QUEM
UM DIA IRÁ DIZER 🎵 A
"canção-história" Eduardo e Mônica de Renato Russo do álbum
"Dois" da banda Legião Urbana ganha um belo filme sobre a vida, sobre
encontros, desencontros, sobre o amor e sobre Brasília. O diretor Renê Sampaio
que também realizou a adaptação de Faroeste Caboclo (2013), mostra toda a força
da composição atemporal de Renato Russo e transforma o filme em um romântico e
dramático conto urbano. O adolescente Eduardo (Gabriel Leone) e a descolada
adulta Mônica (Alice Braga) se encontram por acaso, apaixonam-se loucamente e
vivem os altos e baixos de uma relacionamento na década de 80. O diferencial do
filme é não se apegar a canção adaptada deixando a memória afetiva do
espectador transitar enquanto rola a história. Obviamente cada trecho da música
tem sua abordagem, a história se desenvolve no passo a passo como qualquer
comédia romântica, as diferenças de personalidades começam a gerar
atritos que qualquer relacionamento pode ter ("A barra mais pesada que
tiveram" da letra da música). Essa barra mais pesada ganha uma
profundidade interessante imposta no filme, Mônica é estudante de medicina mas
também é artista performática, filha de um artista plástico exilado pela
ditadura militar. Eduardo não apenas "jogava futebol de botão com seu
avô", mas foi criado por ele, militar da ditadura reformado (papel de Otávio Augusto). Esse conflito de ideais político soa como uma clara provocação
a polaridade que vivemos atualmente. O drama sincero é de fácil apego e esconde
algumas problemáticas que são detalhes que passam despercebidos, seja em
incoerências no roteiro ou no excesso de didatismo. Com uma excelente
reconstrução de época, Brasília está linda, vanguardista e provinciana como
deve ser, a trilha de rock oitentista é deliciosa assim como as diferenças
tecnológicas da época, além da ótima química dos protagonistas. Uma carinhosa e
reconfortante forma de voltar no tempo e lembrar da poesia musical de Renato
Russo.
👀 CINEMA (Streaming: Telecine) - 👌 Hype: ÓTIMO
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