terça-feira, 26 de novembro de 2019

A FEBRE (2019) de Maya Da-Rin


Impulsionado pela carreira internacional bem sucedida, segundo trabalho da diretora Maya Da Rin chega ao Brasil aclamado no Festival de Brasília e ressaltando as questões indígenas.

Nascida no Rio de Janeiro em 1979, Maya Da-Rin é uma cineasta e artista visual brasileira que desponta como uma grande promessa do cinema nacional, filha dos cineastas Sandra Werneck e Sílvio Da-Rin, O seu documentário Terras, lançado em 2010, participou em mais de 40 festivais de cinema e o seu primeiro projeto de longa-metragem, A Febre, segue chamando bastante atenção por onde passa, com participação na competição internacional no Locarno Film Festival de 2019 na Suíça e sendo inclusive convidado para a residência da Ciné Fondation, La Fabrique des Cinémas du Monde e Torino Film Lab. O filme também é a primeira experiência do indígena Regis Myrupu como ator, sua participação no filme expõe toda melancolia e desconforto do índio ao tentar se integrar a uma sociedade, muitas vezes despreparada para tal acolhimento, sua atuação é emocionante e bastante carismática.  A trama se passa em Manaus, uma cidade industrial cercada pela floresta amazônica, onde Justino, um indígena Desana de 45 anos, trabalha como vigia no porto de cargas. Desde a morte de sua esposa, sua principal companhia é sua filha mais nova com quem vive em uma casa modesta na periferia. Enfermeira em um posto de saúde, Vanessa é aceita para estudar medicina em Brasília e terá que viajar em breve. Confrontado com a opressão da cidade e a distância de sua aldeia de onde partiu há mais de vinte anos, Justino se vê condenado a uma existência sem lugar. O filme é uma oportunidade de observar com empatia como nossa sociedade não possuem ferramentas para a integração dos povos, a opressão de quem é diferente e muitas vezes sem motivo algum, é a representação do desmonte de politicas públicas que apoiam as minorias e dão a oportunidade de igualdade ao povo indígena que é a raiz do nosso país. A simplicidade da vida de Justino é tocante mesmo que por alguns momentos o ritmo do filme seja mais contemplativo, é uma ficção que funciona quase de forma documental e transita em um tema bastante importante a ser discutido em nossa sociedade, seja da inclusão social dos indígenas como o respeito as suas escolhas de vida. Uma oportunidade de observar a complexidade de sua cultura em paralelo a nossa vivência. A VIDA DOS OUTROS.


O filme chegará nos cinemas do Brasil em 2020 pela VITRINE FILMES.

O Meu Hype assistiu ao filme no 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

Hype: ÓTIMO - Nota do crítico: 8,0

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