terça-feira, 25 de janeiro de 2022

SPENCER (2021) de "Pablo Larraín"

 


O TERROR DA REALEZA - Quem espera uma biografia tradicional sobre a Princesa Diana em Spencer se depara com uma fábula que é quase um filme de terror, sobre uma princesa que vive uma tragédia pessoal e intima longe do rótulo Princesa do Povo (como o ex-primeiro-ministro Tony Blair a batizou). Sua dor é ouvida de perto com a respiração pesada, olhar vazio e a solidão da redoma dos muros do palácio real, que na verdade encurralam o seu verdadeiro eu: Spencer. O diretor, Pablo Larraín recria o seguinte cenário: ano de 1991 durante as festividades natalinas. A família real reúne-se na propriedade de Sandringam, em Norfolk. E passam-se aqueles que seriam os últimos dias do casamento de Diana e Charles. Esta é a hipotética história de uma mulher acorrentada por convenções e formalismos, adormecida em nostalgia e apressada numa busca incessante pelo autoconhecimento. Na abertura do filme, uma perdiz fica ingenuamente no meio da estrada antes de ser prontamente esmagada por um caminhão. Pronto, tal metáfora já implica em afastar Spencer de uma biografia tola. A atriz Kristen Stewart (Maravilhosa no papel!) vive uma princesa em crise; sofrendo de um distúrbio alimentar, perseguida pela mídia e com assustadoras alucinações. Embora o filme mostre a família real ela aparece como uma presença incidental. Diana está muitas vezes sozinha. Seu marido, Charles, Príncipe de Gales (Jack Farthing), oferece fiapos periódicos de atenção e desânimo com ela. Seus filhos não entendem suas angústias. Sua única confidente é Maggie (Sally Hawkins) que pouco sustenta sua inquietude. O simbolismo bombástico do filme dispensa o decoro, as intenções problemáticas de Larraín vêm à tona, dispensando de representar respeitosamente a realeza. As ocasionais explosões de exuberância e transgressões tolas do filme estão de acordo com a desobediência de Diana. Um presente de Natal comprado em um posto de gasolina ou um passeio solitário à meia-noite são subversivos suficientes para quebrar qualquer glamour de uma vida de princesa e mostrar que a arte pode ser encontrada sob qualquer lente ou olhar. Uma OBRA PRIMA! 👏👏
 
👀 CINEMA - 🏅 Hype: ÓTIMO 👌



 


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