quarta-feira, 31 de julho de 2019

VELOZES & FURIOSOS : HOBBS & SHAW (2019) "Fast & Furious Presents: Hobbs & Shaw" de "David Leitch"


Trama paralela inicia expansão da saga.

O carisma da franquia Velozes e Furiosos criada em 2001 vai além das inventivas cenas de ação e efeitos especiais que são sua marca registrada, já são 8 filmes com grande apelo popular, talvez nem o fã mais otimista acreditaria que um filme em torno de corridas de rua ilegais e assaltos cresceria a ponto de ser uma das sagas de filmes de ação mais consolidadas e rentáveis atualmente. O desafio com passar dos anos é surpreender o público e também renovar as histórias. Dessa forma, Dwayne Johnson (The Rock) entrou na história no quinto filme, inclusive ofuscando o astro principal Vin Diesel e gerando ciúmes nos bastidores, o personagem de Hobbs rapidamente agradou os fãs e esquentou o clima de competição entre os astros. Era de se esperar que após praticamente comandarem as principais cenas de ação de Velozes e Furiosos 8 (2017), a idéia do primeiro spin-off da franquia seria focado nos divertidos  personagens de Hobbs (Dwayne Johnson) e Shaw (Jason Statham), o meio vilão que apareceu no sexto filme e não saiu mais. Aliás, mesmo com um roteiro tecnicamente preguiçoso para ir além do esperado e também com um humor bobo e mal executado, temos na química dos dois astros de ação o maior atrativo do filme que não deixa a desejar para a franquia original. Um dos destaques é o vilão Brixton Lore (Idris Elba) um agente de campo do MI6 que possui uma tecnologia cibernética e genética, uma super força que será usada para interesses quem confrontam o bem da humanidade, seu papel mesmo limitado é uma adesão importante. Quem rouba a cena é a personagem da atriz Vanessa Kirby (irmã de Shaw), ela entra na história e tem papel fundamental na trama sem  decepcionar seja atuação ou também na hora da ação. O lado fofo da trama  vai para a filha de Hobbs interpretada por Eliana Sua, também conhecemos o restante de sua família na ilha da Samoa Ocidental em um momento divertido que o personagem precisa recorrer às suas raízes. Esse tipo de filme pipoca parece na medida certa para uma distração sem compromisso com a verdade e isso Velozes faz bem. Na trama,  desde que se conheceram, em "Velozes & Furiosos 7", Luke Hobbs (The Rock) e Deckard Shaw (Statham) constantemente bateram de frente, não só por inicialmente estarem em lados opostos mas, especialmente, pela personalidade de cada um. Agora, a dupla precisa unir forças para enfrentar Brixton (Idris Elba), um anarquista alterado geneticamente que se tornou uma ameaça biológica. Para tanto, eles contam com a ajuda de Hattie (Vanessa Kirby), irmã de Shaw, que é também agente do MI6, o serviço secreto britânico. Eles vão lutar contra o tempo em uma ameaça global causada por um vírus que em mãos erradas pode significar o fim da paz mundial. O nono capítulo da série Velozes e Furiosos, o primeiro em Spin-off,  dirigido por David Leitch (John Wick, Atômica e Deadpool 2 ), consegue variar o ritmo entre ação e comédia, com momentos que cumprem seu papel mesmo que falhe em abusar da mesma narrativa dos filmes anteriores e transformando tudo em um espetáculo fora da realidade, talvez isso já seja sua marca registrada. O principal problema é a repetição de clichês e a longa duração, o filme se torna cansativo, buscando impressionar a cada cena. e tentando transformar algo que foi levemente divertido por 30 minutos em Velozes e Furiosos 8  em uma produção de mais de 2 horas que não se sustenta por completo. Detalhe paras as participações especiais incluindo um falastrão Ryan Reynolds, um Kevin Hart fazendo o papel de sempre e uma Helen Mirren louca para entrar nessa brincadeira. Após o filme há várias cenas pós créditos. Velozes e Furiosos 9 já está confirmado para 2020 e outro Spin-off com as mulheres da franquia também é previsto para em breve. Esqueça a lógica, desligue o cérebro e divirta-se! INDICADO PARA FÃS.



O filme chega aos cinemas nesta Quinta 01/08 pela UNIVERSAL PICTURES.

Filme visto na Cabine de Imprensa realizada em Brasília.

Hype: BOM - Nota: 6,5

terça-feira, 30 de julho de 2019

SIMONAL (2018) de "Leonardo Domingues"


Cinebiografia de Simonal tem a musicalidade do cantor em produção caprichada.


Wilson Simonal foi ex-cabo do exército e se tornou um cantor de grande sucesso nos anos 60. Lançado por Carlos Imperial, Simonal vendeu milhões de discos e lotou estádios em seus shows até ser condenado ao ostracismo devido à acusação de que era informante da ditadura militar, o que sempre negou. Nesta biografia que resume a trajetória dele, mostra o quanto sua tumultuada história de vida, rica em detalhes que conseguem facilmente virar um interessante roteiro cinematográfico. Como artista, ele tem uma potente voz, além confiança no seu talento como idealizador de uma música que esbalda alegria e swing. Uma pena o artista ter vivido em uma das épocas mais difíceis do nosso país, sua carreira atingiu o auge em plena a ditadura militar. Sem entrar no confronto do que a imprensa relatava do artista e o que realmente aconteceu, o filme tenta não se envolver na essência política do ocorrido, conta o resumo da trajetória do cantor e talvez na sua inocência perante a um período tortuoso. A produção é impecável investindo nas cores escuras e em momentos chave de sua carreira, também mostrando o artista refém de uma efervescente luta que ele decidiu não brigar e acabou sendo engolido pelos dois lados, quem apoiava a ditadura e que era contra. O filme teve exibição no Festival de Gramado em 2018 vencendo três categorias: Melhor Trilha Sonora, Melhor Direção de Arte e Melhor Fotografia. Visualmente o filme é um deslumbre. O ponto de desvio seria nas soluções fáceis para justificar suas atitudes ilustrando de forma superficial como sua carreira desandou juntamente com seu fracasso financeiro e sua prisão. Em poucos momentos o filme foca nas convicções de Simonal para justificar sua atitude imparcial ao cenário vivido pelo país. Mesmo com a justificativa de querer compartilhar boas energias as pessoas através da música, pouco se explora os motivos dele agir assim, ficando um pouco vago mas sem total gravidade no comprometimento da experiência. Na trama, dono de voz marcante, carisma encantador e charme irresistível, Wilson Simonal (Fabrício Boliveira) nasceu para ser uma das maiores vozes de todos os tempos da música brasileira. No entanto, após anos de sucesso conquistado com muito trabalho, suas finanças descontroladas o levam a, num rompante de ignorância, tomar decisões que marcarão para sempre sua carreira. O filme possui alguns detalhes curiosos em sua concepção, Leandro Hassum participa como Carlos Imperial (que também aparece na Cinebiografia de Erasmo Carlos), nesse universo temos vários artistas sendo representados em tela como Erasmo Carlos, Jorge Ben e Elis Regina. O elenco ainda conta com Ísis Valverde, Caco Ciocler, Mariana Lima e outros.  A parte musical foi realizada pelo filho do cantor, o também músico Wilson Simoninha com bastante destaque. Quem deseja se aprofundar na história do cantor uma boa dica e assistir o documentário Simonal: Ninguém Sabe o Duro que Dei (2009) que serviu para reacender o vasto material de arquivo do cantor esquecido com o tempo pela MPB. Simonal com direção de Leonardo Domingues impõe um ritmo não muito empolgante e pouco inovador, seguindo a risca a fórmula da saída do anonimato pelo artista até o seu auge, culminando no seu esquecimento. É um bom entretenimento mesmo não sendo memorável. ÍCONE DA MPB.



