"Shyamalan não consegue domínio sobre trama
misteriosa entregando soluções seguras sem o requinte dos seus melhores
trabalhos"
Há sempre uma expectativa estranha nos trabalhos
de M. Night Shyamalan, o diretor que viveu grandes momentos no início da
carreira com filmes como O Sexto Sentido (1999), Corpo Fechado (2000), A Vila
(2004) viu sua filmografia se desmoronar com projetos duvidosos e que não
caíram no gosto da crítica e do público. Entre os maiores fracassos estão a
adaptação do desenho Avatar (O Último Mestre do Ar , 2010) e Depois da Terra
(2013) com o astro Will Smith. Sua redenção aconteceu graças a sua volta ao
minimalismo em A Visita (2015) e a ótima surpresa de Fragmentado (2016). Em seu
novo filme Tempo ele chega perto de ver seu mistério "metafísico"
engrenar mas se perde ao se contentar com algo mais parecido com um filme sobre
um resort sobrenatural, com reviravoltas arquitetadas e sustos esporádicos e
bobos. O diretor não consegue lidar muito bem com o desenvolvimento da
história e muitas pontas soltas são resolvidas sem um pingo de originalidade
transitando no que o diretor tem de melhor e pior.
Na trama, uma mulher em crise conjugal, Prisca
(Vicky Krieps) e seu marido, Guy (Gael García Bernal) vão a uma ilha tropical
não especificada para relaxar com seus dois filhos pequenos em um resort de
luxo em plano aberto e atividades em grupo. Todos parecem felizes com a ideia de passar um dia em uma praia exclusiva e remota sugerida pelo gerente do hotel (Gustaf
Hammarsten) que promete ser tão isolada que apenas alguns poucos sortudos podem
ir, tudo oferecido pelo Hotel, inclusive o translado de ida e volta. O local
paradisíaco aos poucos começa a intrigar seus visitantes com acontecimentos
bizarros e não demora muito até que as coisas comecem a dar errado de maneira inexplicável. Há
uma forma que parece nitidamente sobrenatural no local, não há como sair da
praia e enquanto os adultos correm tentando consertar coisas bem sinistras as
crianças começam a envelhecer rapidamente. Isso tudo está bem entregue para quem
viu o trailer (ou leu alguma sinopse da história que é baseada em um
quadrinho). Esta praia não está certa e o cenário se torna um lugar isolado com
seus visitantes vivenciando um grande horror.
Shyamalan entrega uma premissa simples e começa
a explorar o suspense aos poucos, falta agilidade em tornar tudo mais
assustador, ele segura o quanto pode o mistério que por alguns momentos
funciona bem, ainda que suas grandes revelações cheguem ao expectador de
maneira constrangedora, com ângulos de câmera obscurecidos, volta no tempo e
soltando pistas que aparecem desde o começo do filme, tudo soa muito
calculado para o terceiro ato e realizado quase sem nenhuma delicadeza. O diretor parece ter perdido a capacidade de envolver o expectador com elegância,
o excesso de explicação também incomoda bastante, a história que poderia muito
bem se assimilar ao clima misterioso de algum episódio da série "Além da
Imaginação" acaba por chegar mais próximo do suspense insosso do remake de
"A Ilha da Fantasia" realizado ano passado. Esses são talvez os maiores
riscos de um projeto de Shyamalan, quando ele é bom, ele é muito bom e
quando ele é ruim, ele é cafona. Difícil colocar "Tempo" ao lado dos
acertos do diretor, seu esforço em amarrar até o último fio do seu nó esquemático
deixa de lado algo essencial, sua inclinação para o mistério. SEM BRILHO.
O filme estreia exclusivamente nos cinemas nesta
Quinta-feira 29/07!
O Meu Hype conferiu o filme na Cabine de Imprensa realizada em Brasília.
Hype: REGULAR (🌟🌟)
(Nota: 5,0)
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