sexta-feira, 11 de junho de 2021

SHIVA BABY (2020) de "Emma Seligman"

 

"Shiva Baby é tão surpreendente quanto minimalista em um exercício de percepções"

     A estreia da jovem e promissora cineasta Emma Seligman apresenta uma narrativa repleta de frescor baseada em suas próprias experiências e no curta de mesmo nome lançado em 2018. A comédia lúdica de humor sombrio sobre o desconforto de uma jovem bissexual, dividida entre a tradição e a independência, é um excelente palco para atriz e comediante Rachel Sennott em uma atuação fria, tensa porém minimalista e agradável. O grande mérito do exercício de tensão do filme é sua trilha sonora muito bem utilizada em uma história praticamente filmada em plano sequência, desenrolando em tempo real e com foco nos cômodos da casa que abriga o funeral judaico e a luta interna de Danielle para se desviar de uma sucessão de desconfortos. Irradiando o charme da tradição judaica, sem se apegar aos tradicionais clichês, a abordagem da diretora sobre os assuntos pesados com um leve toque de humor são carregados de uma liberdade intensa e interessante liberdade. Os pilares que sustentam a comédia de situação tem firmeza graças aos personagens principais que permanecem em cena por tempo suficiente para gerar os constrangimentos mais insanos possíveis para a personagem principal.


     A história segue Danielle (Rachel Sennott) uma estudante universitária prestes a se formar que se depara com uma série de encontros cada vez mais estranhos e humilhantes em uma shivá culminante de um dia, uma reunião judaica de amigos e familiares durante um período de luto. Sob o olhar atento de seus pais neuróticos, mas bem-intencionados, Danielle é bombardeada com perguntas intrometidas de parentes autoritários e abalada pela aparição de uma ex-namorada, Maya (Molly Gordon), por quem ela ainda está apaixonada. Em uma coincidência ainda mais desastrosa, o "Sugar Daddy" secreto de Danielle, interpretado por Danny Deferrari chega inesperadamente com uma esposa e um bebê gritando que ela nada conhecia, aumentando a tensão para um nível de febre excruciante. Ela não apenas tem que processar essa crise pessoal em segredo, mas em meio a um coro de tias judias intrometidas, simultaneamente castigando e elogiando sua recente perda de peso além de seus pais Joel (Fred Melamed) e Debbie (Polly Draper) que pretendem colocar o bem-estar de sua filha acima de seus próprios interesses entre os conhecidos.


     O roteiro de Seligman é espirituoso e enérgico ainda que o filme apresente uma limitação visual que acaba sendo positiva para um primeiro filme, especialmente com um orçamento limitado. A natureza do roteiro se presta a tomadas curtas e edições rápidas, o que tem o efeito de fazer círculos sufocantes ao redor de Danielle, que geralmente fica centrada enquanto os outros personagens são filmados por cima do ombro, ajudando a manter o foco em sua turbulência interna. A técnica da tensão consegue preencher muito bem o tempo curto da história que nunca chega a se esgotar. A relação de Maya e Danielle, embora envolta por anciãos intrometidos, é o ponto mais doce do filme, quando uma certa reviravolta alcança as personagens em um ritmo hipnotizante. Um filme que transita na comédia fria, na destreza em sufocar o espectador além de um suspense tático com uma recompensa muito digna. HILARIANTE E MODERNO.


O filme tem estreia exclusiva hoje (11/06) no streaming MUBIExperimente 7 dias grátis no link: (https://mubi.com/pt)

Hype: ÓTIMO  (🌟🌟🌟🌟) (Nota: 9,0)

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