O filme estréia nos cinemas em 08/08 pela DT FILMES.

Filme visto na Cabine de Imprensa realizada em Brasília.

Hype: BOM - Nota: 6,5




segunda-feira, 29 de julho de 2019

THE BOYS - "Temporada 1" de "Eric Kripke", "Evan Goldberg" e "Seth Rogen"


Nova série da Amazon é uma adaptação de um excêntrico HQ com bom potencial.


A produção se inspira na obra homônima criada por Garth Ennis e Darick Robertson,  conhecida por sua irreverência com violência e nudez, além de ser rodeada por polêmicas, afinal é uma crítica ao retrato sempre rodeado de bondade e fraternidade dos heróis, o enredo inclusive foi considerado pesado e os criadores só conseguiram publicar a HQ em uma editora menor, a  Dynamite Entertainment. O seriado alivia um pouco esses quesitos sem perder a essência da obra original, é uma tendência atual variar as histórias até por ser um assunto muito em alta no momento, inclusive neste ano também tivemos outra produção que usa a abordagem diferenciada dos heróis, o filme Brightburn - Filho das Trevas. Os heróis são investimentos milionários que movem uma indústria que tem como carro chefe as adaptações da Marvel Comics pela Disney e DC Comics pela Warner. Quem entra na jogada agora é a Amazon, sem grandes pretensões, universos compartilhados e qualquer pressão sobre a fidelidade a história do quadrinho quase desconhecido. A plataforma de Streaming traz uma série que busca pegar o expectador em trama que tem desprezo pelos super-heróis e pelo culto ao seu redor. Ao invés dos gloriosos representantes da humanidade,  os poderosos são mostrados como seres tão corrompidos como os humanos além de estarem presentes em grandes corporações que lucram e conquistam mais poder a cada investida. O ponto focal desta primeira temporada é a famosa reunião de heróis chamada The Seven, quase uma paródia da Liga da Justiça da DC, com heróis de egos inflados e longe de serem pacíficos. Nesse universo conhecemos  Hughie (Jack Quaid - o filho de Dennis Quaid e Meg Ryan). Ele leva uma vida relativamente comum como vendedor de uma loja, até o momento em que vê sua namorada, Robin, transformar-se em um borrão de sangue ao ser atravessada por um herói dotado de supervelocidade. O herói faz parte do The Seven, o grupo de heróis apoiada por um grande aparato corporativo: a Vought, empresa que agencia os poderosos e cuida rigidamente de suas imagens, com um time de advogados e relações-públicas a postos para abafar qualquer escândalo. Inconformado com a injustiça do sistema, Hughie é abordado por Billy Butcher para ajudá-lo a obter justiça pelo ocorrido. A história consegue introduzir de maneira descolada a adaptação que mesmo com várias alterações dos quadrinhos consegue obter êxito e não decepciona ao ironizar a febre dos super-heróis de maneira adulta, com acidez, cinismo e violência. The Boys chega para somar a outras milhares de produções que infestam os canais de TV e as plataformas de streaming, com um diferencial, não perde tempo com puritanismo e sua abordagem é bem desprendida do que habitualmente é apresentado. Em um ano que os holofotes ficam centrados em Watchmen da HBO, Batwoman da CW e nas adaptações do novo streaming da Disney, que bom uma série que zoa desse universo em um seriado que tem todas as ferramentas para se destacar mesmo com a concorrência acirrada. BOM COMEÇO.


São 08 episódios disponíveis no Streaming AMAZON PRIME.

Hype: BOM - Nota: 7,0

sexta-feira, 26 de julho de 2019

SCALENE - Respiro" (2019)



Banda acerta na pegada MPB e amadurece em trabalho rico em detalhes.


A banda brasiliense Scalene formada por Gustavo Bertoni (voz), Tomás Bertoni (guitarra), Lucas Furtado (baixo) e Philipe "Makako" Nogueira (bateria), desponta como um dos destaque da atual cena musical do país. Muito antes de ser nacionalmente conhecida por sua participação em um Reality Show musical, a banda já possuía uma carreira em ascensão incluindo o bom álbum Real/Surreal (2013), viagens ao exterior e uma participação no festival Lollapalooza. Após serem vice-campeões do extinto programa de competição musical Superstar, da Rede Globo, a banda intensificou sua ousadia nos trabalhos Eter (2015) e Magnetite (2017) que conseguiram manter o nível das composições da banda em crescente. A popularidade do grupo também gerou polêmicas em suas vidas pessoais e parcerias interessantes com outros artistas em ascensão, como: Supercombo, Far From Alaska e Francisco El Hombre. Respiro amplifica a visão da banda sem comprometer sua essência como fonte criativa. O rock dá lugar a um som mais voltado a Música Popular Brasileira celebrando os 10 anos de carreira da banda. Esse trabalho talvez seja o mais ousado da banda, afastando a zona de conforto e abrindo novos caminhos. Acompanha nossas impressões Faixa a Faixa do álbum. "Vai Ver" abre o álbum com a participação de Hamilton de Holanda (bandolinista e compositor brasileiro) com composição simples que já apresenta o fluxo deste trabalho com novos elementos no som da banda, é uma faixa agradável e pontual. "Tabuleiro" se entrega a uma MPB moderna em uma pegada que lembra de leve a canção ESC do último álbum, do meio para o fim o tambor se mistura com um riff de guitarra que torna a música uma experimentação que funciona. "Casa Aberta" é aquela balada meio depressiva e meio agitada que compõe o lado mais melancólico da banda ."II" é uma faixa instrumental e leve para introduzir "Berro", a música seguinte com a participação de Ney Matogrosso, é uma canção interessante que flerta com a a voz marcante do cantor. Ela é curta e eficiente em sua proposta sombria. Uma parceria inusitada que que cai super bem. "Percevejo" incorpora essa fase mais séria da banda, Gustavo Bertoni mostra seu talento vocal em uma canção agradável que se integra a um fechamento aumentando o grave. "Ciclo Senil" tem riffs eletrônicos em uma letra política. Incorpora as experimentações da banda em uma faixa empolgante de indie rock. "Sabe o que foi" diminui o ritmo e mesmo sendo agradável tem seus momentos com musicalidade apurada e certeira."Furta Cor" traz a participação da cantora baiana Xênia França em uma canção repleta de nuances e inspirações que vão além do comum. Acertaram em cheio. "Ilha no céu" apresenta doçura em uma composição quase acústica flertando de leve com a bossa-nova, a faixa tem participação do músico Beto Mejía. Os instrumentais trazem beleza e leveza. "Assombra" é uma faixa simples e bonita que foca principalmente no vocal de Gustavo. Comprova o talento da banda em música melódica com víeis otimista."III" é uma faixa instrumental e leve para introduzir "O Que é Será" que finaliza o álbum com uma canção com piano e letra intensa fechando o trabalho sem peso. Produzido por Diego Marx sob direção musical de Marcus Preto, o álbum Respiro renova a banda mesmo que o som se afaste do tradicional "Stoner Rock" que o ouvinte se acostumou, é admirável como a cada trabalho a banda cresce e gera mais expectativas sobre sua coragem em transitar em estilos e sons mesmo que isso possa dividir opiniões. As letras flertam com as incertezas do cotidiano com uma construção inteligente. Se a banda queria chocar os fãs de uma maneira positiva conseguiram êxito na proposta. Um álbum contemplativo e meditativo. NOVA FASE.


