas vezes com a história deixando seus acontecimentos ainda mais fortes. Essa temporada começou forte e continuou a dar sequência a história que traz pontos significativos sobre o patriarcado, o direito das mulheres, fascismo e religião - embora o material baseado no romance de Margaret Artwood já tenha se esgotado na 1ª temporada da trama. É aterrorizante a jornada em Gilead, o espírito de paz sempre é rejeitado pelo olhar e pelas forças que controlam as emoções de cada personagem da série. Os horrores ainda reinam, mas a esperança de que a revolução pode realmente mudar a história faz com que a trama seja recheada de traições, reuniões e posicionamentos. A reviravolta de June é mais que suficiente pra manter o espectador concentrado em sua luta. O cenário, os figurinos, a iluminação e outros elementos formais também explodem de vida, orientando nossos olhos para conversar com o roteiro da série onde o silêncio pode se contrapor pelas imagens como uma obra de arte. Serena Joy (Yvonne Strahoski) e o Comandante Fred Waterford (Joseph Fiennes), protagonizam performances memoráveis de uma visão da opressão mas agora eles estão diante da crise pelos próprios sonhos e isso cria um mistério na relação do casal durante quase toda temporada. Tia Lydia (Ann Dowd), testa os limites das aias o tempo todo revisitando ressentimentos e sendo a porta voz da crueldade do governo em nome de Deus. As imagens continuam extraordinárias, Amma Asante, Colin Watkinson e Mike Barker foram grandiosos na direção dessa temporada que teve participações de Christopher Meloni (Commander Winslow) e Sam Jaeger (Mark Tuello), duas adesões interessantes ao elenco. A trilha sonora da terceira temporada conta com Buddy Holly, Boy Harper, Alison Krauss, Leo Sayer, U2, Fiona Apple, Doris Day , Belinda Carlisle, Kate Bush entre outros. Continua em alto nível. No geral foi uma temporada mais lenta, portanto com a mesma profundidade de sempre. Já ficou meio claro que a série não comporta uma quantidade grande de episódios e a prova maior é o meio dessa temporada que ficou embolada nos episódios 07 - Under His Eyes, 08 - Unfit e 09 - Heroic, esse o pior de todos! A temporada fecha onde June (Elisabeth Moss) embarca em uma missão desafiadora com consequências imprevisíveis. O maior desafio da série era se consolidar e permanecer forte mesmo se estendendo em seu conteúdo, os novos ares dessa provável mudança garante ao expectador uma expectativa alta para a próxima temporada, já confirmada pela Hulu para 2020, sendo a série mais famosa da plataforma de streaming americana. Após a exibição de sua primeira temporada, The Handmaid's Tale foi premiada com o Emmy de melhor série dramática em 2017. No seu segundo ano, o drama ganhou outras três estatuetas do Emmy em 2018. A terceira temporada concorre apenas em 2020. A fúria de June é maior que o país autoritário em que ela está submetida e é o tempero da série que mistura os tempos atuais com o passado e nos faz pensar no que nos tornamos ou poderemos nos tornar, deixando assim uma lição para o futuro. IMPERDÍVEL!


A Terceira Temporada possui 13 episódios exibidos no Hulu (Disponível apenas nos EUA). No Brasil a série é exibido no Paramount Channel e disponível no streaming Globoplay!

Hype: ÓTIMO - Nota: 8,5

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

SUPERVÃO - "Faz Party" (2019)



Primeiro álbum da banda traz manifestação e experiência sonora empolgante!


