segunda-feira, 11 de novembro de 2019

GRETA (2019) de "Armando Praça"


Marco Nanini é o grande atrativo de drama simples e cheio de sentimentos complexos.

Nanini, que ganhou expressão popular com o personagem Lineu, comportado e pai de familia do seriado "A Grande Família" da Rede Globo, surpreende em atuação expressiva e bastante comovente. Sem fazer concessões, ele aparece nu e em tórridas cenas de amor com outro homem, esbanjando desenvoltura no auge de seus 71 anos, ele interpreta um enfermeiro, velho, solitário, homossexual e apaixonado pela atriz sueca Greta Garbo (1905-1990). Ela ficou famosa por obras como "Ninotchka" (1939) e "A Dama das Camélias" (1936), transformando-se na atriz mais bem paga de Hollywood. Depois de protagonizar filmes como “Grande Hotel”e “Anna Karenina” se tornou um ícone e abandonou os sets. Tinha apenas 36 anos. Preferiu o anonimato. Não foi buscar nem o Oscar honorário com o qual a Academia de Hollywood a distingiu, em 1954 e preferiu viver reclusa até sua morte. Essa reclusão e solidão de Greta é quase o reflexo da vida do personagem de Marco Nanini no filme, até seu direcionamento mudar completamente ao ajudar um paciente no hospital que trabalha, interpretado pelo ator Demick Lopes. “Greta” é uma adaptação muito livre de um dos maiores êxitos comerciais do teatro brasileiro da década de 1970: “Greta Garbo, Quem Diria, Acabou no Irajá”, de Fernando Melo. Além de Nanini e Démick, o filme conta com poderosa participação da atriz Denise Weinberg, durante anos a primeira dama do Tapa, importante companhia teatral brasileira. Ela interpreta Daniela, uma cantora e amiga muito querida de Pedro, com graves problemas de saúde, ela também é importante para a história pois devido ao seu problema que Pedro decide abrir um leito no hospital que trabalha colocando o marginal Jean em sua casa. O ponto alto do filme é composto justamente pelo trio Nanini-Weinberg-Démick com boas atuações. A atriz trans Gretta Sttar faz participação especial na trama, uma curiosidade é que a cisgênero Denise Weinberg faz uma cantora trans ( destaque na arrebatadora sequência em que interpreta “Bate Coração”, sucesso de Elba Ramalho) e Gretta, que é trans, faz personagem cisgênero (Meire, amante do personagem de Démick Lopes). Um filme que intensifica a temporada positiva do cinema nacional em 2019 mesmo sofrendo o corte da ajuda financeira da Ancine por ser um filme com temática LGBT, censura imposta pelo atual governo. Mesmo assim, a base de resistência, o filme conseguiu entrar em circuito no Brasil após passagem pela 69ª edição do Festival de Berlim, o diretor e roteirista cearense Armando Praça apresenta uma história urbana e minimalista sobre relacionamentos, cumplicidade e afeto, com uma carga dramática na medida certa. A FLOR DA PELE.


O filme ainda está em exibição em circuito restrito nos cinemas pela PANDORA FILMES.

Hype: BOM - Nota: 7,0

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