sexta-feira, 29 de novembro de 2019

O TEMPO QUE RESTA (2019) de “Thaís Borges”



Documetário expõe a violência na amazônia brasileira em forma de humanidade em um relato comovente e bem filmado.

Thaís Borges diretora do longa é formada em Comunicação Social pela Universidade de Brasília e jornalista independente. Estudou Documentário, Roteiro e Montagem na Escola Internacional de Cinema e TV, em Cuba. Em seu primeiro longa, ela documenta o sofrimento de duas histórias de vida representadas por mulheres. A primeira rompeu com as relações de dependência impostas pelas milícias madeireiras. A outra levantou a voz contra o agronegócio e a mineração que se expandem floresta adentro. O tema forte e muito importante serve como alerta no momento atual aonde o governo vigente demonstra total descaso com a amazônia em quase todos os sentidos, o sofrimento dessa gente reflete a ganância e a exploração de recursos naturais de forma violenta. O filme não se atreve a mostrar acontecimentos ou mesmo a violência em si, tudo é reflexo do que vive as pessoas analisadas no documentário, se revelando uma história de simplicidade e amor ao natural. Na trama, Maria Ivete Bastos e Osvalinda Marcelino Pereira estão marcadas para morrer. Seus cotidianos são um retrato da resistência de outros tantos trabalhadores rurais e ribeirinhos amazônicos, gente que precisa da floresta em pé para sobreviver. Contra a fragilidade de seus corpos adoecidos e contra as ameaças que lhes roubam a liberdade, Ivete e Osvalinda reagem no tempo que resta e convivem com o medo. Conhecer a intimidade dessas familias é um exercício emocionante principalmente quando o real motivo do filme existir é exposto nos sentimentos dos personagens. A curta duração do longa demostra que o expectador precisava de mais dados e informações do que representa esse extrativismo de recursos retirados da floresta, o mal que ela causa a natureza e toda a guerra que acontece de um lado do país que precisa de muita atenção. Talvez isso seja a única ausência do filme ou talvez a escolha de sua realizadora. O drama dessas pessoas reais que convivem com o peso da violência o tempo todo se mostra necessário e urgente, inclusive as personagens do filme encontram-se exiladas, longe de casa em um acampamento provisório em Brasília devido as ameaças de morte. Em um país continental como o Brasil, grande parte da população desconhece essa vivência e o documetário trata tudo de forma simples sem ser panfletário, trazendo uma reflexão de empatia bem construída por sua diretora que em nenhum momento sobrecarrega o filme. EMOCIONANTE.


O filme não tem previsão de lançamento nos Cinemas!

O Meu Hype assistiu ao filme em sua exibição no 52° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

Hype: ÓTIMO – Nota do Crítico: 8,0

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