sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

UM LINDO DIA NA VIZINHANÇA (2019) - “A Beautiful Day in the Neighborhood” de "Marielle Heller”



“Carisma de Tom Hanks e história sobre a empatia de Fred Rogers são os pontos positivos de uma produção cansativa mas com certa beleza estética e boas intenções.”

Baseado em um artigo da revista Esquire de 1998 de Tom Junod, sobre uma famosa entrevista que se transformou em uma intervenção positivista. Junod, no filme Lloyd Vogel (interpretado por Matthew Rhys), durante a matéria mudou não só sua visão em relação ao seu entrevistado como também o que pensava sobre o mundo, iniciando uma inspiradora amizade com o famoso apresentador de programa infantil. Com a aproximação, os papéis se invertem. Fred faz com que o jornalista se revele e traga à tona traumas pessoais potencializados pelo retorno do pai, Jerry (Chris Cooper), que se ausentou em momento particularmente triste da sua jornada familiar. Há um interessante contraste entre a ambientação do programa  infantil de Fred (ingênuo, lúdico, com fantoches e cenário em miniatura) e o seu passado dramático. Essa interseção é de fácil assimilação dependendo do conhecimento do expectador sobre a figura de Rodgers. Famoso nos EUA e pouco conhecido no Brasil, Fred Rodgers era um pedagogo e artista norte-americano, ministro da Igreja Presbiteriana, que se notabilizou como apresentador televisivo, autor de letras para canções educativas e apresentador de programas de tv para crianças e jovens. Dessa forma, a incrível metáfora de Heller com roteiro simplista tem um certo brilho também graças a representação do experiente ator Tom Hanks, em um trabalho excepcional, com textura e nuances, saindo um pouco da linha de atuação dos seus últimos papéis de destaque em Sully - O Herói do Rio Hudson (2016) e Capitão Phillips (2013), o Rodgers de Hanks é construido como base de apoio na história, é nesse ponto onde ele vira coadjuvante e a produção perde um pouco de força. Hanks faz uma imitação física perfeita e mesmo com as distrações visuais interessantes proporcionadas pela diretora Marielle Heller (Poderia Me Perdoar, 2018), em sua totalidade não consegue que o filme seja pulsante. Os momentos de silêncio e vazio juntamente com a falta de uma agilidade na edição não fazem bem ao ritmo do filme, Fred Rogers tem um potencial enorme como figura ilustre e conseguiu ser referência em sua determinação positiva em busca da empatia. O filme mostra isso de maneira burguesa, se afastando de uma realidade global e em muitos momentos entregando algo plástico, fantasioso e bastante íntimo e pessoal do personagem. A vida é bem mais complexa do que apresentado no filme porém sua lição sobre respeito e empatia é primordial principalmente nos tempos atuais onde as pessoas buscam a guerra e o desconforto. Qualquer mensagem de paz é necessária. No geral, faltou um gás ou um senso de urgência para que ele engrenar por completo. AMERICAN WAY OF LIFE.



O filme está em cartaz nos cinemas pela Sony Pictures.

Hype: BOM - Nota: 7,0

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