terça-feira, 23 de junho de 2020

7500 (2020) de "Patrick Vollrath"


Thriller é um tenso passeio por um vôo onde a única saída é o controle emocional e a sorte de sair vivo. 

     Em mais uma produção original sem grande orçamento e sem maiores pretensões, a Amazon se consolida no perfil alternativo da competição entre os filmes originais via streaming. 7500 é o tipo de filme fácil de odiar, se passa inteiramente dentro do cockpit de um avião e ainda assim consegue um potencial claustrofóbico atraente onde o expectador ficará feliz em voltar à terra firme em segurança. O suspense tem o sólido desempenho central de Joseph Gordon-Levitt, o ator andava meio sumido das telas, seu último trabalho foi em Snowden (2016), em uma volta discreta. A produção adota o cenário familiar de um avião em risco e dificulta essa equação ao não permitir o movimento do personagem principal em um desafio estratégico e interessante. A estréia do diretor Patrick Vollrath transforma o cenário do avião sequestrado em um thriller enervante em tempo real, ambientado exclusivamente dentro dos limites da sala de comando da aeronave. Vollrath filmou o filme através de uma série de longas tomadas e contou com uma abordagem improvisada e única que exigia que os atores respondessem às circunstâncias à medida que mudavam as tomadas. 



     Na trama, tudo leva a crer que seria um dia de rotina normal no trabalho de Tobias (Joseph Gordon-Levitt), um jovem co-piloto americano em um vôo de Berlim para Paris, mas logo após a decolagem, terroristas armados com facas improvisadas subitamente invadem a cabine de controle do vôo. Temporariamente ele consegue afastar a ameaça, Tobias aterrorizado entra em contato com a central de solo para planejar um pouso de emergência. Quando os seqüestradores matam um passageiro e ameaçam matar mais pessoas inocentes esse homem comum enfrenta um teste torturante de vida ou morte. 7500, o título do filme, é o código da companhia aérea para um seqüestro. Apesar do presságio ameaçador das filmagens de vigilância do aeroporto nos primeiros momentos, o filme se instala em ambiente neutro sobre os riscos, a falsa sensação de segurança é uma estratégia interessante com foco no habitual. A sensação de embarque no vôo e na história é convincente e nunca quebra a ilusão que o espectador também é um passageiro dessa viagem, onde cada detalhe do que se passa na cabine se apresenta como uma consequência ao que pode acontecer a todos os passageiros.



     A construção de tensão ainda que eficiente nunca é impressionante, caindo em armadilhas como a deficiência narrativa da trama e a falta de amplitude, sem nunca chegar a ser boçal, esse passeio cinematográfico emocionante é uma aposta comprometida em manter o suspense e a ansiedade. Sua estratégia de abordagem gradual envolve o espectador ao cenário de ambiente fechado antes de jogá-lo no centro de um conflito que não cede até os momentos finais. Essa crise acompanhada em cenas e cortes inconstantes ressalta o talento de Gordon-Levitt, que precisa calcular ações e juntar destroços emocionais em volta da nervosa virada narrativa da última meia hora do filme. A abordagem orgânica em confrontos físicos repentinos produzem resultados desajeitados ainda que realistas, usando o que existe em sua disposição e ancorado em vilões baseados em esteriótipos. 7500 mergulha na proximidade do pavor do terrorismo com a intensidade renovada e cruel de uma realidade ainda bastante ameaçadora. O resultado supera a premissa comum de personagens arquetípicos por meio de adrenalina em um trabalho de câmera hábil e pontual. MINIMALISTA.

 

O filme está disponível no Amazon Prime Video.

Hype: BOM - Nota: 6,5

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