quinta-feira, 14 de maio de 2020

THE STAGGERING GIRL (2019) de "Luca Guadagnino"



Em exibição especial on-line pelo MIS-SP e MUBI, curta do badalado diretor de "Me Chame Pelo Seu Nome" e "Suspiria" é um jogo cinematográfico curioso.

O curta-metragem foi exibido no Festival Cannes de 2019 na mostra "Quinzaine des Realisateurs" e apresenta uma atmosfera onde a personagem central (Julianne Moore) transita entre o passado e o presente, entre a realidade e o delírio. A produção é quase um desfile de moda com uma narrativa de filme, com um interessante elenco que participa da história mas também veste roupas meticulosamente trabalhadas. The Staggering Girl tem uma direção de arte impecável, Luca Guadagnino novamente se mostra interessado nas artes, desta vez no mundo da moda. O diretor criativo do filme é o estilista Pier Paolo Piccioli, conhecido pelo seu trabalho na famosa empresa de moda Valentino. Sua coleção para o filme é um primor estilístico, onde os elegantes tecidos se fundem com a narrativa da personagem. O curta de trinta e sete minutos, rendeu bastante polêmica em Cannes onde muitos encararam o filme como um comercial da marca Valentino. Na trama, Julianne Moore é Francessca, ela tenta escrever um livro de memórias. Com uma crise criativa, o progresso de Francessca é repetidamente interrompido pela presença misteriosa da personagem interpretada por Kiki Layne, que atrai Francesca para longe de seu bloco de notas e para a confusão de suas memórias. O filme é basicamente os ciclos da personagem em memórias e flashbacks, com dois cenários distintos, a moderna Manhattan e a clássica Roma. Guadagnino não busca entregar de maneira fácil os elementos e deixa o público se perder conforme a história anda. A narrativa não linear pode ser um problema para quem deseja algo mastigado. O elenco ainda conta com Mia Goth (Emma), uma reencarnação mais jovem da mãe de Francessca e Kyle MacLachlan (Twin Peaks), praticamente o único homem no filme. O estilo do diretor explora principalmente cenas lentas e contemplativas. O destaque sem dúvidas é essa estética de juntar cinema e moda com uma elegância abundante mesmo não sendo um filme sobre a moda e sim guiado pela inspiração nas peças da Valentino. São capas, vestidos e casacos coloridos e detalhados que participam das cenas como personagens. Mesmo belo em vários aspectos e demonstrando diversas inspirações que vão de Woody Allen a David Lynch, a narrativa não consegue cativar como deveria, alcançando seu ápice justamente em seu poético final. Funciona pelas belas cenas oníricas, como curta-metragem se mantém válido. CONEXÃO CINEMA E PASSARELA.


O Curta-Metragem foi exibido no canal do YouTube do MIS-SP e também no streaming Mubi

Hype: BOM - Nota: 7,0

Nenhum comentário:

Postar um comentário