terça-feira, 1 de outubro de 2019

CORINGA (2019) “Joker” de Todd Phillips



O infame e perturbador personagem dos quadrinhos da DC Comics ganha filme de origem brilhante e crível em toda sua concepção.
Os quadrinhos possuem uma fonte quase inesgotável de obras e personagens, é bastante conveniente para um grande estúdio realizar um filme sobre um dos vilões mais interessantes do universo dos quadrinhos do Batman. Essa lógica é esvaziada pela abordagem escolhida para retratá-lo, a produção é diferente do que geralmente é apresentado em filmes baseados em HQ, não é um filme que propõe diretamente a ação, se enquadra como um thriller psicológico com foco nas camadas e nuances de Coringa, com seu drama intenso pincelado com arte, poesia e também um pesado manifesto a anarquia. O filme pode desagradar quem não espera tal contemplação de um produto tão pop quanto Batman, Joaquin Phoenix encarna o personagem e se entrega de corpo em alma, chega a ser perturbador acompanhar sua transformação ao mesmo tempo que enriquece o expectador com toda concepção que adquirimos do vilão. O Coringa possui grandes interpretes que conseguiram com bastante sucesso transcender o óbvio, seja na TV, nos Desenhos ou no Cinema, as atuações mais lembradas são de Jack Nicholson em Batman (1989) e de Heath Ledger, vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo papel em Batman – O Cavaleiro das Trevas (2008). O diretor Todd Phillips, experiente em comédias de sucesso, consegue aliar muito bem os momentos quase manipulando nossos sentimentos com muito talento em tudo que a história propõe, sua paciência narrativa deixa tudo no seu devido lugar, é um filme transgressor que se revela a cada desdobramento como uma orquestra caótica de uma pessoa pacata que se transforma em um mortal criminoso de Gotham City. Na trama Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) trabalha como palhaço para uma agência de talentos e toda semana, precisa comparecer a uma agente social, devido aos seus conhecidos problemas mentais. Após ser demitido, Fleck reage mal à gozação de três homens em pleno metrô e os mata. Os assassinatos iniciam um movimento popular contra a elite de Gotham City, da qual Thomas Wayne (Brett Cullen) é seu maior representante. Contar mais qualquer detalhe estraga a experiência de imersão desta devastadora recriação de um personagem icônico em sua representação, fluindo de maneira urgente mesmo retratando o passado de uma civilização cada vez menos humana. Vale ressaltar que o roteiro se inspirou em outras obras como O Rei da Comédia (1982), protagonizado por Robert de Niro que também participa do filme. É possível também pegar referência do trabalho de Alan Moore no HQ, A Piada Mortal, que também ganhou um longa animado pela DC. Ainda há outras inspirações como o personagem do filme Taxi Driver (1976) e similaridade aos trabalhos de Jack Nicholson e de Heath Ledger interpretando o personagem, impossível não enxergá-los de alguma forma. O desempenho de Phoenix é impressionante e não será surpresa se ele ganhar o próximo Oscar pela a atuação ou mesmo o filme concorrer as principais categorias, afinal ele ganhou o Festival de Veneza deste ano de forma unânime com 8 minutos de aplausos. No geral, um filme tenso e que certamente polarizará a opinião do público com a certeza de que todo processo de reimaginação do personagem funcionou perfeitamente se encaixando de forma pontual em um universo tão constantemente abordado na Cultura Pop, esse registro deixa sua marca de forma épica. UM CULTO A UMA SOCIEDADE TÓXICA.

O filme contará com Pré-estréia nesta Quarta-Feira (03/10) e estréia nos Cinemas na Quinta - Feira (04/10) pela WARNER BROS.
O Meu Hype assistiu ao filme em sua Cabine de Imprensa realizada em Brasília.
Hype: OBRA PRIMA – Nota: 10

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