Supervão é uma banda gaúcha que se formou 2015 e chamou bastante atenção dos amantes de música boa e alternativa quando lançaram seu primeiro EP, Lua Degradê (2016) e logo em seguida TMJNT (2017). Os integrantes  Mario Arruda (vocalista e programação eletrônica), Leonardo Serafini (guitarra e sintetizador) e Ricardo Giacomoni (Baixo e Sintetizador), fazem um som espertamente classificado como uma transformação de diferentes intensidades seja com a desconstrução musical e incorporação de estilos em uma tendência que vem sendo carinhosamente chamado de Neu Tropicália. Seria basicamente uma música com melodias e ritmos brasileiros, distorções características do rock, do indie psicodélico (curiosamente em uma vertente diferente da banda Boogarins, por exemplo), acrescentado beats de música eletrônica e experimentalismos também identificados nas concepções visuais da banda e com junção de referências subjetivas que podem tem interpretações variadas. A melhor forma de explicar o som deles é escutando esse álbum que implementa o som praticado nos Ep's lançados. A banda também já teve várias participações em festivais alternativos como o Morrostock (RS) e Pic Nik (DF), tour por SP e RJ além de participação no tradicional Bananada (GO) esse mês. O lançamento consolida a banda como uma das surpresas da cena alternativa  brasileira com um álbum de estréia contagiante, seja por momentos dançante ou vibrações energizantes. Acompanhe nossas impressões Faixa a Faixa."Toneladas" abre o trabalho de maneira empolgante com uma música com leve psicodelia e uma batida intensa somada com um refrão e arranjos deliciosos."Asabelha e a Capoeira"  segue com o estilo próprio da banda viajando em uma balada dançante com leve influência de ritmos brasileiros. "Social Animal" tem uma pegada eletrônica misturada com indie-rock e refrão delicioso. "Sol do Samba" é uma canção encantadora que cresce a cada audição e tem todos elementos que tornam o som da banda atrativo, relaxante e ao mesmo tempo cheio de frescor. "Castanha" é uma canção cheia de elementos interessantes incluindo um saxofone com brasilidade e um toque único do som da banda.  "Cor Guia" freia a intensidade em uma canção simples e relaxante. "Loteria" tem formato simples e serve como uma meditação otimista. "O Lírio e a Druza de Ametista" é uma faixa cheia de sonoridade que poderia ser classificada como uma canção de MPB dançante."Carro dos Sonhos" é uma música doce com uma esperteza incrível na concepção. "Vê se Chega na Terra sem Nome" fecha o álbum diminuindo o ritmo com uma balada de letra poética e cheia de ritmo. No geral é um trabalho que demonstra uma banda pronta para levar seu som e seu estilo adotado ao gosto dos ouvintes com uma música bem produzida, levemente esquizofrênica mas muito cativante e com um toque de originalidade da banda. Uma estréia em grande estilo, musicalmente atraente e cheia de boas referências, inclusive a melhor maneira de definir o trabalho seria a própria diversidade do Brasil cheio de musicalidade independente dos estilos, a banda transita em diversas idéias de som com eficácia sem precisar de definições. "Faz Party" é delicioso e recomendamos a audição. PSICODELIA DANÇANTE

MÚSICA FAVORITA: Toneladas


São 10 músicas disponíveis nas principais plataformas de streaming via Edital da Natura Musical.

Hype: ÓTIMO - Nota: 8,0


terça-feira, 13 de agosto de 2019

(Hype) PARASITA "Parasite" (2019) "Gisaengchung" de "Joon-Ho Bong"


Filme premiado em Cannes mostra um cinema vibrante da Coréia do Sul!


