domingo, 26 de abril de 2020

ME LEVE PARA UM LUGAR LEGAL (2019) - "Take me Somewhere Nice" de "Ena Sendijarevic"


Roadie Movie europeu tem essência indie e elementos frios.

O filme participou de diversos festivais pelo mundo dentre eles o Festival de Roterdã 2019, onde foi premiado com a Menção Especial, o Festival de Sarajevo 2019, premiado como Melhor Filme e Mostra de São Paulo 2019 na seleção oficial (Novos Diretores). Selecionado para a Mostra Competitiva no Festival Internacional de Cinema de Brasília - BIFF 2020, o interessante trabalho de estréia da diretora Ena Sendijarevic trabalha com planos fixos e composições descoladas para uma história de auto-conhecimento de uma jovem. Ela adota uma abordagem criativa de uma experiência de solidão para simplificar sua personagem central e mesmo abrindo mão de longos diálogos e de expor sentimentos, consegue transpor identidade própria ao filme. O retrato do deslocamento de região realizada pela personagem denota diferenças culturais. Existe um equilíbrio de poder na Europa Ocidental-Oriental, entre os privilegiados de um lado e os deixados para trás do outro, divididos muitas vezes entre os amargos e os oportunistas, aqueles que gostariam de se juntar ao Ocidente e aqueles que ativamente vira as costas para ele. Essa tensão é facilmente indentificada quando percebemos a jornada de Alma, que se torna imprudente ao se aventurar na Bósnia tentando forjar uma conexão significativa com seu pai, saindo de sua zona de conforto na Holanda. A narrativa não impõe muitos avanços deixando todo propósito da personagem como reflexo da adolescência, onde pouco se mede as consequências dos atos e os sentimentos nem sempre são esclarecidos. A produção é bastante atrativa, desde a fotografia deliciosa até sua trilha sonora bastante contagiante, destaque para uma cena onde ao som de Sonic Youth os personagens vivem seu momento de rebeldia. Na trama, Alma (Sara Luna Zoric) deixa a casa da mãe na Holanda e viaja para a Bósnia, sua terra natal, para visitar o pai que nunca conheceu. Mas, desde o início, nada ocorre como planejado. Seu primo Emir (Ernad Prnjavorac) lhe recepciona de forma fria e zomba de sua vida fácil no Ocidente. Ao mesmo tempo, rola uma química sexual com Denis (Lazar Dragojevic), melhor amigo de Emir. À medida que os obstáculos aumentam, Alma segue determinada a achar o pai. Ela só precisará conhecer a si mesma antes. A história movimentada de Alma, mesmo quando se aventura em temas mais sombrios ainda parece esperançoso e energético, fugindo de clichês e em vários momentos demostrando frescor invertendo expectativas. Mas, no geral, é um filme elegante que nos mantém a uma distância segura, em um estado de inquietação constante. A conexão da personagem com sua verdadeira identidade é sincera e ao mesmo tempo pessoal, colorida e sensorial, uma construção simples porém bastante promissora onde, nem toda história de vida precisa caminhar em uma linha reta. ESTÉTICO E VASTO.


Filme exibido na Mostra Competitiva do  7° Festival Internacional de Cinema de Brasília - BIFF. Sem previsão de estréia no Brasil. 


Hype: ÓTIMO - Nota: 8,0




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