sábado, 4 de abril de 2020

O RETRATO DE UMA JOVEM EM CHAMAS (2019) "Portrait of a Lady Fire” de 'Céline Sciamma"


Um dos filmes mais lindos de 2019, uma obra de arte atemporal! 

O filme que muito poderia ser também um conjunto de pinturas diante sua beleza estética e seu expressionismo visual, recheado de símbolos femininos. A produção francesa mesmo sem ter sido a escolha oficial do país para a seleção do Oscar 2020, foi o filme francês mais aclamado de 2019 aparecendo nas principais listas de Melhores do Ano e em várias premiações. A produção concorreu ao Globo de Ouro e ao Bafta como Melhor Filme Estrangeiro, venceu o Queer Palm (destinada ao melhor longa com a temática LGBT+) no Festival de Cannes de 2019, onde também ganhou Melhor Roteiro, além de ter sua bonita fotografia premiada na polêmica edição do Festival César deste ano. Seu grande potencial, além da poderosa história, vem das sutilezas do sentimento sem conveniência mas que se envolve no drama quase shakespeariano da paixão e sua vertente dolorida de um amor proibido sendo o ápice do prazer. A construção da trama, de suas personagens e sobretudo, da paixão, acontece por meio de sinais sobre cada detalhe presente nas cenas, difícil não se encantar por variados momentos como o trecho inicial no mar, a cena fogueira dentre outras que certamente ficarão eternizadas no cinema contemporâneo. O viver de suas personagens floresce por meio de intensos olhares e a sensação á flor da pele do desejo representado em um filme com requinte em toda sua concepção. Na França do século XVIII, Marianne (Noémie Merlant) é uma jovem pintora que recebe a tarefa de pintar um retrato de Héloïse (Adèle Haenel) para seu casamento sem que ela saiba. Passando seus dias observando Héloïse e as noites pintando, Marianne se vê cada vez mais próxima de sua modelo conforme os últimos dias de liberdade dela antes de seu iminente casamento. A história, que não é baseada em nenhuma pessoa em particular, mas é inspirada por todos os séculos de artistas femininas que foram substituídas ou apagadas por seus contemporâneos masculinos, é ambientada nas margens rochosas da Bretanha por volta de 1770. Um cenário esplêndido. O resto da história é de partir o coração, já que a diretora transforma esse enquadramento, a pintura, como uma forma de valorizar um amor vivido mas não concretizado porém eternizado por uma arte. Seria o amor a mais pura representação do idealizar ao viver. Destaque ao belo trabalho do elenco feminino onde sua beleza vai além do físico e transparece a alma de toda mulher e seus sentimentos complexos. A clareza mesmo que em cores escuras de nuances delicadas em formato de um conto triste sobre um amor exposta como um quadro a ser apreciado. POESIA VISUAL.


O filme chega ao Now em 16 de abril e posteriormente nas demais plataformas digitais de aluguel. Em breve no Telecine.

Hype: EXCELENTE - Nota: 10

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