sábado, 22 de junho de 2019

TOY STORY 4 (2019) de "Josh Cooley"


Novo filme da Pixar é uma empolgante e divertida aventura que agrada aos fãs e termina como uma boa distração para as crianças. 

A necessidade de reabrir o arco de Toy Story surge logo após um dos desenhos mais difícies a ser batido, Toy Story 3 que teve a ousadia de forçar seus brinquedos a literalmente encarar a morte e, por extensão, incentivar os espectadores a contemplar sua própria razão de viver, era o ponto final de uma trilogia muito bem amarrada e talvez historicamente emocionante do cinema. Em Toy Story (1995) o enredo mostrava a relação do antiquado caubói Woody com o moderno boneco Buzz Lightyear (Tim Allen). Em Toy Story 2 (1999) a saga revelou o passado do caubói como uma celebridade da TV e, depois, colocou em xeque o destino dos brinquedos após o fim da infância de seu dono, Andy. Tudo parecia resolvido com a transferência da turma para a garotinha Bonnie em Toy Story 3 (2010). Com a decisão da Pixar/Disney de arriscar e reabrir o universo dos brinquedos, certos laços realizados com o expectador nesses três filmes são desconstruídos para abrir brechas e se contar uma nova história não oferecendo nada que transcende todas as mensagens já ditas anteriormente. É quase um novo começo. São novos personagens mas a mesma velha história envolvendo os brinquedos, sendo uma divertida repetição de idéias e enredos anteriores, o quarto filme é um exercício alegre e doce que não tem o mesmo impacto dos anteriores e certamente cria um caminho para continuar indo ao alto e além, mesmo sem precisar, costurando uma nova trama com pequeno fundo no drama (sem melancolia desta vez!) e novamente uma lição será aprendida nessa aventura mesmo que esse filme seja bem mais solar que o terceiro filme. Nessa jornada temos um novo brinquedo  quando Bonnie (nova guardiã dos brinquedos eleita por Andy) precisa sair para seu primeiro dia na escola, Woody entra em sua mochila para ficar de olho nela, e testemunha a pequena Bonnie fazendo um brinquedo de um garfo de plástico que ela chama de Garfinho ou "Forky" no original e o leva para casa. Ele é o elo que Bonnie possui nesse novo desafio de enfrentar o medo de um ambiente inicialmente assustador fora de casa e com outras crianças. (Isso não é aprofundado no desenho, uma pena!). As camadas interessantes desse novo personagem, Garfinho (dublado originalmente por Tony Hale) dá um gás no que pode ser um direcionamento para a franquia, o personagem não pertence a uma grande corporação de brinquedos, ele não se acha importante na vida de Bonnie ou de qualquer outra coisa, se acha apenas lixo. Woody precisa convencer Garfinho do seu importante papel não só na vida de Bonnie como justificar sua própria existência. (o arco do Garfinho é divertido e ganha um final digno!). Surge algumas questões que ficam no ar, qual a real importância de um brinquedo feito pela própria criança e se existe um elo primitivo nessa construção ou se automaticamente ele joga com as mesmas regras que todos os outros brinquedos, o personagem do Garfinho se perde em uma loja de antiguidades quando a família faz uma viagem, e Woody e sua turma têm que resgatá-lo. Eles encontram novos personagens: uma boneca assustadora chamada Gabby Gabby (Christina Hendricks) com assistentes ventríloquos sinistros (Ótima adição!). Há uma nova e divertida dupla, Bunny e Duckie (Jordan Peele e Keegan Michael Key) e um muito divertido piloto de motos canadense, Duke Caboom (Keanu Reeves). Todos acrescentam bastante a trama que praticamente foca em Bonnie, no Xerife Woody (dublado originalmente por Tom Hanks) e em Garfinho, o novo brinquedo construído por Bonnie com objetos do lixo e feito em seu primeiro dia de aula baseado em um garfo de verdade. O novo posto de brinquedo favorito não o agrada nem um pouco, o que faz com que Garfinho tente fugir de casa. (Essa quebra com um brinquedo rebelde faz bem a história). Decidido a trazer de volta o atual brinquedo favorito de Bonnie, Woody parte em seu encalço e, no caminho, reencontra seu "crush" Bo Peep, (Betty, na versão dublada em português), a bonequinha de porcelana cujo rumo era, até então, um mistério, agora é independente e vive em um parque de diversões. Nesse meio tempo eles vivem uma assustadora aventura dentro de um antiquário. O enredo bate um caminho familiar, com os brinquedos mais uma vez separados. A insistência de Woody em querer manter a ordem soa um pouco hesitante tendo em vista que esse fluxo é o natural dos brinquedos, infelizmente! Mas tudo é realizado de forma admirável. A inclusão de novos brinquedos na mesma medida que inspira a trama retira o foco dos brinquedos antigos, alguns são quase coadjuvantes de luxo nesse filme. O arco da loja de antiguidades é o lugar perfeito para o andamento da aventura. O clima de terror que se forma certamente vai fazer as crianças pular das cadeiras além dos manequins de ventríloquos, naturalmente assustadores. A qualidade técnica do desenho está em um nível espetacular de traços e profundidade de campo, nuance e expressão, a tecnologia traz aos personagens uma característica completamente realista e particular a cada um. É um deleite aos olhos. Os novos brinquedos ou recrutas trazem frescor ao desenho e ainda um trabalho de voz excelente, a versão brasileira também continua impecável. Talvez a principal decepção do desenho seja a pífia participação do astronauta Buzz Lightyear (Tim Allen, no original) não tendo quase importância na trama. A franquia que praticamente inaugurou a produtora Pixar em 1995 sendo o primeiro desenho todo realizado por computador antes mesmo do estúdio ser um dos principais braços da Disney junto com a Marvel e a LucasFilm, Toy Story chega a sua quarta aventura perdendo fôlego e tudo que construiu em sua trilogia bastante estável. Nada grave, o desapego com tudo vindo de grandes estúdios é necessário até mesmo por não saberem nunca a hora de parar em prol do lucro. Esta aventura tem cara daquelas continuações que a Disney realizava direto para Home Vídeo de seus clássicos desenhos, era uma forma de matar a saudade dos personagens favoritos mas também não há nada de especial além do fator afetivo. O final fecha esse arco dos personagens de forma corajosa e necessária mesmo que existam pesos e medidas, se eles desejam levar adiante a franquia vão precisar voltar ao lado mais filosófico da existência dos brinquedos. Obs: Há cena pós créditos! O FIM NÃO TEM FIM!


O filme está em cartaz nos Cinemas pela Disney!

Hype: BOM

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