O cinema oriental tem despontado atualmente e conquistado os principais festivais pelo mundo, depois do japonês "Assunto de Família" e do sul-coreano "Em Chamas" dois grandes destaques de 2018, Parasite já chegou em Cannes esse ano gerando expectativa, também por ser o mais recente filme de Joon Ho Bong, um realizador com obras cada vez mais interessantes e aclamadas, em 2006 apresentou O Hospedeiro, um dos destaques do ano e já em 2013 o diretor despontava nos EUA dirigido o ótimo O Expresso do Amanhã. Em 2017 produziu para a Netflix o polêmico OKJA, que esbarrou no preconceito de ser uma produção direta da plataforma de streaming e recebeu protestos em vários festivais por onde passou além de pegar pesado na questão ambiental e animal. O certo é que o diretor coreano tem toda esperteza necessária para realizar um cinema atual que busca se integrar com temas atuais sem ser banal, a prova maior de seu talento é retornar de Cannes esse ano com o prêmio máximo, a Palma de Ouro com a produção que em breve será lançado nos cinemas do Brasil. O filme é um drama familiar tingido de Thriller, que retrata a violência das desigualdades sociais com domínio total sobre o expectador ao contar a história de uma família de desempregados que vivem em um escuro e sórdido apartamento no subsolo de uma cidade, onde convivem com baratas e um mendigo urinando e sua janela. A vida da família Ki-Taek, muda quando o garoto Ki-Woo consegue um emprego como professor particular de inglês de uma jovem de família rica, os Park. Eles vivem em uma casa suntuosa com um grande jardim, janelas de vidro e decoração de bom gosto. A família Ki-Taek rapidamente se aproveita da situação: por meio de subterfúgios, Ki-Woo faz sua irmã ser contratada para dar aulas de desenho ao filho mais novo, depois seus pais como motorista e governanta. Mas, se tudo parece correr bem para a família de golpistas, a chegada dos "parasitas" à família Park marcará o início de um movimento incontrolável. Com a história, Joon Ho Bong, deixa para trás o universo fantástico e os grandes orçamentos internacionais de seus últimos filmes para investir em uma história mais intimista. O diretor apresenta um olhar onde flerta com o suspense e também com as relações sociais para transmitir uma mensagem sobre desigualdades sociais e as consequências do fluxo descontrolado da ostentação. No entanto, os segredos e mentiras necessários à ascensão social custarão caro a todos os envolvidos. Parece que Bong fundiu muitos tópicos de temas anteriores em um só, sua construção empática por seus personagens apresenta um realismo cheio de camadas aonde todos as características se misturam, o bom, o mal, o excêntrico e o simples, é uma substância que o coloca no patamar de grandes diretores sem citar nomes. Seu filme apresenta um senso diabólico de humor que choca e questiona a moral desenhando dois espaços domésticos em um relevo de concepções. A casa dos Park é uma maravilha arquitetônica modernista; somos repetidamente informados de que seu criador também era seu ex-morador. A estrutura é uma construção angular de concreto e madeira com todas as comodidades e modernidades. A luz do sol entra através de enormes janelas que se abrem para o quintal meticulosamente mantido, e árvores podadas artificialmente isolam a habitação do mundo mais amplo. A complexidade do domicílio também permite a inventiva encenação através de vários planos de ação, transformando o espaço em um dos momentos mais tensos da história em seu clímax. Por outro lado, a favela da moradia de subsolo em que os Kims residem é degradada, praticamente caindo aos pedaços e com várias situações curiosas, como quando os jovens buscam o sinal Wi-Fi dos vizinhos ou quando um caminhão lança fumaça de dedetização de insetos. Ao longo de seu tempo de execução, Parasite processa as classes e associa sua história por meio da perspectiva de distância entre as famílias e as hierarquias. O diretor trabalha muito bem o glamour em volto a família rica e muitas vezes usa sua veia caricata nos "Ataques belos de vida" da família pobre, a cada vitória dos mesmos. Ao público ainda sobra surpresas durante a trama e uma parte final arrepiante em uma história que coloca ambas as famílias em pé de igualdade flertando com a tecnologia, o humor tragicômico e sagaz na medida certa mesmo que no fim das contas se resulte em um final com uma lição aparentemente triste do reflexo social. EMPOLGANTE.


O filme é distribuido no Brasil pela Pandora Filmes com a Alpha Filmes.


Hype: EXCELENTE - Nota: 9,0

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

HISTÓRIAS ASSUSTADORAS PARA CONTAR NO ESCURO (2019) - "Scary Stories to Tell in the Dark" de "André Øvredal"


Filme juvenil é uma aventura de terror à moda antiga.

