terça-feira, 19 de novembro de 2019

BIXA TRAVESTY de "Kiko Goifman" e "Claudia Priscilla"


Filme documental conta a trajetória da cantora transexual Linn da Quebrada e de quebra traz a linda história de uma cena LGBTQ+.

Quase um ano depois de fazer bastante barulho vencendo o prêmio Teddy Awards, prêmio de cinema oferecido a filmes de temática LGBT em Berlim e receber o prêmio de Melhor Filme pelo Júri Popular do Festival de Cinema de Brasília, o documentário finalmente chega em circuito no Brasil. Não haveria cenário melhor como agora, o cinema nacional trensborda títulos cada vez mais empolgantes e acompanhar a trajetória de Linn da Quebrada é uma forma de entender toda uma vivência de outras milhares de pessoas LGBT que lutam e sofrem para mostrar sua arte, sua intimidade, seus pensamentos na busca pelo respeito em meio aos obstáculos da vida e do preconceito. Sua história é a representação de um Brasil moralista, machista e que aos poucos e na base da resistência se abre a conhecer a cultura Queer. O filme mostra o nascimento da cena musical produzida pela cantora transsexual na periferia de São Paulo para atingir repercussão e público com um discurso exposto de letras ácidas contra o conservadorismo. Conhecemos também Jup do Bairro, rapper que tem grande representatividade dentro do filme, quase que como um braço direito da Linn em seu processo criativo. A direção de Cláudia Priscilla e Kiko Goifman não perdem tempo de tela e apresentam uma edição dinâmica de acontecimentos e opiniões. Linn se abre ao público com um discurso aonde diz: "Você precisa se gostar independente do que pode parecer certo para ser aceito". A luta pela liberdade de comportamento rege seu manifesto. A interessante abordagem do filme está em mostrar a afetividade de Linn e sua mãe com um registro bonito desse amor que ultrapassa qualquer barreira cultural, a cena do banho entre eles é sem dúvidas uma representação disso, humanidade acima de tudo e que a família precisa entender a dinâmica da diversidade de cada ser humano, sem amarras. O filme cresce ainda mais em ressaltar a urgência de debater as questões gênero em um momento onde cresce o desejo de retrocessos nas conquistas de direitos. Os pensamentos e as músicas da Linn dão energia ao filme assim como a representação artística do seu corpo e da materialização do sexo em um campo de guerra contra uma sociedade que prega o puritanismo e o falso moralismo. Com estética libertária, o protagonismo de Linn da Quebrada em dividir suas ideias e opiniões é um ponto forte de um documentário corajoso e necessário. ARTE QUEER.


O filme estréia nos cinemas em 21/11

O Meu Hype assistiu ao filme em sua exibição no 51° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro de 2018.

Hype: ÓTIMO - Nota: 8,5

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