Filme premiado em Cannes mostra um cinema vibrante da Coréia do Sul!
O cinema oriental tem despontado atualmente e conquistado os principais
festivais pelo mundo, depois do japonês "Assunto de Família" e do
sul-coreano "Em Chamas" dois grandes destaques de 2018, Parasite já
chegou em Cannes esse ano gerando expectativa, também por ser o mais recente
filme de Joon Ho Bong, um realizador com obras cada vez mais interessantes e
aclamadas, em 2006 apresentou O Hospedeiro, um dos destaques do ano e já em 2013 o
diretor despontava nos EUA dirigido o ótimo O Expresso do Amanhã. Em 2017
produziu para a Netflix o polêmico OKJA, que esbarrou no preconceito de ser uma
produção direta da plataforma de streaming e recebeu protestos em vários festivais por onde passou além de pegar pesado na questão ambiental
e animal. O certo é que o diretor coreano tem toda esperteza necessária para
realizar um cinema atual que busca se integrar com temas atuais sem ser
banal, a prova maior de seu talento é retornar de Cannes esse ano com o prêmio
máximo, a Palma de Ouro com a produção que em breve será lançado nos cinemas do Brasil. O filme é um drama
familiar tingido de Thriller, que retrata a violência das desigualdades sociais
com domínio total sobre o expectador ao contar a história de uma família de
desempregados que vivem em um escuro e sórdido apartamento no subsolo de uma cidade, onde
convivem com baratas e um mendigo urinando e sua janela. A vida da família
Ki-Taek, muda quando o garoto Ki-Woo consegue um emprego como
professor particular de inglês de uma jovem de família rica, os Park. Eles
vivem em uma casa suntuosa com um grande jardim, janelas de vidro e decoração de bom
gosto. A família Ki-Taek rapidamente se aproveita da situação: por meio de
subterfúgios, Ki-Woo faz sua irmã ser contratada para dar aulas de desenho ao
filho mais novo, depois seus pais como motorista e governanta. Mas, se tudo
parece correr bem para a família de golpistas, a chegada dos "parasitas"
à família Park marcará o início de um movimento incontrolável. Com a história, Joon Ho Bong, deixa para trás o universo fantástico e os grandes orçamentos
internacionais de seus últimos filmes para investir em uma história mais intimista. O diretor
apresenta um olhar onde flerta com o suspense e também com as
relações sociais para transmitir uma mensagem sobre desigualdades sociais e as
consequências do fluxo descontrolado da ostentação. No entanto, os segredos e mentiras necessários à
ascensão social custarão caro a todos os envolvidos. Parece que Bong fundiu muitos tópicos de
temas anteriores em um só, sua construção empática por seus personagens apresenta
um realismo cheio de camadas aonde todos as características se misturam, o bom,
o mal, o excêntrico e o simples, é uma substância que o coloca no patamar de
grandes diretores sem citar nomes. Seu filme
apresenta um senso diabólico de humor que choca e questiona a
moral desenhando dois espaços domésticos em um relevo de concepções. A
casa dos Park é uma maravilha arquitetônica modernista; somos repetidamente
informados de que seu criador também era seu ex-morador. A estrutura é uma construção
angular de concreto e madeira com todas as comodidades e modernidades. A luz do
sol entra através de enormes janelas que se abrem para o quintal
meticulosamente mantido, e árvores podadas artificialmente isolam a habitação
do mundo mais amplo. A complexidade do domicílio também permite a inventiva
encenação através de vários planos de ação, transformando o espaço em um dos
momentos mais tensos da história em seu clímax. Por outro lado, a favela da moradia de
subsolo em que os Kims residem é degradada, praticamente caindo aos pedaços e
com várias situações curiosas, como quando os jovens buscam o sinal Wi-Fi dos
vizinhos ou quando um caminhão lança fumaça de dedetização de insetos. Ao longo
de seu tempo de execução, Parasite processa as classes e associa sua história
por meio da perspectiva de distância entre as famílias e as hierarquias. O
diretor trabalha muito bem o glamour em volto a família rica e muitas vezes usa
sua veia caricata nos "Ataques belos de vida" da família pobre, a
cada vitória dos mesmos. Ao público ainda sobra surpresas durante a trama e uma parte final arrepiante em uma história que coloca ambas as famílias em pé de
igualdade flertando com a tecnologia, o humor tragicômico e sagaz na
medida certa mesmo que no fim das contas se resulte em um final com uma lição
aparentemente triste do reflexo social. EMPOLGANTE.
O filme é distribuido no Brasil pela Pandora Filmes com a Alpha Filmes.
Hype: EXCELENTE - Nota: 9,0
Texto maravilhoso!!! Parabéns pela crítica!
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