MÚSICA FAVORITA DO ÁLBUM: Ciclo Senil



São 13 faixas inéditas disponíveis nas principais plataformas de Streaming pela SLAP.

Hype: ÓTIMO - Nota: 8,0

quarta-feira, 24 de julho de 2019

AS TRAPACEIRAS - "The Hustle" de "Chris Addison"


Comédia sem graça tem Anne Hathaway e Rebel Wilson como maior atrativo.


As Trapaceiras foi anunciado como uma releitura de Os Safados (1988), de Frank Oz. Fazendo uma analogia direta, Anne Hathaway está no lugar do trambiqueiro personagem de Michael Caine, que também trazia Steve Martin como protagonista. Desta vez ao invés de dois canalhas temos duas mulheres e a troca de gênero pode ser uma proposta transparente para os tempos modernos, mas é uma das poucas coisas que realmente funcionam em uma comédia datada que beira a banalidade. As principais protagonistas do filme não gostam apenas de dinheiro, elas também gostam muito de enganar os homens maus e ostentar com a riqueza dos outros. O principal problema do filme é a falta de um roteiro interessante, praticamente escorando nas talentosas atrizes, elas precisam se virar com todos absurdos apresentados na trama, são cenas grotescas e até escatológicas, mais parece uma esquete de improviso com um humor que não combina com o visual fino e paradísico filmado na ilha de Mallorca, Espanha ou mesmo com o figurino de classe. Não há muito o que esperar de um filme que se esquece do principal, ter uma história que apresente funcionalidade ao humor e relevância as personagens. Na trama Josephine (Anne Hathaway) e Penny (Rebel Wilson) são duas manipuladoras, conhecidas pela arte de extorquir milionários por quem fingem estar apaixonadas. No entanto, enquanto a primeira é sofisticada, a segunda tem métodos muito menos elegantes. O caminho das trapaceiras se cruza na Riviera Francesa, onde ambas procuram por algo novo. Apesar de competirem pela fortuna de Thomas Westerburg (Alex Sharp), um prodígio da tecnologia, Josephine e Penny logo descobrem que talvez tenham mais chances de sucesso se trabalharem juntas. A diversão poderia está nas imitações ridículas e sotaques no entanto, as atrizes nunca conseguem um ritmo de performance; Hathaway emprega um terrível sotaque britânico pouco convincente e depois um sotaque alemão ainda pior quando ela se faz passar por um lendário médico conhecido por curar “cegueira histérica”, a trama nos leva a um ponto em que Penny finge ser cega e Josephine finge ser a médica que pode curá-la através de métodos não ortodoxos. Wilson está fazendo o mesmo e cansativo personagem de sempre, tropeçando, escorregando, caindo e rebatendo as pessoas com "piadas" não filtradas que não são particularmente engraçadas ou perspicazes. O diretor Chris Addison, tem muitos episódios de Veep em seu currículo, mas aqui sua técnica, especialmente para o pastelão, é praticamente nula. O filme  é catastroficamente sem graça e há um desdém bem claro pelas personagens femininas, lançando-as em papéis estereotipados, em vez de dar-lhes camadas de profundidade. Infelizmente um fracasso em praticamente todos aspectos. DESPERDÍCIO DE TALENTOS.



O longa estréia nos Cinemas dia 25 de julho com distribuição da Universal Pictures.

Nossa equipe assistiu ao filme na Cabine de Imprensa realizada em Brasília.

Hype: RUIM - Nota: 3,0

MOSTRA: O AUDIOVISUAL VAI AO CINEMA (Samambaia-DF)


A terceira mostra do Cineclube do ComplexoO Audiovisual Vai Ao Cinema, trará filmes feitos de imagens de arquivo, alguns deles inéditos no Distrito Federal, farão sua estreia nas telas da sala Verônica Moreno do Complexo Cultural Samambaia. Em comum, todas são produções que podemos considerar como filmes de cavação, ou filmes de montagem, onde os diretores elaboram reflexões e o discurso a partir das imagens capturadas por terceiros. Serão exibidos 4 curtas-metragem na primeira sessão, duas produções mineiras e duas produções de diretores aqui do DF, já no próximo dia 24/07, às 20h, ENTRADA FRANCA. 

Domingo (2011, 11m, André Novais Oliveira)
Sinopse: Memórias de um Domingo.

Pela Luz do Teu Olhar (2018, 11m, Flávia Aguiar)
Sinopse: Em busca de si, Flávia mergulha em seu passado arquivado em fitas VHS. Nesta arqueologia afetiva de lembranças cotidianas, vários encontros ancestrais. Dentre eles, o de seu olhar com o de sua mãe revela dois rios que se cruzam para desaguar no mar. Um rito de passagem de quem foi, para se tornar quem é.
 
Sobre o Abismo (2012, 30m, André Brasil)
Sinopse:  Por essa tela já passou boa parte da história do cinema, mas a cada sessão é como se ela estivesse ainda virgem, antes do começo de tudo. A tela em branco é um imenso abismo feito de esquecimento.

A Ditadura da Especulação (2012, 13m, Zeze Coff e Chico Furtado) Sinopse: Sobre as tentativas de impedir que as máquinas derrubassem a vegetação local para construção de edifícios do Setor Noroeste. 

O Cineclube Complexo ocorre quinzenalmente com as exibições seguidas de debate aberto para todo o público. O convite se estende para toda a comunidade interessada do Distrito Federal para acompanhar e conhecer mais essa nova opção de acesso cultural na cidade.

A realização do Cineclube Complexo é atividade do nascente Núcleo Audiovisual Samambaia, este Núcleo Audiovisual é formado por cineastas, jornalistas, artistas e técnicos. Começou a se formar em dezembro de 2018, por ocasião da inauguração do Complexo Cultural Samambaia. O objetivo é ocupar de modo adequado esse Equipamento Público Comunitário resultante da luta de 12 anos, de artistas, agentes sociais e governamentais, de Samambaia, Distrito Federal e Entorno.

