terça-feira, 21 de abril de 2020

TBT Especial: A Concepção (2006) de "José Eduardo Belmonte"



Hoje antecipamos nosso TBT para homenagear a aniversariante do dia, Brasília, com um filme da cidade que adoramos. 

Lá em meados de 2006 um filme brasiliense chamou bastante atenção, não só pela carreira em festivais alternativos mas pela temática bastante forte em tempos de um liberalismo estranho. A Concepção foi um dos primeiros filmes do diretor José Eduardo Belmonte, formado em cinema na Universidade de Brasília (UnB) e que mais a frente estaria dirigindo superproduções do cinema nacional como Alemão (2014) e Carcereiros (2019). O elenco do filme, na época composto de artistas novatos e alternativos  seriam mais tarde estrelas nacionais, como: Juliano Cazarré, Milhem Cortaz, Matheus Nachtergale, Rosanne Mulholland e Murilo GrossiNa trama, Alex, Lino e Liz são filhos de diplomatas que vivem juntos em Brasília em um apartamento vazio e levam uma vida entediada e alheia ao mundo. Eles conhecem uma pessoa sem nome e sem passado, que se chama X e que propõe viver um dia sem qualquer impedimento. Ele propõe um movimento chamado Concepcionismo, que consiste na morte ao ego e em seguir o caminho do excesso, que é encampado pelo trio de amigos. O mais espantoso no filme é um desprendimento total de qualquer pudor em uma história anarquista, bem filmada, bastante sexy, libertário e ainda com uma trilha sonora espetacular realizada por Zé Pedro Gollo. A analogia de uma cidade que não possui identidade também é sobre padrões. Na época do filme era comum jovens alternativos da cidade se identificarem com as críticas sociais do modelo criado no filme, o Concepcionismo. O filme na época de lançamento não foi devidamente compreendido, muitas vezes encarado como uma produção feita para chocar por causa das cenas de nudez, sexo, drogas e desbunde desenfreado. Provavelmente foi criticado por pessoas que não embarcaram na viagem sensorial de Belmonte ou muito menos entende o modernismo das pessoas que vivem em Brasília, uma cidade política com uma mentalidade bastante vanguardista, no meio do cerrado brasileiro e longe das grandes metrópoles. A cidade é uma metrópole quase provinciana, planejada e diferenciada. Organizada e ao mesmo tempo sem qualquer logística de cidade. Isso precisa ser dito, a cidade é como um personagem do filme. Entre os destaques da produção ainda tem o ótimo trabalho técnico, principalmente para um filme de baixo orçamento e gravado na coragem dos seus idealizadores. A filosofia barata do filme é divertida e ressalta principalmente o desequilíbrio mental e social. O movimento anarquista criado no filme também deve ser encarado como um universo paralelo, não mostra objetivo ou sucesso em seus pífios ideais, apenas ressalta uma sociedade contemporânea que precisa de um direcionamento, perdida em brevidades e sem produzir nada. No geral, é uma produção atemporal e que ainda funciona nos tempos atuais. Uma boa dica para quem não gosta de padrões. SUBVERSIVO.


O filme foi lançado em DVD pela Califórnia Filmes.

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