quarta-feira, 27 de novembro de 2019

O MÊS QUE NÃO TERMINOU (2019) de “Francisco Bosco” e “Raul Mourão”


Documentário polarizou o Festival de Brasília com vaias e aplausos ao fazer análise política do Brasil dos últimos anos com depoimentos, filosofia e vídeos de artistas plásticos para compor sua narrativa polêmica por si só.
O documentário é mais um exemplar que analisa o processo institucional e social do país desde junho de 2013 até a eleição de Bolsonaro, investigando a crise do Lulismo, a Lava-Jato, o impeachment de Dilma Rousseff e a ascensão das direitas liberal e conservadora. O assunto é tão complexo que cada produção que usou o tema possui suas particularidades. O premiado O Processo (2018) focou em Dilma Rousseff e no PT. Excelentíssimos (2018) focou nas articulações da redemocratização. Já Democracia em Vertigem (2019) traz uma reflexão mais pessoal de sua realizadora, a documentarista Petra Costa. O Mês que não Terminou é quase um filme experimental que tenta não tomar partido analisando os fatos com imagens e depoimentos intelectuais para entender como o brasileiro se tornou tão militante nos últimos anos, seja para o bem ou para o mal. Ao longo do filme, narrado de forma exemplar por Fernanda Torres, surgem os depoimentos de Laura Barbosa de Carvalho, Pablo Ortellado, Maria Rita Kehl, Marcos Nobre, Tales Ab’saber, Camila Rocha, Pablo Capillé, Pedro Guilherme Freire, Carla Rodrigues, Áurea Carolina, Reinaldo Azevedo, Joel Pinheiro da Fonseca, Samuel Pessoa e Marcos Lisboa, intelectuais de diversas áreas de atuação, que exprimem suas visões sobre o caldeirão que deu origem aos protestos e seus desdobramentos, culminando no cenário político atual. O filme tem a direção compartilhada de Francisco Bosco, doutor em Teoria da Literatura e ex-presidente da Funarte e de Raul Mourão, artista plástico. Essa perspectiva de tema em junção com a arte é o diferencial do documentário que consegue despertar o interesse do público com uma narração quase ininterrupta em tom de urgência dos fatos apresentados mesmo que no fim das contas termine como um resumo de 104 minutos dessa confusão que virou o país. Essa investigação proposta pelos idealizadores, mesmo corajosa, parece fria e distante de uma resposta aos próprios questionamentos apresentados. Os depoimentos parecem polidos e sem sentimentos, no fim das contas busca uma visão menos popular e mais elitizada dos acontecimentos e falha na falta emoção mesmo com um tema tão forte e que mexe com o emocional do expectador. No geral, é visualmente atrativo, com proposta interessante e confuso na mensagem que busca passar. POLÍTICA + ARTE.


O filme não tem previsão de lançamento nos Cinemas, distribuição pelo canal Curta! e Kromaki


O Meu Hype assistiu ao filme em sua exibição no 52° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

Hype: BOM – Nota do Crítico: 6,5

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