terça-feira, 26 de novembro de 2019

ALICE JÚNIOR (2019) de "Gil Baroni"


Comédia juvenil sobre uma adolescente trans e seus dilemas se revela uma das surpresas mais divertidas do ano, merecidamente, muito bem recebida no Festival de Brasília em sua trajetória de festivais pelo Brasil.

Alice Júnior é um filme que traz uma trama LGBTQI+ onde a personagem possui angústias como qualquer outro jovem da sua idade sem necessidade de sobrecarregar o expectador sobre o descobrimento ou processo de aceitação da personagem, algo que quase sempre acontece em filmes com essa temática.  O diretor Gil Baroni (O Amor de Catarina, 2016) e o escritor Luiz Bertazzo, criam um produto que pulsa em tela, com interações digitais nas cenas, trilha sonora descolada, elenco gracioso e história que mesmo seguindo alguns clichês básicos desse tipo de trama surpreende, afinal, Alice interpretada por Anne Celestino, trans na vida real, é uma garota como qualquer outra, com intensas vivências durante sua adolescência com a diferença que, por ser trans, esses problemas que já são graves por si só, se tornam ainda mais intensos. Tudo se conecta graças a uma interação muito despojada entre a protagonista e seu pai Jean, que aceita completamente a condição da filha. É uma forma bastante honesta de mostrar o quanto a criação pode ser o diferencial de acolhimento de uma pessoa LGBTQI+ . O fato dele enaltecer a diversidade da filha acontece com bastante naturalidade em uma relação pura, familiar e sobretudo, com bastante amor. Outro grande acerto do filme é buscar um elenco qualificado de caras novas, todos com características bem trabalhadas e envolventes. A riqueza da personalidade dos personagens também cria perspectivas para o filme desenvolver bem seus conflitos. Na trama Alice (Anne Celestino) é uma adolescente trans cheia de carisma que investe seu tempo fazendo vídeos para o Youtube. Um dia, seu pai Jean (Emmanuel Rosset) é transferido pela sua empresa no Recife para Araucárias do Sul, e eles precisam se mudar. Na nova escola, Alice enfrenta preconceitos ao se deparar com uma sociedade mais retrógrada do que estava acostumada. O desejo da menina é dar seu primeiro beijo mas, antes de tudo, quer o direito de ser quem ela é.  Alice Júnior representa um novo caminho para o empoderamento dos artistas transgêneros no cinema brasileiro de forma positiva e alto astral. É uma comédia romântica leve e otimista onde  tudo flui de uma forma bem humorada, com abordagem madura mesmo que jovial e de sensibilidade apurada.  POP, ATUAL E DO BABADO.


O Meu Hype assistiu ao filme no 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

Hype: ÓTIMO - Nota do Crítico: 8,5

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