sexta-feira, 26 de julho de 2019

SCALENE - Respiro" (2019)



Banda acerta na pegada MPB e amadurece em trabalho rico em detalhes.


A banda brasiliense Scalene formada por Gustavo Bertoni (voz), Tomás Bertoni (guitarra), Lucas Furtado (baixo) e Philipe "Makako" Nogueira (bateria), desponta como um dos destaque da atual cena musical do país. Muito antes de ser nacionalmente conhecida por sua participação em um Reality Show musical, a banda já possuía uma carreira em ascensão incluindo o bom álbum Real/Surreal (2013), viagens ao exterior e uma participação no festival Lollapalooza. Após serem vice-campeões do extinto programa de competição musical Superstar, da Rede Globo, a banda intensificou sua ousadia nos trabalhos Eter (2015) e Magnetite (2017) que conseguiram manter o nível das composições da banda em crescente. A popularidade do grupo também gerou polêmicas em suas vidas pessoais e parcerias interessantes com outros artistas em ascensão, como: Supercombo, Far From Alaska e Francisco El Hombre. Respiro amplifica a visão da banda sem comprometer sua essência como fonte criativa. O rock dá lugar a um som mais voltado a Música Popular Brasileira celebrando os 10 anos de carreira da banda. Esse trabalho talvez seja o mais ousado da banda, afastando a zona de conforto e abrindo novos caminhos. Acompanha nossas impressões Faixa a Faixa do álbum. "Vai Ver" abre o álbum com a participação de Hamilton de Holanda (bandolinista e compositor brasileiro) com composição simples que já apresenta o fluxo deste trabalho com novos elementos no som da banda, é uma faixa agradável e pontual. "Tabuleiro" se entrega a uma MPB moderna em uma pegada que lembra de leve a canção ESC do último álbum, do meio para o fim o tambor se mistura com um riff de guitarra que torna a música uma experimentação que funciona. "Casa Aberta" é aquela balada meio depressiva e meio agitada que compõe o lado mais melancólico da banda ."II" é uma faixa instrumental e leve para introduzir "Berro", a música seguinte com a participação de Ney Matogrosso, é uma canção interessante que flerta com a a voz marcante do cantor. Ela é curta e eficiente em sua proposta sombria. Uma parceria inusitada que que cai super bem. "Percevejo" incorpora essa fase mais séria da banda, Gustavo Bertoni mostra seu talento vocal em uma canção agradável que se integra a um fechamento aumentando o grave. "Ciclo Senil" tem riffs eletrônicos em uma letra política. Incorpora as experimentações da banda em uma faixa empolgante de indie rock. "Sabe o que foi" diminui o ritmo e mesmo sendo agradável tem seus momentos com musicalidade apurada e certeira."Furta Cor" traz a participação da cantora baiana Xênia França em uma canção repleta de nuances e inspirações que vão além do comum. Acertaram em cheio. "Ilha no céu" apresenta doçura em uma composição quase acústica flertando de leve com a bossa-nova, a faixa tem participação do músico Beto Mejía. Os instrumentais trazem beleza e leveza. "Assombra" é uma faixa simples e bonita que foca principalmente no vocal de Gustavo. Comprova o talento da banda em música melódica com víeis otimista."III" é uma faixa instrumental e leve para introduzir "O Que é Será" que finaliza o álbum com uma canção com piano e letra intensa fechando o trabalho sem peso. Produzido por Diego Marx sob direção musical de Marcus Preto, o álbum Respiro renova a banda mesmo que o som se afaste do tradicional "Stoner Rock" que o ouvinte se acostumou, é admirável como a cada trabalho a banda cresce e gera mais expectativas sobre sua coragem em transitar em estilos e sons mesmo que isso possa dividir opiniões. As letras flertam com as incertezas do cotidiano com uma construção inteligente. Se a banda queria chocar os fãs de uma maneira positiva conseguiram êxito na proposta. Um álbum contemplativo e meditativo. NOVA FASE.


MÚSICA FAVORITA DO ÁLBUM: Ciclo Senil



São 13 faixas inéditas disponíveis nas principais plataformas de Streaming pela SLAP.

Hype: ÓTIMO - Nota: 8,0

Nenhum comentário:

Postar um comentário