quinta-feira, 23 de abril de 2020

CANO SERRADO (2018) de "Erik de Castro"


Filme se espelha em um viés conservador e reacionário em Western contemporâneo.

A produção ainda inédita nos cinemas brasileiros foi exibida na Mostra de SP e Festival do Rio em 2018 e depois esquecida. O filme ganhou exibição no BIFF na Mostra Spotlight Brasilia. Esse é o segundo trabalho na direção de Erik de Castro que já havia se aventurado no gênero de ação em Federal (2010) com relativo sucesso. Cano Serrado tem uma proposta até interessante, com boa produção e efeitos especiais mas se perde sem um roteiro consistente e na mão pesada do diretor. O bom elenco é esvaziado em atuações bizarras e personagens repletos de clichês e esteriótipos. Combinaria se fosse na década de 90, hoje em dia não cola mais. O roteiro constrói um faroeste contemporâneo, com diferentes tipos masculinos medindo forças até o esperado duelo final em que os grupos opostos se encontram no acerto de contas. A representação exagerada do típico filme de ação "brutamontes" beira o caricato, seja pelas soluções fáceis ou reviravoltas sem muito preparo. O "Plot Twist" do filme, que seria a virada da história para o seu clímax, é a única boa cartada do filme. São temas controversos, como a violação de direitos humanos e a justiça com as próprias mãos abordados de forma rasa com uma estética que busca o entretenimento de maneira visceral e banal. Sem charme algum, Cano Serrado expõe um tipo de história onde não existe diversidade e a masculinidade tóxica se reflete nas piadas machistas, mulheres como coadjuvantes e péssimos argumentos para justificar tortura, violência e sadismo por armas. O thriller policial é o puro reflexo de uma fórmula datada no cinema de ação e também perigosa dando vazão a um discurso violento sem o aprofundamento necessário. A narrativa acompanha a vingança do Sargento Sebastião (Rubens Caribé) aos homens que assassinaram seu irmão, um homem baleado no início do filme. Em seguida conhecemos Luca (Jonathan Haagensen) e Manuel (Paulo Miklos), dois policiais da cidade grande que partem para o interior rumo a um fim de semana de retiro junto ao pessoal de uma igreja. No caminho, são atacados em uma emboscada. Com o desaparecimento dos dois, seus colegas da capital partem atrás do paradeiro deles. É quando o delegado Marcos (Fernando Eiras) e seus auxiliares, como a perita Sílvia (Sílvia Lourenço) e o agente Rico (Milhem Cortaz), entram em cena para tentar solucionar o ocorrido. Surge o embate da polícia do interior com a polícia da capital. Acompanhamos um roteiro sofrível sobre vingança, onde as polícias se confrontam em meio a uma trama simplória com violência desmedida, corrupção e elementos facistas. Com ecos de filme de ação dos anos 1980, o diretor usa de várias referências se concentrando em anti-hérois em uma alegoria a hierarquias da lei e os bastidores do universo policial. Deve agradar quem gosta de ação e violência, nesse quesito ele decola. THRILLER POLICIAL DO CERRADO.


Filme exibido na Mostra Spotlight Brasilia do  7° Festival Internacional de Cinema de Brasília - BIFF. Sem previsão de estréia no Brasil. Distribuição pela H2OFilms e Globo Filmes.

Hype: REGULAR - Nota: 5,0

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