Com produção do renomado realizador Guillermo Del Toro e direção de André Øvredal (A Autópsia), “Histórias Assustadoras” é aquele tipo de filme que usa lendas urbanas para aterrorizar jovens na época de Halloween, com um foco maior nesse público, inclusive mesmo com uma classificação etária baixa o filme possui uma boa produção e sustos moderados sem ser explícito e extremamente violento. A produção é uma adaptação de contos clássicos de terror de Alvin Schwartz e nas ilustrações de Stephen Gammell e tem uma maturidade para manter a história no terror sem se perder na comédia como outros exemplares do gênero como Goosebumps. Essas histórias aterrorizam há séculos crianças e adolescentes do mundo todo. No início dos anos 80 essa série de livros que marcou uma geração trazia textos e desenhos tão impactantes que pareciam sair das páginas diretamente para a imaginação dos leitores. Quarenta anos depois, as histórias chegam aos cinemas com produção caprichada, um elenco jovem eficiente em um filme charmoso e assustador na medida certa para seu público alvo e com uma realização que deixa muito filme de terror  adulto no chinelo, mérito também ao interessante diretor que já havia chamado a atenção no regular terror "A Autópsia" e também do toque de Del Toro, principalmente nas criaturas fantásticas que já são sua marca registrada no cinema de fantasia que ele já faz a anos.  O filme se passa em 1968 na cidade de Mill Valley, que há gerações vive nas sombras dos mistérios que cercam a mansão da família Bellows. Foi no porão desta casa que Sarah Bellows, jovem cheia de segredos e rejeitada pelos pais, escreveu um livro com histórias assustadoras. Anos depois, essas histórias começam a se tornar reais quando Stella (Zoe Colletti) e seus amigos se envolvem com seu passado sombrio. No elenco estão os jovens atores Dean Norris, Michael Garza, Austin Abrams, Gabriel Rush e Gil Bellows. O filme possui uma maturidade enorme e o mais assustador de tudo é que o verdadeiro vilão não é o espantalho infestado de insetos, nem o fantasma macabro procurando por seu dedo perdido ou o Homem montado em ângulos estranhos de partes do corpo desmembradas. Muito menos Sarah Bellows, a figura fantasmagórica que está por trás de todo o terror que se infiltra na narrativa é talvez a própria América de Richard Nixon e toda a maldade e ódio por traz de suas atitudes e influências (Qualquer semelhança com a realidade atual não é mera coincidência). Essa consideração é sutil e somente acontece para alertar que o mal, o terror, pode não está presente só no sobrenatural mas também na realidade que vivemos e como tratamos o nosso próximo, cada vez mais distante do ideal de equilíbrio e com enorme presença de um falso moralismo que acompanha políticos e religiões. A história do filme faz isso, mostra que seus vilões são construídos dentro da realidade que vivemos tornando a história próxima do público. Uma realização satisfatória que apresenta frescor e agrada por todo contexto apresentado. A torcida agora é que se decidirem levarem adiante as histórias que sejam nesse bom nível. ASSUSTADOR DE MANEIRA ENCANTADORA.


O filme está em cartaz nos cinemas pela DIAMOND FILMES.

Hype: ÓTIMO - Nota: 8,0

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

(Hype Agenda) PICNIK FESTIVAL em Brasília-DF!


Em 10 e 11 de Agosto o Picnik chega na sua 35º edição com programação variada no Memorial dos Povos Indígenas com Música, Gastronomia, Moda, Arte, Atividades e Bem Estar!


Misto de bazar descolado e Sunset Party, o PicniK vem se desenvolvendo para proporcionar  um ponto de encontro fértil de público gerador e consumidor de novas tendências e artistas alternativos de variados nichos movimentando e consolidando a rede de economia criativa local. O evento é desenvolvido para proporcionar ponto de encontro com Moda, Arte, Música, Gastronomia, Esportes e outras Interações Positivas. Sempre embaladas ao som de DJ's e Músicos da cena independente escolhidos para representar a imagem e o clima do evento, ele é sempre gratuito, começa na hora do almoço e é indicado para todas as idades, sendo uma ótima oportunidade de se fazer passeio divertido e pouco usual com a família, cachorros, vizinhos, paqueras e amigos há tempos não vistos… Cestas de piquenique, toalhas quadriculadas, bolhas de sabão e pôr do sol encantado fazem parte de uma paisagem que reflete uma geração sedenta por compartilhar belezas e cores.

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA DESTA EDIÇÃO no site do evento, são diversas atividades:  http://picnik.art.br/atividades/#programacao 


Confira no cartaz o Line Up do Palco Principal que presta tributo a (boa) música alternativa brasileira, oferecendo ao público shows marcantes e intimistas espalhados pelos 2 palcos, garantindo um dia dos pais inesquecível! 


quinta-feira, 8 de agosto de 2019

RAINHAS DO CRIME - "The Kitchen" 2019 de "Andrea Berloff"


Thriller policial simples tem como maior atrativo seu elenco.


