segunda-feira, 6 de abril de 2020

TRÊS VERÕES (2019) de "Sandra Kogut"


Protagonizado por uma inspirada Regina Casé, novo filme de Sandra Kogut tem altos e baixos. Conferimos a pré-estréia do filme antes da crise do Covid-19.

O filme teve estréia mundial no Festival de Toronto e foi exibido pela primeira vez no Brasil na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Também passou pelo Festival do Rio e Antalya Golden Orange Film Festival, na Turquia, em ambos garantiu à Regina Casé o prêmios de Melhor Atriz por seu papel como Madá. Três Verões iria estreiar nos cinemas em 19 de Março e devido ao isolamento social e o fechamento das salas de cinema teve sua estréia adiada por tempo indeterminado. O filme nasceu do desejo da diretora Sandra Kogut de falar sobre o que vem acontecendo no Brasil nestes últimos anos através de personagens que estão geralmente fora dos holofotes. O grande trunfo do filme é justamente o que acontece com aqueles que orbitam em torno dos ricos e poderosos quando a vida destes desmorona e de que maneira eles sofrem as consequências sendo vítimas do sonho neoliberal e o retrato de um Brasil contemporâneo. Através do olhar de Madá (Regina Casé), uma caseira num condomínio de luxo à beira mar, acompanhamos o desmantelamento de uma família em função dos dramas políticos que abalaram o país ao longo de três anos consecutivos (2015, 2016 e 2017), sempre na última semana do ano, entre o Natal e o Ano Novo, na luxuosa casa de veraneio da família. A personagem de Madá cuida dos empregados, mas é também submissa aos patrões e muitas vezes inocente do fluxo financeiro da famíla. Nessa função ela ainda cuida de um velho patriarca, Seu Lira (Rogério Fróes), uma das surpresas do filme. A história não toma partido de nada que acontece no cenário político, fica a margem de se posicionar com sutilezas que são geralmente compostas pelo talento de Regina Casé em mostrar uma autêntica alma popular a sua personagem  que ao mesmo tempo também comovente quando necessário, é um dos pontos altos do filme. Ela traduz um pouco daquele jeitinho brasileiro de resolver as coisas mesmo em tempos dificíes, reflexo de uma sociedade que precisa se reconstruir em meio a um completo desvio de valores que o país já sofre há muito tempo. Por ser episódico, Três Verões depende muito de Casé para ganhar o público. Ela é quase a alma do filme e seu jeito divertido também se torna um alivio cômico em um tema que se torna pesado com o passar do tempo. O filme não possui uma dinâmica de fluidez e se escora bastante no talento da atriz em grande fase seja no cinema ou na tv. Mesmo com uma carga emocional mais forte, o terceiro e último ato destoa muito do apresentado anteriormente e quase põe tudo a perder. Diversas possibilidades são desperdiçadas e o que poderia ser uma produção surpreendente com um final apoteótico se rende ao melodrama em um breve relato da crise existencial brasileira comtemporanêa. Sem um posicionamento mais incisivo, se perde na mensagem que deseja passar se tornando vago quando não deveria ser. Os momentos bons se sobressaem, ainda bem. DRAMA ATUAL.


O filme não tem previsão de lançamento e é distribuido pela VITRINE FILMES.

Hype: BOM - Nota: 7,0 

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