terça-feira, 29 de outubro de 2019

A VIDA INVISÍVEL (2019) de "Karim Aïnouz"



A tortura e o brilhantismo de uma produção elegante, serena e feminista de natureza!

Essa é a história de duas vidas específicas, duas irmãs que vivem a atmosfera de ser mulher no Rio de Janeiro da década de 50. O retrato de uma violência doméstica que permanece de uma forma sútil e ainda tornam muitas mulheres invisíveis, até hoje. Essa pegada social do filme é perceptível e espontânea, a visibilidade que buscam as mulheres está ligada simplesmente no desprendimento, de deixar de ser sombra do instinto masculino tóxico. O filme é um bom exemplo de como desde sempre elas são sugadas por uma sociedade que cultua o machismo. Estamos no país aonde o feminicídio cresce junto com o fascismo, difícil não se sensibilizar com a estrutura até um pouco cruel da vida dessas personagens. Uma boa característica do longa é que mesmo inspirado por um livro, ele toma a liberdade de ter vida própria, de ser um melodrama repleto de belos quadros, com fotografia impecável e uma musicalidade contagiante. O cinema feito no Brasil se choca com o cinema Hollywoodiano e com charme de filme europeu graças a ótima produção, fotografia e ambientação. Independente de qualquer definição, seu estilo é cinematográfico em todos aspectos, desde seu texto apurado, a personagens muito bem situados que transitam na diversidade de uma cidade paradisíaca e perdida do subdesenvolvimento intelectual das raízes do tradicionalismo patriarcal. O tropicalismo representado nesta obra se choca com a realidade bucólica de suas encantadoras personagens, tentando lutar contra as forças sociais que insistem em frustrá-las. Invisíveis em uma sociedade paternalista e conservadora, se desdobrando para seguir em frente. Um filme que pulsa junto com a emoção de uma elipse de 50 anos na vida dessa de duas irmãs. Na trama, no Rio de Janeiro, da década de 1950, Eurídice (Carol Duarte) é uma jovem talentosa, mas bastante introvertida. Guida (Julia Stockler) é sua irmã mais velha e o oposto de seu temperamento em relação ao convívio social. Ambas vivem em um rígido regime patriarcal, o que faz com que trilhem caminhos distintos: Guida decide fugir de casa com o namorado, enquanto Eurídice se esforça para se tornar uma musicista, ao mesmo tempo em que precisa lidar com as responsabilidades da vida adulta e um casamento sem amor com Antenor (Gregório Duvivier). Guida e Eurídice são cruelmente separadas, impedidas de viverem os sonhos que alimentaram juntas ainda adolescentes. O diretor Karim Aïnouz (Praia do Futuro e Céu de Suely) consegue ser imaginativo e criativo no retrato do Rio de Janeiro e seu grande foco está nos espaços privados onde ocorrem momentos bonitos de contemplação. Ele cria uma surpresa natural ao criar vínculo do espectador com os personagens, o filme no fim das contas nem trata da resistência da mulheres e sim de suas vidas interrompidas, a produção de Rodrigo Texeira (RT features) é primorosa assim como toda equipe de produção pelo belo cuidado técnico. Destaque também para a bela participação de Fernanda Montenegro, em um filme completo em sua plenitude, com um final triste e arrebatador. UM NOVO CLÁSSICO.
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Longa foi o escolhido do Brasil para concorrer a uma vaga na disputar pelo Oscar na categoria Filme Internacional, antiga categoria Filme Estrangeiro.

O filme estréia em 21 de novembro nos cinemas pela Vitrine Filmes e Sony Pictures.

O Meu Hype assistiu ao filme em sua pré-estreia realizada no icônico Cine Brasília.

Hype: EXCELENTE - Nota: 9,0



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