O filme baseado na série de histórias em quadrinhos da Vertigo, selo independente da DC Entertainment, é estrelado por atrizes de interessantes currículos, Melissa McCarthy, (Poderia me perdoar?), Tiffany Haddish (Viagem das Garotas) e Elisabeth Moss (The Haindmaid's Tale), elas são o ponto alto do filme e na história, quando seus maridos mafiosos são mandados para a prisão pelo FBI, são elas que assumem o posto controlando a criminalidade do bairro. Com o roteiro escrito pela diretora Andrea Berloff ( Straight Outta Compton), ela chamou seu projeto de “filme de gângster feminino”, suas principais  referências são de Martin Scorsese e O Poderoso Chefão, Berloff faz questão de mostrar que mesmo com mulheres no comando não há medo de ser efetivamente violento nas ações. A pegado do filme tem postura discreta ao retratar a frieza da Nova York dos anos 70 e espera que o protagonismo feminino seja o grande potencial do filme definindo uma construção simples de um império criminoso com resultado eficiente porém pálido como entretenimento. A aventura de imaginar a dominação feminina em um cenário tão tradicionalmente masculino é um exercício no minimo curioso e charmoso mesmo que as consequências sejam quase as mesmas. Na trama, em 1978 na "Hell's Kitchen" de Nova Iorque os tempos são difíceis. A violência toma conta das ruas. As coisas vão de mal a pior também para Kathy Brennan (Melissa McCarthy), Ruby O'Carroll (Tiffany Haddish) e Claire Walsh (Elisabeth Moss) quando seus maridos são presos depois de cometerem um assalto em uma loja de conveniência e agredirem os oficiais de detenção iniciais. As três mulheres desenvolvem um plano que não apenas coloca dinheiro em seus bolsos e comida em seus pratos, mas também controlam a máfia de Hell's Kitchen. Quanto maior você ganha, mais atenção você recebe, e logo elas se encontram no radar de Alfonso Coretti (Bill Camp), o concorrente e chefe da máfia italiana no Brooklyn, elas também estão na mira do agente federal Gary Silvers (Common) e ainda sofrem as consequências dos três maridos deslocados da função. Apesar de algumas risadas fora de ordem aqui e ali, Rainhas do Crime é um drama criminal duro e bastante coerente com o que propõe, é bem fácil sentir afeição por qualquer personagem mesmo que talvez isso possa resultar em um final até mesmo previsível, é uma receita simples, pouco refinada mas ao mesmo tempo charmosa. BOM PASSATEMPO



O filme está em cartaz nos cinemas nesta Quinta 08/08 pela WARNER BROS.

Filme visto na Cabine de Imprensa realizada em Brasília.

Hype: BOM - Nota: 6,0

terça-feira, 6 de agosto de 2019

PAPISA - "Fenda" (2019)


Primeiro álbum do projeto oferece conforto e tranquilidade em belas canções. 


PAPISA já alguns anos chama atenção no meio alternativo, a paulista Rita Oliva, uma cantora, compositora e multi-instrumentista de voz suave criou o projeto e desde então lançou músicas e realizou shows seja em performance solo ou acompanhada por uma banda, porém a mesma praticamente realiza todas as funções da sua musicalidade. Neste trabalho é entregue ao público músicas já conhecidas como "A Velha", "Roda" e também a recente "Terra", bem-sucedida colaboração com Luna França. PAPISA e sua equipe desenvolvem um espetáculo minimalista e quase ritualístico, um projeto indicado para a meditação com elementos sensoriais e repleto de sutilezas. A turnê do projeto já passou por mais de 10 estados brasileiros, incluindo passagem por festivais como o Bananada, Pic Nik e Sonora, além de uma apresentação especial no grande SXSW 2018, nos Estados Unidos, tudo isso sem a presença de um álbum de estúdio. Intitulado Fenda, o disco produzido e tocado quase inteiramente pela própria artista encontra na força da sensibilidade feminina versos marcados por um mergulho no existencialismo e a melodia amparada em uma melancolia acolhedora mesmo em vários momentos se entregando quase ao psicodélico, principalmente pela presença de metáforas interessantes em suas letras. Acompanhe Faixa a Faixa nossas impressões: "Moiras" é uma faixa instrumental introdutória de "A velha" uma canção leve que se ampara na melodia calma sem ser melancólica. "Terra" colaboração com Luna França traz uma presença forte de vozes mergulhando em uma canção que flerta com o eletrônico apresentado um indie rock vibrante. "Fenda" faixa título do álbum, traz uma pegada tropicalista que encanta sem ser previsível. "Retrato Infinito" tem estrutura primorosa aliado a uma melodia sombria porém agradável mesmo meio misteriosa. "Nigredo" é uma faixa curtinha com uma pegada de balada sensível. "Semente" tem potência na composição com letra intensa e melodia misteriosa. "Roda" é a mais pop do álbum, acessível e muito bem construída. "Espelho" encerra o trabalho evocando a MPB no estilo intenso e surreal. São faixas que abusam do misticismo, inclusive a cantora já relatou em entrevista que o trabalho se baseia quase em cartas de Tarô seguindo seu oráculo pessoal. Rita Oliva, acostumada a sonorizar conceitos espirituais aterrissa em sonoridade bonita e complexa como se fosse um mantra construído por camadas que se transformam em música, ora simples e calma, ora apoteótica. SÚTIL E ELEGANTE.