Além das sessões quinzenais do Cineclube Complexo, o grupo realiza também reuniões quinzenais, aos Sábados, para tratar de assuntos referentes aos mais diversos temas da Imagem e Som, com reflexões e grupos de pesquisa que fomentem à criação, produção e difusão da produção local, regional e nacional, prioritariamente. As reuniões, antes no Imaginário Cultural, agora passam a ser na sala de Audiovisual do Complexo Cultural Samambaia. A próxima será sábado, 03/08/2019, às 09h. Participe!



terça-feira, 23 de julho de 2019

BIG LITTLE LIES - Segunda Temporada (2019) de "David E. Kelley"



Nova leva de episódios surge complementando acontecimentos e sendo pontual.

Dirigida por Jean-Marc Vallée e adaptado por David E. Kelley do romance de Liane Moriarty, a primeira temporada de Big Little Lies da HBO contou uma história com inicio, meio e fim, sobre as vidas aparentemente perfeitas de mães de classe alta e de seus filhos em uma escola de ensino fundamental de prestígio, essas mulheres criam um laço de amizade que aos poucos se desdobra com diversos acontecimentos que tumultuam suas vidas. Seu principal destaque foi sua abordagem com momentos íntimos e humanos, a produção chamou bastante atenção e mesmo com uma temporada completa em formato de minissérie e com um fechamento a altura do apresentado os produtores resolveram arriscar em uma nova temporada com 7 episódios. Não tem como negar que é uma produção agradável de assistir e muito bem produzida, seu principal destaque é o elenco qualificado com atuações penetrantes e que se intensificam nesses novos episódios, os personagens estão sobrecarregados com uma compreensão incômoda do que impulsionou a trama da primeira temporada. A nova história começa cerca de um ano após a tragédia ocorrida com o personagem de Perry,  Alexander Skarsgard. O grupo de amigas seguem suas vidas, Madeline Mackenzie (Reese Witherspoon) está prosperando como corretora de imóveis, Jane Chapman (Shailene Woodley) se estabeleceu em um trabalho no aquário, e a renomada corporativa Renata Klein (Laura Dern) está sendo destaque em capas de revistas. Bonnie Carlson (Zoë Kravitz) se encontra em trauma pelo acidente envolvendo Celeste (Nicole Kidman) e luta contra a culpa de suas ações, enquanto Celeste não sabe bem como se lamentar pelo homem que aparentemente ela ainda ama. A mãe de Perry, Mary Louise (Meryl Streep) chega a série para ficar com Celeste e ajudá-la a cuidar de seus filhos gêmeos (Cameron e Nicholas Crovetti). Ela também suspeita que a morte de Perry não foi um total acidente e busca descobrir a verdade do ocorrido. Mesmo com um elenco forte como o que está reunido na série, Meryl Streep comanda todas as cenas em que ela está mesmo com uma personagem meio mecânica e cansativa pela abordagem, meio vó zelosa em excesso e meio chata em suas convicções. Ela tem o papel de defender seu filho pelas acusações de abuso sempre questionando os acontecimentos. Talvez essa personagem represente um retrocesso ao que foi encaminhado na primeira temporada. O abuso sofrido é usado para intimidar a vítima e isso não representa crescimento na trama, que se afasta das situações para concluir os pesares de suas personagens. Essa temporada serviu com quase esse propósito, mostrar o desenrolar do que foi concluído sem trazer acréscimos importantes na narrativa, são abordados traumas, problemas de relacionamentos além de um julgamento. Já foi divulgado que não há planos para uma nova temporada e cada personagem recebeu uma justa despedida mesmo com um gancho perfeito caso eles voltem atrás e decidam por novos episódios. A série possui uma abordagem positiva dos traumas vividos e permanece como uma boa história de superação graças ao seu final cativante. MAIS DO MESMO.  

  
A temporada possui 7 episódios exibidos na HBO e disponível no streaming HBO GO.

Hype: BOM - Nota: 7,0

segunda-feira, 22 de julho de 2019

AS RAINHAS DA TORCIDA (2019) "Poms" de "Zara Hayes"


Comédia usa argumento frágil para entregar ao elenco veterano papel de protagonismo.

Hollywood atualmente possui vários atores e atrizes que já envelheceram com saúde e ainda podem executarem papéis de destaque e permanecerem em atividade. O problema principal é a falta de oportunidades relevantes. A bola da vez é a atriz vencedora do Oscar, Diane Keaton, que usa a oportunidade para se divertir em tela sem muito trabalho de atuação, assim como a atriz Jacki Weaver que  carrega o filme nas costas com o carisma da sua personagem, Celia WestonRhea Perlman e as outras atrizes também aparentam se divertir mesmo em papéis menores. Isso não é suficiente para entregar um filme digno ao elenco, tudo acontece de forma banal não aproveitando várias cartas na manga que a história naturalmente apresenta, a escolha é se tornar leve, com um fluxo bem clichê e piadas que não levam ao riso mesmo sendo um passatempo que não propõe algo novo ou alguma reflexão, apenas entretenimento. Na trama, Martha (Keaton) se muda para uma comunidade da terceira idade e, com o apoio da sua vizinha Sheryl (Jacki Weaver), começa a comandar um grupo mulheres animadas e corajosas, que enfrentam as barreiras da idade e provam que nunca é tarde demais para seguir seus sonhos. Sun Springs é um lugar tecnicamente tranquilo e possui várias particularidades, como uma ambulância que passa duas ou três vezes por dia para levar algum idoso embora para sempre. É nesse lugar que surge  a primeira equipe de líderes de torcida de mulheres com mais de 60 anos quebrando barreiras e também se divertindo. Dirigido pela documentarista Zara Hayes, estreante no cinema, As Rainhas da Torcida apresenta personagens com uma realidade de certa forma até confortável, não vai há fundo em problemáticas comuns dessa idade, a rotina apresentada de alguém com mais de 65 anos de idade é quase uma utopia, o filme é uma comédia onde os personagens viram caricaturas ao invés de focar em sua força de vontade em continuar vivendo ativamente. A atividade escolhida pelas senhoras de Cheerleader, muito popular nos EUA, realmente não é a mais adequada mesmo que no fim das contas pode ser o diferencial do filme. Nenhuma das personagens sabe que a liderança fervorosa da protagonista de Diane Keaton é alimentada pelo fato dela estar morrendo de câncer, algo tratado na história superficialmente, não é abordado seu drama com a doença e o principal motivo de renunciar o tratamento, não há o apelo emocional necessário para ir além de uma comédia boba com um potencial de passar uma mensagem de perseverança e até mesmo da luta contra a doença. Ela esconde seu problema com seu objetivo. Se isso é o melhor que Hollywood pode oferecer a essas atrizes, não é culpa delas quererem trabalhar. Em vez disso, os escritores e os estúdios precisam investir em papéis que não menospreze a velhice ou precisem dar tom caricato a essa fase da vida. Infelizmente a trama não flui bem e rende momentos que beiram o constrangedor, com piadas de mal gosto envolvendo morte e de certa forma burocrático em momentos chave da trama. Sem o apelo dramático necessário aos problemas apresentados, sobra uma típica comédia de situação que não se leva a sério tendo como destaque seu elenco dando o máximo de si em um roteiro raso e sem "timing" necessário para o humor. SEM SAL.




