terça-feira, 30 de julho de 2019

SIMONAL (2018) de "Leonardo Domingues"


Cinebiografia de Simonal tem a musicalidade do cantor em produção caprichada.


Wilson Simonal foi ex-cabo do exército e se tornou um cantor de grande sucesso nos anos 60. Lançado por Carlos Imperial, Simonal vendeu milhões de discos e lotou estádios em seus shows até ser condenado ao ostracismo devido à acusação de que era informante da ditadura militar, o que sempre negou. Nesta biografia que resume a trajetória dele, mostra o quanto sua tumultuada história de vida, rica em detalhes que conseguem facilmente virar um interessante roteiro cinematográfico. Como artista, ele tem uma potente voz, além confiança no seu talento como idealizador de uma música que esbalda alegria e swing. Uma pena o artista ter vivido em uma das épocas mais difíceis do nosso país, sua carreira atingiu o auge em plena a ditadura militar. Sem entrar no confronto do que a imprensa relatava do artista e o que realmente aconteceu, o filme tenta não se envolver na essência política do ocorrido, conta o resumo da trajetória do cantor e talvez na sua inocência perante a um período tortuoso. A produção é impecável investindo nas cores escuras e em momentos chave de sua carreira, também mostrando o artista refém de uma efervescente luta que ele decidiu não brigar e acabou sendo engolido pelos dois lados, quem apoiava a ditadura e que era contra. O filme teve exibição no Festival de Gramado em 2018 vencendo três categorias: Melhor Trilha Sonora, Melhor Direção de Arte e Melhor Fotografia. Visualmente o filme é um deslumbre. O ponto de desvio seria nas soluções fáceis para justificar suas atitudes ilustrando de forma superficial como sua carreira desandou juntamente com seu fracasso financeiro e sua prisão. Em poucos momentos o filme foca nas convicções de Simonal para justificar sua atitude imparcial ao cenário vivido pelo país. Mesmo com a justificativa de querer compartilhar boas energias as pessoas através da música, pouco se explora os motivos dele agir assim, ficando um pouco vago mas sem total gravidade no comprometimento da experiência. Na trama, dono de voz marcante, carisma encantador e charme irresistível, Wilson Simonal (Fabrício Boliveira) nasceu para ser uma das maiores vozes de todos os tempos da música brasileira. No entanto, após anos de sucesso conquistado com muito trabalho, suas finanças descontroladas o levam a, num rompante de ignorância, tomar decisões que marcarão para sempre sua carreira. O filme possui alguns detalhes curiosos em sua concepção, Leandro Hassum participa como Carlos Imperial (que também aparece na Cinebiografia de Erasmo Carlos), nesse universo temos vários artistas sendo representados em tela como Erasmo Carlos, Jorge Ben e Elis Regina. O elenco ainda conta com Ísis Valverde, Caco Ciocler, Mariana Lima e outros.  A parte musical foi realizada pelo filho do cantor, o também músico Wilson Simoninha com bastante destaque. Quem deseja se aprofundar na história do cantor uma boa dica e assistir o documentário Simonal: Ninguém Sabe o Duro que Dei (2009) que serviu para reacender o vasto material de arquivo do cantor esquecido com o tempo pela MPB. Simonal com direção de Leonardo Domingues impõe um ritmo não muito empolgante e pouco inovador, seguindo a risca a fórmula da saída do anonimato pelo artista até o seu auge, culminando no seu esquecimento. É um bom entretenimento mesmo não sendo memorável. ÍCONE DA MPB.



O filme estréia nos cinemas em 08/08 pela DT FILMES.

Filme visto na Cabine de Imprensa realizada em Brasília.

Hype: BOM - Nota: 6,5




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