sexta-feira, 20 de março de 2020

THE WEEKEND - AFTER HOURS (2020)



Novo álbum do cantor de R&B é uma obra conceitual realizada com rigor e autenticidade que se completam. Um deleite aos fãs e um espetáculo de produção.

The Weeknd (Abel Makkonen Tesfaye) se consolidou como um dos principais nomes do R&B nos últimos anos. Seu sucesso global aconteceu principalmente ao incorporar elementos que combinaram muito bem com o seu estilo musical, transitando nas influências do indie e da música eletrônica com personalidade e talento de produção. After Hours não apresenta algo complexo ou indecifrável, é até bastante perceptível desde sua concepção visual a sua estética com o uso de cores vivas e a predominância do vermelho, inclusive o personagem criado pelo artista para representar esse conjunto de músicas, vídeos e performances, é uma forma também de dar uma nova roupagem a si próprio como artista na apresentação do trabalho. Tudo feito com primor e com seu toque pessoal cada vez mais surpreendente dentro de um cenário pop cada vez mais previsível. As nuances emocionais do cantor se choca com sua versatilidade, seja pela sua voz marcante que chamou a atenção em seus dois primeiros compilados, Trilogy (2012) e Kiss Land (2013), ou por se entregar de vez ao pop em Beauty Behind the Madness (2015), e depois se revelar uma surpresa conceitual em Starboy (2016), por fim, se entregar a dor de cotovelo no EP Dear, My Melancholy (2018). O essencial é que The Weekend consegue se conectar ao proposto, inclusive lançando mão da melancolia extrema para um tom mais ameno e alucinógeno com toques de deboche e referência aos anos 80 em uma Las Vegas que te chama para a loucura. Vamos ao Faixa a Faixa. "Alone Again" é uma intro bastante estimulante que também se torna uma música despretensiosa."Too Late" já leva o ouvinte a uma viagem de leveza e melodia com uma pegada eletrônica vibrante. "Hardest To Love" é mais agitada e muito bem construída com linda melodia e refrão. Viciante. "Scared To Live" é uma balada bonita e apreciável. "Snowchild" tem uma batida leve e que surpreende pelos efeitos que se incorporam a melodia. "Escape From LA" é uma das surpresas do álbum, curiosamente com 5:55 de duração que apresenta um som sombrio e atmosférico cheio de detalhes bem executados em uma canção deliciosa. "Heartless" é aquele hit já pronto para as rádios e que combina com o seu som sem ser mais do mesmo. "Faith" se mostra uma canção muito conectada e atual, com toques de mistério e sonoridade cheia de ritmo mesmo sendo sombria."Blinding Lights" é uma montanha russa de sentimentos, a pegada eletrônica com a influência dos sintetizadores oitentistas se joga no beat dançante pronto para uma pista de dança."In Your Eyes" é uma canção que sai um pouco da pegada escura e transita no soul de maneira satisfatória e solar. "Save Your Tears" flerta tranquilamente com o pop mostrando que o artista não se apega a estilos, não surpreende mas também não decepciona pela sutileza."Repeat After Me" surge para equilibrar os dois lados do álbum, o lado emocional triste que transita com o sentimento de conformismo, não chega a empolgar mas agrada pela construção."After Hours" é uma composição assumidamente escura com relance energético, irradia personalidade e emoção. É um dos singles já divulgados antes do álbum e tem um trabalho de composição impecável. "Until I Bleed Out" é uma balada preciosa que fecha o álbum sem conformismo ou otimismo, com um instrumental chamativo, é um final digno de uma obra musical muito bem construída. É certo que essa desventura louca criada pelo artista se transformou em um trabalho conceitual atemporal e bastante maduro, a musicalidade composta de elementos delirantes não chega a ser uma novidade mas ganha uma roupagem interessante e atrativa. CONSISTENTE.


AFTER HOURS tem 14 músicas, lançado pela Republic Records.

Hype: EXCELENTE - Nota: 9,0


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