sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

O FAROL (2019) "The Lighthouse" de "Robert Eggers"


Com performances intensas de Robert Pattinson e Willem Dafoe, o terror psicológico e também segundo filme do aclamado diretor de A Bruxa (2015) é um dos trabalhos mais bonitos e tensos de 2019.

O Farol é aquele tipo de filme que já nasce cult por toda sua essência, a produção foi gravada em preto e branco, em 35mm, o que dá ao filme um aspecto antigo e também uma fotografia cinematográfica e atraente. Muitas cenas são extremamente artísticas com paisagens búcolicas que envolve o mar, as gaivotas, alucinações ou a nudez de seus personagens. Tudo acontece na solidão de dois homens em um Farol que se revela uma luta de poderes e dominios. A produção mistura essas emoções, que mesmo reprimidas, geram o terror entre os dois que dividem as funções de trabalho, assim como o tédio aliado a fuga na embriaguez e os hormônios á flor da pele, com uma tensão sexual presente e constante. É quase inevitável imaginar consequências drásticas nessa história muito bem sustentada por duas atuações de peso de Pattinson e Dafoe como arquétipos masculinos conturbados. Na trama dois faroleiros estão numa ilha isolada ao largo da costa do Maine na década de 1890, onde passam quatro semanas fazendo trabalho físico cansativo e cuidando de um farol. O tempo começa a piorar, e o clima de tensão aumenta assim como a estafa emocional e corporal. O filme tem produção do brasileiro Rodrigo Teixeira, que esse ano também produziu A Vida Invísivel e AD Astra com a produtora RT Features. Sua distribuição nos EUA ficou a cargo da A24 já experiente em lançamentos fora do circuito comercial, a idéia do filme se originou com o irmão do diretor Robert Eggers que trabalhava em um roteiro de uma história de fantasmas envolvendo um farol e foi uma longa jornada até o filme ganhar vida. No geral observamos os dois homens lutando para encontrar um jeito de sobreviver a eles mesmos, é uma história simples, mas tem raízes existenciais, questões de identidade e questões ligadas à masculinidade, dominação e submissão. Apesar disso, o filme não chegar a explicitar os desejos reais dos dois homens negando o prazer e alimentando o sentimento de culpa. A escuridão do ambiente de época somado a um mar de ambiguidades mescla o humor tenso ao suspense misterioso, o diretor Robert Eggers não se entrega ao óbvio mesmo que a paranoia infundida seja parecida com  o seu trabalho de estreia, o ótimo A Bruxa. Sob o efeito hipnótico da história do Farol, torna-se impossível distinguir o real da ilusão e até mesmo dos verdadeiros motivos dos personagens. O resultado é um filme intrigante e belo, dentro do seu horizonte de tensão e solidão. OBRA PRIMA INSANA.



O filme estréia nos Cinemas em 02/01/2020 pela Vitrine Filmes.

O Meu Hype assistiu ao filme em sua Cabine de Imprensa realizada em Brasília.

Hype: EXCELENTE - Nota: 10

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