O longa estréia nos Cinemas do Brasil no dia 25 de julho, com distribuição da Diamond Films.

Nossa equipe assistiu ao filme na Cabine de Imprensa realizada em Brasília.

Hype: REGULAR - Nota: 5,0

sexta-feira, 19 de julho de 2019

TED BUNDY: A IRRESISTÍVEL FACE DO MAL "Extremely Wicked, Shockingly, Evil and Vile" de "Joe Berlinger"


Zac Efron se torna Ted Bundy em biografia contemplativa sobre o Serial Killer americano. 


Ted Bundy é um assassino em massa e estuprador que atacou mulheres em todo o oeste americano em meados dos anos 70 de maneira horrível (ou "Extremamente Perverso, Chocante, Mau e Vil" como o título original já adianta através do veredito final de Bundy, falado por um juiz, interpretado por John Malkovich, no final da produção). O filme tenta desmitificar o famoso serial killer ao mostrar seu lado "humano", como um homem bonito (o personagem é interpretado por Zac Efron) que facilmente conquista a personagem interpretada por Lily Collins quase com uma vida relativamente normal. Essa apresentação de Bundy ao público através dos olhos de uma mulher que o amava tem uma interessante perspectiva principalmente levando em conta o furor do seu caso na mídia atraindo curiosos e fãs, talvez fugindo um pouco das atrocidades de seus crimes. Acompanhamos detalhes humanos sobre o criminoso oferecendo detalhes de como ele se sentia e toda sua frieza calculista somado a sua insanidade mediante a todo seu histórico de monstruosidades. A cinebiografia conta a história de Ted Bundy (Zac Efron) que matou pelo menos 30 mulheres em sete estados norte-americanos durante a década de 1970. Bundy se tornou famoso em todo o país, em parte por causa da fama de sedutor, que levou a conquistar várias mulheres e também assassina-las de forma brutal, ele efetuou sua própria defesa nos tribunais devido ao trânsito de advogados em seu caso, fadado ao fracasso. A trajetória do psicopata é contada pelo ponto das mulheres que amou: Liz Kendall (Lily Collins), com quem se casou, e Carole Ann Boone (Kaya Scodelario), amante que o apoiou durante o longo julgamento nos tribunais. A Irresistível Face do Mal, sub-título no Brasil, tenta fugir de outras abordagens já utilizadas e escolhe focar no criminoso sem torná-lo o monstro que é, o projeto acompanha Ted durante os dias e as horas de sua vida tradicional e também de seu julgamento, mas praticamente fecha os olhos quanto a situação dos seus crimes, é quase cruel a situação de não abordar a fundo as maldades cometidas e o sofrimento que ele causou em várias famílias. Em uma parte do filme Ted diz: “Existem duas maneiras de trabalhar uma investigação, os advogados podem seguir pistas e indícios até encontrarem o culpado, ou podem partir de um suspeito e fazer com que as provas se encaixem nele”. O filme ressalta sua vida após os crimes e seu julgamento assim como sua busca por comprovar sua inocência. Quase que em uma visão tendenciosa e colocando as atrocidades cometidas como detalhes do caso, sendo mostrados somente no fim do filme com as tradicionais imagens de arquivo destinadas a comprovar que diálogos, figurinos e situações foram reproduzidos com exatidão. Diante a vários trabalhos que abordam o criminoso, inclusive em uma mini-série disponível na Netflix, Conversando com um Serial Killer: Ted Bundy, não deixa de ser um filme interessante e surpreendente pela abordagem escolhida mesmo com esse grande problema de romantizar uma pessoa que talvez não mereça devido a sua frieza com vidas humanas. A HISTÓRIA DE UM ASSASSINO.



O filme estréia nos cinemas dia 25/07 pela PARIS FILMES

Hype: BOM - Nota: 6,0

quinta-feira, 18 de julho de 2019

O REI LEÃO - "The Lion King" (1994)


Nosso TBT revisita o 32º clássico Disney, O Rei Leão, marcante e único. 


O ano de 1994 trouxe um longa animado que entrou certeiramente no coração das pessoas, principalmente das crianças, hoje adultos. Anualmente a Disney lançava um desenho nos cinemas e neste ano quem reinou foi um leão chamado Simba que desbancou diversos outros sucessos da época e se tornou a produção de maior bilheteria daquele ano. O Rei Leão foi aclamado pela crítica e público que elogiaram o filme pela sua música, (inicialmente o desenho foi pensado para ser um musical) e pelo enredo vibrante ganhando vários prêmios, dentre eles o Oscar de Melhor Trilha Sonora Original (Hans Zimmer) e Melhor Canção Original ("Can You Feel the Love Tonight", de Elton John e Tim Rice) além do Globo de Ouro de Melhor Filme Comédia ou Musical. Várias cenas do desenho ficaram eternizadas na memória dos expectadores, como a sequência inicial aonde Simba, herdeiro do leão Mufasa é "batizado" e apresentado aos demais animais como sucessor do rei ao som da bela canção "Ciclo sem Fim" ("Circle of Life", no original), Rafiki retira o leãozinho dos braços da mãe e o ergue no topo da Pedra do Rei ou quando Timão e Pumba cantam a vibrante Hakuna Matata. Naquela época a grande maioria das crianças assistiram o desenho naquela clássica fita VHS, reproduzida em Video-Cassete e com qualidade de som e imagem extremamente inferiores ao que temos hoje em dia. Os desenhos clássicos da Disney não eram exibidos na TV aberta, o VHS do filme vendeu mais de 30 milhões de cópias atingindo recordes históricos. O longa representa o ponto alto do estúdio em uma década que ainda trouxe: A Bela e a Fera (1991), Aladdin (1992), Pocahontas (1995), Corcunda de Notre Dame (1996), Hércules (1997), Mulan (1998) e Tarzan (1999). Foi a última década aonde a tradicional animação desenhada seria usada, depois veio a era digital e a revolução proposta pela PIXAR que no futuro seria incorporado a Disney. O processo de animação do longa durou três anos e apresenta traços bonitos com personagens carismáticos. O Rei Leão foi o primeiro longa-metragem de animação da Disney criado a partir de uma história original, em oposição as obras anteriores que eram baseados em trabalhos já existente. Os cineastas relataram na época que a história foi inspirado em José e Moisés da Bíblia, Hamlet de Shakespeare, e Bambi. O sucesso levou a história a uma adaptação teatral na Broadway que está em cartaz desde 1997, duas sequências do filme foram lançadas diretamente em vídeo, O Rei Leão 2 e O Rei Leão 3, e duas séries televisivas, Timão e Pumba e A Guarda do Leão. O desenho original também foi relançado em 3D nos cinemas e gerou uma infinidade de produtos licenciados. Diante a todo o sucesso, a história agora ganha as telas de cinema em "Live Action", o diretor do filme Jon Fraveau desde o inicio do projeto não encara desta forma, já que os animais são vindos das mãos de artistas. O filme tem tudo para seguir essa trajetória de sucesso. A disney sem dúvidas tem seu clássico muito vivo na memória afetiva de quem já viveu por diversas vezes esse ciclo sem fim. INESQUECÍVEL.




