quinta-feira, 29 de outubro de 2020

TENET (2020) de "Christopher Nolan"



 "Um quebra-cabeça pretensioso que cumpre as expectativas de um blockbuster com inteligência em uma atmosfera escura, barulhenta, confusa e com personagens frios."

     A cada novo trabalho do britânico Christopher Nolan (Trilogia do Batman - Cavaleiro das Trevas) se percebe a obsessão do mesmo ao espetáculo e a megalomania com ares de acontecimento global. Infelizmente a pandemia do Coronavírus mudou toda essa concepção, o tal novo normal é real e nossas prioridades são outras e ainda sim tanto o estúdio Warner Bros. como Nolan empurraram o filme como a salvação do cinema. De fato é uma produção para a tela grande com uma alta tecnologia de filmagem e o máximo de som, porém não há como obrigar as pessoas a irem aos cinemas como se nada estivesse acontecendo, a volta deve ser gradual conforme não haja risco. Essa estratégia de fazer tudo acontecer as pressas para o filme entrar em cartaz mostra o pior lado da indústria cinematográfica, a que visa o lucro e a que vende o espetáculo por interesses ocultos, mas basicamente não será o "fim do mundo" ficar de fora das conversas sobre Tenet. Discussões e polêmicas que podem versar sobre sua condição de artista genial e pretensioso, sobre a fronteira entre alta e baixa cultura e sobre a complexidade de sua construção narrativa que quase obriga o expectador a ver seu filme mais de uma vez para entendê-los. Essas articulações para os cinemas abrirem para exibirem o filme e ser a produção que vai fazer as pessoas a voltarem as salas de cinema é parte chata de Tenet, a vida real ainda é mais importante que a magia do cinema e não se pode julgar o conteúdo de uma obra pelas atitudes de seus realizadores. Nolan segue sólido como o "maestro do espetáculo" dessa geração e se perde em um viés de auto afirmação desnecessária de seu trabalho, confia tanto no que faz que exige demais e as vezes se esquece da diversão e isso pode se tornar um pouco maçante.  


     Na trama, um agente da CIA conhecido como O Protagonista (John David Washington) é recrutado por uma organização misteriosa, chamada Tenet, para participar de uma missão de escala global. Eles precisam impedir que Andrei Sator (Kenneth Branagh), um renegado oligarca russo com meios de se comunicar com o futuro, inicie a Terceira Guerra Mundial. A organização está em posse de uma arma de fogo que consegue fazer o tempo correr ao contrário, acreditando que o objeto veio do futuro. Com essa habilidade em mãos, o Protagonista precisará usá-la como forma de se opor à ameaça que está por vir, impedindo que os planos de Sator se concretizem. Tenet viaja por um mundo crepuscular de espionagem internacional em uma missão que se desdobra em algo além do tempo real. Não é viagem no tempo, mas inversão. Também fazem parte do elenco principal Robert Pattinson, Elizabeth Debicki, Dimple Kapadia e Michael Caine


     Polêmicas a parte, seria injusto não ressaltar o talento cinematográfico de Nolan que instiga o expectador a pensar e se firmar nos detalhes de sua obra, uma exigência egocêntrica porém muito bem sustentada e ressaltada em suas qualidades. O filme só se perde nessa linha "blasé" intelectual e se esquece de ser Pop e de construir personagens memoráveis. A narrativa inteligente esconde um roteiro não tão inspirador para contornar conceitos intelectuais em excesso e as tomadas de ação milimetricamente planejadas que ofuscam a necessidade de uma trama desenhada nos moldes de um 007 ou de um Missão Impossível, o expectador é quase uma cobaia de Nolan que se mostra um especialista em cinema de ação. Ainda que seja fácil exaltar as qualidades de Tenet é uma obra gélida e sem sentimento como se mostrou Dunkirk anos atrás, parece não haver vida na história, somente algoritmos e equações quânticas que se chocam com a falta de interesse do diretor em trabalhar os personagens e se concentrar na megalomania do espetáculo, é um problema meio grave mas que não estraga a experiência. Se puder, se entregue a concepção do reverso e viva essa construção fascinante do diretor com segurança e ciente que é uma obra prima que não haverá consenso. DESAFIADOR!


O filme está em cartaz nos cinemas que voltaram a funcionar. (Lembrando que estamos em Isolamento Social, siga todas orientações de segurança!)

O Meu Hype assistiu ao filme na Cabine de Imprensa realizada em Brasília.

Hype: MUITO BOM (Nota: 8,0)

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