DESCULPE TE INCOMODAR (2018) "Sorry To Bother You" de "Boots Riley"
O filme é mais uma indicação do CLUBE HYPE.
Desculpe te Incomodar é aquele tipo de filme alternativo
que nem sempre consegue espaço no Brasil, o filme não foi lançado nos cinemas
em seu ano de lançamento e chegou bem depois e sem muito alarde direto para o
streaming do Telecine. O filme é a estreia na direção do músico Boots Riley que
se mostra promissor, ambicioso e original em todo conceito de sua obra. Leia nossas impressões.
"Talvez esse filme se junte as obras de
Spike Lee e Jordan Peele como uma nova vertente não só na forma de se contar
uma história original como no processo de inclusão de personagens negros como
protagonistas sem o retrato de estereótipos. Em uma época cada vez mais confusa
em reflexo a crescente onda de conservadores que ressaltam seus preconceitos
contra negros, é admirável como o diretor possui sensibilidade para conduzir
tanto o humor quanto as necessidades de inclusão dos personagens. Com uma
mistura interessante de comédia e maluquices surreais, sem gênero definido,
estamos diante de um filme que certamente é o mais diferente da safra atual e
recheado de interessantes "analogias" a política, ao capitalismo e
como os negros sempre se sentirão inferiorizados pela soberba do branco. O
argumento de "vitimismo" incorporado sempre que um negro tenta algum
privilégio na história é uma corrente invisível e que a sociedade insiste em manter. Com um
bom ritmo, Desculpe Te Incomodar consegue hipnotizar o espectador a cada cena, seja
pelo bonito visual, pela trilha sonora estilosa ou pelas viagens mentais de seu
protagonista. Um filme explosivo, surreal e com necessário frescor. (Meu Hype)
O filme do diretor Boots Riley, entra no
confronto direto dos personagens com um mundo frenético de sucesso a qualquer
custo. O filme faz boas referências ao mundo atual da ganância, sucesso rápido
e profissões. Deixa claro e forte a crítica ao mundo do telemarketing e coaching,
sem poupá-los da fantasia chegando muitas vezes a ser literal.
Sendo assim, Desculpe te incomodar, é um filme alternativo com visão ampla do
problema atual desse mundo competitivo e desleal. Os pontos de comédia logo
entram numa análise profunda do que fazemos com nossas vidas pra se dedicar
tanto enriquecendo desconhecidos, enquanto sobrevivemos. O Cavalo de Tróia te
impede de rir, mas não impede a conquista do filme de alcançar o ponto da
vitória com o "presente de grego". (Paulo Lana)
"Desculpe Te Incomodar" já tem um
título que faz jus à ironia e pitadas de deboches, presentes durante toda a
história do personagem Cassius Green, interpretado pelo ator Lakeith Stanfield.
A narrativa que centraliza na contratação e carreira de Cassius em uma empresa
de telemarketing, questiona questões sociais e raciais em um contexto econômico
neoliberal globalizado, onde comportamentos clichês da burguesia branca
norte-americana, são expostos sem modéstia. Me marcou muito a frase "siga
o script" para toda e qualquer expressão do personagem central que chega a
adaptar a própria voz para conseguir executar vendas e passar a credibilidade
de um homem branco ao telefone, em suas negociações. A personagem que faz um
caminho antagônico na história, que também é namorada de Cassius, é uma artista
plástica e performer que em todas as cenas esteve em uma posição filosófica,
como se a personagem, interpretada pela atriz Tessa Thompson, cumprisse seu
papel social na mesma frequência e obsessão dos empregados da macabra empresa
Regal View. É uma trama carregada de dramaticidade e símbolos mitológicos. Um
Trabalho muito bem tratado pelo diretor Boots Riley. (Andy Souza)
Desculpe te incomodar é uma clara crítica ao
capitalismo, onde o que importa é lucro e nada mais. Cassius, o principal
personagem consegue um emprego como operador de telemarketing, fica claro que
ele não é o melhor funcionário e sim uma engrenagem do sistema, forçado apenas
a ler o script com sorriso na voz para dar lucro da empresa. Conforme a empresa
vê o potencial ele ganha uma promoção onde coloca a prova o seu caráter ou a
vontade de sobreviver, onde o que fala mais alto é a vontade de viver e ganhar
melhor, mesmo que isso signifique vender trabalho escravo. No fim ele acaba
sentindo na pele o peso onde o que importa é a mão de obra, o lucro e o
capitalismo = escravidão de carteira assinada. (Dionatan Medeiros)
Nenhum comentário:
Postar um comentário