O filme está disponível nas principais plataformas de Streaming,em DVD e Blu-ray

O REI LEÃO - "The Lion King" (2019) de "Jon Favreau"


Refilmagem traz a mesma história do desenho em "live-action" digital sem a magia, as cores e o encantamento do original.

A disney traz seu terceiro filme, somente neste ano, adaptado de suas histórias clássicas de sucesso. O Rei Leão ganha vida de uma maneira digna, porém sucumbe em uma transposição que soa em alguns momentos importantes da trama como artificial e monocromático, o fotorrealismo vibrante da savana africana detalha os belos cenários e os variados animais e insetos que conseguem convencer em um trabalho técnico impecável, infelizmente, menos quando cantam e beiram quase o caricato. A recriação dos amados personagens apresentados no clássico de 1994 são fiéis, não desagradam. A essência de cada um e sua importância permanecem intacta, assim como as expressões e o carisma, algumas cenas impressionam pela qualidade e pela direção precisa de Jon Favreau que consegue ajustar pontos problemáticos da adaptação de forma aceitável. Visualmente o filme é um deslumbre assim como a recriação dos principais atos do desenho, como ponto de desvio temos a pouca luz principalmente nos momentos de ação, o 3D é totalmente dispensável. Outro problema é a falta de tempero para o filme possuir identidade própria. A recriação só repete o desenho com poucas adesões. A produção possui um elenco repleto de estrelas. Donald Glover, Beyoncé, Seth Rogen e Billy Eichner são apenas alguns dos nomes que revisitaram as Terras do Reino e deram vida à nova versão. A trama apresenta Simba (Donald Glover / Ícaro Silva) um jovem leão cujo destino é se tornar o rei da selva. Entretanto, uma armadilha elaborada por seu tio Scar (Chiwetel Ejiofor) faz com que Mufasa (James Earl Jones), o atual rei, morra ao tentar salvar o filhote. Consumido pela culpa, Simba deixa o reino rumo a um local distante, onde encontra amigos que o ensinam a mais uma vez a ter prazer pela vida. A cantora Iza realiza a versão nacional de Nala, na original Beyoncé dá voz e personalidade da melhor amiga de Simba nessa jornada, ela também substitui Elton John trazendo a canção tema do filme Spirit. A Disney  reaproveita seu catalógo com uma filmagem curiosa principalmente por mexer com o lado afetivo de quem já apreciou a história original e consegue, mesmo cheio de problemas, entreter com certa qualidade. Tudo começou lá atrás, em 1996 quando o filme de 101 Dálmatas ganhou vida adaptando o desenho charmoso de 1961, o real motivo seria talvez trazer novamente a história a uma nova geração. Em 2010 um novo projeto, de certa forma mais ousado, trouxe vida a Alice no País das Maravilhas, clássico Disney de 1951, dirigido por Tim Burton e com grande elenco, o filme foi um enorme sucesso entre o público, inclusive ganhou uma continuação. Quatro anos depois, em 2014 foi a vez de Malévola ganhar vida, o estúdio apostou em mudar o direcionamento e a versão de A Bela Adormecida é contada pelo ponto de vista da vilã principal do clássico de 1959. Também foi um enorme sucesso de público e sua continuação chega aos cinemas esse ano. Em 2015 foi a vez de Cinderella adaptar o clássico de 1950. De todos esses filmes o que teve maior aclamação da crítica especializada foi Mogli, O Menino Lobo de 2016, retomando o clássico de mesmo nome lançado em 1967, dirigido pelo mesmo Jon Favreau de Rei Leão. No ano seguinte em 2017 foi a vez de A Bela e a Fera ganhar vida em um musical também aclamado pelo público. Com saldo positivo de bilheteria em praticamente todos esses filmes, obviamente  novas adaptações surgiriam, e esse ano tivemos Dumbo de Tim Burton e Aladdin de Guy Ritchie, além de Mulan já quase pronto para 2020 e A Pequena Sereia em produção. É um "novo" modelo de serem apresentadas e consumidas e por enquanto ainda são apenas sub-produtos de suas inspirações. A Disney corre riscos calculados e demonstra ser um conglomerado ganancioso em busca de lucros estratosféricos requentando seus principais sucessos em filmes que nem sempre chegarão ao pés do valor sentimental da obra original e talvez cumpram seu papel de entretenimento para essa nova geração. O Rei Leão diverte e emociona da mesma maneira em que se torna apenas um instrumento de negócio de seus idealizadores, seus pontos fortes se ofuscam em meio a necessidade de ser fiel ao desenho e criar uma história crível, ainda que falhe bastante e cause estranhamento, é uma aventura pontual e emocionante mesmo longe de atingir a máxima do longa animado. POUCO BRILHO, MUITA CORAGEM.





O filme está em cartaz no cinemas pela DISNEY.

Hype: BOM - Nota: 6,0

quarta-feira, 17 de julho de 2019

BANKS - III (2019)



BANKS entrega terceiro álbum com personalidade realizando acréscimos interessantes em sua musicalidade.


