terça-feira, 11 de agosto de 2020

AMULETO (2020) - "Amulet" de "Romola Garai"


"Terror acerta no estilo próprio, bloqueia expectativas e entrega um inteligente exemplar do gênero em estréia promissora de Garai na direção." 

    A estreia na direção da atriz que virou cineasta Romola Garai é uma interessante composição de terror com toque feminista e inspirado em outros títulos que fazem a linha psicológica/dramática, o novo frisson do gênero. Depois de chamar a atenção em Sundance com um curta dramático em 2012, Garai decidiu apresentar um suspense com intenções enigmáticas que certamente vai incomodar quem espera algo óbvio, com movimentos inesperadamente violentos, trilha sonora bizarra e um elenco afiado. A produção se torna uma pequena surpresa e a cineasta eventualmente junta mistérios de passado e presente em uma construção que parece confusa e arrastada até tudo se encaixar de maneira aterrorizante e contemplativa.


   Na trama, Tomaz (Alec Secareanu) é um ex-soldado estrangeiro vivendo em circunstâncias tensas em Londres. Assombrado por seu passado, é oferecido a ele um lugar para ficar em uma casa decadente e claustrofóbica, habitada por uma jovem enigmática e sua mãe moribunda. Quando ele começa a se apaixonar por sua nova companheira, Tomaz não pode ignorar sua suspeita de que algo insidioso também pode estar vivendo ao lado deles. A história é uma jornada que questiona os protagonistas e seus motivos. Tomaz é uma figura estável e Magda, uma vítima indefesa de sua mãe que certamente é controlada por alguma força do mal misteriosa. Conforme o filme desliza entre o antes e o depois, os horrores de Tomaz em seu tempo passado na floresta, onde o mesmo encontra um estranho amuleto esculpido, se torna a possível chave desse mistério.


    Garai desenvolve bem a direção mesmo deixando o filme com uma pegada inicial lenta, tudo flui na condução ao clímax, intenso para um filme que deseja seu próprio caminho, ainda que se aproveite das principais influências atuais do gênero. A composição dos exteriores modernos de Londres tem aparência realista de um drama contemporâneo, os flashbacks tem uma sensação de ilusão e as cenas nos dias atuais na casa (que compõem a maior parte do filme) tem um ar de terror clássico inglês. A técnica de encontrar ângulos alternativos expõe uma sensação de sentimento perturbador e também paranóico contribuindo para a sensação de desconforto. Destaque para as criações sobrenaturais que compõem a fotografia mórbida e o terror dramático bem conduzido. Transitando em uma quantidade boa de acertos e se afastando do fluxo de qualquer thriller comercial, seu caminho que poderia ser banal se mostra um exercício sobrenatural assustadoramente moderno. MACABRO.


Hype: BOM (Nota: 7,5

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