quinta-feira, 25 de junho de 2020

Hype TBT - O BEIJO DA MULHER ARANHA (1985).


    Nosso TBT de hoje aproveita o mês do orgulho LGBT+ para enaltecer um clássico bastante importante para o cinema brasileiro e que ainda precisa ser descoberto por essa nova geração de cinéfilos. O  Beijo da Mulher Aranha (Kiss of the Spider Woman) é dirigido por Hector Babenco e adaptado por Leonard Schrader através de um romance homônimo escrito por Manuel Puig. A história apresenta um "filme dentro de um filme", com o personagem Luis Molina  que episodicamente contando  o enredo de um fictício filme de ficção chamado "Her Real Glory" ("A Verdadeira Glória Dela" em português), onde brilha a estrela de Sônia Braga. A produção de 1985 tem mensagens importantes e uma trama envolvente.


     A trama conta a história do prisioneiro político de esquerda Valentín Arregui (Raul Juliae Luís Molina (Willian Hurt), um gay afeminado condenado por "corrupção de menor". Os dois dividem uma cela numa prisão brasileira durante a ditadura militar. Molina relembra, na prisão, um de seus filmes favoritos, um suspense romântico de guerra que também é uma propaganda nazista. Ele tece os personagens do filme numa narrativa que traz conforto a Arregui para distraí-lo da dura realidade da prisão e da separação de sua namorada Marta, a quem ele ainda ama. Arregui permite que Molina penetre sua autodefensiva intimidade e se abre para ele. Apesar de suas discussões sobre a política por trás do filme assistido por Molina, uma improvável amizade se desenvolve entre os dois prisioneiros.


     O filme foi um desafio para ser adaptado, além do tema homossexual ter sido encarado como um obstáculo para atrair um público amplo, havia também o medo da censura devido ao contexto político da ditadura presente no longa. Babenco, uma vez radicado no Brasil, temia uma reação xenofóbica contra a produção em virtude dos atores norte-americanos nos papéis principais e ser originalmente falado em inglês.  Foi um dos primeiros filmes brasileiros a tentar um formato  internacional para atrair visibilidade. Obstáculos adicionais à produção incluíram o antagonismo de Manuel Puig em relação a Babenco; o escritor não gostava de seu filme Pixote e suspeitava que o diretor fosse um "oportunista". Contrariando todos os pesares a produção foi um sucesso. O filme estreou no Festival de Cannes de 1985, onde Willian Hurt ganhou o prêmio de Melhor interpretação masculina, ganhando também o Oscar e o BAFTA de Melhor Ator. Babenco foi indicado para a Palma de Ouro pela direção. O filme concorreu ao Oscar de Melhor Filme, perdendo para  Entre dois Amores em uma clara demonstração de homofobia por parte dos jurados da Academia, até hoje esse Oscar gera controvérsias no real mérito do vencedor. 


    A produção foi reconhecida pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) como um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, ocupando a posição de número 61 da lista. Sem dúvidas, uma obra prima de Hector Babenco e reconhecida em todo mundo.  Luís Molina permanece como um dos personagens gays mais memoráveis do cinema brasileiro e mundial, Sônia Braga ganhou relevância com beleza de diva do cinema em suas cenas, grande parte de sua popularidade nos EUA se deve ao filme que segue sendo relevante e poderoso até hoje. 


Recomendamos que seja vista a versão restaurada do filme pelo Canal Brasil, disponível para alugar em plataformas digitais como Now, Vivo Play e outras.

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