domingo, 19 de janeiro de 2020

JOIAS BRUTAS (2019) - "Uncut Gems" de "Benny Safdie e Josh Safdie"



Tenso e sufocante do início ao fim, os irmãos Safdie se consolidam produzindo um cinema envolvente e nervoso, seja pelos diálogos rápidos ou pela manipulação do interesse do expectador por um trambiqueiro de Nova York interpretado de maneira espetacular por Adam Sandler.

Difícil entender como como Adam Sandler não estará entre as cinco melhores atuações do ano que passou na cerimônia do Oscar de 2020, talvez seja reflexo de um ano competitivo mas independente disso e mesmo já incorporando muitas figuras desagradáveis no cinema ​​ao longo dos anos, em Joias Brutas ele consegue extrair o máximo de um personagem que praticamente sustenta todo filme, que por sinal tem todo talento exposto dos diretores Joshua e Benny Safdie, impulsionado por um cinema sensorial cheio movimentos e ruídos. Eles chamaram bastante atenção na condução criativa e original do longa Bom Comportamento (2017). Ainda com poucas produções em sua filmografia, os irmãos já estabeleceram um reconhecível toque pessoal em seus filmes, dentre elas a imprevisibilidade da cena seguinte, além da procura por uma narrativa de intensidades onde o interlocutor não deixa claro suas intenções. Acompanhamos no filme Howard Ratner (Adam Sandler) dono de uma loja de joias que está repleto de dívidas. Sua grande chance em quitar a situação é através da venda de uma pedra não lapidada enviada diretamente da Etiópia, cheia de minerais preciosos. Inicialmente Howard a oferece ao astro da NBA, Kevin Garnett, um de seus clientes assíduos, mas depois resolve que conseguirá faturar mais caso ela vá a leilão. Para tanto, precisa driblar seus cobradores e a própria confusão que cria a partir de suas constantes mudanças. É um cinema persuasivo e todo concentrado em seu personagem central. Sandler consegue acelerar praticamente todas as cenas do joalheiro que fala rápido, sempre buscando sua próxima grande pontuação mesmo que ainda se esquivando de sua presença desorganizada, seja no telefone com mafiosos e agenciadores de apostas ou em brigas domésticas com sua esposa enfurecida (Idina Menzel) ou sua amante (Julia Fox), que também trabalha para ele. Sua vida se resume a desviar de obstáculos, prosperando no caos. O filme ainda apresenta fotografia interessante de Darius Khondji que não deixa nada passar despercebido, seja o interior de uma pedra preciosa ou o intestino do personagem principal. Destaque também para a notável trilha sonora percussiva de Daniel Lopatin (Oneohtrix Point Never) com constante zumbido de ação como um teste de resistência, há também uma participação do cantor The Weekend. Defitivamente não é um filme para quem gosta de entretenimento fácil e rasteiro. Entretanto, é um cinema novo e fresco que precisa ser desvendando, onde chama a atenção como tudo acontece e no fim das contas, é um filme tão simples que se torna tão precioso em toda sua concepção. EXPLOSÃO HIPNÓTICA.



O filme estréia na Netflix em 31/01.

Hype: ÓTIMO - Nota: 8,5

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