A cantora Jillian Banks, mais conhecida por BANKS, cria um mundo musical à parte com sons difusos de várias vertentes adicionadas a letras nervosas ou não sobre relacionamentos. A certeza deste trabalho é que as músicas compensam repetidas audições e fogem do conforto alcançado em seus primeiros trabalhos, Goddess (2014) e The Altar (2016). As músicas possuem detalhes de produção e letras semi-enigmáticas que focam principalmente com sua experiência de fim de relacionamento, sem se esbaldar na melancolia extrema ou se entregar ao pessimismo. "Você quer que eu acaricie seu ego" ela canta em "Stroke", uma música sobre apaixonar-se por um narcisista, que combina melodias leves com batidas industriais. Em "Till Now" ela diz, “Você coloca suas palavras na minha boca até agora” quase como um trauma e em "If We Were Made of Water" apresenta uma expressão de arrependimento sexual: "Quando você me perguntou se eu poderia te foder / Quando você me perguntou, eu deveria ter dito não." Mesmo no pop enganosamente alegre de 'Alaska' ela diz "Você poderia me colocar no seu bolso, Você não gostaria disso?". O álbum poderia soar bastante comum indo ao encontro de músicas que facilmente estariam na playlist de "milleniuns" mal amados porém a maturidade musical da cantora entrega um trabalho que instiga o ouvinte a se entregar em suas histórias. Nessas experimentações que ela se entrega mesmo se afastando da pegada dançante, mesmo quando a cantora usa sintetizadores. Um álbum que certamente coloca a artista em alto patamar de criatividade além de uma das vozes mais bonitas do pop atual. Acompanhe nossas impressões Faixa á Faixa do trabalho: "Till Now" abre o álbum com uma canção curtinha e com a pegada sombria do trabalho. A música começa quase toda acapella e são adicionados sintetizadores e a poderosa voz da cantora em ritmo estourado pelos graves misteriosos. Interessante. "Gimme" lembra repertório da cantora, é possível notar uma diferença mais pesada na sonoridade que mistura pop com a pegada trap com sensualidade na voz. Outra faixa rápida e certeira. "Contaminated" essa balada mostra a cantora madura em suas composições, com confiança em apresentar uma canção pronta pra se tornar um Hit, envolvente e sombria na medida certa, o grave tá controlado porém há uma pegada pop mesmo que ofuscada pelo tom meio apocalíptico. "Stroke" é simples e pesada ao mesmo tempo, nesta faixa ela usa a experimentação na batida pesada e finalizando com leveza radiofônica. Os efeitos vocais recebe profundidade musical. Uma faixa que poderia ser mais aprofundada e se torna perdida na repetição já apresentada. "Godless" aposta no pop realizado pela cantora com um vocal solar realizado uma canção quebrando um pouco a expectativa sombria e trazendo vibração ao som."Sawzall" traz leves acordes de guitarra com teclado aliado a voz suave da cantora. O clima quase acústico flerta com os anos 80 e mistura um R&B leve e bastante conectado a letra dor de cotovelo. "Look What you"re Doing to Me" traz feat. com Francis and The Lights, segundo single lançado antes do trabalho, explora muito bem a pegada pop com frescor e empolga na medida que foge um pouco da melancolia instaurada pela maturidade do som da cantora, talvez seja uma das faixas mais despojadas e menos pesadas em sua concepção musical. Essa pegada agrada mais que o lado sombrio da cantora. Uma música para deixar no repeat sem enjoar. "Hawaiian Mazes" a artista deixa o instrumental ditar o ritmo da canção que mistura r&b retrô e detalhes sonoros que a fazem se destacar no compilado, agradável e suave, o som cria sensações sensoriais provando sua riquíssima produção. "Alaska" traz a cantora mais solta e divertida fugindo novamente da escuridão sonora, a balada possui melodia a refrão pegajoso que pega carona na letra onde a cantora fala sobre alguém com que ela se relacionava, e que em vez de resolver os seus problemas, ele resolveu ir embora e fugir para o Alaska. Uma curiosidade é que a música surgiu a partir de um sonho, e ela acordou com a frase “He’s going to leave me for Alaska” na cabeça. Uma das melhores do álbum. "Propaganda" exalta sua linha pop conceitual já praticado pela cantora principalmente no álbum de estréia, uma faixa simples e eficiente mesmo não trazendo qualquer frescor ao trabalho. "The Fall" a cantora arrisca na mudança drástica do inicio controlado alternando com sintetizadores graves em uma mistura que chega quase próximo de um Rap. Funciona mas não chega a empolgar. A composição da música teve parceria com o famoso cantor de r&B, Miguel. "If We Were Made of Water" chega em uma balada misteriosa e cheia de nuances interessantes em sua concepção, a batida eletrônica cheia de contrastes foge um pouco da normativa quase focada no r&b, uma mudança no som necessária para provar o quanto ela se esforça na mistura e no tempero do álbum. "What About Love" finaliza o álbum acompanhada de um piano, violinos e outras surpresas na sonoridade, é uma música perfeita para fechar um trabalho sobre rompimento amoroso mas que no final se declara ao amor. Termina bonito e fofo na medida do possível. III representa aquele momento de transição de sentimentos juntamente com o amadurecimento do rompimento com a ingenuidade de uma garota inocente para o sentimento de uma mulher pronta para enfrentar a perda. Com uma um produção impecável e um conjunto de misturas que combinam na medida que desconstroem seu perfil, BANKS realiza uma obra musical completa e certeira que traz pimenta a um ano muito bom ao pop com trabalhos cheios de personalidade e cuidado técnico. INTRIGANTE.   
                                                    
MÚSICA FAVORITA DO ÁLBUM: Look What you"re Doing to Me




São 13 faixas disponíveis nas principais plataformas de streaming pela Capitol Records.

Hype: ÓTIMO - Nota: 8,0




terça-feira, 16 de julho de 2019

À QUEIMA ROUPA - "Point Blank" de "Joe Lynch"


Filme de ação é uma opção certeira para quem procura uma aventura policial. 


O filme original da Netflix dirigido pelo inexperiente porém criativo Joe Lynch, conhecido de produções independentes, entrega uma trama básica que envolve o espectador e possui elementos charmosos dos famosos "Buddy Movie" dos anos 80 e 90, um gênero onde uma dupla improvável se junta em uma trama policial e tem como exemplares mais famosos Maquina Mortífera e 48 Horas, além do filme original que inspirou essa nova produção. O grande diferencial do diretor é justamente usar sua veia independente evitando uma trama super elaborada e valorizando o contato físico dos personagens, mocinhos e vilões ficam cara a cara, sem apelar aos efeitos especiais, a energia vital do filme também está em seu elenco afiado e na agilidade da trama. Anthony Mackie (IO) e Frank Grillo (Wheelman) comandam o filme com uma parceria energética e carismática, o elenco ainda possui a vencedora do Oscar, Marcia Gay Harden que andou meio sumida das telas, em uma participação como uma das policiais que estão à caça do bandido interpretado por Grillo. O filme tem breve duração e acerta em não perder muito tempo com sub-tramas. A ação é frenética principalmente na interação entre os personagens principais, o que garante a diversão. Na trama um enfermeiro (Anthony Mackie) com a esposa grávida é contatado por uma gangue de criminosos para resgatar um parceiro deles que está internado, ferido, no hospital onde ele trabalha. Ao cumprir essa missão, o enfermeiro acaba descobrindo uma trama de corrupção e mortes dentro da polícia local, que rapta a sua esposa e quer o bandido em troca. Os dois se aliam para impedir uma tragédia. A simplicidade da trama fazem o espectador que procura uma distração dentro dessas características se esbaldar em uma mistura de elementos, brigas de punhos, veículos roubados, tiroteios imprudentes, perseguições de longo alcance, isso tudo sem se preocupar com a estética cinematográfica dando um ar real aos acontecimentos. O filme possui uma trilha de punk rock com Black Flag e também Hip Hop, as cenas de perseguição evocam William Friedkin (Operação França) e outras referências voando em tela que ajudam À Queima Roupa a se destacar no catálogo de originais da Netflix. O filme é um tipo de produção que não apresenta algo inovador mas acerta em investir bem nas principais fórmulas de outros exemplares deste estilo de filme. PASSATEMPO.



O filme está disponível no catálogo da NETFLIX.

Hype: BOM - Nota: 6,0

segunda-feira, 15 de julho de 2019

MAL NOSSO (2017) de "Samuel Gali"


Curioso terror independente brasileiro confirma uma fase onde se busca a volta da popularidade do gênero no Brasil.


