quarta-feira, 17 de julho de 2019

BANKS - III (2019)



BANKS entrega terceiro álbum com personalidade realizando acréscimos interessantes em sua musicalidade.


A cantora Jillian Banks, mais conhecida por BANKS, cria um mundo musical à parte com sons difusos de várias vertentes adicionadas a letras nervosas ou não sobre relacionamentos. A certeza deste trabalho é que as músicas compensam repetidas audições e fogem do conforto alcançado em seus primeiros trabalhos, Goddess (2014) e The Altar (2016). As músicas possuem detalhes de produção e letras semi-enigmáticas que focam principalmente com sua experiência de fim de relacionamento, sem se esbaldar na melancolia extrema ou se entregar ao pessimismo. "Você quer que eu acaricie seu ego" ela canta em "Stroke", uma música sobre apaixonar-se por um narcisista, que combina melodias leves com batidas industriais. Em "Till Now" ela diz, “Você coloca suas palavras na minha boca até agora” quase como um trauma e em "If We Were Made of Water" apresenta uma expressão de arrependimento sexual: "Quando você me perguntou se eu poderia te foder / Quando você me perguntou, eu deveria ter dito não." Mesmo no pop enganosamente alegre de 'Alaska' ela diz "Você poderia me colocar no seu bolso, Você não gostaria disso?". O álbum poderia soar bastante comum indo ao encontro de músicas que facilmente estariam na playlist de "milleniuns" mal amados porém a maturidade musical da cantora entrega um trabalho que instiga o ouvinte a se entregar em suas histórias. Nessas experimentações que ela se entrega mesmo se afastando da pegada dançante, mesmo quando a cantora usa sintetizadores. Um álbum que certamente coloca a artista em alto patamar de criatividade além de uma das vozes mais bonitas do pop atual. Acompanhe nossas impressões Faixa á Faixa do trabalho: "Till Now" abre o álbum com uma canção curtinha e com a pegada sombria do trabalho. A música começa quase toda acapella e são adicionados sintetizadores e a poderosa voz da cantora em ritmo estourado pelos graves misteriosos. Interessante. "Gimme" lembra repertório da cantora, é possível notar uma diferença mais pesada na sonoridade que mistura pop com a pegada trap com sensualidade na voz. Outra faixa rápida e certeira. "Contaminated" essa balada mostra a cantora madura em suas composições, com confiança em apresentar uma canção pronta pra se tornar um Hit, envolvente e sombria na medida certa, o grave tá controlado porém há uma pegada pop mesmo que ofuscada pelo tom meio apocalíptico. "Stroke" é simples e pesada ao mesmo tempo, nesta faixa ela usa a experimentação na batida pesada e finalizando com leveza radiofônica. Os efeitos vocais recebe profundidade musical. Uma faixa que poderia ser mais aprofundada e se torna perdida na repetição já apresentada. "Godless" aposta no pop realizado pela cantora com um vocal solar realizado uma canção quebrando um pouco a expectativa sombria e trazendo vibração ao som."Sawzall" traz leves acordes de guitarra com teclado aliado a voz suave da cantora. O clima quase acústico flerta com os anos 80 e mistura um R&B leve e bastante conectado a letra dor de cotovelo. "Look What you"re Doing to Me" traz feat. com Francis and The Lights, segundo single lançado antes do trabalho, explora muito bem a pegada pop com frescor e empolga na medida que foge um pouco da melancolia instaurada pela maturidade do som da cantora, talvez seja uma das faixas mais despojadas e menos pesadas em sua concepção musical. Essa pegada agrada mais que o lado sombrio da cantora. Uma música para deixar no repeat sem enjoar. "Hawaiian Mazes" a artista deixa o instrumental ditar o ritmo da canção que mistura r&b retrô e detalhes sonoros que a fazem se destacar no compilado, agradável e suave, o som cria sensações sensoriais provando sua riquíssima produção. "Alaska" traz a cantora mais solta e divertida fugindo novamente da escuridão sonora, a balada possui melodia a refrão pegajoso que pega carona na letra onde a cantora fala sobre alguém com que ela se relacionava, e que em vez de resolver os seus problemas, ele resolveu ir embora e fugir para o Alaska. Uma curiosidade é que a música surgiu a partir de um sonho, e ela acordou com a frase “He’s going to leave me for Alaska” na cabeça. Uma das melhores do álbum. "Propaganda" exalta sua linha pop conceitual já praticado pela cantora principalmente no álbum de estréia, uma faixa simples e eficiente mesmo não trazendo qualquer frescor ao trabalho. "The Fall" a cantora arrisca na mudança drástica do inicio controlado alternando com sintetizadores graves em uma mistura que chega quase próximo de um Rap. Funciona mas não chega a empolgar. A composição da música teve parceria com o famoso cantor de r&B, Miguel. "If We Were Made of Water" chega em uma balada misteriosa e cheia de nuances interessantes em sua concepção, a batida eletrônica cheia de contrastes foge um pouco da normativa quase focada no r&b, uma mudança no som necessária para provar o quanto ela se esforça na mistura e no tempero do álbum. "What About Love" finaliza o álbum acompanhada de um piano, violinos e outras surpresas na sonoridade, é uma música perfeita para fechar um trabalho sobre rompimento amoroso mas que no final se declara ao amor. Termina bonito e fofo na medida do possível. III representa aquele momento de transição de sentimentos juntamente com o amadurecimento do rompimento com a ingenuidade de uma garota inocente para o sentimento de uma mulher pronta para enfrentar a perda. Com uma um produção impecável e um conjunto de misturas que combinam na medida que desconstroem seu perfil, BANKS realiza uma obra musical completa e certeira que traz pimenta a um ano muito bom ao pop com trabalhos cheios de personalidade e cuidado técnico. INTRIGANTE.   
                                                    
MÚSICA FAVORITA DO ÁLBUM: Look What you"re Doing to Me




São 13 faixas disponíveis nas principais plataformas de streaming pela Capitol Records.

Hype: ÓTIMO - Nota: 8,0




Nenhum comentário:

Postar um comentário