MÚSICA FAVORITA: Roda




São 09 músicas disponíveis nas principais plataformas de streaming pela Tratore.

Hype: ÓTIMO - Nota: 8,0

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

EUPHORIA - "Temporada 1" de "Sam Levinson"



Seriado tem temporada inicial avassaladora, promissora e empolgante.

Uma metralhadora de assuntos delicados com uma abordagem refinada, atual e bastante interligada com essa geração. Essa é a definição que melhor se enquadra nessa parceria entre HBO e o estúdio A24. O maior mérito do seriado é não se sustentar no comodismo das tramas que abordam a adolescência, apresentando frescor em seus personagens e  ritmo frenético, mesmo com milhares de histórias sobre adolescentes já realizadas ou em andamento na TV nenhuma chega perto da intensidade de Euphoria. A conexão com o público foi quase instantânea, a série de Sam Levinson com apenas quatro episódios exibidos garantiu uma segunda temporada, sem contar o apelo do público nas redes sociais e a audiência satisfatória. A primeira série "teen" do canal HBO em anos, se entrega em um universo incrível de personagens, todos com sub-camadas e reflexões sobre o direcionamento de sua vidas. Em cada episódio a personagem principal  Rue Bennett, interpretada pela surpreendente cantora e atriz Zendaya direciona o expectador ao entendimento do que se passa na vida deles num misto de alucinação e realidade,  já no primeiro episódio acompanhamos sua angústia ao dizer que foi feliz uma vez na vida e aparece a imagem da menina, em forma de feto, prestes a nascer, o sentimento que transborda em cada relato da personagem tem tom obscuro e angustiante.  A trama se mistura com acontecimentos em diversas linhas de tempo, dando a narrativa de cada episódio um impulso a mais sem contar a excelente fotografia e a maquiagem impecável. A trilha sonora é quase um personagem da trama, cada cena é acompanhada por uma seleção musical atrativa com nomes populares e alternativos na medida certa. Mesmo com as polêmicas desnecessárias que surgiram envolvendo o seriado, principalmente pela nudez explícita e a abordagem do vício e da depressão de maneira franca, a representação de Euphoria do universo adolescente em momento algum menospreza a realidade mesmo sendo uma história cheia de surrealismo. A série é livremente inspirada em um projeto israelense homônimo criado em 2012,  e a guia dessa viagem fica por conta da protagonista Rue (Zendaya), uma jovem de 17 anos, dependente de drogas, recém saída de uma clínica de reabilitação e o início de uma forte amizade com a trans Jules (Hunter Schafer), que acaba de chegar à cidade. Rue, assim como os outros adolescentes retratados na série precisam lidar ao longo dos episódios com problemas abordando traumas, relações sexuais, redes sociais e vícios. Com primeira temporada bastante focada na apresentação dos personagens e seus problemas, ficaram muitas pontas soltas para os futuros episódios, uma enorme margem de situações, fica bem claro, é só o começo e ainda sobrou tempo para um episódio final tenso e emocionante, marcado por uma excelente performance de sua protagonista Zendaya em uma sequência musical surreal, ao som da música "All for Us" junto com Labirinth. A série prospera em criar uma experiência que certamente vai impactar e levar o expectador ao incômodo e alucinógeno mundo das drogas, seja deprimindo ou estimulando mas sempre com a certeza que é um caminho sem total controle. IMPERDÍVEL.


São 08 episódios exibidos no Canal HBO e disponíveis no streaming HBO GO.

Hype: ÓTIMO - Nota: 9,0