Produção de terror passou despercebida nos cinemas brasileiros em circuito restrito e ganha oportunidade entrando na grade do Streaming Netflix. O filme teve uma carreira internacional onde chamou a atenção principalmente em festivais do gênero. Sem muita definição dentro dos subgêneros do terror, o diretor Samuel Gali se esforça em impor sua vertente trazendo diversos elementos do cinema de terror, como assombrações, exorcismo e assassinatos em série além de abusar do Trash, Gore e Slasher. A produção infelizmente se choca com o tom amador de sua idealização e atuações ruins do elenco. O resultado dessa mistura pode agradar quem já está habituado a esse tipo de filme, já ao público em geral haverá um estranhamento ou até mesmo um desconforto pela quebra da narrativa tradicional abusando de uma certa lentidão em seus atos, o terror é moderado e tem pontos positivos mesmo que os cenários e a fotografia sejam pobres em vários aspectos. Na trama, Arthur (Ademir Esteves) é um pai zeloso, preocupado com sua filha única, prestes a entrar na faculdade. Ele esconde um segredo desde sua juventude sobre algo que pode ser prejudicial ao futuro da jovem, e para isso contrata os serviços de um "Serial Killer" na "Deep Web". Após fazer um acordo com o assassino, Arthur abre as portas para uma jornada mortal envolvendo psicopatas, maldições e demônios. A originalidade da trama é um dos pontos altos e grande parte da construção dos atos são recheados de leves referências a filmes de suspense, fantasia e sobrenatural, tanto que o filme aguçou a curiosidade de fãs do gênero e percorreu mais de 20 festivais pelo mundo como Sitges, Buenos Aires Rojo Sangre e Night Visions além de conseguir sua exibição pelo Netflix, tudo isso mesmo sendo filmado a custos irrisórios em Ribeirão Preto - São Paulo. Essas referências  vão de Georges Méliès em 1901 a M. Night Shyamalan em “O Sexto Sentido” (1999), passando por Brian De Palma dos anos 1970 além de filmes que abusam do Gore (representações gráficas de sangue e violência). O grande mérito de Samuel Gali está em sua construção aonde tudo que ele apresenta tem condução e precisão sem se perder nos estilos. São vários filmes em um. Sua filmagem tem uma pimenta mesmo que o mesmo não possa ser dito do elenco com atuações burocráticas. O cinema brasileiro já foi grande chamariz do cinema de Horror principalmente na época de Zé do Caixão e outros realizadores que traziam o gênero ao cinema nacional com qualidade e particularidades, Mal Nosso não chega a ser empolgante mas possui seu charme e cabe bem nessa retomada que ainda apresenta outros títulos como: O Rastro, Morto não Fala, Animal Cordial, As Boas Maneiras entre outros. Vale a pena conferir e tirar suas próprias conclusões. PARA FÃS DE TERROR FORA DE CIRCUITO




O filme está disponível no catálogo da NETFLIX

Hype: REGULAR - Nota: 5,5

sexta-feira, 12 de julho de 2019

CHERNOBYL (2019) de "Craig Mazin"


Produção lida com uma difícil e assustadora tragédia real de maneira detalhada e dramática.


A reconstituição do maior acidente da história, com horrível sofrimento das vítimas juntamente com a incompetência e inoperância do governo soviético, além da obstinação dos cientistas, é uma daquelas obras imperdíveis em quase todos aspectos, com um nível de excelência impressionante além de um elenco capacitado e cheio de expressões, com destaque ao ator Jared Harris que consegue arrancar em sua atuação vários aspectos e nuances interessantes além de Stellan Skarsgard e Emily Watson. Uma das principais frentes que devem se levados em conta é que a produção não é um documentário sendo um trabalho ficcional com inconsistências factuais e licenças poéticas exageradas e mesmo nessas condições tem uma narrativa que consegue dar a tangibilidade a esse poder destruidor invisível ocorrido com o acidente. O trabalho estético da Rússia dos anos 80 é vivo e tangível. A trilha sonora nunca é pomposa, discreta e eficaz captando o clima da história. É uma produção que gruda o expectador na cadeira, com uma trituração de nervos, bem ritmada e sombria, Chernobyl é de longe a maior dramatização do erro humano já produzida para a televisão, enfatizando que a toxicidade da humanidade é tão destrutiva quanto a fumaça mortal da energia nuclear. A trama conta a história de uma explosão seguida de um incêndio na Usina Nuclear de Chernobyl que dizima dezenas de pessoas e acaba por se tornar o maior desastre nuclear da história. Enquanto o mundo lamenta o ocorrido, o cientista Valery Legasov (Jared Harris), a física Ulana Khomyuk (Emily Watson) e o vice-presidente do Conselho de Ministros Boris Shcherbina (Stellan Skarsgård) tentam descobrir as causas do acidente. Sinopse e impressões sobre os episódios, SEM SPOILERSEpisódio 01 - 1:23:45 - Operários e bombeiros colocam suas vidas em risco para controlar uma explosão catastrófica em abril de 1986 em uma usina nuclear soviética. O episódio piloto é contemplativo na medida certa para instigar e apresentar a história de uma forma misteriosa. Episódio 02 - Please Remain Calm  - Com incontáveis milhões em risco, a física Ulana faz uma tentativa desesperada de alcançar o cientista Valery e avisá-lo sobre a ameaça de uma segunda explosão na usina. A história começa a se intensificar e engrena justamente neste episódio repleto de reflexões. Episódio 03 - Open Wide, O Earth - Valery cria um plano detalhado para descontaminar Chernobyl; Lyudmilla ignora os avisos sobre a contaminação do marido bombeiro. Esse episódio é mais dramático e possui camadas de humanidade intensas. Episódio 04 - The Happiness of All Mankind - Valery e Boris tentam encontrar soluções para remover os detritos radioativos; Ulana tenta descobrir a causa da explosão. A preparação para o fim da história é simplesmente agoniante do início ao fim se tornando bastante comovente. Episódio 05 - Vichnaya Pamyat - Valery, Boris e Ulana arriscam suas vidas e reputação para expor a verdade sobre Chernobyl. O episódio final é uma reflexão intensa sobre tudo mostrado na minissérie e fecha com chave de ouro deixando o espectador atordoado com tudo vivido e apresentado. O roteirista e criador Craig Mazin e o diretor Johan Renck viajam no acontecimento para intensificar a trama. É provável que uma pessoa que conhece profundamente o ocorrido vai reparar esses pontos de desvio mas não atrapalhar a visão cinematográfica. Já no primeiro episódio acompanhamos a brigada de incêndio que se movia para se dedicar ao fogo sem saber que tudo ali estava contaminado, ou mesmo os técnicos da usina completamente despreparados nos corredores da usina na esperança de poder explicar tudo que ocorreu ou então, quando as crianças brincam na chuva de cinzas contaminadas. Eles usam todas ferramentas necessárias para contar uma das histórias mais terríveis da era moderna. A produção virou uma sensação da HBO, foi amplamente aclamada pelo público e pela crítica e instigou fãs a procurarem mais fatos sobre o que realmente aconteceu na usina nuclear em 1986. Começa como recreação visceral e gráfica e termina como um colapso sistemático das limitações de um governo que esconde segredos mórbidos sobre o ocorrido. Certamente um marco na TV. MISTIFICADORA E ENTERRADA EM PAVOR EXISTENCIAL.




A minissérie tem 5 episódios exibidos na HBO e está disponível no streaming HBOGO.

Hype: EXCELENTE (Nota: 9,5)