quinta-feira, 8 de julho de 2021

TENGO MIEDO TORERO (2020) de "Rodrigo Sepúlveda"


 "Alfredo Castro entrega atuação sensível que emociona do início ao fim em uma viagem triste a um período tenebroso da ditadura chilena"

     O cinema chileno conseguiu um crescimento abundante nos últimos anos, graças ao amplo destaque do vencedor de Filme Internacional no Oscar de 2018 "Uma Mulher Fantástica". Com um celeiro de diretores emergentes que cresceram a partir do Novo Cinema Chileno (também conhecido como Cinema Chileno da Democracia) e artistas que cada vez mais ganham destaque como Alfredo Castro, o segundo longa do chileno Rodrigo Sepulveda mostra Castro desta vez como um travesti esfarrapado lutando para sobreviver aos últimos anos da violenta ditadura de Pinochet. Baseado no romance de estreia de Pedro Lemebel de 2001 (famoso escritor e ativista que morreu em 2015), a história se passa em 1986, o romance LGBTQ+ é uma recuperação subversiva da fase final de uma temporada de trevas e particularmente angustiante em uma representação muito bem concebida pelos seus realizadores com belas cenas e muito marcante pelo poder de sua história.


       A trama segue La Loca del Frente (Alfredo Castro) como uma travesti envelhecida na sombra opressora de Pinochet, ele é um sobrevivente resiliente, tendo acabado de sobreviver a mais uma incursão em uma boate gay que tirou a vida de outro amigo. Ajudando-o a escapar da operação policial está Carlos (Leonardo Ortizgris), um jovem rebelde mexicano que rapidamente surge como aliado. Carlos se aproveita da situação perguntando se La Loca pode armazenar caixas de livros em seu apartamento. Todas as caixas de livros contêm armas e munições, já que Carlos é um revolucionário. Embora La Loca esteja com medo, sua atração por Carlos aumenta a cada aproximação e se choca com os interesses do guerrilheiro.


       Alfredo Castro como “La Loca del Frente” ou “A Mulher Louca da Frente” é extravagante e sensível ao mesmo tempo. O filme abre com uma violenta batida policial no Club Slaughter, onde seu amigo é assassinado enquanto cantava "Fever" de Peggy Lee, a narrativa do filme rapidamente se transforma em um romance dolorosamente unilateral onde La Loca se vê sendo útil para o jovem revolucionário que a está manipulando e alimentando uma expectativa, sugerindo uma conexão mais profunda. A personalidade solitária de La Loca vivendo em uma periferia solitária, sombria e turbulenta reflete em seu posicionamento político e como ela resolve esses entraves com Carlos. O personagem é interpretado com uma seriedade e sutileza que foge do tipo de desprezo que muitas vezes define personagens da comunidade LGBTQ+, desafiando um pouco as normas de gênero. Em uma breve leitura, o personagem tem semelhança com o de Marco Nanini no filme brasileiro Greta de 2019. Uma rara oportunidade de revisitar os espaços e vidas de minorias esquecidas pelos opressores e pelos libertadores em meio as revoluções. COMOVENTE.


O filme está disponível no Amazon Prime Video

Hype: MUITO BOM  (🌟🌟🌟🌟) (Nota: 8,0

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