terça-feira, 13 de agosto de 2019

(Hype) PARASITA "Parasite" (2019) "Gisaengchung" de "Joon-Ho Bong"


Filme premiado em Cannes mostra um cinema vibrante da Coréia do Sul!


O cinema oriental tem despontado atualmente e conquistado os principais festivais pelo mundo, depois do japonês "Assunto de Família" e do sul-coreano "Em Chamas" dois grandes destaques de 2018, Parasite já chegou em Cannes esse ano gerando expectativa, também por ser o mais recente filme de Joon Ho Bong, um realizador com obras cada vez mais interessantes e aclamadas, em 2006 apresentou O Hospedeiro, um dos destaques do ano e já em 2013 o diretor despontava nos EUA dirigido o ótimo O Expresso do Amanhã. Em 2017 produziu para a Netflix o polêmico OKJA, que esbarrou no preconceito de ser uma produção direta da plataforma de streaming e recebeu protestos em vários festivais por onde passou além de pegar pesado na questão ambiental e animal. O certo é que o diretor coreano tem toda esperteza necessária para realizar um cinema atual que busca se integrar com temas atuais sem ser banal, a prova maior de seu talento é retornar de Cannes esse ano com o prêmio máximo, a Palma de Ouro com a produção que em breve será lançado nos cinemas do Brasil. O filme é um drama familiar tingido de Thriller, que retrata a violência das desigualdades sociais com domínio total sobre o expectador ao contar a história de uma família de desempregados que vivem em um escuro e sórdido apartamento no subsolo de uma cidade, onde convivem com baratas e um mendigo urinando e sua janela. A vida da família Ki-Taek, muda quando o garoto Ki-Woo consegue um emprego como professor particular de inglês de uma jovem de família rica, os Park. Eles vivem em uma casa suntuosa com um grande jardim, janelas de vidro e decoração de bom gosto. A família Ki-Taek rapidamente se aproveita da situação: por meio de subterfúgios, Ki-Woo faz sua irmã ser contratada para dar aulas de desenho ao filho mais novo, depois seus pais como motorista e governanta. Mas, se tudo parece correr bem para a família de golpistas, a chegada dos "parasitas" à família Park marcará o início de um movimento incontrolável. Com a história, Joon Ho Bong, deixa para trás o universo fantástico e os grandes orçamentos internacionais de seus últimos filmes para investir em uma história mais intimista. O diretor apresenta um olhar onde flerta com o suspense e também com as relações sociais para transmitir uma mensagem sobre desigualdades sociais e as consequências do fluxo descontrolado da ostentação. No entanto, os segredos e mentiras necessários à ascensão social custarão caro a todos os envolvidos. Parece que Bong fundiu muitos tópicos de temas anteriores em um só, sua construção empática por seus personagens apresenta um realismo cheio de camadas aonde todos as características se misturam, o bom, o mal, o excêntrico e o simples, é uma substância que o coloca no patamar de grandes diretores sem citar nomes. Seu filme apresenta um senso diabólico de humor que choca e questiona a moral desenhando dois espaços domésticos em um relevo de concepções. A casa dos Park é uma maravilha arquitetônica modernista; somos repetidamente informados de que seu criador também era seu ex-morador. A estrutura é uma construção angular de concreto e madeira com todas as comodidades e modernidades. A luz do sol entra através de enormes janelas que se abrem para o quintal meticulosamente mantido, e árvores podadas artificialmente isolam a habitação do mundo mais amplo. A complexidade do domicílio também permite a inventiva encenação através de vários planos de ação, transformando o espaço em um dos momentos mais tensos da história em seu clímax. Por outro lado, a favela da moradia de subsolo em que os Kims residem é degradada, praticamente caindo aos pedaços e com várias situações curiosas, como quando os jovens buscam o sinal Wi-Fi dos vizinhos ou quando um caminhão lança fumaça de dedetização de insetos. Ao longo de seu tempo de execução, Parasite processa as classes e associa sua história por meio da perspectiva de distância entre as famílias e as hierarquias. O diretor trabalha muito bem o glamour em volto a família rica e muitas vezes usa sua veia caricata nos "Ataques belos de vida" da família pobre, a cada vitória dos mesmos. Ao público ainda sobra surpresas durante a trama e uma parte final arrepiante em uma história que coloca ambas as famílias em pé de igualdade flertando com a tecnologia, o humor tragicômico e sagaz na medida certa mesmo que no fim das contas se resulte em um final com uma lição aparentemente triste do reflexo social. EMPOLGANTE.


O filme é distribuido no Brasil pela Pandora Filmes com a Alpha Filmes.


Hype: EXCELENTE - Nota: 9,0

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